EDITORIAL

PALAVRA FIANDEIRA é um espaço essencialmente democrático, de liberdade de expressão, onde transitam diversas linguagens e diversos olhares, múltiplos olhares, um plural de opiniões e de dizeres. Aqui a palavra é um pássaro sem fronteiras. Aqui busca-se a difusão da poesia, da literatura e da arte, e a exposição do pensamento contemporâneo em suas diversas manifestações.
Embora obviamente não concorde necessariamente com todas as opiniões emitidas em suas edições, PALAVRA FIANDEIRA afirma-se como um espaço na blogosfera onde a palavra é privilegiada.

sábado, 26 de janeiro de 2013

PALAVRA FIANDEIRA —100





PALAVRA FIANDEIRA

REVISTA LITERÁRIA

Publicação digital de Literatura e Artes

EDIÇÃO  100

ANO 4 —Nº100 — 26 Janeiro 2013
EDIÇÕES AOS SÁBADOS

BETO FANTOCHES




1.Quem é Beto Fantoches?

Beto Artes Espuma é um homem menino.
E muitas vezes, um menino homem.
Uma pessoa que não teve apoio para seus projetos, mas nunca desistiu de seu sonho.
Beto Fantoches, um bonequeiro e contador de histórias.
Um pai de família com quatro filhos, e um parceiro: O mascote Yaguinho.

BETO E SEUS FANTOCHES







  • 2.Nosso primeiro encontro aconteceu numa calçada da Penha. Lá estava você com seus bonecos. Naquela final de entardecer nascia uma amizade... E logo em seguida um projeto com o jornal GAZETA PENHENSE. Pode contar como foi essa experiência?
    O amigo Marciano Vasques naquela tarde entrou em minha vida, como um presente de Deus. Eu estava expondo meus fantoches na porta do shopping Penha. Foi uma grande surpresa.
    Maior surpresa ainda,foi recebê-lo em minha casa .
    O projeto com a Gazeta Penhense foi uma grande experiência. Poder fazer o personagem do Rospo e o  da SapaBela foi um dos meus primeiros desafios e me serviu para adquirir confiança

    3.Tornou-se um narrador de histórias, um contador de casos, sempre rodeado de seus bonecos e das crianças. Pode expôr aos leitores da FIANDEIRA um pouco de suas andanças?



      Mudei-me para a Praia Grande, onde conheci uma pessoa muito importante em minha vida, que me fez enxergar que eu não era apenas um artesão, eu era um artista.
      Esta pessoa foi a Dona Lourdes Marszolek , no Palácio das artes.
      Ela, através do secretário de cultura Lobão, forneceu-me uma licença onde eu poderia expôr meus fantoches e contar historias.

      (No calçadão de Netuno)

      Conheci pessoas maravilhosas: a Tatiana Felix, Eliana Grecco, entre outros.
      Fui convidado para expôr no 2° encontro de contadores de historias de Cubatão, quando pude encontrar e  conhecer muitos contadores de historias: pessoas que sinto que já trazíamos esta bagagem de outros tempos. não sei como expressar os abraços que recebi do contador Alexandre Camilo, Zé boca , Amauri,João do Couto. A lista é muito grande: não tem como falar nomes...
      Meses depois fui para o encontro de Santa Bárbara do Oeste.
      Como foram maravilhosos estes momentos!
      Ficávamos em um alojamento na escola. O dia todo, muitos contadores de histórias de diversas cidades. Foram 3 dias de muito encanto.
      Meu ultimo encontro foi o "boca do Céu".
      Um encontro internacional de contadores de histórias.
      Eu fiquei uma semana das 8h da manhã ate as 22h neste mundo mágico. Eu brincava,pulava, cantava... Creio que em minha vida eu nunca tinha feito algo assim.
      Participei de oficinas nacionais e internacionais.  Resumindo, foi o Beto fantoches ao mundo das fantasias.


      4.Em seus contos, em suas manifestações, sempre reforça a necessidade de valorizar a família e tem uma ligação profunda com seus filhos. Pode nos contar algo sobre isso?


      • Sim, eu sempre reforço a necessidade. Fui uma criança que não teve carinho, pois sou filho de pais separados. Quando eu tinha apenas 8 anos não tinha nem quem me matriculasse em uma escola, apenas quando eu tinha 10 anos que uma vizinha fez este favor de me matricular. Aprendi a ler sozinho, eu tinha uma cartilha e ia vendo as figuras e montava as palavras.
        Eu era muito inteligente, mas não tinha ninguém para perceber isto.
        Agora, aqui na praia eu vejo o rosto de uma criança abrir aquele lindo sorriso ao ver meus fantoches. A criança quer escutar histórias a família não tem paciência. Então eu sempre conto a história de um menino que junta sua mesada para comprar uma hora de atenção do seu pai.É muito comovente
        5.Seus queridos fantoches já foram utilizados num evento de contação de histórias num shopping do litoral. Confere?
        Sim, confere. Meus fantoches já se apresentaram em um shopping aqui na Praia Grande através de um grande artista palhaço Pomarola e a palhaça Lelezinha. mas eu tenho trabalhos espalhados por todo o pais.
        Este ultimo projeto que estou terminando é para uma grande amiga de Parati: Ana Rocha ,que muito me orgulhei.

        6.Já se apresentou ao lado de Netuno. Pode, por gentileza, nos falar sobre esse momento em sua vida?

        • As minhas apresentações ao lado da estátua de Netuno é um momento maravilhoso. Cada criança, cada sorriso são momentos únicos.
          muitas crianças nunca tinham visto um fantoche de perto. Quando elas conversam com o Yaguinho é algo maravilhoso, eu mesmo muitas vezes me emociono e choro.  É maravilhoso ver as crianças conversando com os fantoches brincando é muito comovente

          7.É compadre de uma personalidade do cordel, o amigo Pedro Monteiro. Fale-nos, por favor, do surgimento dessa amizade e como ela se desenvolveu?
          (Pedro Monteiro, cordelista, já teve uma edição de PALAVRA FIANDEIRA) 
          Falar de meu Compadre Pedro Monteiro é um prazer.
          Nos conhecemos lutando pelas causas de nossa querida Cidade Tiradentes. Juntamente com os padres, lutávamos, participávamos de manifestações. Pedro foi a minha base politica,cultural e social.
          Um verdadeiro homem de bem. Eu amo a sua família[esposa e filhos].


          8.Além de contar histórias, e trazer alegrias para as crianças, também realiza oficinas com seus bonecos?
          Sim,  eu realizo oficinas de confecção de fantoches em espuma e em material reciclável.
          Tenho um projeto pelo qual eu luto muito: chama-se "brincar de viver".
          Neste projeto, eu ensino as crianças a fazerem os fantoches com material reciclável,depois contar historias com os fantoches feitos pelas crianças. Histórias de valores ,preservação ,família,  entre muitos temas formando assim novos formadores de cultura e cidadãos de bem.
          É um projeto muito viável, pois o custo é muito baixo e o resultado é fantástico.

          9.Aprecia a Literatura Infantil. Acredita que a Literatura Infantil seja apenas para crianças, ou ela também pode agradar e até transmitir alguma felicidade aos adultos?

          Eu aprecio muito a literatura infantil.
          Ela é fantástica. Através dela podemos entrar no mundo das crianças e também fazer o adulto voltar a ser criança.
          Os contos são eternos e mesmo os antigos se tornam atuais.
          Pois como não falar do lobo mal , que está ai pronto para pegar as nossas crianças.
          Como não falar do lobo e os sete cabritinhos? Que estão na porta das escolas iludindo as crianças através de redes sociais ,músicas e belos carros e motos.
          Como não falar sobre a bruxinha Griselma que conseguiu permissão para vir ao Brasil sonhando com as nossas maravilhas e se decepciona com tantas desigualdades?A literatura esta sempre presente em minha vida.

          10. Hoje, conhece e convive com outros contadores de histórias e bonequeiros. Pode nos falar das alegrias e da importância dessa arte atualmente?

          • Hoje tenho o prazer de ter amigos contadores de histórias de todo o Brasil e de outros países também. Tenho amigos bonequeiros fantásticos .
            Não tenho como nomear meus amigos aqui, pois a lista seria muito grande
            a cada encontro sempre uma história momentos mágicos.
            Mas oque mais marcou foram as oficinas que fizemos juntos no "boca do Céu", estes momentos e cada contador que esteve ali eu jamais esquecerei.


            11.O que é, para você, contar histórias?


            Contar histórias é dar um presente de amor. É deixar o coração falar uma linguagem muito antiga, diretamente ao coração do ouvinte. É pintar com a voz, o gestos, imagens que qualquer um entende.
            Contar histórias é fazer a vida valer a pena, de um jeito muito especial.
            Então conte historias,tem sempre alguém esperando por uma.

            12.Deixe aqui a sua mensagem final. Qual é a sua PALAVRA FIANDEIRA?


            À palavra fiandeira
            Eu agradeço muito a Deus, por ter o privilégio de fazer aquilo que eu amo.
            Mesmo em um pais onde quem fala mais alto é o poder aquisitivo, onde a cultura artística passa despercebida, eu consigo viver apenas de minha arte. Meu maior orgulho é poder ver meus trabalhos por todo o Brasil levando alegria às pessoas.
            Ver crianças manipulando os meus fantoches nas igrejas. Pais de família contando historias através dos meus fantoches.
            Entao, tenho a certeza que sou útil. Que minhas sementes estão germinando
            e com certeza os frutos serão suculentos .




            CENTÉSIMA EDIÇÃO!
            PALAVRA FIANDEIRA
            Publicação literária Digital
            Edição aos sábados.
            Edição 100
            26 de Janeiro de 2013
            Edição BETO FANTOCHES
            Fundada pelo escritor 
            Marciano Vasques

          sábado, 19 de janeiro de 2013

          PALAVRA FIANDEIRA — 99


          Tela de Renato Andrade


          PALAVRA FIANDEIRA

          REVISTA LITERÁRIA

          Publicação digital de Literatura e Artes

          ANO 4 —Nº99 — 19 Janeiro 2013
          EDIÇÕES AOS SÁBADOS

          RENATO ANDRADE


          Rafael Cautella ©


          1 .Quem é Renato Andrade?
          É um ilustrador, chargista, publicitário e artista plástico que gosta muito de desenhar e contar histórias através do traço.

          2.Participou do Salão do Humor de Piracicaba. Pode, por gentileza, nos contar como foi essa experiência?
          Foi uma experiência marcante pois tinha sido a primeira vez que havia mandado trabalhos e dos 3, 2 foram classificados. Fui para Piracicaba de ônibus (saído de Ribeirão Preto) cheguei muito cedo na cidade e resolvi conhecer o famoso rio. Na rua do porto conheci um senhor contador de causos e emendamos uma cervejinha na outra. Com 21 anos me achava imbatível e resolvi acompanhar o experiente piracicabano numa cachacinha. Resultado: cheguei no Teatro onde se realizava o Salão já devidamente cartunizado e me deparo com o Jaguar sorrindo em frente a uma charge minha. Coisas que ficam guardadas dentro da gente para sempre.
          O famoso rio — André Luiz de Medeiros©
          3.Falando em Salão do Humor, como está o humor hoje em nosso país? O humor gráfico, a ele me refiro.
          Com a internet temos acesso imediato aos maiores artistas do Brasil e do mundo, coisa que antes era mais complicado. Em contrapartida essa grande oferta faz com que muitos trabalhos sem tanta qualidade ganhem visibilidade. O Brasil é riquíssimo em artistas gráficos de humor com uma tradição que vem de longe (a turma do Pasquim, Angeli, Glauco, Laerte, Adão, Alan Sieber...) e tem a nova geração que também está arrebentando, Dálcio,Jean, João Montanaro, enfim, temos talentos que ganham prêmios mundo afora em diversos salões.


          4.Você é chargista. Pode nos dar uma panorâmica das diferenças básicas entre charge e cartum?
          Charge está mais ligada a um acontecimento/fato do momento, geralmente ligado à política. A charge perde o fôlego e fica meio sem sentido com o passar do tempo. O cartum é atemporal, é aquela que funciona não importa quanto tempo passe. Na minha opinião o bom cartum dispensa palavras e é entendido em todas as línguas.


          Publicada no jornal "A Cidade"
          5.Já ilustrou meia dúzia de livros infantis. Conte, por favor, aos leitores da Fiandeira, sobre essa experiência, e como começou a sua parceria com o autor André Luís.
          Conheço o André "só" a uns 30 anos e a amizade fraterna desaguou nestes "filhos" literários. Ilustrar livros é delicioso e o prazer que tenho em cada lançamento com aqueles olhinhos brilhantes aguardando um desenho não encontra paralelo. Nós (eu e o André) vivemos a paternidade meio tardiamente, nossos filhos tem a mesma idade praticamente mas sempre estivemos envolvidos com crianças e o início da parceria literária foi meio que natural e inadiável. Espero prosseguirmos nessa duplicidade artística por muitos e muitos livros.
          Com André Luís de Oliveira
          6.É também publicitário. Pode nos dizer algo sobre essa atividade? O que um publicitário mais precisa para exercer a sua profissão? Não em termos materiais me refiro.
          Gosto muito de trabalhar nesta área. Principalmente porque quem me procura já sabe e conhece meu estilo: cor, humor e preferencialmente um traço que fuja do convencional.  O bom publicitário tem que gostar de música, cinema, literatura, desenho animado, programa de auditório, tv e principalmente gostar de conversar e ser viciado em gente.

          7.Gosta de histórias em quadrinhos? Tem algum projeto ou sonho nesse sentido?
          Gosto muito dos alternativos dos anos 60 (Crumb, Gilbert Shelton...) não sou muito chegado a super-heróis. Aqui em Ribeirão Preto nós temos um projeto muito bacana que é o RPHQ, organizado e idealizado pelo grande artista Cordeiro de Sá. Já colaborei nas duas primeiras edições e se permitirem estarei nas próximas.
          Robert Crumb, citado por Renato Andrade.

          8.Como vê essa modalidade de arte, a do grafiteiro, e como ela poderia contribuir para a renovação do olhar sobre a cidade?
          Aprendi grafitar com Carlos Matuck que foi pioneiro junto com Alex Valauri no grafite brasileiro. Hoje está nos museus e galerias e os brasileiros são considerados como dos melhores do mundo. Em cidades cinzas como São Paulo são um respiro de criação em meio ao caos.

          Painel de Carlos Matuck em livraria de Sampa
          9.Já fez caricatura? Tal arte, a caricatura, tem, assim como a charge e o cartum, uma inconteste importância em dias de ditadura. O traço, isto é, a arte gráfica, assim as artes, em geral, podem contribuir com a abertura de consciência em momentos tenebrosos, sem perder a sua característica de ser arte em vez de panfleto? Há um discernimento de um limite entre as duas coisas?
          Faço caricaturas e charges para o jornal "A CIDADE" aqui de ribeirão, aliás visitem o site do jornal www.jornalacidade.com.br. Faço caricaturas e charges desde 1982 e posso garantir que sempre existe a patrulha ideológica tentando monitorar o artista. Seja de direita ou de esquerda. Aliás, os militantes do PT tem se mostrado muito mais intolerantes e sem humor do que quando eram oposição.

          10.Pelo fato de já ter ilustrado alguns livros infantis, considera que de alguma forma o ilustrador é também um autor da obra?
          Acredito que sim pois a linguagem visual é de extrema importância nesse caso. O desenho conjuntamente ao texto "conversa" com a criança de maneira imediata.


          11.Já participou de exposições coletivas. Sendo assim, considera que esses eventos são importantes na carreira de um artista plástico?
          Já participei e é sempre muito prazeroso e enriquecedor. A troca de experiências e as novas amizades movem todos os artistas.
          Obra de Renato Andrade
          12.Deixe aqui a sua mensagem final. Qual a sua PALAVRA FIANDEIRA?
          Agradeço ao Marciano Vasques e ao André Luís Oliveira por terem me proporcionado a oportunidade desse diálogo com os leitores do Palavra Fiandeira. Poder contar um pouco de minha história me aproxima daqueles que estão virando as páginas dos livros e por consequência justificando e nos dando a razão de criar e seguir a vida. Um grande abraço e muitíssimo obrigado pela atenção.
          Canecas com artísticos  de Renato Andrade

          Exposição de Renato Andrade —Jefferson Barcelos©

          PALAVRA FIANDEIRA
          Ano IV
          Publicação digital semanal
          Literatura e Artes
          Edições aos sábados
          Edição 99— 19 Janeiro 2013
          Edição  RENATO ANDRADE
          Todas as imagens ©

          PALAVRA FIANDEIRA
          Fundada pelo escritor Marciano Vasques




                        

          sábado, 12 de janeiro de 2013

          PALAVRA FIANDEIRA — 98




          PALAVRA FIANDEIRA

          REVISTA LITERÁRIA

          Publicação digital de Literatura e Artes

          ANO 4 —Nº98 — 12 Janeiro 2013
          EDIÇÕES AOS SÁBADOS

          FRANCISCO XAVIER
                        ___________________________________


          Francisco Xavier é médico e poeta

                         ______________________________________________________





          1.Quem é Francisco Xavier?
          Nasci no semi-árido piauiense em 1966.
          O meu umbigo foi enterrado aos pés do mourão da porteira do curral e minha alma ficou a guardá-lo.
          Aos 10 anos cheguei em São Paulo. Cidade que me deu todas as oportunidades e hospeda-me nos últimos 36 anos.

          2.O que é a “Casa da Farinha”?
          A casa de farinha é o local de trabalho das famílias do sertão nordestino. É onde fazemos a farinha de mandioca com o maior teor de felicidade do mundo. Por isso batizei este meu sonho. É um espaço dedicado a culinária, música, literatura e objetos sertanejos. É um local ainda em formação mas, muito querido e visitado.

          Bloco do baião, na CASA DA FARINHA, em São Miguel Paulista
          ©


          3.Seus poemas curtos são belos e profundos, de uma delicadeza brilhante. Pode nos falar sobre esse seu fazer poético?
          Sempre escrevi utilizando poucas palavras, tentando carregá-las com a minha simplicidade, humor e meu amor pela natureza. Gosto de brincar que faço poemas de leitura involuntária. É só passar o olho e já leu. Comigo não se perde tempo.


          4.Pode, por gentileza, dizer aos leitores da Fiandeira, o que, para você, representou um artista como Raberuan na afirmação da arte musical de nossa região e para a nossa contemporaneidade?
          Não conheci o Raberuan pessoalmente. No período áureo de sua produção eu estava imerso no meu trabalho. Após a sua morte em 2011, conheci vários artistas que me apresentaram a sua obra. Entre eles o Akira Yamasaki, Escobar Franelas, Sacha Arcanjo, Fabio Lima, Silvio Kono entre outros. Fiquei surpreso com a comoção e a admiração que todos tinham por ele. Hoje sei que a sua obra floresce vigorosa nas novas gerações e mantém profundas raízes no coração dos seus contemporâneos.



          5.Sua expressão artística e sua presença é de fato uma simbologia viva do fazer artístico popular. Como vê a questão da arte enquanto produto no sistema capitalista? A arte é também apenas uma mercadoria? A produção em série tem o poder de interferir na sensibilidade do Ser?
          No sistema em que vivemos não há muitas formas de levarmos a arte para as pessoas se não a transformarmos em um produto. Veja o que é feito com a música, a literatura, cinema, design etc. Acho que a produção em série de obras de pouca qualidade pode deteriorar o bom gosto, por isso penso que a educação é a saída para que possamos separar a arte do lixo.

          6.O que é o projeto Ronaldo Ferro?
          O projeto Ronaldo Ferro está começando agora. É uma ação conjunta de um grupo de amigos liderados pelo Akira Yamasaki, que pretende documentar a obra deste compositor, músico e cantor excepcional que neste ano completa 50 anos e, não tem o seu trabalho registrado. Programamos diversos shows e saraus de poesia na Casa de Farinha para arrecadarmos fundos para o lançamento desse trabalho.


          7.Esteve em meu lançamento de “O Voo de Pégaso”, e tirou belas fotos, com esmero tal, que aqui pergunto: tem paixão pela arte da fotografia?
          Sou fotografo amador. Gosto de documentar os momentos especiais dos meus amigos.
          Sou apaixonado pela possibilidade de expressar-me utilizando imagens.

          Francisco Xavier©
          8.Esteve também no lançamento do livro de Akira, poeta que amo, que tem em sua bagagem o brilho da sinceridade, e da humildade no seu mais correto sentido, que é ser imune ao próprio brilho. Esse momento de encontros numa noite de lançamento de livro, o que é para você?
          O lançamento de um trabalho literário, devido todas as suas dificuldades, sempre merece uma festa. O contato do leitor com o escritor, o encontro com os amigos e  com pessoas que curtem a mesma arte é pura magia.

          Lançamento do livro do Akira 

          9.Pergunta batida, porém, para muitos, ainda em sua força plena: teremos o fim do livro de papel?
          Não acredito que o livro esteja morrendo. Mas, acho que se tornará um objeto de arte. Somente o que realmente for bom vai ser impresso em livro, o resto vai pelos canais mais baratos e rápidos: os meios eletrônicos.


          10.Temos CASA AZUL DA LITERATURA, temos CASA AMARELA, e temos a sua casa, pois nota-se por ela um apego, um amor em você. Qual é a sua casa?
          A minha casa é a fazenda onde fui criado, chama-se Ciências. É lá que vou pessoalmente ou em espírito para aliviar tensões e angustias. É lá que na minha memória vivem as pessoas que eu amei e continuo amando mesmo depois de perdê-las.

          Sarau na Casa Amarela


          11.Que brinde nos deixaria com um de seus poemas?
          Eu, grito
          Deserção e sangue
          Foi o meu parto.
          Na dor, nasci
          Grito feito.
          Pelas gretas,
          Nu em pelo,
          Numa carreira cega
          Ganhei a caatinga.
          Quebrei galhos.
          Seco, pulei tocos,
          Espantei os bichos
          Almas e quebrantos.
          Mas, na distância
          Fui ficando fraco.
          Incompreensível,
          Sem volta, um vão.
          Agora, oco no mundo
          Sou saudade e silêncio
          No colo mouco
          Da solidão.

          12.Deixe aqui a sua mensagem final. Qual é a sua PALAVRA FIANDEIRA?
          Preserve o amor.
          Se preciso:
          -flor!







          PALAVRA FIANDEIRA
          Ano IV
          Publicação digital semanal
          Literatura e Artes
          Edições aos sábados
          Edição 98— 12 Janeiro 2013
          Edição  FRANCISCO XAVIER
          Todas as imagens ©

          PALAVRA FIANDEIRA
          Fundada pelo escritor Marciano Vasques