EDITORIAL

PALAVRA FIANDEIRA é um espaço essencialmente democrático, de liberdade de expressão, onde transitam diversas linguagens e diversos olhares, múltiplos olhares, um plural de opiniões e de dizeres. Aqui a palavra é um pássaro sem fronteiras. Aqui busca-se a difusão da poesia, da literatura e da arte, e a exposição do pensamento contemporâneo em suas diversas manifestações.
Embora obviamente não concorde necessariamente com todas as opiniões emitidas em suas edições, PALAVRA FIANDEIRA afirma-se como um espaço na blogosfera onde a palavra é privilegiada.

domingo, 14 de março de 2010

PALAVRA FIANDEIRA 21





PALAVRA FIANDEIRA
 REVISTA DE LITERATURA
ANO 1 - Nº 21 - 14 MARÇO 2010
NESTA EDIÇÃO:
REGINA SORMANI

@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@

******************************** 
1. Quem é Regina Sormani?
 
A autora autografando 
- Alguém que não desiste nunca

2. Conte-nos, por gentileza, sobre o seu projeto "Viva o Livro Infantil".   

- É um projeto que realizo em conjunto com meu Teatro de Bonecos, quando visito escolas e BIJS aqui na capital, ou quando vou ao interior para  participar de encontros, feiras de livros, tarde de autógrafos, etc. Esse projeto visa estimular a leitura, colocando os leitores em contato com personagens do livro.

3. Como deve ser um(a) contador(a) de Histórias? Ele ou ela deve ou precisa sempre utilizar recursos, adereços?
- Gosto muito de trabalhar com os contadores de história. Em primeiro lugar, o contador precisa amar o que faz. Cada qual tem seu estilo. Usar adereços, ou não, é uma escolha  pessoal. Trabalho sempre com bonecos, fantoches, marionetes e acho  sensacional. 

4. Você  foi eleita para coordenar a AEILIJ  de São Paulo. Explique aos leitores o que é a AEILIJ. 

- A AEILIJ  é a Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil, e fez 10 anos em 2009. Ela congrega profissionais de todo o Brasil e se divide em várias regionais, sendo a nossa, de São Paulo, aquela que tem o maior número de associados. A AEILIJ foi criada para fortalecer a classe e está crescendo, conquistando novas adesões e parcerias.  

5. É plenamente feliz no exercício dessa coordenação?  Encontra o respaldo, ou seja, conta com a participação e o envolvimento de todos os membros da sua Regional? 

- Acho que ninguém consegue ser totalmente feliz....prefiro dizer que caminhei bastante, desde que aceitei o cargo. Conquistei algumas medalhas virtuais, rsrsrs... Ainda não estou satisfeita, tenho muito chão pela frente.  Conto com a participação de vários membros da regional, você, inclusive, que é um  amigo precioso. Tenho tentado “recrutar” o pessoal, utilizando o blog, a lista regional, as feiras de livros, as homenagens.  Aos poucos, os associados estão se aproximando, aderindo às atividades. 

5. Você  realiza matérias para a TV PAULINAS. Como é esse trabalho? Fale-nos sobre ele.
 
Presépio construído para programa da TV PAULINAS 

- Tenho vários livros publicados pelas Paulinas. Fui convidada para falar a respeito da AEILIJ SP. Gostaram bastante e me pediram que fizesse algumas entrevistas com:  ilustradores, crianças nas livrarias e com o Papão que é um boneco que os pequeninos adoram. Os resultados foram positivos  e nos próximos meses mais coisas deverão acontecer. 

6. Sua família está  repleta de artistas, não é? Diga um pouco sobre o trabalho de seu marido, e também de seu filho.

- O Marchi é um ilustrador bastante conhecido, e tem dado muita força à AEILIJ SP, apesar de não ser um associado.
Ele faz parte da SIB, que é a Sociedade dos Ilustradores do Brasil. Meu filho, Daniel, é barítono, cantor lírico, Vem participando de várias montagens operísticas, 
Com o filho ator
e a Raquel, minha filha mais nova, é estilista, trabalha no ramo da moda feminina.

7. Demonstra valorizar o envolvimento social com os amigos, gosta de promover jantares, cafés matinais, almoços..., fale sobre  o prazer que isso lhe proporciona.

Com amigas escritoras e ilustradoras 

- Na verdade, tenho feito menos encontros sociais do que considero necessário. É difícil mobilizar os associados numa cidade como São Paulo . As pessoas, de maneira geral, priorizam seus compromissos particulares... Aqui, tudo é longe, o trânsito é caótico. É uma verdadeira maratona organizar  e promover almoços, jantares, cafés, etc....Por outro lado: estar junto, conversar, falar sobre projetos, é realmente muito bom. 

8. Um de seus livros, BICHINHOS DO ZOOLÓGICO, está na 10ª  Edição. Qual a abordagem desse livro e para qual público etário é direcionado?   

- Durante as várias visitas que fiz ao Zoo de São Paulo, os tratadores de animais me relataram problemas com animais que comeram saquinhos de plástico jogados pelos freqüentadores. Muitas vezes, a falta de informação leva a comportamentos inadequados, então, pensei em escrever um livro com versos e brincadeiras para ensinar crianças e adultos a não jogar comida aos animais. O livro é muito procurado pelas escolas, pois as crianças, ainda muito pequenas ( 3 ou 4 anos) são levadas anualmente  para visitar o  zoológico.

9. Como vê  a importância da Poesia no processo educacional de uma criança? Crê  que há um investimento satisfatório nessa área na educação? 

- Sempre considerei a poesia meu instrumento de trabalho mais eficaz e prazeroso. Tudo fica melhor, mais efetivo quando é dito em versos. Infelizmente, não sei por qual motivo é tão complicado editar livros de poesia  aqui na nossa terra, que é  tão rica em poetas e compositores.

10. Certamente visita escolas. Qual a sua experiência, e a receptividade do público infantil? 

- Sim, tenho visitado muitas escolas. Certa vez, uma diretora me chamou e disse: -“ Toda vez que você vem com o teatro, parece que as crianças vão receber o Papai Noel!”  Nunca mais me esqueci daquelas palavras.

11. Além de escrever, exerce criatividades manuais. De onde e de quando veio esse gosto pela arte com as mãos?

- Olhe, até que faço “pouca arte”! Fiz um curso de desenho e pintura há alguns anos atrás, mas, não tenho lá grande talento, não. Gosto de arte em geral e tento me manter informada sobre as várias tendências. Admiro muito o trabalho dos Ilustradores e pintores do nosso tempo.  

12. Também se destaca por participar de homenagens, tal como ocorreu com Tatiana Belinky. Acredita que essas homenagens contribuam para a memória e a valorização dos talentos de nosso país? Há algum próximo homenageado em vista? 

Na Assembleia Legislativa de São Paulo, 
em ato de homenagem à escritora Tatiana Belinky 
- Conforme você citou, as homenagens contribuem para fixar a memória dos talentos do nosso país. Em breve, convocarei uma reunião com os associados de Sampa para recolher sugestões a respeito do homenageado de 2010. Sugestões recolhidas, esses nomes serão votados e aquele que tiver o maior número de votos será indicado para ser homenageado.

13. De que modo a mídia e a sua programação (músicas, etc) influenciam no comportamento e no afastamento da criança da leitura? Acredita que a mídia possa influenciar de forma oposta, ou seja, levando os pequenos ao apego do livro?

- Sim, a mídia é importante  e isso pode se converter em influência positiva ou negativa, dependendo da maneira como for utilizada. Ocorre que : quase não existe programação de boa qualidade voltada ao público infantil. Então, as crianças passam  horas sentadas, assistindo desenhos importados, muitas vezes violentos  ou sem conteúdo.

14. Fale de suas criações no Teatro Infantil, área em que também atua.

- Escrevi peças infantis adaptadas dos meus livros. Personagens que fazem sucesso entre a garotada: a boneca Letícia e o monstro Bocalhão, do livro: Bye, Bye, Amigo Monstro ( Paulus).Outra personagem que é odiada, mas, levanta o público é a Poluição, que foi construída com sucata, tampinhas de garrafa e tiras de plástico ( Paulinas) Tenho carinho por todas as personagens que criei para o teatro.  

15. Quem não tem cão usa a imaginação?
- Essa história surgiu numa época em que morei num condomínio no qual o síndico proibia animais. Rodrigo, o menino da história, queria ter um cachorro e como não podia, inventou um cão imaginário. Usou a imaginação!  

16. Um de seus livros, "Quem Tem Medo do Porão?", é  uma obra interativa. É um livro sobre o medo na infância? 
Livro de Regina Sormani 
- Pode ser visto dessa forma, mas, trata-se da minha história, minhas aventuras, com  coleguinhas, no porão da casa da família.
Aquelas crianças existiam de fato. Hoje, são adultos e consegui reunir a maioria em 2007, num lançamento que fiz na escola onde estudei, em Agudos, interior do estado. Lá, recebi muitas homenagens e me emocionei muito.
Homenageada em Agudos 
17. Tem algum projeto em qualquer área que já possa revelar?

- Pretendo terminar de escrever outro livro de poesia infantil e correr atrás de um patrocínio para realizar oficinas de poesia nas escolas, centros culturais, BIJS, o que pintar......  

18. Qual a sua maior fonte de leitura preferida? Poesia? Poesia Infantil? Contos? Romances? Biografias? Poderia citar um ou uns livros que foi / foram importantes em sua vida?  

- Para relaxar, gosto de histórias detetivescas, onde a gente põe a imaginação para trabalhar. Para meditar, tenho um belo livro de cabeceira: Memórias, Sonhos e Reflexões, de Jung.  Poesia? Sim, poesia eu sempre leio muito e adoro escrever.

19. Professor, bem sabemos, na atualidade, em nossa terra, não é bem valorizado, aliás, podemos afirmar que é desvalorizado, a começar pelas autoridades com poderes. Sendo que a Educação e a Literatura de certa forma são irmãs, como vê a valorização do Escritor hoje por aqui? Tem alguma sugestão de como ele poderia ser mais valorizado?  

- Como você deve saber, sou pedagoga, já batalhei muito, dei aulas em condições inimagináveis e não me recordo de dias melhores. Sempre foi difícil. A valorização do escritor tem que começar, aliás, já começou, dentro do nosso próprio meio, com mobilizações, assim como faz a AEILIJ, assim como cada regional  deve tentar  fazer, Temos que ser vistos e ouvidos. Quanto tempo vai demorar para que as coisas melhorem, não sei. Sei que o pior é a estagnação.
Vamos trabalhar minha gente! Juntos e participativos seremos mais fortes.

20. Deixe a sua mensagem para os leitores de PALAVRA FIANDEIRA.  

- Agradeço a oportunidade de deixar aqui meus depoimentos e quero terminar esta entrevista parabenizando o escritor Marciano Vasques que tem se empenhado em fazer da PALAVRA FIANDEIRA um veículo de informação cultural da melhor qualidade. Quem quiser conhecer mais sobre meu trabalho pode acessar:
Um grande abraço aos leitores de PALAVRA FIANDEIRA.

@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@
ENTREVISTA REALIZADA POR MARCIANO VASQUES
Marciano Vasques é o fundador de PALAVRA FIANDEIRA


2 comentários:

  1. Marciano,

    Parabéns pela revista "Palavra Fiandeira" e pela bela entrevista com a nossa coordenadora.

    Regina,

    Parabéns pela dedicação e empenho como coordenadora da AEILIJ-SP. Você e o Marchi estão sempre dispostos a ajudar. Obrigada!Faltou a foto da Marchi e da filhota. rsrs

    Beijos.

    ResponderExcluir