EDITORIAL

PALAVRA FIANDEIRA é um espaço essencialmente democrático, de liberdade de expressão, onde transitam diversas linguagens e diversos olhares, múltiplos olhares, um plural de opiniões e de dizeres. Aqui a palavra é um pássaro sem fronteiras. Aqui busca-se a difusão da poesia, da literatura e da arte, e a exposição do pensamento contemporâneo em suas diversas manifestações.
Embora obviamente não concorde necessariamente com todas as opiniões emitidas em suas edições, PALAVRA FIANDEIRA afirma-se como um espaço na blogosfera onde a palavra é privilegiada.

sábado, 28 de setembro de 2013

PALAVRA FIANDEIRA 135


Quando eu era criança minha professora da segunda série exigiu que eu lesse o livro “A Revolução dos bichos” de George Orwell: dizia ela que era pra eu aprender a ficar parado num lugar por algum tempo.




PALAVRA FIANDEIRA

ARTES, EDUCAÇÃO E LITERATURA

Publicação Digital de Artes, Educação e Literatura
Edições aos sábados
Edição de 28 de Setembro de 2013
Ano 4 — Edição 135

HUGO VIDAL



1.Quem é Hugo Vidal?
Jornalista ,ator, diretor e professor de teatro iniciando seus trabalhos na Paraíba no ano de 1988 no departamento de artes da universidade federal da Paraíba.



2.Conte um pouco do grupo Troupe Trotte. Quando ele foi fundado e qual seu primeiro trabalho?
A troupe foi fundada em 1994 com a dissidência de dois grupos de teatro da cidade de Campina Grande, nasceu do encontro desses atores num curso de circo ministrado pelo professor Monteiro da Unicamp, na cidade de campina grande, nosso primeiro trabalho fora o “Ali tem um circo” em 1995, resultado de uma pesquisa nos circos “tomara que não chova” nos estados de Pernambuco Paraíba e rio grande no norte.



3.Além de ser diretor teatral e também ator, teve algum outro envolvimento com a arte?
Escrevo muito para teatro, dou aulas de técnicas circenses e nas horas vagas trabalho com performances circenses em casas noturnas, com pirofagia, palhaço e perna de pau.



4.Em sua opinião, quais as principais dificuldades enfrentadas pelos artistas atualmente?
A falta de políticas publicas que sejam menos complicadas do que os famigerados editais federais que só privilegiam grupos já conhecidos, bem como o auto respeito e a falta de qualificação , hoje em dia todo mundo quer ser artista mas ninguém quer estudar, todo mundo quer trabalhar no entanto cobram valores que acabam denegrindo quem sabe se valorizar, o artista em si acaba traçando um caminho tortuoso para si mesmo.


5.Seu trabalho mistura a arte circense com o espetáculo de rua. Acredita que o circo sobreviverá na era tecnológica que está surgindo?
Não só o circo , mas muito do que era belo de tempos passados como as brincadeiras de rua , pião , pipa, carrinho de rolimã, o cinema, tudo o que era diversão de qualidade e educativa, está com a sua vida ameaça devido a geração internet e shopping centers. Nós, artistas, temos que fazer nossa parte que é levar essa magia para todos para que plantemos uma semente que não deixe tudo isso cair no esquecimento.



6.O grupo viaja para várias cidades com seus espetáculos. Como é essa sensação de estar em  diferentes lugares apresentando histórias para as crianças?
É inefável!, sentir culturas diferentes, olhares diferentes, risos diferentes de regiões diferentes desse nosso brasilzão. É algo de encantador, digamos que seja a consagração e o brinde de ser artista.


7.Aprecia a Literatura Infantil? Tem algum livro que possa ter lido em sua infância,  que de alguma forma o tenha marcado?
Quando eu era criança minha professora da segunda série exigiu que eu lesse o livro “A Revolução dos bichos” de George Orwell: dizia ela que era pra eu aprender a ficar parado num lugar por algum tempo. Foi traumático. Eu nunca consegui ficar quieto. Era uma criança ULTRA ATIVA e estudar pra mim era um martírio, adorava tudo que fosse folia e movimento. Ser artista caiu como uma luva, procuro tornar minhas obras e minha leitura em algo como o circo , ou seja para todas as idades.



8.Qual o motivo que originou essa predileção pelo trabalho com o público infantil?
Criança é o melhor público que existe por dois motivos, o primeiro porque criança é sincera ou ela gosta ou simplesmente levanta e sai , o outro é que sempre depois de uma apresentação  vem um abração gostoso seguindo de palavras de admiração.


9.Atualmente está dirigindo “A Cidade das Cantigas”. Como tem sido essa experiência?
Lindo! Ver que ainda muitas crianças conhecem as musicas do espetáculo e cantam junto em coro é fantástico, é a sensação que estamos fazendo nossa parte mantendo e resgatando as tradições.



10.Também realiza oficinas de teatro. Como tem sido esse contato com o público? Sente um interesse nas pessoas pela arte no palco? De que forma acredita que o teatro possa contribuir com a consciência e a vida de todos?
Teatro para mim é arte educação , é buscar um ser humano que passe a olhar o mundo com a ótica do amor, é  fazer com que o ser humano não queira tão pouco e busque algo que engrandeça a alma. Dar aula pra mim é contribuir para um ser mais “HUMANO”.


11.Em seu trabalho há uma preocupação ecológica de cuidado com a natureza. Que outras preocupações o motivam em sua atuação de teatro musical?
O resgate da cidadania, a arte como forma de mudança e o resgate às tradições.



12.Deixe aqui a sua mensagem final. Qual a sua PALAVRA FIANDEIRA?
Vamos juntos sempre arduamente difundir o teatro de qualidade, a arte educação, vamos cuidar de nossos pequeninos e ajudar também os adultos e reencontrar o caminho dos seus corações e voltarem a ser crianças para juntos termos dias melhores.


PALAVRA FIANDEIRA

Edição 135 
HUGO VIDAL

PALAVRA FIANDEIRA
Fundada pelo escritor
Marciano Vasques

Hugo Vidal









Todas as fotos ©

Fotos de A CIDADE DAS CANTIGAS na Praça Victor Civita: 
E: Assessoria Literária e Educacional

sábado, 21 de setembro de 2013

PALAVRA FIANDEIRA 134



A arte te permite isto. 
Experimentar, fugir do senso comum.

PALAVRA FIANDEIRA

PUBLICAÇÃO DIGITAL DE LITERATURA

ARTES, EDUCAÇÃO E LITERATURA

Edições aos sábados
ANO 4 — Edição 134
21 de Setembro de 2013
Edição: 
ALESSANDRO BARROS

1.Quem é Alessandro Barros?
Desenhista e designer gráfico apaixonado por quadrinhos. Desde criança.





2.Vive em Bragança Paulista e trabalha num jornal que edita um suplemento infantil, chamado BJOTINHA, que tem a sua participação. Pode contar aos leitores da FIANDEIRA o que você faz no BJOTINHA, e como é essa experiência em sua vida?
Participo do Bjotinha praticamente desde o início, que foi eu o Paulo e o Lúcio. Minha função é desde o começo o design da página e ilustrações. Gosto de criar brincadeiras também.




3.O que é ArteMONSTRO?
ArteMONSTRO e o nome do meu projeto experimental. Onde tudo que eu desenvolva seja ilustração, pintura, mural ou quadrinhos se fundem e eu desenvolva algo “novo” com isto, sem medo de errar, até mesmo por ser algo pessoal e despretensioso — mas levado a sério.


4.Sua Arte é experimental. O que é exatamente uma Arte Experimental?
Tudo que eu crio não deixo de procurar estar evoluindo. Experimentando novas técnicas. Me inspirando não só com ilustrações. Mas, também com decoração, moda, música, arte urbana, principalmente. Misturo tudo isso na minha cabeça e procuro não ter medo de fazer algo que eu não tenha feito. A arte te permite isto. Experimentar, fugir do senso comum.



5. Aconteceu em Bragança Paulista uma exposição de Quadrinhos intitulada “E Agora Conceição?”. Pode, por favor, nos contar sobre essa exposição e o porquê do título?
Fui convidado recentemente para esta exposição, fazia um bom tempo que eu não expunha algo em Bragança, fora dos meios impressos. A turma de artistas são conhecidos de longa data, já fizemos muita coisa juntos, incluindo fanzines. Por istoo nome da exposição. “E Agora Conceição”, nome dado em homenagem ao nosso amigo Roger Bastos, desenhista, falecido recentemente e que foi um dos grandes incentivadores dos nossos movimentos participando deles. Conceição era o apelido carinhoso dado por nós.


6.Aprecia a Literatura Infantil? Como vê a influência dessa Literatura na formação das crianças? Tem algum livro que possa ter lido na infância que de alguma forma contribuiu com o seu crescimento?
Infelizmente não li o que eu deveria ter lido, mas tenho boas lembranças de Ziraldo e coleção Vagalume na minha infância. Mas sempre bebi muito na fonte dos quadrinhos. Caras como Maurício de Souza, Ziraldo, Daniel Azulai, depois, Angeli, Laerte e o incrível Glauco sempre fizeram parte da minha vida, sem esquecer de Lourenço Mutarelli e Marcatti. Fora os autores gringos, que admiro muito.



7.Participou de uma amostra em Belo Horizonte, chamada  HotSpot. Como foi a sua participação e qual o objetivo desse evento?
O Movimento HotSpot foi uma seleção de vários artistas de todo o Brasil e em várias categorias, eu tive a sorte de ser um dos selecionados na categoria ilustração.



Em Belo Horizonte

8.Sua arte esteve presente em Salvador. O que nos poderia contar sobre isso?

Em Brasília

Esta também faz parte do Movimento HotSpot que passou por 9 capitais brasileiras incentivando a criatividade. 

Em Salvador


9.Já ilustrou um livro infantil? Pensa sobre isso?
Não tive a oportunidade de ilustrar um ainda. Sou apaixonado por isto e é minha meta trabalhar em tempo integral como ilustrador de livros infantis. O mais difícil é o acesso as editoras e apresentar uma proposta de trabalho.

Projeto infantil
10.Uma das questões teimosas de PALAVRA FIANDEIRA é: O que pensa sobre o já tão debatido “Fim da era do livro de papel”? Podemos acreditar que ela virá ou vida longa o livro de papel ainda terá?
Acredito que o impresso não morrerá, não vejo isto nem à longo prazo. Mas, o digital é uma grande ferramenta para ajudar a promover e também um produto de venda forte, que também ganha espaço, rapidamente. Mesmo assim sempre existirá o leitor do impresso. A leitura impressa tem uma afinidade muito grande com nossos sentidos.

11.Entre tantas dificuldades que os artistas, de um modo geral (artista plástico, ator, roteirista de HQ...) encontram no Brasil num mercado às vezes até insensato, qual você assinalaria como a mais grave?
Vejo a dificuldade de se publicar, ganhar mais espaço, isto é grave. Mas, também vejo muita gente corajosa investindo em si mesmo, levando mais tempo a alcançar outros níveis, mas nunca deixar de exercer o que te motiva. O problema é que este é um processo caro. Aí, sim eu vejo a publicação digital como uma forte arma para quem quer se auto-editar e conseguir alcançar um público maior.

12.Deixe aqui a sua mensagem final. QUAL A SUA PALAVRA FIANDEIRA?
Não deixar de exercer sua função, mesmo que o sucesso venha em longo prazo.


 Todas as imagens ©

PALAVRA FIANDEIRA
Publicação virtual semanal
Divulgação artística, cultural e literária

Edição ALESSANDRO BARROS

ANO 4
 Fundada pelo escritor Marciano Vasques



sábado, 14 de setembro de 2013

PALAVRA FIANDEIRA 133






abordo temas bem diversificados em tudo quanto escrevo, sempre procurando utilizar uma “aura positiva” que é a marca de minha vida diária.







PALAVRA FIANDEIRA


PUBLICAÇÃO DIGITAL DE DIVULGAÇÃO LITERÁRIA E CULTURAL
ARTE, EDUCAÇÃO E LITERATURA
EDIÇÕES AOS SÁBADOS
ANO 4 —EDIÇÃO 133

AURI ANTONIO SUDATI


1.Quem é Auri Antonio Sudati?
—Sou um professor, poeta, escritor, ativista cultural e conferencista.



2.Publicou um livro chamado "A Nova Fábrica de Historinhas". Pode nos contar algo sobre essa obra?

—Foi meu primeiro livro infanto&juvenil, editado em 1980. Sete historinhas fazem parte deste livro. Entre elas, "O Tesouro do Arco-Íris"; "A Sensibilidade do Orlando e o destino do Navimar"; e "O Maior Herói do Mundo". Seguiram-se, após, muitos outros livros. Já editei, até agora, 21 livros infanto-juvenis, intercalando poemas e historinhas.







3.Recebeu vários prêmios literários em sua trajetória. Qual a importância, além da satisfação pessoal, que pode um prêmio representar na carreira de um escritor?

     —Os prêmios literários que conquistei ao longo de minha vida de escritor foram um grande estímulo para que eu continuasse a editar livros, não só para crianças, porque tenho, também, participação em cerca de 100 Antologias, com poemas, contos e crônicas, para jovens e adultos.

4.Foi o Patrono da Feira Municipal do Livro de São Francisco de Assis. Pode, gentilmente, nos falar desse evento em sua vida?
     Isso foi no ano de 1998, foi a primeira Feira do Livro em que fui Patrono, fiquei muito emocionado! Depois, seguiram-se muitas outras, já fui Patrono de umas 8 Feiras do Livro e isso me deixa muito contente. São Francisco de Assis-RS é um município onde residi por cerca de 20 anos, cursando o primário, o ginásio e o segundo grau nesse município, depois fui fazer Curso Superior em Uruguaiana-RS, onde cursei Letras e fiz Pós-Graduação em Teoria da Literatura. Depois, morei em Santiago-RS e, atualmente, resido em Santa Maria-RS.



5. Fale desse curioso espectro de influências em sua carreira, que começa com Manuel Bandeira e chega aos Beatles.
   —As grandes influências em minha vida foram Manuel Bandeira, Lúcio Cardoso, Alphonsus de Guimaraens Filho, Monteiro Lobato, William Wordsworth e o conjunto musical inglês The Beatles. Aliás, a maior influência de todas foi o conjunto The Beatles. Os Reis de Liverpool  tiveram importância tão grande em minha vida que determinaram até minha profissão: fiquei  Professor de Inglês, exerci essa profissão, devido à influência dos Beatles.

6. É integrante de uma Casa de Poetas em Santa Maria. Quais as atividades desenvolvidas numa Casa de Poetas?
       Sou o atual presidente da Casa do Peta de Santa Maria-RS, gestão 2012-2014. As atividades de uma Casa do Poeta são muitas: Cafés Literários, já organizamos 548 Cafés Literários nesses 11 anos de existência de nossa Casa do Poeta, além de Projetos de estímulo de leitura em escolas, saraus literários, Feiras do Livro, Jornadas Literárias, Projetos de estímulo ao Folclore, e um número elevado de outras atividades culturais que participamos quase que diariamente.



7.Quantos livros publicou e quais as suas abordagens ou a sua predominante temática?
    Editei até agora, 21 livros infanto-juvenis, os mais recentes foram “Coração Criança” e “A Fada Distraída” (este, em parceria com uma professora e com alunos do 5º ano de uma escola de Itaara-RS) em 2012 e, no corrente ano de 2013, “Os Navios Invisíveis” e “A Bruxa Malvina que de Má não tinha nada”,(este, também, em parceria com duas professoras e alunos do 5º ano de uma outra escola municipal de Itaara-RS, e que  será editado nos próximos dias. Além disso, tenho participação em cerca de 100 Antologias, com poemas, contos e crônicas para jovens e adultos. A temática que utilizo é bastante diversificada, tanto na linha infanto-juvenil como na linha para adultos: a vida, os sonhos, as vivências, a natureza, os anseios, as alegrias, o cotidiano, o amor, o otimismo, a preservação da natureza, os valores, a amizade, a superação de obstáculos, brincadeiras da infância, enfim, abordo temas bem diversificados em tudo quanto escrevo, sempre procurando utilizar uma “aura positiva” que é a marca de minha vida diária.



8.Tem preferência por algum gênero literário?
   — O gênero lírico, essencialmente poético, no qual retrato toda a subjetividade, um “eu-lírico” que extravaso, que vai além de mim mesmo.

9. Estive no Sul, em Bento Gonçalves e fui testemunha de um forte sentimento de união entre os poetas e trovadores gaúchos. Isso confere?
   Depende da região. As demais regiões do Estado, eu não conheço a realidade, mas nós aqui em Santa Maria, podemos dizer que somos UNIDOS, porque temos parcerias com diversas entidades nos eventos literários e culturais que participamos, na cidade e na região, o que colabora para o sucesso de nossa Casa do Poeta de Santa Maria e dos eventos que participamos.

10. Aprecia a Literatura Infantil? Pode nos narrar algum livro que tenha lido na infância e considera ter sido importante em sua vida?
     Sou apaixonado pela literatura infantil,- e também infanto-juvenil, - tanto que já editei 21 livros nessa linha, e a grande influência, nessa área, foi Monteiro Lobato, que influenciou praticamente toda a geração de escritores infanto-juvenis de minha época. A literatura infanto-juvenil é importante em minha vida, porque gosto muito de crianças e, através dos poemas e historinhas, procuro torná-las mais felizes.



11.”Poemas da Caixinha Azul” parece ser um livro encantador. O que nos poderia contar sobre ele?
   —“Poemas da Caixinha Azul”, um dos livros de poemas infanto-juvenis que editei, é um de meus favoritos, adoro esse livro, foi editado em 1997, quando eu ainda residia em Santiago-RS. Residi (e lecionei) por quase 30 anos no município de Santiago, foi lá que lancei meus sete primeiros livros infanto-juvenis. Há, nesse livro, “Poemas da Caixinha Azul”, poemas que até hoje me emocionam muito, como “Oração do Pássaro de Asas Quebradas” ,”Na Janela daquele Castelo”, “Lua-Menina”, “Boa Noite, Marcelinho!”,”Amor, a Palavra Mágica”, “Poema do Fundo do Mar””, enfim, considero-os poemas da melhor qualidade que produzi até hoje.



12.Deixe aqui a sua mensagem final. Qual é a sua PALAVRA FIANDEIRA?
       —“Quem lê, transforma sua vida num diálogo permanente consigo mesmo, com as pessoas, com a natureza e com Deus.”

PALAVRA FIANDEIRA

ANO 4 — 133 
AURI ANTONIO SUDATI


PALAVRA FIANDEIRA:
Fundada pelo escritor
Marciano Vasques
Marciano Vasques é autor de O VOO DE PÉGASO e outras obras


AURI ANTONIO SUDATI 

EDIÇÃO DE 13 DE SETEMBRO DE 2013

Em Outubro PALAVRA FIANDEIRA COMEMORA CINCO ANOS


      


sábado, 7 de setembro de 2013

PALAVRA FIANDEIRA 132


Quando o mundo disser não
Vá em frente, creia, insista.


PALAVRA FIANDEIRA

Arte, Educação e Literatura
Publicação Digital Semanal

EDIÇÃO 112
Ano 4
Sábado, 7 de Setembro de 2013
VARNECI NASCIMENTO



1.Quem é Varneci Nascimento?
É ainda quase um jovem que nasceu há 35 anos na cidade de Banzaê na Bahia. Aliás na época Banzaê ainda não existia como cidade, pois pertencia a Ribeira do Pombal, e só veio se tornar cidade no fim da década de oitenta. Varneci cresceu na zona rural no contato com a terra, com a lida do campo, ouvindo histórias contadas pelo seu pai e isto foi aos poucos moldando a sua personalidade e aguçando o gosto pela cantoria de trabalho que era o que fazíamos no chamado batalhão (o equivalente ao mutirão). Com seu pai, um dois maiores improvisadores da região, começou ainda criança a fazer os primeiros improvisos, atividade que exerceu até quando morou com ele. Depois indo para outra cidade no intuito de estudar, como não tinha com quem cantar passou a escrever cordel. Além das cantorias feitas no batalhão papai lia cordel para nós em casa: Donzela Teodora, O cachorro dos mortos, Peleja do cego Aderaldo com Zé Pretinho do Tucum entre outros. Isto me marcou profundamente e também criou em mim o gosto pelo cordel. Pelas rimas também que já comecei a ouvir ainda criança.



2.Visita escolas com a sua Literatura de Cordel. O que representa para você esse contato com a criançada?
Tenho visitado várias escolas e universidades não só em São Paulo, mas em boa parte deste Brasil levando o cordel para todas as pessoas que estão cada vez mais buscando conhecer esta que está consagrada como um gênero da literatura nacional. Encontro desde crianças aos alunos da EJA (Educação de jovens e adultos), bem como universitários dos mais variados cursos, desde mecânica e psicologia, a ciência da computação, por exemplo, e cada encontro é um momento único, marcante porque se for bem repassado, é impossível não se encantar com o cordel. As crianças ficam maravilhadas ao escutar a declamação de uma sextilha, quando entendem a rima. Estou cada vez mais convencido de que o cordel realmente tem muito a oferecer ao Brasil e não só a educação, porque o lugar do cordel não é só na escola, mas nela também deve está atuando.



3.O que é a Caravana de Cordel? Quando ela aconteceu pela primeira vez?
A Caravana do Cordel é um movimento de poetas cordelistas e outros artistas, que foi criado em São Paulo em 2009 para divulgar o cordel nesta imensa cidade e em qualquer lugar do Brasil. Este movimento criou raízes profundas para o cordel nesta cidade, possibilitando-a um engajamento ainda maior como arte, deste gênero literário, sem contar o respeito que o cordel adquiriu depois deste movimento, tanto entre a população que passou a conhecê-lo mais, quanto nas instâncias de poder e nas editoras que passaram a olhar esta composição poética de maneira diferente. Muito do que se tem de cordel hoje em São Paulo se deve a este movimento que continua como uma marca importante do cordel.




4.Já se apresentou no CENTRO CULTURAL VERGUEIRO. Pode nos contar sobre esse evento?
Apresentei-me a convite do poeta e cantor Costa Senna, que apresentou o sarau Bodega do Brasil neste lugar de manifestação da cultura paulistana. Foi um evento organizado para mostrar além da Bodega, as Estéticas da Periferia e no palco desfilou desde o aboio ao rep. A minha participação foi uma singela contribuição como tenho feito em todos os lugares aos quais sou chamado. Tinha neste local um público eclético além do já tradicional apreciador do cordel. Considero isto muito importante porque o cordel vai alcançando outras pessoas e a rede vai sendo tecida e acrescida cada vez mais.


Costa Senna


5.Qual ou quais as suas abordagens em sua Literatura de Cordel?
Considero-me um autor eclético porque navego desde o cordel bíblico (descrevendo personagens da Escritura Sagrada) a Iniciação sexual na zona rural, como é um título de uma de minhas obras. Trafego pelo drama como é o caso de O amigo e o suicídio ao riso de Um corno para cada dia do mês. Desde o romance A Besta do apocalipse e o amor de Agripino aos Dez mandamentos do preguiço. Da crítica social A morte e a justiça ao riso fácil provocado pelo Pergunta idiota, tolerância zero. Esses cordéis são publicados pela Editora Luzeiro. Para mim o cordel não está preso a nada, exceto as suas regras de composição. Nesta forma fixa de escrever pode se tratar de tudo, por isso percorro com tranquilidade os temas e polêmicas que acho necessário. Quem manda é a inspiração e a necessidade vital de escrever, afinal não fui eu quem escolhi o cordel, foi o cordel que me escolheu, porque a poesia é assim mesmo aflige todas as gerações.




6.O que é a Bodega do Brasil?
A Bodega do Brasil surgiu depois da Caravana do Cordel, não numa dissidência brigada e partida, mas é que os cantores queriam mais espaço para música e a Caravana nasceu com um propósito claro que o carro chefe seria o cordel, porque movimentos musicais São Paulo teve demais. Não que a música ou qualquer outra manifestação não tivesse espaço na Caravana, mas o cordel seria nosso príncipe. Depois de um certo tempo, o Costa Senna sentiu-se limitado porque embora ele seja cordelista, mas a grande atividade dele, Cacá Lopes, Aldy Carvalho entre outros é cantar. Daí porque o Costa Senna sentiu a necessidade de criar a Bodega e está aí fazendo história há alguns anos. É isto a Bodega do Brasil.

Encontros notáveis


7.Esteve no colégio Passionista. Conte, por gentileza, aos leitores da FIANDEIRA como foi o seu dia lá.
Minha ida ao Colégio Passionista está ligada a adoção do livro Memórias Póstumas de Brás Cubas em cordel publicado pela Editora Nova Alexandria. Foi uma manhã encantadora com os alunos muito legais onde tiveram a oportunidade de me perguntar o que quisessem a respeito da obra ou não, do cordel de um modo geral. Esses encontros são sempre surpreendentes porque os jovens e adolescentes têm muito a nos ensinar, estimular a escrever. É também um deslumbramento para aqueles que não conhecem o cordel. Forma-se um conjunto de fatores onde todos saem ganhando e a poesia do cordel cada vez mais fortalecida porque os professores também se encantam e começam a divulgá-la e usá-la em sua bela profissão de educadores.


Visitar colégios: encontro com leitores e amigos


8.Escreveu BRANCA DE NEVE em Cordel. Como foi essa experiência de “traduzir” um clássico infantil para a modalidade cordel?
Foi uma experiência interessante e surpreendente para mim. Mandei um e-mail para Editora Panda Books propondo a publicação de um livro em cordel sobre meio ambiente e depois fui chamado para transpor a Branca de Neve e O Pequeno Polegar para a linguagem cordelística. Um desafio grandioso, mas ao mesmo tempo prazeroso, colocar esses contos infantis nessa moldura da poesia. É também desafiador, pois pela importância que esses clássicos infantis têm, é necessário um esforço hercúleo para se manter a originalidade, colocando novos aspectos sem que a história perca a sua essência.




9.Recebeu uma carta de Zélia Gattai com agradecimento por uma de suas obras. O que nos poderia contar sobre esse livro, que, obviamente, tem como tema Jorge Amado?
Quando Jorge Amado morreu estava eu aqui em São Paulo de férias da faculdade e pude ler alguns jornais e revistas a respeito do escritor baiano. Uma trazia uma biografia do ilustre romancista e a li com atenção. Depois comecei a rabiscar uns versos sobre o esposo de Zélia Gattai, mas a época sem nenhuma pretensão. Fiz algumas estrofes, depois pesquisei mais e terminei por fazer um cordel sobre o autor de Gabriela. Digitei e deixei guardado e numa ocasião resolvi mandar para a Secretaria de Governo do estado da Bahia. Para minha surpresa recebi uma proposta para publicar o texto, mas em uma quantidade limitada. Assim que a obra foi lançada enviei um exemplar para Zélia Gattai e para minha surpresa, recebi uma carta dela de agradecimento pela homenagem ao marido e com um elogio até exagerado, dizendo que era o primeiro cordel erudito que ela tinha lido. Certamente ela leu muito pouco cordel porque se tivesse lido O cachorro dos mortos, O pavão misterioso, Pedrinho e Julinha, jamais diria uma coisa dessas.
A biografia de Jorge Amado nunca mais foi relançada. Ano passado por conta do seu centenário tentei relançar, mas não achei uma editora que quisesse investir no projeto. Quem sabe um dia isto ainda aconteça.


©


10.Tem mais de 200 livros publicados. São todos de Literatura de Cordel? Qual foi sua primeira publicação e em que circunstâncias essa primeira obra veio ao ar?
Não tenho 200 livros publicados e sim escritos. Publicados na verdade são 67. Tenho livros escritos que não são cordéis, mas ainda não foram lançados no mercado, quem sabe isto aconteça um dia. A primeira obra que publiquei chama-se Dom Mário Zanetta: pastor, amigo e irmão. É uma biografia contando a trajetória de um padre italiano que chegou ao Brasil e se tornou o terceiro bispo da diocese de Paulo Afonso – BA. No ano de 1998 trabalhava numa paróquia e conhecia o bispo que veio a falecer acometido pelo AVC. Escrevi a sua história, porém só publiquei em 2001. Em seguida a edição se esgotou e tive de fazer mais uma. Daí por diante não parei mais e até hoje vivo exclusivamente do que escrevo e do que falo. Lembrando que as minhas primeiras obras foram patrocinadas por mim ou por alguns amigos donos de lojas que arriscaram investir naquele meu projeto. Por isso você que está lendo essa entrevista se tiver um sonho não desista jamais, arrisque-se por ele.






11.Um de seus livros foi estudado na Alemanha. Conte-nos sobre isso, por favor.
Uma professora entrou em contato querendo estudar um folheto que escrevi quando ainda estava na faculdade intitulado O cangaço sustentado pelos coronéis. Forneci as informações que ela solicitou e depois disso nunca mais deu notícias. São essas poucas palavras que tenho a dizer sobre este ocorrido. A que resultado, a importância e as conclusões a que se chegou nunca tive acesso.


12.Deixe aqui a sua mensagem final. Qual a sua PALAVRA FIANDEIRA?
Agradeço primeiramente ao Marciano Vasques pelo espaço e a você leitor por ter se ocupado em ler essa entrevista até aqui.
Caro leitor agradeço,
Sua imensa gentileza
Em conhecer minha vida,
A missão e a natureza
De escrever o cordel
Com poesia e leveza.


Quem nunca leu um cordel
Vá procurar ler urgente,
Conheça bem esta arte
Tão eclética e atraente
Que pode lhe divertir
E abrir a sua mente.


Se você tiver um sonho
Vá em frente, não desista
Por grande a dificuldade
Seja mais forte e persista
Quando o mundo disser não
Vá em frente, creia, insista.


É assim que se constrói
Uma história verdadeira
Na luta do dia a dia
De maneira alvissareira
E construa a sua história
Com Palavra Fiandeira.



PALAVRA FIANDEIRA

Publicação digital semanal

DIVULGAÇÃO LITERÁRIA, ARTÍSTICA E CULTURAL
Edição 132 —Sábado, 07 de Setembro de 2013
Edição VARNECI NASCIMENTO

PALAVRA FIANDEIRA
Fundada pelo escritor Marciano Vasques

ANO 4

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