EDITORIAL

PALAVRA FIANDEIRA é um espaço essencialmente democrático, de liberdade de expressão, onde transitam diversas linguagens e diversos olhares, múltiplos olhares, um plural de opiniões e de dizeres. Aqui a palavra é um pássaro sem fronteiras. Aqui busca-se a difusão da poesia, da literatura e da arte, e a exposição do pensamento contemporâneo em suas diversas manifestações.
Embora obviamente não concorde necessariamente com todas as opiniões emitidas em suas edições, PALAVRA FIANDEIRA afirma-se como um espaço na blogosfera onde a palavra é privilegiada.

sábado, 27 de julho de 2013

PALAVRA FIANDEIRA 126



ESTRELAS SÃO PIPOCAS


"Eu trago o verbo na alma,
escrevo sem ter papel"







PALAVRA FIANDEIRA

ARTE, EDUCAÇÃO E LITERATURA
DIVULGAÇÃO LITERÁRIA
ANO 4 —EDIÇÃO 126
27 JUNHO 2013

GOIMAR DANTAS






1.Quem é Goimar Dantas?

Peço licença para responder com o poema Autorretrato, que escrevi em 2007:

Eu sou...
Menina da rima,
bailarina de retina,
nordestina da toada,
potiguar lá do Cordel.
Filha de Pedro e Maria,
neta de seu Zé Dantas
e sua amada Luzia.
E também de Pedro Horácio
e da sagaz vó Maria.
Sou fruto da terra seca.
Amante do som da chuva.
Do estrondo do trovão.
Da melodia do mar.
Eu sou a moça dos textos,
da prosa, da sintonia,
do engenho da palavra:
eu sou a febre de amar.
Eu venho de outras paradas,
do Rio Grande do Norte.
Daquele sertão sem sorte,
mas cheio de poesia.
Gene das gentes bravias,
dos violeiros da feira,
das histórias infinitas
que nunca vão se acabar.
Espécie de Sherazade
que narra ao cair da noite,
dorme sonhando versos
e acorda pra lapidar.
Eu tenho a pele morena
do sol dos meus ancestrais,
que ardiam noites e dias,
sempre querendo mais.
Eu trago o verbo na alma,
escrevo sem ter papel,
desafio na embolada:
eu sou linha e carretel.
Sou fã de Manuel Bandeira,
de Carlos Drummond de Andrade
e penso que Adélia Prado é
anjo que vem do céu.
Entendo que Hilda Hilst,
profetisa da paixão,
foi condutora de um tempo,
da marcha do coração.
Eu quero é parir poemas,
dar à luz nas madrugadas,
achar a palavra exata
na hora em que precisar.
Eu sou fiel aos meus livros
e à vontade insaciável
de descrever o não dito:
tesouro bom de encontrar.
Sou Diana Caçadora
e vivo de articular
ideias soltas no espaço,
tramas em pleno ar.
Eu sou lápis apontado,
nasci para registrar,
para versejar enredos
e personagens sem par.
Se ainda não me conhece,
atente, pode apostar:
meu nome é bem diferente.
Prazer, eu sou Goimar.

2.Lançou recentemente dois livros na Livraria CORTEZ. Pode nos falar algo sobre essas obras?

São obras de trajetórias muito distintas, escritas com intervalo de cinco anos mas que, por um desses mistérios da vida, foram publicadas com uma diferença de tempo de apenas um mês. Por isso, decidimos fazer os dois lançamentos no mesmo dia (08/06/2013), numa grande festa que buscou comemorar a chegada dessas histórias às livrarias. De forma bem humorada, o Minha boca está pelada! (Escrita Fina Edições) traz, em versos, as dúvidas e aflições de uma menina esperta e questionadora que se vê às voltas com as diversas situações ocasionados pela inevitável troca de dentição – importante ritual de passagem da infância.
Este livro nasceu da lembrança de um “drama” pessoal. Quando tinha 8 anos, havia um pequeno espaço separando meus dois dentes da frente e isso foi um caso sério em minha vida (risos). Na época, morria de vergonha de sorrir na hora de tirar fotos. Resultado: em todos os registros fotográficos do período – que foi um dos mais incríveis da minha vida, diga-se de passagem – estou sempre com aquele sorriso tipo Monalisa, ou seja: mais sem graça, impossível! Sofro até hoje com isso porque meu semblante nessas fotos simplesmente não condiz com a alegria que vivi naqueles anos mágicos. Este livro é, portanto, uma tentativa de fazer com que as crianças não passem por situação semelhante e jamais economizem gargalhadas e sorrisos abertos, enxergando a beleza e a graça de todas as fases da infância.
Já o Estrelas são pipocas e outras descobertas (Cortez Editora) nasceu do meu desejo de instigar as crianças a exercitar ao máximo a imaginação, convidando-as a criar explicações poéticas para os quatro elementos e outras maravilhas do universo: “esse lugar feito pra caber verso, gente, planta, patinete, sorvete, beijo, chiclete, brinquedo, pastel de queijo e bichinho de estimação... O universo é uma música com um bonito refrão”.
Neste nosso tempo em que a sensibilidade e a emoção muitas vezes são deixadas de lado, cabe a nós incentivar, por meio da literatura, o acesso de meninos e meninas a essa espécie de dicionário interno. Uma brincadeira saudável que se assemelha a um inventivo jogo de faz-de-conta.



3.Tive um amigo especial, uma pessoa muito querida, chamada Waldemar Valle Martins, além de outros amigos, na Universidade Católica de Santos. Você lá esteve, pode nos comentar algo de sua passagem nessa universidade santista?

Tenho lembranças lindas da faculdade. Cursar jornalismo foi uma das decisões mais acertadas da minha vida. As aulas me ofereceram uma gama variada de conhecimentos que, mais tarde, seriam essenciais ao desenvolvimento de minha carreira como escritora. Também me ajudaram a desenvolver habilidades indispensáveis a quem lida com o texto cotidianamente. Dentre elas, a capacidade de trabalhar sob pressão, com prazos sempre apertados. Além disso, a Faculdade de Comunicação (Facos) da Universidade Católica de Santos dava ênfase absoluta às matérias ligadas ao jornalismo impresso e ao exercício ininterrupto da reportagem. Tínhamos inúmeras chances de praticar e de sermos avaliados, pois, a cada ano, produzíamos diversos jornais laboratoriais sob a supervisão de professores bastante exigentes. Foram quatro anos riquíssimos, de muito estudo, treino, aprimoramento e vivências excepcionais.

4.Estará brevemente num congresso chamado “Congresso Andea”. Pode expôr aos leitores da FIANDEIRA algo sobre esse evento e como será a sua participação?

Fiquei muito feliz com o convite para participar do I Congresso Internacional e III Congresso Nacional de Dificuldades de Ensino e Aprendizagem, cujo tema é Diversidade no Ensinar e Aprender: Educação, Saúde e Sociedade. O evento acontecerá na Universidade Presbiteriana Mackenzie entre os dias 29 e 31 de agosto e reunirá cerca de 100 profissionais de todo o mundo nas áreas de Educação e Saúde. Minha apresentação acontece dia 29, às 12h, na mesma manhã em que falará o professor José Pacheco, da renomada Escola da Ponte, de Portugal. O tema da minha palestra é O professor como mediador de leitura – um convite ao infinito. O objetivo é capacitar professores, estudantes de Pedagogia e de Letras e demais interessados para lidar melhor com o exercício diário de ações e reflexões que possibilitem aprimorar seu trabalho como incentivadores/promotores de leitura.


5.Está sempre em escolas, num alegre e colorido contato com as crianças. Conte um pouco das emoções que vive nos colégios por onde peregrina.

Tenho vivenciado momentos incríveis nesses encontros com as crianças. Na maioria das vezes, sou convidada para contar as histórias dos meus livros. Adoro poder interagir com os alunos. Nas contações do Quem tem medo de papangu? (Cortez Editora/2011), por exemplo, utilizo variados objetos cênicos, canto e declamo o livro inteiro para os pequenos, que se mostram maravilhados com a história do misterioso papangu. O retorno das crianças é sempre muito vibrante e intenso. Os dois novos livros são muito recentes, mas já tive oportunidade de contar as duas histórias para uma turma de quase 100 alunos do colégio Wellington Objetivo, na Freguesia do Ó. A recepção não poderia ter sido melhor. Todos adoraram a ruivinha banguelinha do Minha boca está pelada! e o universo poético do Estrelas são pipocas e outras descobertas.


Homenagem no Rio Grande do Norte

Livro de estreia da autora


6.Esteve recentemente na CASA DE LIVROS. Como foi esse momento na magia de um tão aconchegante lugar?

Foi um dia inesquecível. A Denize Carvalho e a Angela Aranha, proprietárias dessa livraria encantadora há quase 30 anos, desenvolvem um trabalho sensacional de formação de leitores. A loja é especializada em Literatura Infantojuvenil, mas vai muito além de apenas comercializar as obras. Dinâmicas, proativas e, principalmente, apaixonadas pelo que fazem, Denize e Angela realizam uma série de atividades cujo objetivo é aproximar os livros dos leitores. Para isso, promovem bate-papos com escritores, organizam oficinas, contações de histórias, sessões de autógrafos, lançamentos etc. "O livro precisa ser vivido", disse Denize, em meio à nossa conversa. Uma frase que, sem dúvida, já diz muito sobre a proposta da Casa dos Livros. Uma vez lá, fui convidada a deixar meu nome e uma mensagem na parede da livraria como parte do Projeto Literatura na Parede, que propicia aos clientes ver as assinaturas, mensagens e desenhos deixados por escritores e ilustradores. Foi um momento especialíssimo para mim. Saí de lá encantada, com o coração acalentado e um sorriso permanente no rosto.


Com Denise Carvalho e Graça Aranha

7.Tem um livro chamado “Quem tem Medo do Papangu?”. Pode dar um toquezinho para a FIANDEIRA sobre quem é o Papangu?

Pelas ruas, becos e praças, os papangus surgem nos dias de carnaval para assustar e, na mesma medida, divertir a molecada travessa de algumas cidades do Nordeste brasileiro. Trajados de sacos e trapos, com o rosto pintado ou utilizando máscaras, portando chicotes, cornetas, penicos ou guarda-chuvas quebrados, eles são personagens típicos do folclore nordestino. O nome “Papangu”, por sua vez, vem do antigo costume de abordarem as pessoas pedindo “um prato de angu”.
Neste livro, procurei fazer um resgate afetivo de minhas memórias de infância. Mais precisamente de quando descobri ser meu avô, Pedro Horácio, o papangu mais famoso da pequena cidade de Japi, no Rio Grande do Norte. Em paralelo, o livro traz informações sobre o surgimento, desaparecimento e posterior resgate da figura desses curiosos personagens surgidos no Recife, no século XIX, com intuito de organizar as procissões católicas de Cinzas e, com seu chicote estalando no ar, disciplinar a garotada que, eventualmente, estivesse atrapalhando o andamento das cerimônias religiosas.
Anos depois, os papangus foram banidos desses eventos, uma vez que muitos viam nessas figuras um quê de morte e tirania. Décadas se passaram e diversas cidades voltaram a dar espaço aos papangus, que reapareceram como brincantes carnavalescos, completamente dissociados das procissões. Hoje, com máscaras e vestimentas cada vez mais bonitas e elaboradas, eles existem em profusão no município pernambucano de Bezerros, onde são as principais estrelas do carnaval. Por outro lado, em cidades como Japi (RN), onde ainda vive boa parte da minha família materna, os papangus prosseguem utilizando indumentárias e acessórios rústicos. Lá, a alegria da garotada que corre pelas ruas e praças atazanando os papangus é instigada pelo improviso, pelas palhaçadas e mímicas engendradas por esses carnavalescos, que, ali, se comportam como misto de palhaço e bicho-papão, atraindo a curiosidade das crianças.


Com o Senhor Cortez e Míriam Cortez, em seu mais recente lançamento na Livraria Cortez


8.Aprecia a Poesia Infantil, e a Narrativa, e produz. Considera que a Literatura Infantil seja apenas para crianças?

A boa literatura é para todas as idades. Gosto demais de citar um trecho do ótimo livro Nos bastidores do imaginário – Criação e Literatura Infantil e Juvenil, da escritora Anna Claudia Ramos. Em determinada passagem do texto, a autora entrevista Ana Maria Machado e pergunta a ela o que é um bom livro infantil. Ana, por sua vez, responde citando o autor inglês C. S Lewis: “Um bom livro infantil é aquele que a gente lê com deleite aos 10 anos e relê com igual prazer aos 50 anos”.



Anna Claudia Ramos

9.Insistente pergunta de PALAVRA FIANDEIRA: Acredita no fim da era do livro de papel?

Acredito que sempre haverá lugar para o livro de papel. O prazer que ele propicia é, pelo menos para mim e para as pessoas que estão ao meu redor, incomparável. Ver a capa sob todos os ângulos, poder manuseá-lo, sentir o cheiro do papel, escrever nas laterais, grifar os trechos prediletos, andar com ele pra lá e pra cá sem se preocupar em ter que recarregar a bateria... Tudo isso é impagável! Os suportes eletrônicos têm seu valor, claro. Em uma viagem, por exemplo, fica difícil levar consigo um grande número de livros. Nesse contexto, me parece mais viável baixar os livros no ipad. Quanto às novas gerações, o que vejo são meus filhos adolescentes – desde sempre acostumados às traquitanas eletrônicas – lendo livros em formato tradicional com o mesmo entusiasmo com que eu os lia quando tinha a idade deles.


Com amigas queridas


10.Escreveu em parceria com uma outra autora o livro “Mulheres Que Fazem São Paulo”. Conte sobre essa obra. Trata-se de um painel contemporâneo? O que nos poderia dizer sobre esse livro?
No ano em que São Paulo comemorou seus 450 anos (2004), o objetivo desta publicação, escrita em parceria com Viviane Pereira, foi presentear os leitores com a possibilidade de conhecer o perfil altruísta de 19 mulheres que sempre trabalharam e lutaram por uma São Paulo melhor. São empresárias, atrizes, cientistas, médicas, cineastas, pensadoras, presidentes de entidades diversas. Mulheres que pensam e agem para além de suas necessidades individuais, contribuindo, principalmente, para atender as urgências coletivas da sociedade de São Paulo, do Brasil e do mundo.

Com a afilhada, em seu mais recente lançamento

11.Como a Literatura Infantil chegou em sua vida? Por quais motivos ou acontecimentos a sua trajetória tornou-a uma autora de Literatura Infantil? E ainda: tem algum livro de sua infância que considera ter sido marcante na formação de sua personalidade, de seu “Eu” ou tenha, pela sua leitura, de alguma forma influenciado o rumo de sua vida?

Sempre fui fascinada por boas histórias. Por isso transito por gêneros variados que vão do texto jornalístico – caso dos meus livros-reportagens e biografias – até a poesia e a literatura infantil que, confesso, tem se mostrado cada dia mais presente em minha vida. Escrevi meus primeiros livros infantis em 2007 tomada por um surto criativo que, claro, teve de ser seguido por muitos estudos e pesquisas. Nessa época, ao todo escrevi quatro livros, dois quais consegui publicar dois: Quem tem medo de papangu? (Cortez Editora/2011) e Minha boca está pelada! (Escrita Fina Edições/2013). Não desisti dos outros, apenas não tive de condições de, por enquanto, voltar a eles e trabalhar como se deve para tentar publicá-los. De lá para cá, a vida foi me levando até outras histórias, me oferecendo novas oportunidades. É o caso do Estrelas são pipocas e outras descobertas (Cortez Editora/2013), que escrevi em 2011 e cuja publicação aconteceu mês passado. Quando a ideia deste livro surgiu, estava completamente envolvida na redação de um livro-reportagem, mas o apelo dessa nova história infantil foi algo tão forte que não consegui deixar para depois. Durante meses trabalhei no texto vivendo um dos processos mais intensos, felizes e arrebatadores de toda a minha trajetória como escritora (pelo menos até agora). No momento, tenho mais um livro infantil já aprovado pela Cortez Editora e há outros dois em esboço. Não sei quando finalizarei tudo isso porque, por ora, estou absolutamente concentrada na revisão final de Rotas Literárias de São Paulo, a ser lançado pela Editora Senac São Paulo, e no qual venho trabalhando há cinco anos. Nunca dediquei tanto tempo a um mesmo projeto e tem sido um processo tão fascinante quanto extenuante. Foram anos lendo incontáveis livros, revistas, jornais e sites. Também entrevistei cerca de 40 escritores, poetas, livreiros, jornalistas, gestores culturais e organizadores de saraus. Juntas, essas pessoas me ajudaram a traçar um panorama dos espaços literários de São Paulo – bibliotecas, livrarias, museus, bares, centros culturais – desde o século 19, quando aconteciam saraus como os de dona Veridiana Prado. Depois dessa empreitada, pretendo me dedicar exclusivamente à literatura infantil e à tentativa de publicar meu primeiro livro de poesias, o Veias em versos, que concluí no final do ano passado.
Quanto ao livro fundamental da minha infância, poderia citar quase toda a Coleção Vaga-Lume, da Editora Ática, mas escolho o primeiro que li e que me abriu as portas para um mundo de sonho e encantamento do qual não desejo sair nunca. É O caso da borboleta Atíria, de Lúcia Machado de Almeida. Guardo o exemplar comigo até hoje.



Leitura de infância


12.Deixe aqui a sua mensagem final. Qual a sua PALAVRA FIANDEIRA?

Tenho uma tatuagem com as palavras “Poesia e prosa” e, qualquer dia desses, farei outra tatuagem com a frase que considero a mais linda da Bíblia: “No princípio era o Verbo”, do Evangelho de João. Tenho convicção de que quem escreve está, na realidade, “fiando”, tecendo as tramas para uma vida mais rica, colorida, repleta de aprendizagens e histórias. Para mim, não há sensação melhor do que ver um texto tomando forma. Tudo o que espero é poder continuar criando, tecendo, compartilhando memórias e invenções. Obrigada, Marciano Vasques, pela oportunidade de poder “fiar/tecer” por aqui também.



PALAVRA FIANDEIRA

Publicação digital de divulgação literária e artística
ARTE, EDUCAÇÃO E LITERATURA
EDIÇÃO 126
GOIMAR DANTAS

PALAVRA FIANDEIRA

FUNDADA PELO ESCRITOR 
MARCIANO VASQUES


PALAVRA FIANDEIRA

ANO 4 —126

sábado, 20 de julho de 2013

PALAVRA FIANDEIRA 125




A busca do encantamento é inerente ao ser humano.

PALAVRA FIANDEIRA
PUBLICAÇÃO DE ARTE, EDUCAÇÃO E LITERATURA
DIVULGAÇÃO ARTÍSTICA E LITERÁRIA

ANO 4 —EDIÇÃO 125
20 DE JULHO DE 2013
PALAVRA FIANDEIRA: 
EDIÇÕES SEMANAIS, AOS SÁBADOS

BARTOLOMEU CAMPOS DE QUEIRÓS
Reprise da Segunda edição de PALAVRA FIANDEIRA

1.Quem é Bartolomeu Campos de Queirós?
Sou um mineiro tímido, que vivo em Belo Horizonte. Faço do silêncio um companheiro definitivo. Escrevo para dividir minhas dúvidas e meus espantos diante da fragilidade que é viver. Surpreendido pelo tanto que não sei vivo cheio de perguntas. Na literatura eu posso indagar, conjecturar, questionar, tendo como caminho a busca da poesia.


2.Seus livros produzem o imediato efeito de encantamento para os que amam a palavra. Mas a palavra está no mundo. Sendo assim, é necessário atualmente investir no encantamento, não apenas na literatura, mas na vida? Por quê?
A gente nasce sem ser ser consultado. Cai no mundo, se surpreende com a sua beleza, e já estamos condenados a morrer. Esse escândalo nos faz levar tudo para o campo da beleza. Sempre desconfio se de fato existe um objeto estético que promove um olhar estético, ou se sensivelmente somos capazes de promover a vida como uma inteira obra estética. A busca do encantamento é inerente ao ser humano.


3.Literatura Infantil é coisa apenas para crianças?
Não penso em criança quando escrevo. Faço apenas o melhor de mim. É meu estilo frases curtas e em ordem direta. Isto facilita a leitura de meus textos pelos mais jovens. Sempre que você se propõe a escrever com destinatário o texto fica enfraquecido. Depois, literatura é para todos. É preciso falar à infância e acordar a criança que dorme no adulto.


4.É visível a lapidação da palavra, o esmero, o cuidado, o zelo e o primor em seus escritos. Na vida, devemos imitar a sua obra e também nos aprimorar cada vez mais?
Não basta ter um bom assunto para fazer um livro. É preciso também uma forma original, capaz de romper com o cotidiano da linguagem. A unidade de um texto reside em sua forma e conteúdo. Aprimorar a linguagem é lapidar a vida. O homem tem o tamanho da palavra que ele sabe dizer.


5.O escritor deve viver de acordo com a sua literatura? Ou seja, por exemplo, viver de uma maneira ética, ou, viver em retidão, se por acaso escreve para crianças, ou é possível e até aceitável a separação entre o cidadão (autor) e a sua obra?
A literatura é feita de fantasia. Fantasiamos o que não temos. Literatura, para mim, é feita de falta. Mas existem valores que são encarnados em você e que se estendem na obra. Não há como se afastar do que se é. Podemos perceber nas entrelinhas de um escritor muito do que ainda está por dizer.


6.A Língua é a morada, é onde habita a identidade do homem, do ser, de uma gente. Qual a importância da Literatura no contexto da preservação da identidade de um povo?
A língua é o nosso maior veículo de comunicação. É com ela que nos expressamos, amamos, acusamos, difamamos, perdoamos, construímos. Por ela tapeamos a solidão. Ela nos aproxima ou nos afasta. Nossas diferenças são reconhecidas pela unidade da língua. Preservá-la é nos aproximar.


7.Quando sentiu, pela primeira vez, a força e a necessidade da Poesia (e ser poeta)?
—Desde sempre a poesia me surpreendeu por dizer tanto em poucas palavras. Pela sua densidade, a poesia confirma melhor a capacidade inventiva do leitor. A poesia deixa mais abertura para o fruidor fazer as sua viagens. A poesia reconhece que também o leitor tem o que dizer. Dai reconhecer de que a poesia é surpreendentemente democrática. Todos encontram seu lugar.

8.De que forma a Literatura pode melhorar a pessoa? Refiro-me à Literatura, aos grandes romances, aos poemas.
—Sempre que lemos nos somamos aos fatos, personagens, histórias do autor. Para mim, ler é um processo de soma. Se lemos somos mais ricos. Nosso acervo aumenta. Se nos tornamos melhores eu não sei. Todo sujeito é também soma de hereditariedade e ambiente. Se soubéssemos quem é o outro a literatura também seria desnecessária. O bom texto literário deixa vir à tona a fantasia íntima do leitor e essa fantasia desconhecemos. Mas creio que a literatura sempre faz bem.

9.Se tivesse que falar de um de seus livros, embora, claro, para o autor, todos eles sejam importantes, mas, se tivesse que escolher, de qual deles falaria? Por quê?
—Hoje falaria do "Tempo de Voo" — Edições SM. É um texto em que aproximo minha infância da minha velhice. Deixo conversar os meus diversos momentos. Sou proprietário de um longo fragmento do tempo. Sei que nada somei, apenas subtrai. Pode ser uma conversa de peso, mas é uma conversa maior. Meu eu real conversa com o eu ideal.


10.Globalização, informática, tecnologia, mídia... E a Poesia? Qual o seu significado hoje?
—O Futuro a Deus pertence. A poesia permanecerá sempre. Talvez o mundo seja uma poesia do Criador. Depois, enquanto houver mistério, enquanto desejarmos milagres, a poesia estará presente. Os mistérios jamais esgotarão. Cada vez que a ciência desvenda um mistério mais outros nos surpreendem.


11.Como vê a questão das mudanças em alguns paradigmas atualmente, entre os quais, a noção de Direitos Autorais (A Internet, a Criação Coletiva de um texto, A terra de Ninguém...)?
—O maior prêmio de um escritor é ser lido. Ter sua obra circulando é um privilégio. Em livros, internet, é importante um leitor. Mas os direitos devem ser respeitados. É preciso, ao lado de tudo, possuir uma vida vivida com princípios éticos. Não podemos avançar somente tecnologicamente. É preciso também prosperar com ética.

12.Você, obviamente, é um grande leitor. Poderia falar de uma ou duas obras que foram marcantes em sua vida, em sua formação? Na edificação da pessoa e do escritor que você é?
—Tenho meus livros preferidos e não são literários. São livros de teoria. Digo três que me acompanham a vida toda: “ O Mito de Sísifo” de Albert Camus; “Fenômeno Humano” de Teillard de Chardin: “Obra Criadora” de Henry Bergson. São livros que me ajudam em cada nova leitura. Eles em fazem prestar mais atenção à vida. Mas leio muita literatura e de preferência poesias. Quando o tempo é pouco, você lê uma poesia pela manhã e ela dura o dia inteiro.

Albert Camus

13.Erich Fromm, Espinosa, filósofos, poetas. O poeta é como o filósofo. Às vezes pensa na vida e na felicidade. O que é para você a felicidade?
—Eu vejo uma grande fraternidade entre a poesia e a filosofia. São reflexões que surgem sempre diante de um incômodo em responder as questões que a vida nos coloca. Surgem de indagações antigas, desde que o matéria tomou consciência de si mesmo. Nos modernizamos em determinados aspectos, mas continuamos antigos tanto quanto nossas dúvidas.

Espinosa

14.O que é ser poeta?
—Poeta é suspeitar. É ignorar a verdade. É apropriar-se do seu não-saber. É necessitar do outro para confirmar a sua fragilidade diante dos enigmas que a existência nos apresenta. Ser poeta é não ter vergonha de perguntar.


15. As palavras alteram sentidos através dos tempos, e de tanto uso, também se desgastam. Nos grandes romances, nas grandes histórias (Tristão e Isolda, etc), vive-se intensamente a paixão. E alguns dizem que sentem paixão pelo que fazem. Poderia definir o que é paixão, para Bartolomeu?
—Ter paixão, para mim, é um estado de liberdade tão amplo que você se abandona para viver o desejo do outro. Você ama tanto que se escraviza em liberdade. É exercer a generosidade exageradamente e com prazer absoluto.

Livro do autor

16. Falamos de felicidade, de poesia, mas, para terminar, diga algo ou algumas coisas que o deixam deprimido ou pelo menos muito triste.
—Tenho cá minhas tristezas. Mas a maior é saber que somos capazes de realizar a Paz, somos capazes de democratizar a razão e não operamos neste sentido. Daí a minha confiança na literatura. Ela nos torna mais flexíveis e quem sabe perceberemos, uma dia, que a beleza pode nos arrebatar e viveremos em um mundo em que a única palavra necessária será silêncio.
Bartolomeu Campos de Queirós nos deixou em 26 de janeiro de 2012

PALAVRA FIANDEIRA

DIVULGAÇÃO DE ARTES, EDUCAÇÃO E LITERATURA
ANO 4 —EDIÇÃO 125
REAPRESENTAÇÃO DA EDIÇÃO SEGUNDA DE PALAVRA FIANDEIRA

PALAVRA FIANDEIRA:
FUNDADA PELO ESCRITOR MARCIANO VASQUES
Todas as fotos têm os direitos reservados© aos seus autores.
PALAVRA FIANDEIRA abre-se para os créditos, solicitando colaborações.


sábado, 13 de julho de 2013

PALAVRA FIANDEIRA — 124

Reprodução de convite de lançamento

1. Quem é Rogério Salgado?

Um cara que faz tudo que qualquer outra pessoa também faz, além de escrever poesia há 38 anos.

PALAVRA FIANDEIRA

REVISTA DE ARTES, EDUCAÇÃO E LITERATURA
PUBLICAÇÃO DIGITAL

EDIÇÃO 124 
SÁBADO (13/JULHO/2013)

ROGÉRIO SALGADO




2. Comemora três décadas de ARTE QUINTAL. Pode nos contar um pouco dessa história?

A revista Arte Quintal surgiu em março de 1983, portanto há 30 anos atrás. Quando minha mãe, a pianista Glória Salgado veio a falecer em 1980, eu vim morar em Belo Horizonte. Aqui comecei a me enturmar com vários poetas que ficavam na Praça Sete, tais como Evaldo Martins, Wilson Coelho, Juleba e outros. Em 1982 lancei meu primeiro livro “Tontinho” em edição independente. Daí que muito entusiasmado resolvi lançar minha própria revista. Na época, eu morava no bairro Planalto e havia conhecido um cara chamado Ecivaldo John, que hoje reside nos Estados Unidos da América e ele havia topado essa aventura. Depois conhecemos Virginia Reis, que atualmente exerce sua profissão de médica e fomos para as esquinas fazer pedágio pedindo ajuda, dando em troca a quem nos ajudasse, um poema. Fizemos também rifas e por fim, conseguimos alguns poucos anúncios e a revista saiu dia 13 de março de 1983 e tomou seu próprio rumo. Neste mesmo ano conheci o poeta Wagner Torres na Praça Sete, que seria uma pessoa importante para o processo da revista, tornando-se até hoje, meu irmão e melhor amigo. E Wagner então foi convidado por mim para fazer parte da revista. Aos poucos a revista foi ficando conhecida em todo o país e até no exterior, numa época em ainda não havia internet. Tínhamos uma estratégia na revista: colocávamos uma entrevista com alguém de renome com chamada na capa e por dentro acrescentávamos também vários artistas iniciantes e desconhecidos. Em 1984 a Arte Quintal tornou-se editora e passamos a publicar livros. Um fato era certo: na década de 80, todo escritor que vinha de outro estado e passava pela capital mineira, fazia uma visitinha a três lugares sagrados para eles: o jornal Estado de Minas, o Suplemento Literário de Minas Gerais e a Revista Arte-Quintal. Em 1992, quando veio o Plano Collor e começamos a passar dificuldades. Vários artistas mineiros fizeram shows e lançamentos de livros pra tentar reerguer a editora, mas foi muito difícil e fechamos as portas, restando apenas o que deixamos para a história da cultura mineira e nacional.

Capa ARTE QUINTAL

3. Participou ativamente do Movimento Literário Alternativo na segunda metade da década de 80. Que lembranças considera marcantes dessa sua experiência? O que representou em sua vida ter feito parte desse movimento?

As lembranças que muito me marcaram foram às noitadas em que saíamos à noite vendendo nos bares da capital mineira, a revista Arte Quintal e nossos livros independentes. Esse movimento representou muito para mim como experiência para tornar-me mais humano. Geralmente, na maioria das vezes o artista tem uma postura ridícula de ser arrogante e se achar Deus. Com as vendas de mão em mão, aprendi muito a humildade, já que dependíamos de que as pessoas comprassem nossos livros nas mesas de boteco.
Foto: Breno Pataro ©

4. Num depoimento no Belô Poético, de Belo Horizonte, declarou que o mais importante é ser um Humano melhor. O que é o Belô Poético? E considerando que, entre outras coisas, a televisão deixou as pessoas menos generosas, o que seria, no seu entendimento, necessário para que o Ser humano seja aperfeiçoado?

O poeta na maioria das vezes é um cara egoísta, que trabalha a vida inteira para receber boas críticas sobre a sua obra e para receber aplausos, ver seu nome na imprensa, etc., alimentando assim seu ego. Acho que os poetas que buscam apenas essas duas coisas poderão sim, tornarem-se grandes poetas e darem sua contribuição para a literatura brasileira, mas não estarão efetivamente dando uma contribuição para a construção de um mundo melhor. Eu, em meu humilde entendimento, cheguei à conclusão que o mais importante é ser um grande Ser Humano, fazer algo pelo seu próximo e tentar construir um mundo mais humano para todos. Depois, aí sim, quem sabe possamos ser grandes poetas.
O Belô Poético é um Encontro Nacional de Poesia, realizado há nove anos, sem apoio oficial e tendo como os maiores apoiadores, os próprios poetas. No Belô Poético não existem estrelas acesas e nem apagadas, aqui todos são iguais merecendo o mesmo respeito quando participam desse Encontro.
Acho que a televisão deixou sim, algumas pessoas menos generosas e outras não. Depende da personalidade de cada um.
Para que o ser humano seja aperfeiçoado, basta que ele entre para dentro de si mesmo, se descubra como ser humano e pense em tudo aquilo eu disse anteriormente para se tornar um grande ser humano.

Psiu Poético!

5. Vê alguma semelhança ou algum indício do Movimento Literário Alternativo na Rede Social ou na Internet em si?

Não, não vejo semelhança. Cada movimento teve a sua época. A diferença é que com a internet, hoje as coisas são muito mais fáceis.

6. Acredita no fim da era do livro de papel? Vê romantismo na defesa do formato tradicional do livro (de papel)? O que pensa sobre essa questão?

Não acredito no fim da era do livro de papel. O livro tradicional sempre terá seu lugar para quem gosta de uma boa leitura, deitado no sofá da sala de estar. Não vejo romantismo na defesa do formato tradicional do livro de papel, vejo sim, consciência. Penso que a defesa ou não do livro tradicional é uma questão pessoal de cada um. Eu, por exemplo, não entro nessa luta porque sei que com todas as modernidades da internet, o livro tradicional sempre continuará existindo.



7. Tem mais de duas dezenas de livros publicados. Pode nos comentar sobre a sua trajetória literária? Qual seu primeiro livro? Tem preferência pelo gênero Poesia? Ou trafega em diversos gêneros?

Minha trajetória literária começou ainda em Campos dos Goytacazes, interior do estado do Rio de Janeiro. Influenciado por minha mãe, a pianista Glória Salgado eu descobri a poesia, tornei-me letrista musical e participei de diversos festivais de músicas em minha terra natal e no interior do estado. Depois, quando vim para Belo Horizonte publiquei meu primeiro livro “Tontinho”, um conto de apenas 20 páginas em 1982 e não parei mais. Primeiro vendia livros de mão em mão nos bares, hoje, além de ir a escolas e ser convidado para vários eventos nacionais, não deixo de vender meus livros em oficinas mecânicas, açougues, padarias e outros lugares, vivendo exclusivamente de poesia. Já escrevi uns poucos livros de contos, um romance, peças teatrais, mas descobri que sou um poeta metido a escrever outras coisas e daí, decidi abdicar dos outros gêneros e me tornar essencialmente um poeta.


Glória Salgado, pianista, mãe do poeta

8. Gostaria que falasse sobre uma pessoa muito querida, que nos deixou: Zanoto.

Zanoto foi simplesmente o maior divulgador cultural desse país, um cara que abria as portas de sua coluna “Diversos Caminhos”, no jornal Correio do Sul de Varginha\MG, para todos os poetas, iniciantes ou não. Conheci Zanoto pessoalmente. Ele era um poço de humildade, um ser humano incrível, desses raros seres humanos que podemos encontrar nesse mundo. Tá fazendo uma falta muito grande para todos nós.


ZANOTO no 1ºBelô Poético/2005



"Tá fazendo uma falta muito grande para todos nós!"
—Rogério Salgado, in PALAVRA FIANDEIRA 124 (13/julho/2013)


9.“SaiS” é uma de suas obras. Poderia, gentilmente, expor ao leitor da FIANDEIRA, algo sobre esse livro?

Sou uma pessoa conhecida como um cara polêmico, talvez por eu ter a qualidade de ser sincero e muitas vezes magoar as pessoas. O poeta Aroldo Pereira, criador do Psiu Poético – Salão Nacional de Poesia de Montes Claros\MG costuma brincar comigo chamando-me de “Rogério e seus sais”. Depois que escrevi o livro “Poemas” em 2010, comemorando meus 35 anos de carreira poética, observei que muitos poetas não me consideravam muito por eu não escrever poemas concretos, visuais e tantas outras fórmulas em que meia dúzia de críticos gostam, aplaudem, mas o público leitor em geral, não entende. Eu tinha escrito ao longo da vida, vários poemas nessa linha e que ficaram engavetados. Quando fui lançar o livro “SaiS”, inspirado na frase do Aroldo, resolvi dividi-lo em duas partes: a primeira feita de poemas normais, como os que sempre escrevi a vida inteira e dos quais muito me orgulho de tê-los escrito e dediquei essa primeira parte aos leitores. A segunda parte eu publiquei esses poemas visuais e concretos e dediquei aos críticos. Precisa dizer mais alguma coisa?

Lançamento de SaiS


10. Uma das dificuldades para o escoamento da Poesia é o hábito já antigo de grupos fechados, nos quais um poeta de fora não é citado jamais, algo que provavelmente ocorre nas artes, de um modo geral. Isso o perturba de algum modo, ou não existe tal coisa?

Sempre existirão grupos fechados tal como você diz acima. Eu não me preocupo com isso não. Cada um é dono de sua consciência e eu procuro apenas fazer a minha parte. Trabalho com todos sem discriminação, tendo preferência por trabalhar com o poeta iniciante, porque acho o poeta consagrado, na maioria das vezes, pelo seu estrelismo, um grande porre. Recebo todos de braços abertos por enxergar que todos são seres humanos como eu. No Belô Poético temos por norma, tratar todos iguais, sem tapetes vermelhos. Tanto o poeta de renome internacional, como o desconhecido, nesse Encontro é recebido com o mesmo abraço.

© créditos ao autor da foto

11. Tem algum projeto literário sobre o qual possa revelar algo aqui na FIANDEIRA?
Não, não tenho nada ainda programado. Quem sabe, no futuro?
Virgilene Araújo
Com Wagner Torres e amigo(Divino Soares)

AMIGOS DO AUTOR
12. Deixe aqui a sua mensagem final. Qual a sua PALAVRA FIANDEIRA?

Minha mensagem final é que possamos buscar a essência de sermos cada vez mais, Humanos, antes de sermos qualquer outra coisa e minha palavra final é: AMOR.




Foto: Virgilene Araújo ©

PALAVRA FIANDEIRA

Publicação Literária Digital

Ano 4 —Edições semanais, aos sábados

EDIÇÃO ROGÉRIO SALGADO
PALAVRA FIANDEIRA
Fundada pelo escritor Marciano Vasques