sábado, 21 de junho de 2014
sexta-feira, 6 de junho de 2014
PALAVRA FIANDEIRA 154
“Não é o material que faz uma boa obra e sim o conteúdo”.
Sou uma artista em constante mutação de formas e conceitos.
PALAVRA FIANDEIRA
ARTE, EDUCAÇÃO, LITERATURA
Publicação digital de divulgação cultural
EDIÇÕES SEMANAIS
ANO 5 — Edição 154
07 JUNHO 2014
DJALMIRA DE FREITAS ROSA
1.Quem
é Djalmira de Freitas Rosa?
—Uma
artista, mulher simples,que ama tudo que faz e fez. Na infância,
adorava desenhar em qualquer papel ou tabuinhas tudo que via e
observava. Sem materiais próprios, gostava do carvão do fogão a
lenha. No decorrer da vida estudou em escola pública e sempre foi
estimulada a continuar. Fez cursos técnicos na escola estadual, onde
aprendeu muitas coisas que até hoje aplica na vida. Formou-se em
ARTES PLÁSTICAS e ARTE DECORATIVA, na Universidade Federal de Santa
Maria, na década de 70. Sempre trabalhou e pesquisou dentro desta
área, o que sempre entendeu como ARTE. Foi casada e tem três filhos
maravilhosos, MINHAS MELHORES OBRAS.
Minha
vida nas artes
Minha
vida sempre foi direcionada para as artes. Compreendendo a música,
plástica e o teatro. A expressividade sempre foi a base fundamental
do seu trabalho. Ministrei cursos de desenho e pintura em várias
cidades do interior do Rio Grande do Sul, como São Sepé, Júlio de
Castilhos, São Pedro e Santa Maria. Como ARTISTA PLÁSTICA comecei
como acadêmica na UFSM, fazendo painéis de professores e alunos,
retratos em desenho aquarelado, na parede do diretório.
Sempre
pesquisando formas e cores (tudo é possível) muita liberdade para
criar, sem modismos, nem mesmo imposições. Passando desde a forma
acadêmica e real até chegar aos elementos figurativos, às formas
abstratas, tudo é fundamental para dar base ao desenho que é a
característica mais presente no seu trabalho. O desenho é
fundamental sempre.
O
medo das cores, no começo, propiciou o surgimento de desenhos em
preto e branco e sépia. A descoberta da cor deu-se através da
descoberta de processos e a identidade das formas. Para a produção
artística materiais diversos são usados, desde o lápis preto,
carvão, aquarela, tintas em pva, em acrílica e em óleo. O facilita
a identificação imediata de uma característica própria para a sua
obra.
Considero-me
uma artista, uma mulher inquieta, curiosa, ansiosa, criativa, mas com
muita vontade de aprender. Não gosto do “marasmo”, do comodismo,
o similar pode cansar, as analogias cansam. As cores podem ser as
mesmas, mas as formas não. Existem muitos elementos que podem se
transformar em novos elementos plásticos visuais.
Morei
em Santa Maria até março de 2014. Consegui, através de grupos, em
que ministrava cursos, conceituar o nosso trabalho como uma proposta
baseada na expressividade e individualidade de cada um. Acredito que
arte é baseada no ser humano como um todo. Fizemos várias
exposições importantes. Plantamos e colhemos. Agora, numa nova fase
da minha vida, estou morando em Porto Alegre. Novos horizontes, novas
propostas, novos artistas. Grandes desafios possíveis e muito
trabalho.
2.
É artista plástica com uma considerável produção. Qual é, de
modo geral, a sua temática, a sua abordagem preferida em suas obras?
—Sou
uma artista em constante mutação de formas e conceitos. Comecei com
retratos e nus (figura humana, com modelo). No decorrer das
pesquisas, com processos diversos, todo o elemento visual fez parte
da obra.
Figurativos,
flores, paisagens, frutas, figura humana e elementos do cotidiano.
Sempre gostei de desenhar tudo que via e vejo. Trabalhei com
decoração de interiores, fazendo projetos residenciais e vitrines,
atividades paralelas, juntamente com a trajetória da expressão
artística.
3.
Além de artista plástica, pintando seus quadros, também atua na
Arte Digital?
—Acho
que com a bagagem adquirida durante estes anos, não achei o espectro
em que minha obra poderia ser incluída na arte digital, o que não
exclui tal possibilidade. A minha liberdade de expressão hoje me
direciona para uso de recursos materiais palpáveis, tais como
pigmentos recortes, colagens, suportes diferenciados e tecidos, etc.
Para não perder a identidade.
4.Tem uma série de obras intituladas Penumbra. Pode, gentilmente, nos
comentar sobre elas? De onde vem a expressão dessa série?
—Sobre
esta série, ainda está em fase de pesquisa, pois começou como
solução de uma necessidade de questões não-plásticas e a
descoberta das cores e das imagens fotográficas. Há aí, acredito
um novo caminho, um novo link, uma nova abertura como base para
pintura e desenho. Um novo ponto de referência.
Pretendo
trabalhar com técnicas mistas (óleo, carvão, pó de café, giz de
cera e seco) e chegar a um produto diferente ao da fotografia, pois
ela serve como elemento de pesquisa de composições e cores.
5.
A partir de quais circunstâncias e por quais acontecimentos em sua
vida, quando e como surgiu o seu interesse pela Arte?
—O
meu interesse pela arte surgiu ainda criança - não especificamente
a arte, mas adorava desenhar tudo (família, irmãos, bichos, flores,
etc.). Talvez tenha surgido daí a razão de usar vários elementos
visuais nas minhas obras. Claro, sem a obrigatoriedade de formas e
cores para identificação da obra. A pesquisa sempre foi constante e
a evolução do traço e das cores foi essencial para o meu trabalho.
6.
Já ilustrou um livro infantil?
—Não
tive a oportunidade. Hoje faço parte de um projeto, em que procuro
interpretar, com desenho e pinturas, contos e poesias de um artista,
de um escritor, de um poeta ou de um músico. O que não é tão é
fácil, pois a visão que temos não encaixa com o significado que o
autor que dar. Tudo é surpresa. Nossa interpretação não é
direcionada é mais compacta, PLÁSTICA. É um novo desafio, um novo
caminho.
7.
Em sua arte realiza diversos processos de criação e também de
técnicas e materiais. Fale, por favor, um pouco sobre isso. Tem, por
exemplo, um estilo ou um material que mais aprecia?
—Como
lecionei em escola pública, onde não existiam materiais, tínhamos
que criar tudo. Desde as tintas em PVA, com cores feitas com bisnagas
coloridas, giz de cera, carvão, papel reciclado, etc. A partir daí
me acostumei a usar qualquer material para me expressar. Sempre
pensei: “Não é o material que faz uma boa obra e sim o conteúdo”.
Sempre uso técnicas mistas. Misturo tudo que é possível de
materiais. Desenho sempre. Não gosto de muita técnica. Acho que a
obra fica fria, sem expressão. Meu estilo é livre, sem escolas.
Aprecio desde o lápis 6b até a tinta óleo. Uso colagens, massas,
suportes diferenciados, papel, papelão, tela, chapas, imagens. Às
vezes, nessas misturas nem sei no que resultará, pois o processo
macerado, feito com tintas deixadas nas palhetas, é reaproveitado.
Tudo é uma surpresa.
8.
E a Literatura? Tem uma preferência de leitura? Romance, contos,
crônicas, poesia... Falando nisso, tem algum livro que tenha lido na
infância que possa de alguma forma ter influenciado a sua vida ou o
seu modo de ser?
—Sempre
dediquei a leitura voltada à minha área específica, a arte. Não
era acostumada a ler só por ler, mesmo porque, sinceramente, o tempo
era curto. Na minha infância, escutava muitas histórias e poesias
lidas pela minha mãe, mas nada específico. Há cinco anos, comecei
a escrever, querendo colocar no papel o que não conseguia com os
pincéis. Apenas o que sentia no momento, como forma de dizer algo
para mim. Sem textos estudados, sem grandes pretensões.
Gosto
de frases e textos que me toquem e que me digam algo. Sou movida a
questionamentos. Faço isto constantemente. Preciso deste processo de
reflexão. Todo o meu trabalho tem uma ligação forte com isto.
9.
Estive em Santa Maria recentemente na Feira de Livro. Conte-nos algo
sobre esse modo de ser do Sul no envolvimento com as Letras e com as
Artes...
—Morei
em Santa Maria por muitos anos. A cidade tem, a meu ver, segmentos
direcionados para cada grupo a fim. Nas artes plásticas, por
exemplo, segmentos diferentes, música, teatro, dança, literatura.
Cada segmento tem suas regras, seus objetivos. E é necessário que a
cidades tenham uma entidade para se fortalecer e crescer mais. A
feira do livro é um ótimo exemplo de união. Trabalhei por vários
anos com grupos de pessoas que mostravam um diferencial. As
exposições eram temáticas, com conteúdo e criatividade e
individualidade. Levar a arte para o povo é difícil, mas não
impossível.
10.Também
escreve, além de pintar? Já teve algum livro publicado ou almeja
isso algum dia?
—Escrevo
o que me vem à cabeça. Quando sinto necessidade de me acalmar,
quando estou apreensiva, sinto que me faz bem. Costumo, a minha vida
inteira, perguntar e responder e sigo sempre a resposta. Se errar,
fui eu. Não editei nada, pois acho que preciso aprender. Esta área
é difícil. Talvez esteja aí um novo projeto, um novo desafio. Já
fui convidada, mas não estava preparada.
11.Participa de alguma Associação, alguma entidade de Artistas
Plásticos ou Escritores? O que representa em sua vida esse contato,
essa amizade e esse encontro com as pessoas no universo artístico e
cultural? E considera que a Rede Social, em sua expressão mais
genuína, aproxima as pessoas de um modo geral?
—Fui
sócia fundadora da Associação dos Artistas Plásticos de Santa
Maria, fui presidente entre os anos 2000 e 2002. Fizemos um grande
trabalho de aproximação de artistas. Com “workshops” e cursos
com artistas, de Porto Alegre e locais, que demonstravam os seus
processos. Foi um período muito interessante e produtivo. As
amizades se concretizaram com as energias e interesses a fim.
Propostas de cursos diferentes são necessárias para o crescimento
do artista (muito trabalho). Gosto de trocar, aprender e passar
adiante conhecimentos. Aprecio a obra de vários artistas que têm a mesma proposta. Acredito que a semelhança faz com que desenvolvamos
mais, acreditando sempre na nossa proposta. A rede social aproxima,
mas devemos cuidar para não sofrermos uma interferência que
modifique a nossa trajetória. As semelhanças existem quando
trabalhamos na mesma proposta. Independente de morarmos em qualquer
lugar do mundo. Todos temos acesso a tudo. Pesquisar faz parte.
Aprender também. Precisamos confiar na nossa proposta artística.
Sem modismos. Somos parceiros nas artes.
12.Deixe aqui a sua mensagem final. Qual a sua PALAVRA FIANDEIRA?
—Somos todos iguais?
Somos todos, porquê?
Amamos,
sorrimos, dançamos, cantamos. Vivemos uma vida semelhante, pois
necessitamos das mesmas coisas. O que nos diferencia, seria o nosso
próprio “EU”, o nosso interior, o nosso espírito.
O
invólucro pode ser recheado de beleza, sinceridade, ética e moral.
O que faz com que haja uma diferença, de como conseguimos enfrentar
o nosso cotidiano. A força interior nos impulsiona a crescer, a
buscar elementos para o nosso aprendizado. Todos somos capazes de
entender e enfrentar coisas novas que chegam, devemos estar
preparados. O valor estético dos elementos vivos, ao nosso redor,
são simplesmente imagens aceitáveis. O preconceito, em relação a
tudo e todos, só vai demonstrar a nossa ignorância em relação a
fatos e propostas de vida que nem sempre são os mesmos. Devemos ter
humildade e aprender com o outro, como parte do nosso aprendizado e a
família, material e espiritual, está inserida neste contexto.
As
necessidades básicas, no decorrer da vida, não se diferenciam de
indivíduos com mais ou menos possibilidades financeiras e
intelectuais. Ficamos doentes, precisamos de pessoas ao nosso redor,
precisamos entender o que nos interessa nesta vida.
O
que somos? O que queremos ser? Isso vai depender unicamente de nós
mesmos, dotados de livre arbítrio, inteligência e ignorância, para
escolhermos o que queremos ser. A escolha é nossa. As diferenças
nas escolhas, certas ou erradas, nos farão crescer. Não somos
indivíduos sós, contamos sempre o outro para que esta energia
funcione.
Certas
energias fazem com que consigamos entender o porque de sermos iguais,
independentemente de classe social, ideologias políticas, a fé que
se professa, credos, etnia. Em cada momento da vida as necessidades
que enfrentamos nos encaminham para a superação. Somos capazes de amar sempre!
PALAVRA FIANDEIRA
ARTE, EDUCAÇÃO, LITERATURA
Publicação digital de divulgação cultural
EDIÇÕES SEMANAIS
ANO 5 — Edição 154
07 JUNHO 2014
EDIÇÃO DJALMIRA DE FREITAS ROSA
PALAVRA FIANDEIRA
Fundada pelo escritor Marciano Vasques
©Nesta edição, obras de Djalmira de Freitas Rosa
sexta-feira, 30 de maio de 2014
PALAVRA FIANDEIRA 153
Um poço de emoções, de sonhos, de coragens e também incertezas – com certeza!
PALAVRA FIANDEIRA
ARTE, EDUCAÇÃO, LITERATURA
Publicação digital de divulgação cultural
EDIÇÕES SEMANAIS
ANO 5 — Edição 153
31 MAIO 2014
EVANDRO NAVARRO
1.Quem é
Evandro Navarro?
—Há vinte oito
anos compositor e músico. Nascido em 1965, sobre o solo de
Muzambinho - MG e sob o signo de sagitário.Filho
da D. Lourdinha e do saudoso Sr. Nestor, pai da Mariah e Nina.Um
poço de emoções, de sonhos, de coragens e também incertezas –
com certeza!
Teimoso,
às vezes ainda ingênuo e noutras desconfiado. Mineiro né!. Querendo,
pro outro, ser pau-pra-toda-obra e, de repente, pedindo algum socorro
também. Com fortes tendências (graças a Deus!) a ser feliz e
otimista. Um
chorão (emotivo) por natureza.
E
mais tanta coisa, que me conheço, e as que nem sei, ainda.
2.Apresentou-se em Ribeiro Preto na Orquestra Sinfônica da cidade com uma composição
sua. Conte-nos sobre essa sua apresentação. Quando foi, como foi...
—Aconteceu em
novembro de 2012. Com certeza uma das grandes, e raras,
oportunidades de minha carreira foi apresentar-me junto com a
Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto. E ainda por cima mostrando
uma canção de minha autoria: Alto Paraíso; arranjada pelo
clarinetista Bogdan Dragan e regidos pelo Maestro José Gustavo
Julião de Camargo.
“Orquestra
e Amigos” foi um Projeto que convidou artistas de Ribeirão Preto.
Imagina: você se ver no palco do Theatro Pedro II (monumental),
olhar pra frente e ver a casa cheia, olhar para trás (e dos lados) e
ver dezenas de músicos da mais alta qualidade, todos empenhados em
um trabalho seu. Uma vibração musical estonteante. Pensa a responda, a beleza, a sonoridade, a emoção disso.
3.Foi para o
Rio de Janeiro para batalhar pela sua carreira musical. Conte, por gentileza,
aos leitores da Fiandeira, sobre essa decisão, e como está sendo essa batalha.
—O Rio de Janeiro
marca um novo momento de minha vida e carreira. Transferir pra cidade
maravilhosa minha batalha é um grande desafio. Inspirador. E que
exige também uma outra determinação; eu que sempre vivi na barra
da saia de uma família fraterna e acolhedora, no convívio de amigos
tão queridos. Já chorei bastante (rs), mas também tem muito sorrir
nesta história de pouco mais de um ano. Componho diariamente,
motivado por isto tudo. E só isto já valeria esta fase e o intento.
Mas tem tanta coisa junto, nisto, que não dá mesmo pra “fiandar”
tudo aqui. rs
4.Além de
cantor e compositor, realiza também uma atividade jornalística. O que pode nos
comentar sobre ela?
—Não sei se é bem
um “jornalismo”, mas também não sei se deixa de ser.
Convidado pelo
Coletivo Fuligem (de Ribeirão Preto) faço parte, há quase um ano,
do programa de tv: Fuligem no ar. No qual sou, acho que posso
dizer,“repórter”. Fiz varias matérias culturais e entrevistas
no Rio e algumas também em Ribeirão. Gosto muito e acho que tem
gente gostando também. rs
Há algum tempo, eu
havia sido entrevistador de um quadro musical, num programa do SBT
regional; onde tive uma experiência bonita e motivadora, o que me
ajudou a achar que devia aceitar este novo convite.
5.Você
assinou o roteiro e a direção de um musical intitulado “O Brasil Bate Tambor”.
Conte à Fiandeira, por favor, sobre esse projeto.
—Poxa!, vejo este Show como outro desafio; por se tratar de um
trabalho de pesquisa.
Levar para o palco
algo que trate da negritude, acho importantíssimo, rico e de muita
responsabilidade. A proposta foi ter em cena músicos
afrodescendentes, com repertório, também todo relacionado à
proposta, de compositores ou textos que tratassem da questão.
Convidado pelo Instituto Plural, uma ONG de Ribeirão que tem também
como objetivo a valorização da identidade e cultura afro; onde fui
professor de violão e regi um coral de crianças. Inesquecível o
aprendizado ali.
6.Você de um
modo geral valoriza especialmente a amizade. Além da amizade, que outros
tesouros considera assim na vida?
—Caramba!!! Falar sobre a amizade e
amigos? Quantas entrevistas você me dá pra isto? rs Na verdade
nem sei se saberia, em palavras, me aprofundar tanto o quanto sinto.
Tenho mesmo como alta importância na vida buscar me relacionar da
forma mais afetiva, comprometida e responsável possível. Se
realmente consigo, não sei. Quem poderia dizer melhor são os
próprios amigos e a história que vou deixar. Mas neste momento me
ocorre tentar me expressar, a respeito, com um trecho da maravilhosa
canção: Solar, do Milton e Brant: “Saí de casa para ver outro
mundo, conheci. Fiz mil amigos na cidade de lá. Amigo é o melhor
lugar...”
Outros tesouros?
Meu Deus! Não são poucos não.
Cito alguns aqui:
família, a música, lugares, gentes dos lugares, tanta vida...
Com Claudio Barria
7.Aprecia a
Literatura Infantil? Tem composto canções infantis?
—Aprecio muito. Muito
mesmo. Mesmo já “adulterado”, posso sim a qualquer momento optar
por uma leitura do gênero, com o mesmo prazer e interesse que teria
por um texto de “gente grande”. Também nem vou entrar no mérito
da riqueza e importância dos livros na, e pra, vida de uma criança.
Entre tantos, falo de dois aqui que o menino Evandro ensinou ao
grisalho Navarro, de hoje, pra sempre, gostar: “A mina de ouro”
de Maria José Dupré e “O menino do dedo verde” , do francês
Maurice Druon.
Ah, e quase ninguém
sabe, tenho, faz tempo, um rascunho pronto, pra virar livro: Lucas e
a nuvem.
Canções infantis?
Sim, tenho muitas e adoro compôr dentro deste universo. Inclusive uma
linda ideia já bem formada, por se materializar, o livro- cd
ecológico: Um canto e meio; com o parceirinho poeta-ilustrador
Arnaldo Martinês Bacco Júnior. Ainda estes dias atrás escrevi um
textinho pra ser canção: Caiporinha. Naquele dia mesmo, lá na
FLIST, no Rio de Janeiro; naquela tarde linda, em que conheci você,
meu querido-novo-amigão, Marciano Vasques.
8.Como a
música surgiu em sua vida? Em que momento e por quais acontecimentos um dia
decidiu que queria ser músico?
—Vixi! a música em
minha vida???
Talvez porque a
música já fosse histórica na vida de minha família. Bisavós,
avós, tios, um montão de primos, todos muito ligados à música. As
rodas musicais em minha casa, desde sempre. Tenho várias
imagens-lembranças de mim muito menino dormindo no colo de algum
adulto - em meio a alguma cantoria. Irmãs e irmão mais velho tocam,
cantam, compõem. Mas profissionalmente, em casa, só eu e outro
irmão; os outros todos trabalham. rs Somos oito.
Em 1986, meu
professor de violão da época (Vicente Caetano) resolveu, por mim,
me profissionalizar; me intimou a substituí-lo num bar de Ribeirão
e nunca mais parei.
9.Insistência da PALAVRA FIANDEIRA num assunto já meio ultrapassado: Acredita no fim da era do livro de papel?
—O livro só acaba
quando o ser humano se individualizar de vez. E viver completamente
sozinho, a ponto de não carecer de mais ninguém, de nenhum
companheiro.
Pois, melhor
companhia que um bom livro, é difícil. Notebook nenhum, ou coisa
parecida, consegue fazer esta função.
O livro carrega em
si uma magia inexplicável.
Não depende de
bateria, de pilhas, energia elétrica... Mesmo à noite, basta uma
simples vela acesa e pronto.
Ninguém, mais que
um livro, te convida a sonhar, voar e cruzar o mundo; as galáxias,
por que não?
Ou te encoraja pra
uma incursão linda e desbravadora de si mesmo.
Ninguém mais que
um livro respeita, e permite, o que você sente e imagina.
Acabar uma coisa
assim??? Que jeito?
10.Tem CD
gravado? E, além disso, tem algum projeto musical que já pode revelar? Considerando que também faz a arte do
cinema, poderia aproveitar e nos contar sobre o curta - metragem que realizou,
intitulado “O poeta das quatro cord4s”?
—Tenho 5 CDs
produzidos, que os considero como obras de minha carreira.
Três deles são com
outros intérpretes cantando coisas minhas e me encantando.
Novos projetos? Sou
um desassossegado-sonhador, se eu revirar aqui meu íntimo, vou achar
vários desejos . Mas prefiro falar aqui de show que já esteja na
estrada, o Brasil Caboclo, por exemplo.
Brasil Caboclo
A arte do cinema em
minha vida é muito recente; e aconteceu porque conheci uma moça
chamada Monique Franco. Esta Professora me convidou pra conhecer o
seu lindo Projeto chamado Laboratório Audiovisual Cinema Paraíso,
na UERJ de São Gonçalo. E depois sabendo da minha vontade de filmar
o curta metragem O poeta das quatro cord4s, disse: Vamos lá! Vamos
fazer isto ser verdade. E então ganhamos a parceria do Coletivo
Fuligem, do qual vieram somar com a gente o cinegrafista Rafael Vital
e a produtora Mariah Navarro. Que alegria, termos podido contar, em
24 minutos, um pouco da vida do sambista Miguelzinho do Cavaco, que
mora no Morro Chapéu Mangueira – no Leme, Rio.
11.Como
interpreta em seu coração esse encontro com escritores e artistas, em seu
cotidiano?
—A música (arte) tem provocado, e promovido, em minha vida
experiências de situações e encontros impagáveis. Hoje já são
tantos irmãos queridos, cujas amizades foram amadrinhadas pela arte,
que nem dá pra contar em números.
O mais recente
deles, não por coincidência, é este querido entrevistador que nos
fala, Marciano Vasques. rs O padrinho, desta vez, foi o, nosso
querido amigo em comum, também escritor, André Luís Oliveira.
12.Deixe aqui
a sua mensagem final. Qual a sua PALAVRA FIANDEIRA?
—Poxa, uma palavra
fiandeira?
Pode ser um
verso? (de improviso)
Mas, antes, conto
que aprendi que: “Con-fiar é fiar juntos”.
Agora sim, agradeço
pelo papo, e, desfio umas linhas:
Sigo confiando,
porque fiando vou
Vivo acreditando,
pois desconfiando a nada me levou
Sinto que são
fios, a trama dos rios, virando cachoeira
A água que sai
de um fio lavra, palavra fiandeira
PALAVRA FIANDEIRA
ARTE, EDUCAÇÃO, LITERATURA
Publicação digital de divulgação cultural
EDIÇÕES SEMANAIS
ANO 5 — Edição 153
31 MAIO 2014
EDIÇÃO:
EVANDRO NAVARRO
PALAVRA FIANDEIRA:
fundada pelo escritor Marciano Vasques
Foto de Ieda Luttgardes
sexta-feira, 23 de maio de 2014
PALAVRA FIANDEIRA 152
Nós, autores, temos que ser muito verdadeiros no que escrevemos e falamos.
PALAVRA FIANDEIRA
ARTE, EDUCAÇÃO, LITERATURA
Publicação digital de divulgação cultural
EDIÇÕES SEMANAIS
ANO 5 — Edição 152
24 MAIO 2014
SUSANA MARIA FERNANDES
1.Quem é
Susana Fernandes?
—Sou
carioca, formada em Jornalismo, pós - graduada em Literatura, Arte
e Pensamento contemporâneo e também em Literaturas de países de
língua portuguesa. Torço pelo Botafogo, amo o Rio de Janeiro,
literatura, música, boa comida e um bom vinho.
2.Poderia,
gentilmente, contar aos leitores da FIANDEIRA , sobre o seu livro
GENTE VESTIDA DE NOITE? O que nos poderia dizer sobre ele?
—Este
livro trata da importância do olhar, de como você vê o outro e
como é importante você se ver no outro e verificar de que é um
igual, dentro da diferença.
3.Ao
ouvi-la num evento no Rio, reparei de imediato a sua preocupação e
consciência com relação ao racismo e outras enfermidades da
“cultura” nacional contemporânea. Fale um pouco sobre isso, por
favor.
—A minha
preocupação maior, não é bem com o racismo que é uma praga que
não vai acabar enquanto existir o ser humano. A minha preocupação
como pessoa e escritora é de como o negro se comporta frente ao
racismo. Temos que ter em mente que não somos inferiores a ninguém,
somos pessoas capazes de viver com dignidade, somos seres pensantes
e inseridos nesta sociedade, e temos o direito de sonhar e lutar
pelo que queremos. O negro não tem que se importar com o racismo,
quem tem que se importar é o racista. Somos herdeiros de uma raça
vitoriosa, pois vencemos 300 anos de cativeiro e erguemos uma nação
sobre o manto da dor e hoje chegamos com lágrimas para sermos
artistas, escritores, advogados, juízes, médicos, engenheiros,
modelos, designers, poetas e o que mais chegar.
O que
vivemos hoje nesta contemporaneidade virtual, com internet por todos
os lados é resultado de uma demência cultural, é resultado do
tédio de ter tudo à mão e também desta máxima de que você pode
tudo, mas só você, o outro não.
4.Esteve
na Feira de Livros no Parque das Ruínas num domingo ensolarado. O
que representou para você a sua participação nesse evento?
—Foi a
maneira que encontrei para fazer o lançamento do meu livro, num
lugar diferente e bem bonito. Eu confesso que não esperava que fosse
tão bom, porque conheci pessoas muito interessantes, como você por
exemplo, e agora estou dando esta entrevista.
Lançamento do primeiro livro
5.O que
pensa sobre a Literatura Infantil? Acredita que ela seja apenas para
crianças?
—Eu não
acredito em literatura infantil, eu acredito em texto literário com
signos infantis, que podem ser lidos até por uma criança. Mas..
esta divisão em literatura infantil, literatura feminina, literatura
marginal e outras mais tem a ver com a questão mercadológica. Eu
gosto de ler bons textos e gosto de viajar por mundos diferentes e
vislumbrar novos encantamentos. É bom despertar a criança que mora
dentro de nós, assim nos ligamos com o divino e aí a magia acontece
e o livro passa a ser o nosso mais recente amigo de infância.
Em evento no Rio de Janeiro, em 18 de Maio.
6.Poderia
nos brindar com o seu pensamento sobre a tão recentemente alardeada
fim da era do livro de papel?
—Creio
que o livro em papel não vai acabar. Isso já está sacramentado.
Os e-books vão ficar juntamente com o livro em papel, uma coisa não
invalida a outra. O livro em papel faz parte da nossa vida, mesmo
para aqueles que transitam com desenvoltura no mundo virtual, o
livro da maneira que ele é perpetuará por muitos e muitos anos. O
livro em papel pertence ao nosso cotidiano, ele torna o nosso momento
de leitura mais aconchegante.
7.Seu livro “Gente Vestida de Noite” é também uma poesia visual. Quem é o ilustrador? E o que pensa sobre a importância da arte da ilustração num livro para crianças?
—A
ilustradora do meu livro é a artista plástica Vera Ferro,que tem um
traço maravilhoso. A ilustração deixou o texto mais forte, na
realidade são dois textos o escrito e o ilustrado e os dois textos
se completam. Para a criança isso é muito importante, o
entendimento é mais fácil e fixa mais a história e mexe totalmente
com o imaginário. A viagem literária fica mais rica.
8.Hoje
os atrativos e chamamentos de indústrias gigantescas como a do
cinema, de certa forma até distanciam a criança da leitura. Como vê
essa questão? Teria, outrossim, uma ideia para aproximar os pequenos
dos livros prioritariamente?
—Acho que tudo é relativo. A criança pode ler, ir ao cinema, brincar no computador, tudo bem. A questão é dosar, ter um critério para que as coisas não extrapolem e a criança ignore a existência do livro.
No meu tempo de menina, não tinha computador, mas tinha a televisão e o cinema e eu assisti muita televisão e fui muito ao cinema, mas nunca me separei do livro e o livro não era a minha prioridade, a minha prioridade era brincar com as minhas bonecas.
No meu tempo de menina, não tinha computador, mas tinha a televisão e o cinema e eu assisti muita televisão e fui muito ao cinema, mas nunca me separei do livro e o livro não era a minha prioridade, a minha prioridade era brincar com as minhas bonecas.
9.Tem tido contato com crianças em colégios e eventos literários? Como vê esses encontros entre autor e os novos leitores?
—Tive
contato com crianças autistas quando lancei o meu primeiro livro Que
vida eu quero ter?
foi uma experiência sensacional, porque as crianças tinham vários
níveis de autismo , mas elas trabalharam o meu livro com os
professores e criaram um livro delas, onde elas diziam o que elas
gostariam de ser na vida.
A melhor
coisa para o autor, na minha opinião é ter contato com o leitor,
esta troca é muito boa, porque surge uma emoção muito verdadeira.
O autor toma consciência da importância do seu trabalho, do quanto
ele pode transformar a vida daquele leitor. A responsabilidade é
muito grande, principalmente tratando-se de um público em formação.
Nós, autores, temos que ser muito verdadeiros no que escrevemos e
falamos.
10.Tem
algum projeto que já pode anunciar aos nossos leitores?
—Ainda
não tenho nenhum projeto fechado, mas assim que tiver, avisarei aos
leitores. Penso em algumas coisas, mas ainda estão em processo de
maturação.
Com amigos em confraternização após lançamento.
11.Acredita
que a Literatura de um modo geral possa atualmente, em nossa era
tecnológica, influenciar de alguma forma a nova geração?
—Sim,
entretanto é preciso saber que tipo de leitura a moçada está
fazendo. Mas, independente da literatura sempre fica algo daquilo
que se lê, espero que as boas leituras tenham força para trazer um
equilíbrio para a garotada, que eles não achem que porque o mundo
está querendo ser tecnológico, não caiba um pouco de poesia, de
beleza singela, um pouco de pé descalço no chão de terra batida.
12.Deixe
aqui a sua mensagem final. Qual a sua PALAVRA FIANDEIRA?
—A
Literatura fala da gente com tratamento artístico.
PALAVRA FIANDEIRA
ARTE, EDUCAÇÃO, LITERATURA
Publicação digital de divulgação cultural
EDIÇÕES SEMANAIS
ANO 5 — Edição 152
24 MAIO 2014
Edição: SUSANA MARIA FERNANDES
PALAVRA FIANDEIRA:
Fundada pelo escritor
Marciano Vasques
Assinar:
Postagens (Atom)