EDITORIAL

PALAVRA FIANDEIRA é um espaço essencialmente democrático, de liberdade de expressão, onde transitam diversas linguagens e diversos olhares, múltiplos olhares, um plural de opiniões e de dizeres. Aqui a palavra é um pássaro sem fronteiras. Aqui busca-se a difusão da poesia, da literatura e da arte, e a exposição do pensamento contemporâneo em suas diversas manifestações.
Embora obviamente não concorde necessariamente com todas as opiniões emitidas em suas edições, PALAVRA FIANDEIRA afirma-se como um espaço na blogosfera onde a palavra é privilegiada.

quarta-feira, 2 de março de 2011

PALAVRA FIANDEIRA — 58

PALAVRA FIANDEIRA
REVISTA DE LITERATURA
REVISTA DIGITAL LITERÁRIA
02/MARÇO/2011
EDIÇÃO 58


NESTA EDIÇÃO:

SELMO VASCONCELLOS



O BRINCANTE DE RONDÔNIA

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SELMO VASCONCELLOS

1. Quem é Selmo Vasconcellos?


Cidadão comum e que prega a honestidade e a lealdade. Que pisa no chão, anda de cabeça erguida e acredita em Deus, Santos e Anjos. Adoro brincar com as palavras.

2. Reside desde 1982 em Porto Velho, Rondônia. Como se deu essa passagem do Rio para outro estado e qual os motivos que o levaram a essa mudança?
Sem oportunidades de trabalho no Rio, optei por Rondônia que me acolheu tão bem logo no primeiro dia, precisamente no dia 8 de novembro de 1982. Rondônia não me pariu, mas me adotou.

3. Desde 1985 o conheço, e faz um bom tempo, a página "Lítero Cultural" no jornal "Alto Madeira". Fale ao leitor desse seu trabalho. Comente sobre essa página.
É um trabalho de divulgação da cultura de todos os quadrantes do país e exterior, priorizando sempre a literatura. Sempre digo que é uma página de estrelas e não de estrelismos.

4. No jornal O REBATE mantém a página "Momento Lítero Cultural" na qual realiza o mesmo trabalho de divulgador cultural, divulgando e destacando nomes de artistas, produtores de cultura, escritores. Seu nome não pode ser desvinculado dessa ação. Qual o significado para você dessa realização de divulgar os nomes da cultura?


Divulgando, aumenta o meu intercâmbio cultural. E é tão salutar.

5. Você é poeta, contista e cronista. Um trio perfeito. Qual causa mais prazer à sua alma de escritor? A crônica, a Poesia ou o Conto?
Como te falei nos anos 80, sou apenas um brincante com as palavras. O que gosto mesmo é enxugar os versos até chegar a um poemeto lapidado.

6. Já pensou em escrever um romance?
Pensei sim e continuo ainda pensando. O que vivi nessa Amazônia nesses 30 anos daria um belo romance.

7. Qual o seu parentesco com José Mauro de Vasconcellos?
Sou filho de Antônio Vasconcellos ( meu eterno ídolo ). Sou sobrinho do Zezé e filho do Totoca.

8. É deveras um incansável divulgador cultural, porém é discreto com relação ao seu trabalho, ou seja, à sua produção poética. Não faz alardes sobre si. Comente sobre essa sua postura.


Concordo plenamente com você, sou discreto demais. Tenho trabalhos inibidos e engavetados. Mas me sinto muito bem à vontade no trabalho de divulgação cultural.

9. Já tem poemas traduzidos em diversos idiomas, e seus poemas, a maioria, são breves e com profundos conteúdos e "ensinamentos éticos". Se tivesse que escolher um de seus poemas, apenas um, para brindar nossos leitores, qual escolheria?

MATA

Hoje me matas
violentamente
com este machado.

Mas,
amanhã, das minhas flores
te farão uma coroa,
do meu caule
tua urna mortuária.

Aí sim,
irás ao encontro
da minha raiz.

Eu te esperarei lá embaixo.


10. Agora que é também um fiandeiro, diga seu pensamento sobre a Felicidade. O que é para você tal coisa?
A felicidade não está na riqueza
Nem na pobreza
Está dentro de nós mesmos.

11. "Rever Verso Inverso" seria o seu primeiro livro? É um livro de Poemas ou de Prosa? Fale-nos, por favor, sobre ele.
O livro procura retratar o dia a dia das pessoas. A minha intenção é fazer com que o leitor reflita sobre a sua realidade e veja a vida com toda a poesia que lhe é inerente, apesar das dificuldades encontradas na rotina diária. Poemas e prosas.

12. O que é a 1ª ANTOLOGIA POÉTICA MOMENTO LÍTERO CULTURAL ?
É uma homenagem aos meus diletos e seletos poetas. Muitos ausentes mas sempre lembrados.

13. Tem ideia, mesmo que aproximada, de quantos escritores e poetas já divulgou em suas andanças pelas páginas que assina?
Na página impressa e semanal Lítero Cultural ( a primeira página em 15 de agosto de 1991, atualmente na página de número 1045 ), pesquisados nas páginas, 2700 colaboradores em todo o Brasil e mais 37 países.

14. Você já recebeu 40 prêmios nacionais e 19 internacionais (ou mais). Conte-nos do prazer e do significado desses prêmios na carreira de um autor.
Acho que é a retribuição dos colaboradores. Uma forma carinhosa de me presentear.

15. Além de editor de cultura, autor, ativista cultural e também divulgador da cultura, é servidor público em Rondônia. Que cargo exerce? Qual o seu trabalho como Servidor Público?


Trabalho na Biblioteca Estadual Dr. José Pontes Pinto, sou formado em Administração.

16. Quando e como surgiu o seu interesse literário? Quando pôs os pés nessa estrada, o que o motivou a escrever?
Nos anos 70, no auge do rock. Sou um amante inveterado desse estilo de música. E é desse estilo que me inspiro. E dos momentos também de andarilho. Documentado mesmo em jornal foi em 1986, já residindo em Porto Velho, Rondônia. 

17. De onde vem a sua literatura? Comente sobre ela. Ou seja, para uns, a literatura é um estado transcendental, para outros, ela vem do povo, da vida, das ruas... Resumindo, o que o inspira?
Tudo o que vem na minha cabeça de imediato e o que vejo pela frente, principalmente às injustiças sociais, políticas, econômicas, raciais, religiosas, afetivas,... aí eu viajo “mentalmente” encaixando palavras por palavras sempre com humor, ironia e irreverência.

18. Para você, basta inspiração para escrever? Qual o papel desempenhado pela técnica? Ela é absolutamente necessária?
A técnica é muito importante e necessária. Estudar, ler, escrever e falar abrem horizontes para melhor comunicação.

19. Aprecia a Literatura Infantil?

Muito. Indico livros para as crianças na Biblioteca.
Na minha infância lia tudo de Monteiro Lobato, Alexandre Dumas e Júlio Verne. Atualmente temos excelentes escritores voltados para a literatura infantil. Fiquei encantado com a presença de tantas crianças na Bienal de São Paulo. É o começo.

20. Seus poemas MATA e O HOMEM SOCIAL são fortes e revelam um autor comprometido e envolvido com a problemática da existência humana. Para você, quais os mais graves problemas enfrentados pelo ser humano hoje?
— O preconceito. Um outro, é o tratamento indigno que os atuais professores  recebem do governo e de seus alunos.

21. Desenvolve de forma habilidosa um criativo jogo com as palavras (Que pena /Apoena/Apenas/poema); ( São Paulo/são pulos/pulos sãos.). Tem algum livro com essa modalidade de poema, especificamente?
— Acho que é uma herança do meu saudoso pai, que me ensinou a pesquisar todas as dúvidas no dicionário. Uma forma ideal de enriquecer o seu vocabulário.

22. Temos alguns amigos em comum: Zanoto, Rosemary Lopes Pereira... Fale algo sobre essa gente brilhante...

 Com Zanoto
São meus GURUS. Amo Zanoto, Amo Rosemary.


23. Lembra qual foi o seu primeiro entrevistado?
A nossa amiga Rosana Schoeps de Amorim, de Santo André, no ano de 1992.

24. Que palavras deixaria como mensagem final aos leitores de PALAVRA FIANDEIRA?
Façam de seus professores os seus melhores amigos.

 Com Scortecci


Na biblioteca


Rosemary Lopes Pereira,
querida divulgadora cultural.
O coração é um radar  nos diversos caminhos.
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MARCIANO VASQUES 
entrevistou 
SELMO VASCONCELLOS

Marciano Vasques é escritor e o fundador de
PALAVRA FIANDEIRA