EDITORIAL

PALAVRA FIANDEIRA é um espaço essencialmente democrático, de liberdade de expressão, onde transitam diversas linguagens e diversos olhares, múltiplos olhares, um plural de opiniões e de dizeres. Aqui a palavra é um pássaro sem fronteiras. Aqui busca-se a difusão da poesia, da literatura e da arte, e a exposição do pensamento contemporâneo em suas diversas manifestações.
Embora obviamente não concorde necessariamente com todas as opiniões emitidas em suas edições, PALAVRA FIANDEIRA afirma-se como um espaço na blogosfera onde a palavra é privilegiada.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

PALAVRA FIANDEIRA 34


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 PALAVRA FIANDEIRA
REVISTA DE LITERATURA
ANO 1 - Nº 34 - 28 JUNHO 2010

NESTA EDIÇÃO:

JORGE 
RETAMAL 
VILLEGAS

 DIRETAMENTE DO CHILE
 POR ROCÍO L' AMAR

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JORGE RETAMAL VILLEGAS, 
O RIFLE JÁ NÃO É A SOLUÇÃO...


Corrija os costumes rindo, dizia Molière, considerado o pai da Comédia Francesa.

Sabia você que faz mais de quatro mil anos no antigo império chinês, havia uns templos onde as pessoas se reuniam para rir com a finalidade de equilibrar a saúde? Na Índia, também se encontram templos sagrados onde se pode praticar o riso. Nas culturas ancestrais de tipo tribal , existia a figura do "doutor palhaço", ou "palhaço sagrado", um feiticeiro vestido e maquiado que executava o poder terapêutico do riso para curar aos guerreiros doentes. Sigmundo Freud atribuiu às gargalhadas o poder de liberar o organismo da energia negativa, algo que tem sido cientificamente demonstrado ao descobrir que o córtex cerebral libera impulsos elétricos positivos um segundo depois de se começar a rir. Rir-se incrementa a auto-estima e a confiança em pessoas deprimidas, supõe um reforço imunológico, corta os pensamentos negativos, elimina o medo e ajuda a minimizar os problemas, rir antes de se deitar fatiga o corpo e combate a insônia. Victor Hugo dizia que o riso é o sol que afugenta o inverno do rosto humano. Nos últimos anos se tem avançado muito na aplicação do riso como terapia.
Escrever para fazer rir a gargalhadas...
Rir ou não rir. Rir, certamente, sempre será melhor. Entretanto, a pergunta seria, de acordo com o que se há lido, vale a pena ver o mundo com bom humor?
Só ao gênero humano é dada a possibilidade do humor, a vivência do cômico. O homem é o único ser vivo que ri; sua inteligência e sua condição lhe dão a possibilidade de ver o mundo a partir da sua comicidade. Rir e fazer rir...rir-se de si mesmo, chorar de tanto rir, ver o lado cômico da situação, são expressões que ilustram a noção do humor e do cômico como uma maneira de conceber a realidade, como uma forma de construir o mundo, por que estamos convencidos que o riso pode vencer até o desespero, e para produzi-lo e transmiti-lo mediante a palavra se requer bom humor.
Com o riso, isto é, com o riso sincero e aberto, podemos eliminar bloqueios emocionais, físicos, mentais, sanar nossa infância, como processo de crescimento pessoal. Podemos criar um espaço para estar com um mesmo, viver o aqui e o agora, estar no presente (Já que quando rimos é impossível pensarmos) nos ajuda a descobrir nossos dons, abrirmos horizontes, vencermos nossos temores, enchermos de luz, de força, de ilusão, de sentido de humor, de gozo e aprendermos a viver uma visão positiva, intensa, sincera e total.
Riso é uma atividade propriamente humana.
O riso é um dos sentidos fundamentais que há que se exercitar todos os dias. Nos caracteriza diferenciarmos definitivamente dos animais. Isto faz com que alguns autores vejam no riso a marca do espírito, da espiritualidade humana.
O sentido do humor, é um valor em ascensão, o espaço que esse humor ocupa na literatura é cada vez maior.
Entrementes, o riso é o mais curto caminho entre duas pessoas, e isso é o que deseja o autor cada vez que entrega um conto ou uma poesia: que o leitor faça sua a história e que se torne cúmplice da leitura, porque dela gosta, porque o diverte, porque o entretem. Porque promove o riso mediante recursos linguísticos que alteram ou quebram a ordem natural dos fatos ou distorçam as características dos personagens, porque se joga com a linguagem para produzir o cômico, para ironizar, para exagerar, para parodiar, para produzir equívocos, mal- entendidos, etc.



Estimados leitores, esta entrevista vem a complementar ou refundir o antes dito, entre outras coisas a inclusão da valorização - como verbo -, que, seguramente conjugamos pela inteligência, pensamento, postura, experiência e personalidade de outr@s. Sendo assim tão simples a questão, convidamos ao escritor Chileno Jorge Ratamal Villegas, a quem conheço faz algumas vidas, razão pela qual atendeu a entrevista de próprio punho, ainda que não sei até que ponto poderá se aventurar nela.

[Jorge, parece que você se apaixona por rir-se de si mesmo, divertir-se apelando para a ironia, ao ácido sarcasmo, à ingenuidade, ou a picardia num estilo jocoso/humorístico em um tom burlesco através dessa insólita sintaxis que colore seus relatos, sejam eles orais ou escritos, ainda que o tema seja extremamente sério como um panteão, consiga tirar-lhe um sorriso até do ouvinte ou leitor mais fleumático]



Abra-se o diálogo:

1. Sabe-se que o relato ou conto privilegia o desenlace. A comédia descreve, intelectualmente distorcidos, os aspectos concretos e risíveis da vida cotidiana. O objetivo é provocar o riso do espectador. Creio que seu estilo estaria na tragicomédia, que combina elementos fatais e o fato cômico, e que seus personagens, humildes e sinceros - tirados da vida real - ocupam uma praça central na análise do discurso social. Rir lendo, inteligentemente. Voltaire, Dickens, Twain, Wilde, Cervantes, Quevedo..., que outros escritores agregaria você, que prestaram seus serviços e seus caprichos sarcásticos à literatura, até a ponto de modificar a rotina de suas épocas?

- Como emergente... Eu.

2. Realismo e humor, ficção e humor; humor censura; humor reflexão/ observação; humor riso; humor negro e sobrevivência... Em qual deles você se encaixa?
- Certo, certo... O que resulta depois de escrito.

3 - O humor em você é uma qualidade salvadora? Nos dê três razões.

- Uma só: o rifle já não é a solução...
4. Quais são esses risinhos solitários, por assim dizer, instalados em seu infinito enredo...? Queremos conhecer esses diálogos que quebram a crítica social.
- O exercício da minha profissão, constante na fronteira do medo existencial dos meus clientes, faz com que meu ser geminiano recorra a cada instante a trama entre a ira e o riso... Este último é o que deixo conhecer de mim.
5. Uma das maiores virtudes em suas histórias é a linguagem do humor, sendo a ironia o seu forte, e faz do absurdo de algumas situações o mais jocoso de sua obra. A contrapartida semântica entre situações e suas narrações contribuem enormemente para que os leitores tenham as mais diversas emoções, (Estou recordando a solidez e desenvoltura nos contos de seu livro "Cristo me transou", porque obviamente fiz o prólogo). É a realidade que vive que não o deixa sair dela?

- A que tive que viver...Agora, já não creio nem em mim mesmo.

6. Fazer rir a uma mulher é uma arte que se adquire, dizem...em um contexto social. Como se relaciona você com seu ambiente, seu comportamento, os objetivos aos quais se pode destinar nas relações humanas/ próximas que o rodeiam?
- Fazer com que uma mulher ria é tão fácil como fazer feliz a um bebê... temos que mantê-los mudinhos e dar-lhes batatas.
7. Sob um regime tirânico três homens serão fuzilados. O oficial que dirige a execução lhes oferece um último charuto. O primeiro e o segundo o aceitam. O terceiro o recusa. Então, o segundo ao ouvi-lo se volta até ele e lhe responde: - Não tem problemas, Jaime! - Com qual personagem se identifica você? Seria possível que argumentaria a resposta (Porém não me vá dizer que com o oficial, - gargalhada-)
Seguramente pediria que me trocassem o cigarro por um beijo nos lábios do mais feio dos fuzileiros... para que não tenham que viver com a vergonha de haver assassinado a um patriota, mas sim a um simples viado...

8. Para mim, é apropriado recordar a descrição de Bergson de que o riso é como uma espuma que se desvanece quando alguém tenta retê-la. Poderia nos definir o riso através do que NÃO é para você?

- O riso não é uma cara...é um calafrio com coceira que aparece no triângulo que há entre os ombros e o umbigo...e que costuma escapar pela boca...outras vezes a gente simplesmente se mija.

9. Qual tem sido a estupidez mais grande - a seu modo de ver - que nos tem dado nossos velhos dias? Parece irrelevante a pergunta e não existe nenhuma finalidade, porém queremos conhecer sua resposta.
- Não haver feito a mulher com água e barro igual ao homem...uma costela se caracteriza por ser torta, dura e pontuda.

10. Se todo o humano está tecido de palavras, também estas se vão urdindo nos intercâmbios sociais, nos que se manifestam de modo mais ou menos espontâneo. Um cafezinho ou um vinhozinho para conversar?

- O humano não está tecido com palavras, e estas não são determinantes nos intercâmbios sociais, os animais e os vegetais também fazem intercâmbios e se relacionam sem falar...o que os torna admiráveis... o café ou o vinho são meros excitantes para romper a timidez e/ou a suspeita...trate de tomar um litro de água e manter a conversa.
11. Você foi um bibliófilo e um bibliomaníaco de sempre. Até onde tem apontado sua voz/olhos/mãos?
- Jamais fui essa coisa...o que passa é que quando não tive dinheiro para beber ou festa, sublimo lendo.
12. Vou citar duas verdades ou engenhosas mentiras de Mencken ( escritor e jornalista): a) A consciência é a voz interior que nos adverte que alguém pode estar nos vendo. b) O puritanismo é o angustioso temor de que alguém, em algum lugar, possa ser feliz. Fora de sua generosa prudência e de seu habilidoso malabarismo. Ipso facto, qual?
- Terrivelmente fomes dos acertos. Talvez que estava fumando o sujeito quando armou essas frases...Prefiro "A sede move montanhas"... Envio a ti o fundamento ao pé da letra.
13. Você desfruta a vaca quando dá leite, em outras palavras, quando ao leitor se lhe incham as veias...somando risos por suas histórias?
- Perdão? Eu não desfruto disso.. Quando alguém se queima com leite, chora quando vê uma vaca...Só que os anos me têm obrigado a trocar o  domínio pelas perfurações à sedução que o sorriso pode causar.

14. Qual é o seu código ético para viver de forma responsável a vida?
- Só dois: Não morder mais do que pode mastigar e... dos trilhos e do trem faça uma trilha!

15. Está presente no discurso político chileno
- como recurso argumentativo - a ironia, ou o humor?

- A ideologia é Que, Por que e Para que... A política é o Como. A vaidade e a ganância são incapazes de construir um discurso e, por certo, se não há ideologia não pode haver política. Só acordos espúrios e consensos sodomíticos.

16. E para dar por concluída a entrevista, que se feche por si mesma quando esta cai. Sente-se master no Trabalho social e Políticas Sociais, assim mesmo, Doutor em Meio ambiente em um país de cínicos?
- Nada... Na universidade de Concepción tirei ambos os graus por haver formulado a Teoria Geral da Pobreza.
Porém este não é um país de cínicos porquanto esta orientação requer muito esforço...Só é uma bela terra que tem a má sorte de estar ocupada por chilenos.


BIOGRAFIA

Dizem que nasci no inverno do ano de 1952. Não me consta, porque naquela estação era um bebê. Longe , sou o menor dos meus irmãos, o que me transforma em mero pó de curado, pelo que cresci órfão até de mim mesmo, aprendendo maldades no porto de Talcahuano de Chile, no qual aprendi a escrever e ler fluentemente, assim comer com cobertura integral e beber até cair...porque me ensinaram que não era próprio de um cavalheiro beber no chão.

Desempenhei diversos ofícios, exceto o de conservador de minas (tenho um mau erre...), até o dia em que tropecei com ela, quem me disse: Por que não escrevia as mentiras que contava?, eis que desde então me dedico, de vez em quando, à literatura...que é como lhe chamou ao desejo de cristalizar sem me sentir ocioso.
Algum dia, quando o abuso do cigarro venha a deter meus afazeres, pretendo escrever uma história de amor... orgasmica e choramingante... por enquanto, estou meramente recopilando experiência. Ligue já!






A SEDE MOVE MONTANHAS



Houve um casamento em Canaã de Galileia, ao qual foi convidado Jesus com seus discípulos, e não tinham vinho, porque o vinho do casamento havia acabado. Jesus disse aos serviçais que enchessem as tinas de água até a borda, e Ele lhes disse: Pegue agora e leve-o à sala onde todos provarão a água convertida em vinho...Este foi o primeiro milagre que fez Jesus, em Canaã de Galileia. Manifestou sua glória e creram Nele seus discípulos...
Murmurava, demonstrando aborrecimento, o ancião sacerdote sem dar-se conta que a garganta me apertava como se tivesse um nó ao pensar na sorte que significava ter esse poder...transformar a água em vinho...

Tudo ocorria enquanto estávamos a contrair matrimônio religioso na desvencilhada capela situada nas margens do mar em Talcahuano, evento que realizou apesar que os quase dois meses de folga que tínhamos com as pescarias do porto e que, a costumaz, rebelde, teimosa, tenaz, dura e intransigente noiva havia insistido em executar, porque a levávamos muito tempo desonrando a sua família, como ela chamava ao ritual de agitar-se em couros debaixo de mim...e outras vezes acima...ao ritmo da sonora matança.

Meu pai sempre me aconselhava, "O que casa com uma mulher virgem faz bem...O que não se casa faz melhor", porém ela havia conseguido arrancar-me a promessa quando estava com os calções no meio das pernas e sem decidir-se pela entrega...Louco! É seguro que me vai responder? E aqui estava eu, dando-lhe viril cumprimento à promessa dos excitantes, mediante o expediente de estampar minhas impressões digitais direitas em um dos papéis amarelecidos.

E estava mal a coisa.

A paralisação não dava mostras de ceder e a poupança já se havia dissipada. Certo é que, sem trabalhar, mais dinheiro ia com o vinho que com a comida, porém as horas eram largas e os dias se arrastavam tão cansativas como a esperança dos pobres. Para piorar, comentar os encontros com os policiais, esfregando as contusões ou, massageando-se os braços cansados de tanto tirar pedras, sem vinho carecia de poesia.


Assim é que o sacerdote afirmou o agravo à natural condição polígama do varão e, com um "Os declaro marido e mulher" partimos para a casa, como lhe chamávamos ao flamejante modelinho tipo "techosparachile" instalado em uma ocupação de terra, porém com seus respectivos medidores para pagar religiosamente as contas da luz elétrica e água encanada, residência na qual íamos deixar de desonrar à família da noiva, porque agora estaríamos afinando com o livro. Agora nós vamos para a festa! Disse-me a flamejante esposa..."¡y suelte pué… tese tranquilo!".
Todos os convidados apareciam solidariamente carregando a correspondente munição de crista como presente para os noivos, porém em verdade, assegurando-se que não iria faltar vinho. A sogra se rachou com um formoso lavatório e uma baciazinha, ambos de ferro esmaltado que, por estarem novos, usamos o primeiro para armar o peixe enlatado com cebola, e a segunda, para misturar o ponche de morangos.

Alguns dias depois da bebedeira despertei e olhei a noiva, sem uso desde que começou a folia. Não havia desejo em mim... sério... Zero febre!
A única coisa que enchia minha cabeça era a sede. Via oasis de vinho tinto rodeados das verdejantes vinhas e videiras. Recordava como se houvesse passado um século as palavras do sacerdote...todos provaram a água transformada em vinho...
Fingindo-me de mansinho... por uma zebra havia cagado durante a ressaca... e como o que vive de esperanças morre jejuando., olhando-a com um só olho aberto para não vê-la em dobro, lhe perguntei melosamente...


Meu amor, nesta casa não fica nem uma puta moeda? M’eh! por fim despertou a pérola... me agarrou por toda resposta. Meu amor... meu amorzinho... ya po’h... não lhe ponha tanto... não me casei com você para fazê-la desgraçada... porém não sou tão perfeito como para fazê-la feliz a cada instante... ya po’h... não sobra nem uma puta moeda?


Na traqueia apenas a pura prata da água ! Me respondeu de forma enfadonha.
Passe para cá! Ordenei.

E a transformei em vinho.

Louvado seja o senhor!






A ABORDAGEM


Impossível saber se foi mais ruidoso o silêncio que se seguiu, ou o horroroso estrépito que se produziu quando o navio mercadante impactou ao nosso velho "Maria Fernanda II", enquanto nos encontrávamos navegando, a meia máquina, à quadra da Constituição, em busca de uma zona de pesca. A estupefação , ao ver seguir sua marcha o mercador, depois de darmos um apito de advertência que mais soou a gargalhadas que a um alerta, se transformou em pânico ao comprovar que nos havia arrancado uma parte da proa. A graça do andar marinheiro que caracteriza a estes pequenos pesqueiros, se transformou em grosseiro andar de bêbado em beco empedrado, com rolos e trambiques que tornavam sem êxito seu governo.

Fazer hermético o barco! gritou o contramestre. Nos olhamos uns aos outros. (Ninguém reunia a condição de burro absoluto, que não chegasse a baixar o convés de um navio que se poderia alertar a qualquer momento).

Estai lesiando viejooo...! - gritou da popa o tripulante pangueiro, homem de curtidos anos no ofício, e o único a quem se podia dar o luxo de haver indicações à maldição crônica que era o "contra". Baixemos a panga e o bote salva-vidas e nos largamos ao léu! Concluiu.



Só então meteu sua colher o capitão...total, "el día del cuete vai a dejar estanco esta hueá...no v’ís que tiene más huecos que un recital de Juan Gabriel...!" Olhamos aliviados para os deliberantes ( p'a qu vou a dizer uma coisa por outra...não querendo passar por covarde...porém com uma mão, posta de maneira descuidada sobre o gancho que prendia um colete salva - vidas...me maldizia por eu ter embarcado na manhã para uma viagem como substituto do "cuki", quem a sorte de cura não se tinha apresentado na partida por estar como um "cuero").

O "contra", com um duro olhar e sem medir palavras, lhe fez um gesto, seco e cortante, a López, que obrigou a este a dedicar de imediato à tarefa de largar o bote salva - vidas. (Desde que subi a bordo na manhã, esse tripulante me havia surpreendido constantemente. Quando servi ao café da manhã, e como correspondente de todo cozinheiro, havia observado o caráter da tripulação - questão obrigado se não se quer ter problemas em tão delicada função a bordo - do que pude desprender que estava conformada de forma tradicional...desde o depreciativo que aceita a comida como um favor e com a testa franzida - e que geralmente corresponde à "tampa" pela padroeira - até ao par de palhaços que nunca faltam e que encontram seu máximo prazer em instigar aos mais taciturnos... porém López era especial...recebeu seu "valdiviano" e seu pão com um semi - sorriso de agradecimento e se inclinou - como todos- à importante tarefa de sorver e mastigar... porém, como um cão, sem perder de vista a ninguém.


Terminado o extermínio dos mantimentos, e quando chegou o momento em que um estômago pleno e quente convidam à conversa, voltou toda a sua atenção nas palavras que cruzavam o "contra" com o "pangueiro", sem deixar de sorrir mais abertamente diante das terríveis palmadas com que acompanhavam suas gargalhadas os dois palhaços que estavam a bordo.
O mesmo ocorreu durante o almoço, surpreendendo-me ainda mais que ninguém lhe dirigi a palavra, não obstante, que não parecia existir hostilidade em sua contra.

Medida a tarde, efetuamos um lance que resultou "pombo", e enquanto içávamos a rede vazia, de meu posto de trabalho ao lado do "winche", meu assombro aumentou. Era um tripulante de primeira e enormemente disciplinado! Bastava um olhar e um gesto do contramestre para estivesse no lugar e na manobra adequada.

O pior, ao tipo "Se lhe queima o arroz"...... pensei com meus botões, quando me dei conta, que feito um apaixonado, jamais tirava seus olhos da figura do forte contramestre, questão que parecia ser a razão pela qual este último só se dirigia a ele com gestos de brutal autoridade. E estava envolvido nessas reflexões, enquanto preparava a ceia, quando sobreveio o impacto)


López, suando e com os dedos destroçados, conseguiu finalmente abrir os enferrujados seguros que impediam que o bote salva -vidas tombasse só, quando o "contra" lançou uma enorme faca de cobertura - que se cravou a poucos centímetros de sua cabeça - e estalando seus dedos, lhe assinalou as cordas da rede que, com o apoio, caíra na água e tornava perigosa a operação da "panga". Como um gato, López desceu da ponte a lona e se dedicou à laboriosa tarefa de cortar e cortar cabos... (Com tanto medo das represálias por indisciplina como ao próprio naufrágio, o resto de nós aguardava à duras penas a dilatada ordem de abandonar o barco) quando uma forte guinada do navio, inequívoco antecipador de seu afundamento, chegou junto com o bramido do capitão...

Às águas merdas!

Às águas merda!... Respondemos todos com uivos de aviso indígena. E na água fomos todos...entremesclando-nos em um enlouquecedor "splash" que nos levava a agarrar-nos ao bote salva-vidas ou da panga - ou do que quer que fosse - que nos tirasse da inevitável sucção do rodamoinho que, irreversivelmente, haveria de ocasionar o afundamento do pesqueiro (A mistura de água salgada e noite, outorgava uma sensação especial no medo que nos invadia e que, talvez para nos distrair, fazia com que os primeiros que embarcamos, nos agarrássemos onde foram os desesperados nadadores para os içar até a salvação).


El ¡FZFZFZFZ! que provocou a entrada da água na quente sala de máquinas do pesqueiro (que me deixou a inapagável sensação de escutar exalar o último suspiro de um ser humano) fez que todos voltássemos o olhar para o nosso barco...descobrindo horrorizados que López firmemente agarrado à borda do navio morimbundo, nos observava com seu semi-sorriso perene e seus olhos desmesuradamente abertos...



A parte carimbada na Capitania do Porto de Talcahuano, registrou como único falecido no naufrágio o Pesqueiro Maria Fernanda III ... ao surdo López.

* Menção Especial/ Concurso Literário Atina Chile/Nov. 2007


AMOR DE POBRES



A vi... e senti o golpe do amor, não no coração, mas que diretamente à boca do estômago. Como um kamikaze lancei-me em busca de sua atenção. A concorrência pela preciosa daminha era feroz, porém eu era um vira-lata e medindo o expediente de quebrar-lhe a cara e esmagar outras presas aos adversários , consegui postular solitariamente a dançar com ela.

Nunca havia sentido o impacto da atração brutal. Estava bêbado de paixão, e como curado reagi. Ou seja, não soube que merda lhe disse nem o que fiz, porém consegui que me olhasse. Tudo o que eu entendia por beleza se reunia nela. Me envolvia com a neblina espessa do sul. A amei desde o primeiro dia.

Toda a minha experiência nas vielas do Porto reluziram para impedir que galãs melhores parecidos me acercassem.
E aos poucos a ensinei a me querer.

A primeira tragédia havia sido não conquistá-la, a seguinte foi o haver conseguido.
Em confluência "le voltié" os portões de sua virgindade e dali para adiante só foi para mim...
E eu para ela... para sempre preso na armadilha de sua respiração.

A vida... a puta vida que sempre cobra por uns momentos de prazer... nesta ocasião sentiu condolências de minha indigência e me entregou anos, sem faturar-me sua concessão. Um dia me disse que queria um filho meu. Basicamente porque minhas correrias contra o regime militar fizeram supor que minha expectativa de vida era curta.

O embaraço subsequente e prévio ao matrimônio, me pôs no verdadeiro lugar da vida em sociedade.
Sua família me odiou e, a minha, sorriu desdenhosamente... muita mina para este "gueón". Nosso filho querido nasceu...e horas depois ela morreu.
Um desespero terrível começou a subir o gelo da boca de meu estômago. Mais terrível como foi a minha primeira grande tristeza e, por ser a primeira, alguém não sabe se terá alivio.
A nenhuma das famílias lhes importou minha pena. Se limitavam a exibir direitos sobre o recém-nascido.


Porém ela já não estava mais. Solitariamente, levei seus restos mortais ao cemitério. Nada queria mais do que estar nessa caixa para impulsioná-la a erguer-se dando-lhe o calor de meu corpo.
Porém a lógica implacável da razão me dizia que isso não era possível. Os empregados do cemitério atuavam mecanicamente, surpresos ao verem um homem só. Com uma margarida silvestre e um bebê nos braços, deixei seus amados restos mortais ao amparo do estreito nicho.

Cura, bêbado, rebelde, revolucionário, subversivo, nunca terminas nada! Foram os epítetos que escutei de ambas as famílias, como impedimentos conferidos a minha forma de ser, para fazer-se com o recém-nascido.

Porém a desgraça mais insuportável é a que nunca chega...assim é que levei o meu pequeno ao riacho El Soldao para salvar-me de tanta gritaria...e aqui estou.

A solidão...a velha rameira que só te libera a troco da contaminação social, me manteve fora de seu âmbito por insuportavelmente teimosia.

Por anos amei nele o que via de sua mãe...ria, e os gorjeios de prazer eu os traduzia aos privados encontros dos corpos nus com sua progenitora...assim é que produzi seu riso sublimava minha sexualidade...isso era tudo... e compartilhávamos os roncos com meu menininho em um único berço da pobre fazenda do riacho.

O ensinei a assoviar...e quando soube lhe dar inflexões ao assobio e, os cães e ovelhas partiam atrás dele, soube que já sabia todo o que um homem deve aprender.

Até que um dia lhe ocorreu que a mim...lhe doía a boca do estômago quando viu a uma dama...se apaixonou...e quis partir atrás dela. Assim vacilou entre seu pai e sua amada. Vá filho meu! Lhe disse...com medo de que não lhe quisessem como eu o queria. E além partiu com seu carregamento de sonhos e adeuses.


E aqui estou po'h...pela primeira vez não tive força para cobrar as redes... e fiquei arquejando... a rede vem muito carregada, pensei... porém não.

Recentemente tomei conhecimento de minha velhice.

Quantos anos haviam se transcorrido desde que me doeu o estômago a primeira vez?

Dentre o platinado do mar, a imagem dela emergiu nítida. Já será a hora...meu amor...me disse. E aqui estou po'h...

Sirva-me a outra cachorrinho!

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REALIZAÇÃO: ROCÍO L' AMAR

Rocío L'Amar é jornalista, intelectual conceituada, ativista cultural, correspondente e colaboradora de PALAVRA FIANDEIRA no Chile

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Fundador e editor de PALAVRA FIANDEIRA: 
Escritor Marciano Vasques

sábado, 19 de junho de 2010

PALAVRA FIANDEIRA 33

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PALAVRA FIANDEIRA
 REVISTA DE LITERATURA

ANO 1 - Nº 33 - 19/JUNHO/2010 


NESTA EDIÇÃO:

 


"Com açúcar, com afeto..." Chico Buarque de Hollanda


CAROLINA CARRIÇO


Claro, os olhos também comem! - Carolina Carriço

CARMEN EZEQUIEL ENTREVISTA

DIRETAMENTE DE PORTUGAL

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Não me chegava a ginástica. Tinha de me exprimir de forma criativa” Carolina Carriço
Por cá, há o hábito de dizer que os “olhos também comem”.
É de tal forma verdadeiro que, em Sombras Comuns, falámos com uma doceira de corpo e alma. E que, como ela própria refere “a principal garfada é a dos olhos”.
Aqui, entrevista-se Carolina Carriço, natural de Cedofeita (Porto), mas que encontrou no Alentejo (Vila Boim – Elvas) “toda a vivacidade, luz, alegria” para se expor aos outros.
É empreendedora, palavra que a define e caracteriza; criativa, espontânea, sincera e com um sentido crítico mas prático de como vive no seu quotidiano.
Numa cozinha virtual, imaginamo-la rodeada de utensílios, a produzir, a criar, a moldar, para nos surpreender majestosamente após a confecção de um bolo.
É de tudo e todo o lado que retira a sua inspiração para as mais variadas confecções, e se por um lado não nos admiramos com isso, maravilhemo-nos efectivamente, pois que, do seu curso base, onde lida com agentes farmacológicos construiu uma ponte para trabalhar o açúcar poeticamente, oferecendo aos gulosos olhos uma magnífica sensação de saciedade.
Aqui e agora, vos apresento Carolina Carriço.



PALAVRA FIANDEIRA – Fala-nos um pouco de ti. Quem é Carolina Carriço?
Carolina Carriço – Sou uma jovem que gosta de viver uma vida calma, entre amigos e familiares, cheia de bons momentos e descobertas. Mas, que na verdade, vive a um ritmo louco, frenético, muito intenso, …(risos). Sempre alegre e bem disposta.


Porto
PF – Vamos dar a conhecer um pouco no nosso Portugal aos leitores do Palavra Fiandeira. Com que cidade ou local em Portugal mais te identificas e por que?
CC – É uma pergunta difícil. Nasci no Porto e identifico-me imenso com ele no que toca ao meu eu mais profundo, como fonte de interiorização, calma, recolhimento e até na expressão artística. Por outro lado, o Alentejo contrapõe com toda a vivacidade, luz, alegria, exteriorização desses sentimentos… Quem conhece as duas regiões percebe as diferenças eminentes. Já não conseguiria viver sem ambos e preciso mesmo desse equilíbrio dinâmico. Estão empatados (risos).
Elvas
PF – A tua arte não é a das palavras, ou da captação da imagem ou da transformação da cor em objeto. A tua arte é a de trabalhar o açúcar. De trabalhares o açúcar para adoçares o paladar dos portugueses. Em que altura esta arte apareceu? Descreve-nos um pouco o teu percurso até aqui?
CC – Tirei o meu curso superior (licenciei-me em Farmácia) e tinha tudo para ter uma vida tranquila: estava no quadro (vínculo de trabalho), perto de casa. É uma profissão em que temos de pôr de lado as nossas emoções para auxiliar quem nos procura; ser objetivos e precisos. E, eu sentia necessidade de contrariar isso… não me chegava a ginástica e o exercício físico (risos). Tinha de me exprimir de forma criativa. O açúcar apareceu na minha vida, mais ou menos, por acaso, quando conheci as pessoas certas, no momento exato. Senti uma empatia enorme com os materiais e técnicas e, à medida que os ia e vou conhecendo melhor, cresço também como pessoa.
Acredito que todos nós temos necessidade de arte nas nossas vidas, para nos sentirmos bem, e seja ela que forma for (leitura, teatro, cinema, patchwork, Arraiolos, croché, e, açúcar).
Os meus bolos são para momentos especiais”Carolina Carriço
PF – Achas que os portugueses estão famintos das coisas boas da vida e por isso colmatam essa carência com o excesso de doces e gulodices?
CC – Não. Acho que todas as pessoas, inclusive os portugueses, gostam de coisas boas, criativas e diferentes; que as façam sorrir, enternecer-se, pasmar e até chorar. Podem ser doces ou não, depende do momento, da circunstância. Claro que numa festa o bolo é um elemento principal, cheio de simbolismo e sempre envolto em muita expectativa.
Se, em momentos que não são de festa comemos mais doces e guloseimas, penso que isso tem sobretudo a ver com pressões publicitárias e econômicas, aliadas a uma grande facilidade de acesso a esses produtos, que nos levam a adotar comportamentos de grupo errados.
A Quinta
PF – Numa altura em que se fala de obesidade; em que se fala que as crianças portuguesas estão cada vez mais gordas e, em que a magreza e a anorexia são o “ideal” de beleza; não achas que estás a contribuir para a doença da moda?
CC – Não. Os meus bolos são para momentos especiais, não são para consumir todos os dias. E, numa dieta equilibrada, na minha opinião, podemos permitir-nos pecar em dias especiais. Claro que também existe a possibilidade de fazer os bolos sem açúcar, ou sem ovos. Mas o problema está na forma como nos comportamos no dia a dia e não nos dias de festa.
PF – Qual tem sido a adesão das pessoas às divinais gulodices que crias? Os portugueses são mais exigentes com a apresentação ou com o paladar?
CC – Sem dúvida. Surgem-me pedidos muito variados, tanto em termos de massas, como de recheios. As pessoas começam a ver os bolos como um palco onde tudo é possível (risos). Já tive pedidos muito difíceis de concretizar, por serem equilíbrios complicados ou grandes recortes nas massas. Mas essa exigência é muito boa, pois permite-me evoluir enquanto concretizo sonhos e torno momentos especiais.
O bolo, …, simboliza o prazer de quem recebe” Carolina Carriço
PF – A criatividade dos teus bolos leva-nos a sonhar. Por vezes, há sonhos que se concretizam e os teus bolos estão lá, nesses sonhos. Onde te inspiras para as mais variadas confecções?
CC – (risos) Depende… Tudo pode ser uma fonte de inspiração; um olhar, uma frase, uma cor, um padrão, um tecido, uma foto, uma conversa.

PF – No teu blogue Açúcar e Arte (http://acucar-e-arte.blogspot.com), materializas aos nossos olhos, o amor, o carinho, a paciência e a criatividade dos teus trabalhos adocicados. Os olhos, para além de serem o espelho da alma também comem. É verdade? Quais têm sido as reações das pessoas?
CC – Claro, os olhos também comem! Diria que a principal garfada é a dos olhos (risos). Mas, o conteúdo também é muito importante. É o que faz as pessoas voltarem e quererem mais. Se a intenção fosse apenas estética, não teria de ser necessariamente açúcar, não é? Poderia perfeitamente ser plasticina que se colocava no centro de uma mesa e depois se guardava numa estante. O bolo também simboliza o prazer de quem recebe, em partilhar com os convidados a sua felicidade, através de um doce sabor. Se assim não for, por muita beleza que tenha um bolo, ele não cumpre a sua função.
Quanto às reações têm sido todas muito boas. Da curiosidade ao apoio, muitas vezes entusiasta, principalmente por parte de quem já provou.
A mala da Carolina
PF – “Um momento pode ser tudo. Um bolo pode fazer a diferença. Momentos doces, com história e amor”. Conta-nos a história em que tu sejas o personagem principal, num momento mais marcante da tua vida e, em que efetivamente um bolo pode fazer a diferença. Qual o bolo que te deu mais gosto fazer e por que?
CC – Não consigo escolher um… só posso dizer que todos são diferentes e especiais. Gosto de sentir a expectativa e curiosidade que o bolo traz à festa; gosto quando me apresentam ideias alinhavadas mas com espaço para introduzir a minha criatividade…
Adorava a forma como ficava surpreendida com os meus bolos de criança e de ver a cara dos meus amigos. É um momento mágico. Um ano foi um cisne em 3D, noutro, um comboio. A minha mãe e avó encarregavam-se dessas pequenas grandes surpresas (risos).

PF – É mãe, esposa, profissional de saúde, dona de casa, … e, ainda “Cake Designer”. Onde fica o lugar para a mulher somente? Que capricho podes chamar de só teu?
CC – Uui… perdi-a! (risos) De momento a mulher está em pausa; mas espero rapidamente reequilibrar a minha vida.
PF – Fala-nos da tua experiência no Festival do Chocolate de Óbidos?
CC – Foi muito boa, não só pelo desafio criativo mas também pelas pessoas que conheci. É muito enriquecedor ver o percurso de outros colegas, como se traduz na prática a sua criatividade, as técnicas que utilizam. É incrível o que se pode aprender através de simples conversas. Foram dias de uma enorme sensação de responsabilidade, mas também de apoio e amizade entre colegas. Adorei!
Festival Vilamoura, Maio 2010
PF – No início de Maio participaste, já com algum calejo, no Festival do Chocolate de Vilamoura. Como te sentiste a trabalhares com pessoas a assistir?
CC – Correu lindamente! A forma como se organizou o evento permitiu uma grande proximidade entre os visitantes e expositores, de forma que a relação foi muito pessoal. Permitiu que as pessoas que o visitaram ficassem à vontade para questionarem e aos quais tentei responder da melhor forma. Foi muito giro!
Flores Genealógicas
PF – O que tens a dizer a alguém que queira trabalhar neste ramo de atividade?
CC – Que o faço com amor, paciência, responsabilidade e querendo sempre aprender mais. Pode parecer simples, mas um bolo pode ser a alegria ou a desilusão de uma festa. Acima de tudo, que se divirta, porque criar é divertido!
Vaso Flores
PF – Queres deixar alguma mensagem aos leitores do Palavra Fiandeira?
CC – Sim. Quero incentivar a continuação de muitas e boas criações literárias, que tanta falta nos fazem. A literatura é de fato uma expressão artística maravilhosa! Obrigada a todos por tornarem os nossos dias mais coloridos.
Quero agradecer à Carmen este momento agradável que passamos à conversa.
Comunhão
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(In) Existência

Ser. Ser agora.
Nada. Ser nada e ouvir a chuva lá fora.
Sou eu e mais ninguém.
O som do mar nos meus ouvidos clarifica a minha mente insana e dá-me o prazer do momento.
Carmen Ezequiel – 8/Maio/2010
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Este foi mais um "Sombras Comuns" onde falar com a Carolina foi assim, como o poema que vos presenteei. Em que no âmago da essência do ser nos encontramos, pela humildade desta mulher.

Aqui, fala-se de tudo e de nada.
De tudo o que somos.
De nada que ninguém é.

Carmen Ezequiel – 29 de Maio de 2010

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REALIZAÇÃO:
CARMEN EZEQUIEL
Poeta, escritora, ativista cultural, correspondente e colaboradora de PALAVRA FIANDEIRA em Portugal