EDITORIAL

PALAVRA FIANDEIRA é um espaço essencialmente democrático, de liberdade de expressão, onde transitam diversas linguagens e diversos olhares, múltiplos olhares, um plural de opiniões e de dizeres. Aqui a palavra é um pássaro sem fronteiras. Aqui busca-se a difusão da poesia, da literatura e da arte, e a exposição do pensamento contemporâneo em suas diversas manifestações.
Embora obviamente não concorde necessariamente com todas as opiniões emitidas em suas edições, PALAVRA FIANDEIRA afirma-se como um espaço na blogosfera onde a palavra é privilegiada.

sábado, 29 de junho de 2013

PALAVRA FIANDEIRA — 122


Voar...


A literatura no mundo de hoje continua encantando... 


A leitura é a “porta de entrada” de toda e qualquer área do conhecimento.

PALAVRA FIANDEIRA

PUBLICAÇÃO VIRTUAL DE LITERATURA E ARTES
PUBLICAÇÃO DIGITAL
EDIÇÕES SEMANAIS
SÁBADO, 29 DE JUNHO DE 2013
ANO 4 — EDIÇÃO 122

GIANI PERES

A Educação é necessária, 
mas nem sempre o ensino é atraente.


1.Quem é Giani Peres?
Uma pessoa simples e feliz, que gosta de brincar, ler e se divertir com o marido e a família. Sou uma pedagoga que acredita na Educação e trabalho há 18 anos nesta área. Já trabalhei com Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio, Superior e Pós-graduação. Atualmente estou como coordenadora pedagógica na escola SESI de Itu/SP (Ensino Fundamental I e Educação de Jovens e Adultos). Atuo também como professora universitária no Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio em Itu/SP em diferentes cursos de licenciatura.
Ministro cursos, palestras e oficinas sobre diferentes temáticas educativas, sempre almejando contribuir com uma Educação melhor para as futuras gerações. Escrevo artigos ligados à Educação e também poesia.
Gosto da Educação como um todo, mas tenho uma paixão pela Educação Física, pois envolve o corpo, o movimento, a cultura...
Sou contadora de histórias, leitora fanática de livros e o melhor: Amo o que faço! Ah! E também tenho um sonho (Que acredito que em breve realizarei)... Que é publicar meu próprio livro, sobre temáticas relacionadas à prática educativa do professor.



2.Recentemente estive no SESI de Itu, e vivenciei, entre outras alegrias, o nosso reencontro. Porém você me reservou uma emoção e tanto, ao mostrar preservado o livro que eu autografei e dediquei em 2003, quando no mesmo local estive. Como vê atualmente, essa questão da preservação das coisas que precisam ser preservadas?
A história e a memória são extremamente importantes e devem ser preservadas, pois elas revelam o período de nossa existência na sociedade. Os registros são fundamentais, pois revelam nossas vivências e despertam lembranças daquilo que passamos / vivemos / sentimos e somos.
Como amo os livros... Gosto de organizá-los por temática, assuntos e também tenho a categoria “livros autografados”... Os quais tenho o maior xodó, pois remetem-me aos momentos de troca com os autores e de “beber direto da fonte” dos mesmos. Isso é fantástico!
Livro preservado pela educadora Giani Peres, desde 2003

3.Você é Coordenadora Pedagógica e demonstra ser bem feliz com o que faz. Poderia, gentilmente, nos comentar algo sobre esse seu “ofício”?
Bem, o trabalho na coordenação pedagógica é fascinante e desafiador. Vejo o coordenador pedagógico como um elo de ligação entre diferentes personagens envolvidos na trama escolar. O coordenador funciona como “ponte” para o trabalho com as famílias (sociedade), com os alunos, com os professores e também com a equipe de gestão. Enfim, exerce um papel de articulador dos saberes construídos na escola e também fora dela.
Como gosto muito de ler, procuro desempenhar minha função como “mediadora da leitura”, seja com os próprios alunos, estimulando-os e oferecendo “pílulas diárias” da leitura, emprestando livros e mobilizando. Procuro também mediar a formação continuada da minha equipe docente, proporcionando momentos de estudo e  subsídios teórico-práticos, com o objetivo de melhorar a qualidade do ensino e também recentemente estou desenvolvendo um papel de “mediadora da leitura” com os pais, pois a escola fez uma indicação literária e lançamos um convite aos pais para que viessem a encontros na escola para estudarmos o livro e trocarmos experiências. Está sendo sensacional. Os pais estão lendo e vem até a escola para compartilhar suas leituras.
Auxilio também a administradora escolar e procuro respaldar o trabalho dos professores, primando pela qualidade pedagógica.





4.Convive com a Literatura, em encontros com autores, e também no contato com os livros. Como vê a Literatura no mundo hoje? Ela ainda exerce o mesmo fascínio sobre as pessoas? Na era do Twitter e outros espaços de mensagens curtas, como vê um romance longo? Tem fôlego para conquistar os leitores?
A literatura no mundo de hoje continua encantando... Os livros clássicos estão sendo relançados, novos autores, novas histórias... surgem diariamente e até os materiais (qualidade do livro e das ilustrações) são fantásticas. Uma diversidade para atender todo e qualquer público.
Acredito que o gosto pela leitura venha do hábito de ler e para tal aquisição a leitura e os livros devem ser apresentados às futuras gerações com entusiasmo e prazer. Aqui está uma das mais nobres missões dos educadores: Ser exemplos de leitores e também incentivar o gosto pela leitura a seus alunos.
Seja um texto curto ou longo para ser devorado pelos “pequenos e grandes” leitores, os mesmos precisam ser “picados” pelo bichinho da leitura. Quando a leitura faz sentido e é envolvente... pode ter muitas páginas e continuará a “prender” a atenção do leitor.
Como as pessoas são diferentes, há perfis diferenciados e sempre haverá espaços para histórias fascinantes independente de seu tamanho ou portador textual.

5.Tem na lembrança algum livro que a possa ter marcado na infância ou na adolescência de tal modo que possa ter influenciado a sua vida em algum aspecto?
Sim... Tenho lembranças de quando eu era bem pequena e ouvia a história “O Patinho Feio” e sempre me emocionava, chegando, muitas vezes, até a chorar. Acredito que essa história tenha marcado minha vida, pois hoje vejo esse lindo conto de Hans Christian Andersen como “esperança”. Esperança em “Finais Felizes”, esperança na “Diferença”, na “Inclusão” e no respeito à Diversidade.

Estátua em Copenhagem homenageando o cidadão do mundo, Hans Christian Andersen.
 A leitura de sua obra 'O Patinho Feio" na infância, influenciou o coração da educadora para os valores primordiais da vida

Outro livro que tenho recordação “Brinquedos e Brincadeiras para você fazer” – Editora Abril – 1976. Este livro é uma relíquia que está muito bem guardada e foi comprado pela minha mãe que sempre incentivou, tanto eu quanto meu irmã, a ler e a fazer nossos próprios brinquedos, fantoches, dedoches, etc. Hoje sou muito grata, pois desde pequena tive o prazer do contato com essa obra que acabou contribuindo para que eu me tornasse professora e também Contadora de Histórias.
Ah! Quando era adolescente meu pai me deu duas enciclopédias “Palmape” e “Conhecer”. E disse-me que se eu lesse tudo aquilo passaria em qualquer vestibular... Comecei a ler e não parei mais. Hoje amo ler e leio de tudo um pouco... com muito prazer, é claro!

RELÍQUIA DE UMA VIDA!
Obra presenteada na infância, que influenciou a educadora


6.Demonstra ter consciência da situação do professor. Podemos afirmar que a valorização do professor é uma dos pontos primordiais para se conhecer a intenção de um governo?
Com certeza, a forma como cada governo concebe a Educação irá impactar na qualidade de serviços dos mesmos e nas “entrelinhas” de sua plataforma governamental.
Contudo, a valorização do professor deve ser sim assegurada pelo governo, mas principalmente, o próprio professor necessita se autovalorizar, falando bem da sua profissão, exercendo-a com mestria, primando pela qualidade, zelando pelo respeito e pelo compromisso social que assume ao entrar numa sala de aula.
Acredito, e sei que estou sendo utópica, que somente quando toda a classe do professorado valorizar seu ofício, o respeito será recuperado. Para isso, a sociedade carece não só de professores, mas de EDUCADORES de corpo e alma comprometidos com o ato de educar e com sua função social.


7.Quando uma diretora assume num colégio, o primeiro gesto dela deveria ser conhecer a Sala de Leitura, a biblioteca escolar. Tem quem pense assim. E você?

Eu penso assim. Uma das prioridades da gestão do espaço escolar são as Salas de Leitura ou Biblioteca Escolar. Como diria Monteiro Lobato: “Um país se faz com homens e livros”. Assim sendo, a biblioteca escolar constitui esse espaço de formação de leitores, estimulando a imaginação, despertando o hábito e o prazer pela leitura, contribuindo com uma sociedade mais letrada, mais crítica e criativa, que não só decodifique um texto, mas que possa ler esse texto em seu contexto, as linhas desse mesmo texto em suas entrelinhas...A literatura no mundo de hoje continua encantando... 
A leitura é a “porta de entrada” de toda e qualquer área do conhecimento. É preciso ler para compreender a geografia, a história, as ciências, a matemática... Sendo assim, é essencial zelar e garantir um espaço de qualidade para o maior tesouro de um cidadão – sua cultura.

Com pessoas queridas

8.A Poesia se faz ainda necessária no mundo ou a Sociedade pode sem ela viver?
Poesia é Arte e o ser humano precisa da Arte para humanizar-se. A poesia vem contribuir com nossos sonhos, nossas fantasias, nossos desejos, nossas esperanças. A poesia encanta e faz bem para o espírito.
Há espaço para diferentes estilos e autores... desde os clássicos como Olavo Bilac – o príncipe dos poetas, como sonetos, haicais, limeriques, entre outros.

Olavo Bilac, o Príncipe dos Poetas






9.Como vê em nossos dias a importância do contador de histórias?
Os contadores de histórias são essenciais. Escrevi em minha monografia que há três tipos de contadores de histórias. Os primeiros são os pais (fundamentais para a estimulação do hábito de ler); Os segundos são os professores (que deveriam ser como Sherazade em: “As mil e uma noites” que deixassem sempre um “gostinho de quero mais” em cada leitura ou contação e; Os terceiros são os Contadores de Histórias como profissionais à serviço da educação e da cultura, contribuindo com o universo fantástico e imaginativo de pessoas de todas as idades.
Esses três tipos de contadores são imprescindíveis na formação de uma sociedade leitora, crítica e criativa.

Sherazade: ... sempre um gostinho de "quero mais"...

10.Pergunta já manjada, mais ainda importante aqui: Acredita no fim da era do livro de papel?
Jamais. Os livros são preciosidades. O livro de papel encanta, fascina, comove, aproxima, acalenta... É um companheiro fiel que pode ir para todo lugar (não que os recursos tecnológicos não possam), mas os livros tem um “charme especial” e como há diferentes tipos de pessoas... Cada uma com suas idiossincrasias e preferências... Sempre haverá alguém que prefira um bom e velho livro para embalar os sonhos e alimentar a alma.
Às vezes, fico me perguntando: onde será armazenada toda essa informação digital? Será necessária a existência de um “pen-drive” gigante ou essas informações se perderão ao longo da existência? Acredito que os livros não se perderão nunca, pois sempre haverá um lugarzinho numa estante qualquer.

Em evento cultural, com amigos queridos

11.De que forma a Rede Social ou apenas a Internet pode contribuir com a Pedagogia no sentido de tornar a Educação mais atraente? Ou isso nem é necessário? Isto é: a Educação já é bastante atraente nas escolas...
A Educação é necessária, mas nem sempre o ensino é atraente. Infelizmente há práticas educativas que deixam marcas negativas. Quem nunca “travou” diante de uma “prova do livro”. A leitura deixa de ser prazer para ser instrumento coercitivo, o que para mim é um crime.
As redes sociais e a Internet oferecem um olhar mais dinâmico para a Educação, com informações mais reais e precisas, com estímulos visuais e sonoros, contudo assim como há materiais interessantes, há também outros não tão bons. Há informações equivocadas e nem sempre todos os sites são confiáveis.
O uso da Internet é inevitável, mas é preciso saber usar, com moderação, com pesquisa, com credibilidade e respeito aos direitos autorais.



12.Deixe aqui a sua mensagem final. Qual a sua PALAVRA FIANDEIRA?
Primeiramente gostaria de agradecer novamente ao autor Marciano Vasques que esteve em nossa escola em 2003, retornando dez anos depois e abrilhantando uma noite fria com seus saberes e experiências.
Adorei ter participado dessa entrevista, pois possibilitou a Reflexão sobre minha Ação educativa e isso é essencial ao professor reflexivo, tão almejado nos dias atuais. Sucesso à Palavra Fiandeira!
Gostaria de deixar uma frase de um educador que aprecio muito que é Celèstin Freinet: “Só o divertimento nos desabrocha e nos liberta”.
Faça o que te divirta! Aproveite bem seu dia, contribua com o corpo e com a alma. Brinque, seja feliz e LEIA MUUUUUUITO!

PALAVRA FIANDEIRA
PUBLICAÇÃO LITERÁRIA DIGITAL
PUBLICAÇÃO SEMANAL DE DIVULGAÇÃO LITERÁRIA E ARTÍSTICA
ANO 4 —SÁBADO, 29 DE JUNHO 2013 
EDIÇÃO GIANI PERES
PALAVRA FIANDEIRA:
FUNDADA PELO ESCRITOR MARCIANO VASQUES






sexta-feira, 21 de junho de 2013

PALAVRA FIANDEIRA — 121







Nossa vida não teria sentido se passássemos por ela sem deixar nossa marca! 

As vozes da periferia me embalam...


PALAVRA FIANDEIRA

REVISTA VIRTUAL DE LITERATURA E ARTES
Publicação digital de Literatura e Artes
Edições semanais
Sábado,  22 de Junho de 2013

Edição 121

CIDA SANTOS




1.Quem é Cida Ferrari?
Prefiro que você pergunte quem é Cida Santos. Eu explico: acrescentei o Ferrari por conta própria, porque queria homenagear minha mãezinha que escorregou para o outro lado no ano 2000 e, a partir daí, comecei a pesquisar sobre a Arvore Genealógica da Família Ferrari. Já encontrei mais de 3000 pessoas que são descendentes da Família dela e, ainda pretendo escrever um Livro sobre a linda história dos Ferrari. Utilizando-me desse sobrenome, o facebook acabou sendo uma fonte preciosa; cada vez que eu encontro um Ferrari, vou compilando dados e vou montando o esqueleto desse livro. Quem sabe, um dia, ele fica pronto e a gente possa editá-lo!  Nasci em Laranjal Paulista, tenho 57 anos, sou Assistente Social. 




2.A conheci quando do lançamento do livro sobre a história da Zona Leste. Poderia nos falar sobre essa sua experiência? Como foi o processo de construção do livro “Zona Leste Fazendo História”?
Lembro-me muito bem de você num dos lançamentos do Zona Leste Fazendo História! Bem, o meu primeiro livro Zona Leste Meu Amor, nasceu por conseqüência do meu trabalho na Eletropaulo. Atendendo aos programas sociais da Empresa, eu atuava nas favelas,  ocupações e cortiços de toda a Zona Leste (I e II) e no dia-a-dia, fui criando vínculos com grandes lideranças comunitárias, como: Elgito Boaventura da Favela Primeiro de Outubro em Guaianazes, o Grande Messias da Favela do Jardim Robru, o Santo, a Neusona e o Padre Ticão de Ermelino Matarazzo, “Seu Espíndola da Favela Vila Prudente, Carmelita da Favela Haia do Carrão, enfim, grandes líderes que eram capazes de dar a vida pelas suas comunidades e que, na realidade foram agentes de transformação dos espaços que escolheram para viver. Esse vínculo com essas pessoas maravilhosas cresceu de tal forma, que elas se tornaram muito importantes pra mim, aí resolvi homenageá-las num livro. Naquela época, creio que não havia qualquer livro semelhante, que contasse, com simplicidade, aquelas histórias tão lindas. Eu precisava documentar tudo, para que ficasse na memória das pessoas, que esses heróis anônimos lutaram bravamente para que o povo tivesse o “seu cantinho”. Aí nasceu o Zona Leste Meu Amor! Nunca tive a pretensão de ser escritora! Gostei da idéia do primeiro e surgiu a idéia do segundo, aliás, quem deu o nome para o segundo livro, foi minha amiga Ana Maria Martins! O Zona Leste Fazendo História, foi um resumo da história da Zona Leste, porque ela é muito grande e cada bairro dá uma história. Hoje, já existem alguns livros sobre os nossos bairros e eu fico muito feliz. Sou admiradora e  defensora da ZL e tudo o que se produz aqui é sempre da melhor qualidade!  




  



3.Vive numa cidade do interior, Laranjal, mas demonstra não ter perdido o vínculo com a Região de São Miguel Paulista, sua capela, seus cantadores. Que fatos contribuíram para o fortalecimento dessa ligação/paixão?
No momento, estou de volta na ZL, minha casa continua aqui em AE Carvalho! Laranjal Paulista é a Cidade em que nasci  mas, com 11 anos de idade, mudamos para a Zona Leste e foi aqui que passei o resto da minha infância, minha adolescência, aliás, uma adolescência maravilhosa, estudei na Escola Dom Pedro em São Miguel Paulista, tive o privilégio de estudar lá, na época, a melhor escola pública que havia em toda a região. Lembro-me com orgulho que tínhamos algumas matérias escolares que se tornaram a base da minha educação: radicais gregos, artes dramáticas, francês, música, religião e etc....eu duvido que hoje alguém tenha esse privilégio! Continuei os estudos (colegial) na Escola Castro Alves na Avenida São Miguel e depois cursei Serviço Social na Unicid que, na época, chamava-se Faculdade da Zona Leste. Enfim, toda a minha formação foi aqui na ZL. Já no ano 2000, eu estava aposentada pela Eletropaulo e, com o falecimento de minha mãe, fui morar em Laranjal Paulista para tomar conta de meu pai. Lá chegando, recebi um convite muito especial do então prefeito, para ocupar o cargo de Secretária Municipal de Assistência Social, o que me deu muito orgulho e, naquele cargo, permaneci durante nove anos. Em razão de mudança de gestão, acabei sendo convidada a assumir o mesmo cargo no Município de Conchas (terra da minha mãe) e por lá fiquei durante três anos. Agora, no início de 2013, retornei à Zona Leste e estou descansando um pouco. A ZL exerce um fascínio sobre mim, aqui eu me sinto em casa, perto de amigos queridos que eu admiro tanto!   
 


4.Aprecia poesia e está em sintonia com os poetas emergentes e as vozes da periferia. Poderia nos traçar um panorama dos produtores de poesia, resgatando assim, brevemente, a própria história da Poesia na periferia de São Paulo?
Como assistente social, a periferia sempre foi e sempre será o “lugar” onde eu necessito estar! A riqueza cultural, a simplicidade, o modo simples de ver a vida, essa coisa de “lutar” por direitos, por dignidade, por cidadania, a gente só consegue ver e sentir na periferia! Aqui, o “humano” fala mais alto! As vozes da periferia me embalam, nossos poetas e escritores, falam a nossa linguagem, tipo: um pé no chão e outro nas nuvens, afinal, não podemos deixar de sonhar!
   
5.Teve alguma ligação com o MPA (Movimento Popular de Arte)? Como conheceu/encontrou Akira Yamasaki? Conheceu Raberuan?
O Compadre Akira Yamasaki, por incrível que pareça, eu só vim a conhecer pessoalmente em 2013, mas já lia os seus poemas e acompanhava sua trajetória a muitos anos! O Raberuan era um artista adorado por um amigo meu chamado Cacá de Oliveira, que era o Diretor da Casa de Cultura Chico Mendes. Eu não o conheci, mas também acompanhava sua trajetória a muito tempo! Não tive ligação com o MPA, mas sempre acompanhei com admiração a trajetória desses meninos.

Akira Yamasaki


Raberuan

6.Certa vez aconteceu um fato curioso comigo; eu estava com uma camiseta na qual tinha uma arara, e uma mensagem de preservação da natureza. Estava numa manifestação, e uma política, que foi vereadora, etc , pediu que eu fosse retirado do local, pois estava ali como provocador, visto que ela havia confundido a ave de minha camiseta com um tucano. Você tem um belo casal de tucanos em seu quintal, não é? O que nos diria sobre a urgência de se cuidar da natureza atualmente?
A natureza está pedindo socorro! O Homem não tem muito compromisso com ela atualmente! É preciso falar aos pequeninos, na escola, para que, pelo menos eles, respeitem a natureza! A proteção à natureza, a meu ver, não passa por “partidos verdes” ; basta apenas, que no dia-a-dia, o “homem” perceba a importância dela!  



7.Tem uma forte ligação com o melhor da Poesia, e transita de Drummond a Chico. Como vê a necessidade da poesia em nossa contemporaneidade? Ela é de fato necessária?
A Poesia me comove, desperta “sentimento”, aguça aquilo que, no momento, estava lá no âmago e, de repente, vem à tona....impossível viver sem a poesia! Ela é necessária, de fato; sem ela, a vida passa a ser como um alimento sem tempero, insípido, ausente de atrativos! A poesia é vital pra mim!


Poeta Drummond

8.É, obviamente, uma historiadora com acentuada inclinação literária&poética. Tem algum projeto nesse sentido que pode revelar para a FIANDEIRA?
Como eu disse, no início da entrevista, quero escrever o terceiro livro, contando a história da Família Ferrari. A pesquisa está semi-concluída, faltando apenas alguns detalhes.

9.Está sintonizada com o seu tempo, naturalmente: Rede Social, Internet, e participa de um intercâmbio cultural. Diante disso, e das transformações promovidas pela tecnologia, acredita no fim da era do livro de papel?
Impossível não aderir à tecnologia, mas o prazer de ler um livro de papel, não tem preço!

10.Recentes acontecimentos no país sinalizam que o modelo de partidos políticos e governos discrepantes da realidade, porém usuários de populismo, etc, esgotou-se. Dentro dessa circunstância, acredita que as artes e a literatura possam de alguma forma participar exercendo o seu papel orientador entre os povos?
Os Partidos Políticos estão falidos hoje! Creio, firmemente, que as artes e a literatura revolucionarão o mundo ainda! 

11. Caetano cantou que “A Vida é Amiga da Arte”... e Nilton cantou “Todo artista tem de ir aonde o povo está”. Podemos dizer que nem sempre a vida é amiga do artista, ou que o povo também tem de ir aonde o artista está?
O artista de periferia luta pela vida e pela arte. É uma luta que parece sem fim, mas ele não desiste jamais. Onde há um artista de periferia, com certeza, o povo estará presente! 

12.Deixe aqui a sua mensagem final. Qual é a sua PALAVRA FIANDEIRA?
Em primeiro lugar, quero agradecer pela honra de participar da Palavra Fiandeira e da minha grande admiração pelo seu trabalho, amigo Marciano Vasques.
A palavra de ordem é: Viver é maravilhoso! Principalmente quando deixamos um pouco de nós em todos os lugares e no coração das pessoas! Nossa vida não teria sentido se passássemos por ela sem deixar nossa marca!  Neruda, um dos meus prediletos disse: “ a multidão tem sido para mim a lição de minha vida. Posso chegar a ela com a inerente timidez do poeta, com o temor do tímido, mas ___uma vez em seu seio ___sinto-me transfigurado. Sou parte da maioria essencial, sou mais uma folha da grande árvore humana”!   





PALAVRA FIANDEIRA
PUBLICAÇÃO DIGITAL DE LITERATURA E ARTES
EDIÇÕES AOS SÁBADOS
ANO 4 —EDIÇÃO 120 — CIDA SANTOS
PALAVRA FIANDEIRA:
Fundada pelo escritor Marciano Vasques




sábado, 15 de junho de 2013

PALAVRA FIANDEIRA 120




"O contato com o livro é maravilhosamente inexplicável! [...] A magia da descoberta, o bailar das palavras tomando formas fantásticas, a textura percebida ao toque..."








PALAVRA FIANDEIRA
REVISTA VIRTUAL DE LITERATURA E ARTES
Publicação digital de Literatura e Artes
Edições semanais
Sábado, 15 de Junho de 2013

Edição 120

CLÉIA KARIEL GRAÇAS



1.Quem é Cléia Kariel Graças?
Mineira, apaixonada por crianças e fascinada pela leitura. Filha de professora aposentada e lavrador de quem herdei a paixão pela educação e o respeito pela natureza e os animais. Bibliotecária, contadora de histórias por paixão e me aventurando na arte da representar!


2.Como é ser bibliotecária hoje numa época tão já virtual? Quais as sensações do contato direto com o livro? E como se sente diante da responsabilidade de incentivar a leitura para a nova geração?
O conceito de biblioteca evoluiu e consequentemente o de bibliotecária também. Como atuo em biblioteca escolar, cujo desempenho profissional é estimular, educar e aprimorar nos alunos o espírito investigador, o meio virtual é mais um ambiente onde se pode aplicar as competências adquiridas no meio escolar.
O contato com o livro é maravilhosamente inexplicável. Vou tentar descrever algumas sensações das quais sou envolta quando estou com um livro. A magia da descoberta, o bailar das palavras tomando formas fantásticas, a textura percebida ao toque... Dentre outras tantas...
Sinto-me privilegiada em colaborar e permitir que descubram essas sensações. É prazeroso perceber nos olhos a curiosidade, o encanto da descoberta. A nova geração, de adolescentes, é bem resistente aos livros e fascinada pela tecnologia. Procuro utilizar-me deste gosto para o incentivo à leitura, à criatividade, a descoberta, etc.

3.Em Campinas, estive com a Flávia Santos, que comentou o quanto gosta de você. Participar dessa corrente de pessoas que em lugares diversos ajudam a difundir o livro e o gosto pela doçura da leitura é um extraordinário presente em minha vida. O que a levou para a decisão de trabalhar em biblioteca?
Foi no período da faculdade. Cursava uma disciplina optativa da grade do curso de letras intitulada “Narrativas curtas”. Foi meu primeiro contato com a “contação” de histórias. Desde então, decidi que trabalharia em biblioteca escolar para incentivar a leitura através das muitas histórias.

Flávia Santos, de Campinas, e Cléia, são amigas
4.Cleia, você faz teatro. O que nos pode contar sobre essa experiência, esse envolvimento com a arte do palco?
É fascinante. No teatro eu só não entro e sinto a mágica da trama das histórias como me torno parte da mesma. No palco eu sou parte. Eu sinto, respiro, vejo, penso como o personagem. Deixo de ser espectador para me tornar personagem. É fantástico! Embora precise aprender muito, estou amando estudar essa arte.

Casa de Teatro, de Amparo
5 A Rede Social em seu timbre democrático de expansão universal modificou não apenas a forma como os humanos se comunicam, mas também, aos poucos, a própria forma de fazer política no mundo. Nesse amplo espectro democrático, muitos nela estão para divulgar a Literatura e as artes. Você atua na Rede. O que nos pode dizer sobre esse revolucionário fenômeno da Internet?
As pessoas necessitam de novidades e como tudo o que é novo, existem os lados bom e ruim. Eu costumo enxergar sempre o lado bom das “coisas”. Eu gosto dos recursos e das possibilidades oferecidos pela rede e me utilizo muito deles, tanto no trabalho como no pessoal. Na questão das informações, acessos, divulgação e contatos tem sido bem útil. A Internet está difundida entre a população a apenas 17 anos. Creio que ainda virão inovações fantásticas.
6.Fale-nos gentilmente um pouco sobre o espetáculo “O Rei da Vela”.
O espetáculo foi uma brilhante adaptação do admirável e nobre colega Alexandre Cruz, dramaturgo de Amparo, do original de Oswald de Andrade. A questão política em que se encontra a sociedade, carregando muitos tabus de tempos de outrora. O manifesto antropofágico. A vantagem a todo custo. As características marcantes presentes nos três atos, referem-se à tabus como o futurismo, a sexualidade e a metalinguagem (retratada com metateatro). Aproprio-me oportunamente da frase de Mahatma Gandhi, que diz: “Odeio o privilégio e o monopólio. Para mim, tudo o que não pode ser dividido com as multidões é tabu”. O espetáculo foi um sucesso e será apresentado em alguns municípios.


7.Você é uma contadora de histórias? Qual a sua impressão ao protagonizar uma narrativa para os pequenos?
Sim. Amo contar histórias. A impressão com os pequenos é única. Fabulosa. Eu vejo através dos olhinhos cada emoção vivida pela história: o medo, a alegria, o desespero, a dúvida...é a melhor recompensa que poderia receber. É Divino.

Com pessoas queridas
8.Tem algum livro que leu na infância ou adolescência que possa de alguma forma ter influenciado a sua vida?
Na verdade existem três livros que marcaram cada fase já vivida: A fada que tinha idéias, na infância - O menino do dedo verde, na adolescência e A moça de Babuluá na juventude, no curso de narrativas curtas da Universidade...

Um clássico da Literatura Infantil

9.Literatura e Teatro. Duas paixões em sua vida, assim me parece. Como concilia as duas atividades, no sentido do tempo.
Não é tarefa fácil. Mas todos nós estamos acostumados a lidar com diversas atividades no dia-a-dia. É tudo questão de prioridade. Para conseguir me dedicar satisfatoriamente ao trabalho, literatura e ao teatro, eu tive que abrir mão de outras coisas, que no momento não são prioridade.

Cléia ama teatro!
10.Falou recentemente sobre a diversidade cultural do Brasil. Poderia nos expor, aos nossos leitores, algo sobre isso?
Eis o lado bom da herança deixada pelos colonizadores. A diversidade cultural, as diferenças culturais entre as pessoas: as danças, estilos de vestimenta, culinária, festas, histórias, crenças, tradições, costumes, valores, etc.  É um caminho que abrange boa parte das pessoas, dando a todos o direito de expressão. A diversidade cultural preserva a sobrevivência e a longo prazo as culturas indígenas que são tão importantes para humanidade assim como a conservação de todas as espécies existentes no ecossistema. A oportunidade de estarmos em contato com tudo isso, aprender, cuidar e preservar é um privilégio, Uma riqueza que ninguém nos tira e eu me orgulho.

Com Vilma e Thaila, amigas
11.Sei que é uma grande leitora. Tem queda por algum gênero literário? Ou transita em todos por igual? E aproveitando, considera importante o trabalho de desenvolvimento de leitura de crônicas com os jovens?
Por algum só não, por quatro. Transito por todos os gêneros, como leitora e educadora, mas flutuo quando leio contos populares, indígenas mitos e lendas. O trabalho com crônicas é importantíssimo, já que os jovens são tendenciosos, em grande porcentagem, ao distanciamento da leitura. As crônicas são textos que retratam o cotidiano e permitem um diálogo com o leitor. Os nossos alunos jovens gostam muito, principalmente as humorísticas.

Com Raquel Coimbra
12.Deixe aqui a sua mensagem final. Qual a sua PALAVRA FIANDEIRA?
Minha mensagem é para os jovens. Não deixem que o brilho encantador dos olhos de criança se apague. Continuem se aventurando nos contos fantásticos ou vibrando com as descobertas. Livros ou Internet, não importa, Abram-os. CRIATIVIDADE, é minha deliciosa PALAVRA FIANDEIRA.


Companheiro



PALAVRA FIANDEIRA
PUBLICAÇÃO DIGITAL SEMANAL DE DIVULGAÇÃO LITERÁRIA E ARTÍSTICA
PUBLICAÇÃO VIRTUAL DE DIFUSÃO LITERÁRIA
PALAVRA FIANDEIRA É UMA PUBLICAÇÃO SEMANAL
EDIÇÕES AOS SÁBADOS
EDIÇÃO 120 —CLÉIA KARIEL GRAÇAS

PALAVRA FIANDEIRA
FUNDADA PELO ESCRITOR MARCIANO VASQUES