EDITORIAL

PALAVRA FIANDEIRA é um espaço essencialmente democrático, de liberdade de expressão, onde transitam diversas linguagens e diversos olhares, múltiplos olhares, um plural de opiniões e de dizeres. Aqui a palavra é um pássaro sem fronteiras. Aqui busca-se a difusão da poesia, da literatura e da arte, e a exposição do pensamento contemporâneo em suas diversas manifestações.
Embora obviamente não concorde necessariamente com todas as opiniões emitidas em suas edições, PALAVRA FIANDEIRA afirma-se como um espaço na blogosfera onde a palavra é privilegiada.

domingo, 29 de agosto de 2010

PALAVRA FIANDEIRA 40


 PALAVRA FIANDEIRA
REVISTA DE LITERATURA
 ANO 1 - Nº 40 - 29/AGOSTO/2010
FUNDADA POR MARCIANO VASQUES

NESTA EDIÇÃO:
DE ESPANHA:
JOSÉ PEJÓ VERNIS
POR ROCÍO L' AMAR
(CHILE)
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O QUE SE PREMIA QUANDO SE PREMIA A 
JOSÉ PEJÓ VERNIS

Neste mundo onde só se aprecia a mediocridade, a capacidade de fingir, o gesto vazio, a pornografia, as garotas que só brincam ao riso saturadas de silicone, o nervo, os oportunistas, o "Amigo da Onça", os chegados à crítica ademicista, o adulador, o snob, os pedantes, o midiático, enfim, entre outros figurinos, não obstante, todavia se premia a poesia como se fosse ontem, nestes tempos de grandes conflitos, calamidades, desapego, fome, crises sociais,  através destes lugares donde o escritor/ poeta escreve, sombreando trêmulo disperso apoteótico.

Dizem que há poetas que se ancoram aos grandes poetas e desde ali fazem linguagem, movem e comovem, rompem círculos viciosos, falam e em seguida cortam laços.

No Chile abundam, com muita naturalidade, oficinas literárias de onde emergem talentos. Imagino que em outros países também. Obviamente, uns mais anônimos que outros, uns mais obscuros que outros, uns mais astutos que outros, uns mais urdidores que outros.

Também há os prolíficos, sem militância em nenhuma oficina. Escritores ao nú de vidas nuas, que só vão e vêm e têm sua mochila de sonhos como única companhia, explorando recantos, territórios, utopias, a escritura, modificando por completo a concepção da liberdade. Estes escritores poetas não necessitam ser chamados ao Parnaso porque sempre estão, e sempre estarão nomeando o que não tem nome todavia.




Porém, já há quem menospreza estas tarefas, estas ansiedades, este trabalho literário.
O que nos resguarda, dizia Rilke, é nossa vulnerabilidade.

O leitor, a leitora, quer poesia?

Toc Toc Toc, me pergunto: ao momento de escrever estas palavras com o fogo do amor pela poesia. É mãe e mestra a poesia que manifesta sua vontade, sempre com firmeza, através do rito do poema? Questiono-me: serve de meio de comunicação como verbo, como idioma? Serve ao espírito?


Toc Toc Toc, José, abra-me tua porta, e deixa-me entrar, necessito saber, o que é o mesmo, conhecer realmente sobre o fenômeno de tua poesia que aparece como um acúmulo de prêmios nos últimos tempos...Creio que já seja tempo sobre o qual podemos falar.




Eis aqui então a entrevista com José Pejó Vernis, de Espanha.

1. A poesia atual existe, aproximadamente, a partir de meados dos anos 90. Qual acredita você que seja sua novidade?

Há muita novidades. Cada autor é praticamente uma novidade. Evolui o pensamento, que se adapta às convicções e se manifesta com a linguagem. A gente que não lê publicações recentes, que se limita à velha biblioteca de seu tataravô, seguirá escrevendo poesia clássica toda a sua vida. E não é mal, porém é uma pena.
Creio que a diferença mais notável, aparte da linguagem, está na metáfora, em passar de estabelecer relações inéditas entre as palavras, a descobrir atributos insuspeitável das palavras. Criar imagens na tela dos olhos que a oficina mental transforma em sensações. A beleza exclusiva do insuspeitável e surpreendente.



2. Coexiste um novo tom, combinações de conteúdos e recursos, ou se detectam influências com respeito do tradicional ou comum, que pensa você, que alcançou um grau de maturidade que faz possível sua análise?


- Antes a beleza se encontrava na música e no ritmo, isto é, uma beleza sonora porque a poesia era feita para cantá-la. Agora a beleza se encontra nas imagens. É uma poesia visual, com a qual se desfrutam os olhos da imaginação e dos da alma, portanto, é distinta, não se busca a rima. Se foge dela até ao ponto em que as assonâncias produzam feridas nos ouvidos e derrames nos olhos. Por outra parte, quando se usa o verso branco se assegura o ritmo se os versos vão bem acentuados, porém qualquer pessoa pode escrever com o verso livre ou com prosa poética sem ter que preocupar-se com as medidas que tanto limitam na hora de escrever. O ritmo não é algo inato, é algo que se adquire. Trata-se de fazer algo novo, como dizia Lorca, de encontrar duas palavras que não se conheçam entre si, que não houvessem estado juntas antes Ser poeta é questão de ofício.
Nesse sentido, cada poeta é uma surpresa.


3. Aceitaria que esses sentimentos de surpresa são o modo em que "" O novo"  seja o distintivo da poesia atual à hora de ler, ou tem outra opinião?

- É o que mais caracteriza, sim. A imaginação necessita exercitar-se e busca a fórmula.



4. A proliferação, por certo, ou derrame de "poemas" em internet, com todo o peso de sua realidade, fortalece ou debilita a literatura atual, ou se confundem os "" manchones" como um novo movimento artístico com o movimento fundamental das letras e o sentido de ser poeta?


- Estava se vendo demasiada televisão ao contrário da leitura, e a sensibilidade se deteriora se não se exercita. é o sentimento, e não o pensamento, o que permanece inalterável como fator comum da humanidade. Internet tem possibilitado o acesso à poesia, que é a depositária dos sentimentos. Isso é positivo desde que se mantenha a porta aberta à cultura, creio que fortalece à literatura. Toda contribuição é boa por muita ficção que leve sempre vá sempre unida à realidade. Nós somos reais e a literatura é algo nosso. Cada um utiliza seu próprio "idioma" e o faz o melhor que pode.
Não creio que se escreva para ser poeta nem que se escreva por ser poeta. Há muitos motivos que te levam a escrever. Apesar de ser um tópico, é certo que todos teremos algo de poeta dormindo em nosso interior. Às vezes se desperta.

Internet é uma plataforma nova muito útil para relacionar-se e para compartilhar, e a gente a utiliza. Converte tempo em aprendizagem.

5. Qualquer um pode ser poeta/escritor. Porque se lê que fazer blogs é como editar livros, então o sentido de ser poeta/escritor se abriu, se ampliou, e possibilitou que praticamente qualquer um possa ser poeta/ escritor, sempre que edite; e ao mesmo tempo, os livros se tornaram outra coisa diferente do que são, e esse passar a ser outra coisa possibilitou que " qualquer coisa" pudesse ser um livro. Que opina você?


- Tenho que melhorar, qualquer coisa não é um livro.
Um livro tem que trazer algo novo e útil, porque é uma referência para quem o lê.
A cultura é um privilégio e hoje é um direito ao alcance da mão e a poesia é um meio de expressar-se. Nem todo mundo pretende fazer um livro com seu blog. Creio que é uma invenção paralela.

6. Porque crê  que as pessoas se fascinam pela potência terrível que oferece internet a tal ponto de chegar a subordinar-se a ele ou ela, como queira chamar-lhe, enquanto a publicação, difusão, comunicação, leitura?


Pela mesma razão que a gente se fascina pelos carros, ou automóveis, como queira chamá-los, tendo duas pernas para caminhar.


7- A escrita é obviamente primeiramente com respeito da edição, porém longe de ser apenas um fim do poeta/escritor, é, também, um meio para ter fama e dinheiro. É sua desculpa?



- Pode ser que alguém considere assim, porém eu não creio que seja uma desculpa. Os que se dedicam a escrever, e não fazem outra coisa, algo haverão de comer e o buscam. Eu escrevo porque gosto e isso tem sido algo que me veio envolvendo aos poucos até ao ponto de me apaixonar; Sei que nunca vou viver disto, porém não deixarei de escrever. Se não me publicam, bem, e se me publicam, melhor. Nem o que dizer tem, que um reconhecimento sempre enfatiza o resultado, já de por si agradecido, de escrever.



8. Que é poesia? Gostaria que analisassem as matizes a metáfora para descrever ainda que seja subjetivo, obviamente, realmente o fenômeno?



Poesia

Me pareceu
Uma ligeira brisa,
uma barragem
um átomo de ar
que gritava.

Só a chama
pequena de um lampião
A reconheceu.

Cúmplice
tamborilava em seu diálogo
sútil,como entre sílabas.

Caminho do silêncio
levava seu hino.
funda, a poesia

Considerando que a poesia sejas tu, como temática, a poesia se define por sua capacidade de síntese e de associação (sobretudo a moderna). A principal ferramenta é a metáfora, isto é, a expressão que contém implícita uma comparação entre termos que se sugerem uns ou outros, ou entre os que o poeta encontra sutis afinidades.
Detrás do que os olhos narram está a poesia, que transmite sensações, navegando em nosso mar de sentimentos, e, às vezes, nos comove.



Quando abres os olhos, o que ves é o mundo.
Entretanto, os fecha à luz
um instante, um segundo, e o que ves
é a poesia.

A metáfora é uma comparação , e a imagem é a construção de uma nova realidade semântica mediante significados que, em conjunto, sugerem um sentido unívoco e às vezes distingo e estranho.

Sempre digo que uma sequência louca, feito uma avalanche de metáforas, não necessariamente é poesia, porém haverá que buscar-lhe um nome a isso, e que o relacione com ela, porque se leva muito.

O recurso está bem em poesia e é preciso, porém o mesmo que um mecânico com um milhão de ferramentas...Se só tem isso, não poderá construir um carro, nem um triciclo sem timbre.

Também um montão de parafusos e peças, se não estão unidos entre si com uma função determinada que resolva cada um , é um montão de sucata


.
9. A poesia está distanciada do mercado dos consumidores...Sim, não, por que?


Sim, está distanciada do leitor pela falta de costume, porque sendo tão bonita ou fascinante, necessita de um tempo para descobri-la e acostumar-se com ela. Talvez haja que pensar mais do acostumado para lê-la e isso pesa.
Quando se descobre a consideração que proporciona a poesia, começa a ser imprescindível, entretanto, a poesia está unida à cultura, e isso está em declive hoje em dia pela televisão e pelo sistema educacional, ente outras coisas.



10. A partir de que e como constrói você sua poesia, e onde radica o substancial?



Minha poesia, de alguma maneira, tem algo de autobiografia (mas bem íntima, não anedótica). Ditam-me meus sentimentos ainda que reflexão ponha uma ordem ao caos das sensações. Invento histórias distantes, interpreto o que acontecem o que me comove. É muito difícil objetivar, porém tento. Escrever poesia leva à sanidade da autocrítica.

11. Para quem escreve você, e qual é sua sensação quando escreve?


Não se trata de escrever para os demais, ainda que muitas vezes se faz..."Um soneto me instruiu violante..." Eu escrevo para me ver depois de fora, com outros olhos. Quando isso acontece, descubro o que, sem a escrita, nunca houvesse conhecido.

Escrevo, descrevo, depois o leio e às vezes, me emociono inesperadamente.

Se o penso, me dou conta de que escrevo para mim de meu interior, ainda que depois tenha essa apetência ou necessidade de compartilhar-lo com os demais. Pensá-lo é outra forma de desfrutá-lo, ainda que não aconteça.



12. Qual é a pedrinha que leva no sapato com respeito ao seu trabalho literário?


Eu, mais do que uma pedrinha, levo um caminhão de cascalho, e que nunca parece que acabem de estar bem os poemas que escrevo, e isso sempre o descubro uns dias depois de haver-lhe feito perfeitos.



13. Ademais está dito, que há uma poesia ativa e outra passiva. Você é amoroso com ela, isto é, escreve todos os dias ou de vez em quando?

Escrevo todos os dias que posso, e não escrevo mais porque os dias têm apenas 24 horas e de vez em quando tenho que dormir. Não obstante, não passo todo o tempo escrevendo. Isso eu faço aos poucos, em momentos, quando surgem, entretanto, corrijo trabalhos anteriores ou leio e aprendo do coração dos demais, que é onde se guarda a pouca sabedoria que possa estar ao meu alcance.


14. Você ganhou vários prêmios no último e presente ano como força produtiva. Que lhe deixam estas distinções e qual é a importância?


- Os concursos potencializam a criação, porém não caio no perigo do desânimo quando não me premiam uma obra. Às vezes compete gente com uma obra muito melhor, ou que mais corresponda ao gosto do jurado, e outras, é questão de nome. Isso já disse Cervantes com respeito aos certames literários.
Fora disso, não tem mais importância. O importante é que gosto do que escrevo e se aos demais também gostam, bem será melhor. Acumular prêmios é engrossar o currículo e isso é uma referência para os demais, porém minha poesia é a mesma.

A mim me serve de incentivo. Sempre é agradável receber um reconhecimento, seja do tipo que seja. Há uma parte da vida que alguém deixa quando escreve para compartilhá-la com quem possa ler, se ninguém lê, essa parte morre. Necessitamos escrever, porém necessitamos que nos leiam para seguir vivendo, vivendo nos demais.
A cerimônia de tirar uma obra da gaveta e enviá-la a um concurso ou certame, é para lhe dar a oportunidade de voar, e se volta com o abraço de um Bem Feito!, anima bastante.

15. Entre as concepções idealista e materialista, como objetos de contemplação ou compreensão consciente da literatura, qual, na prática mesma?



O universo poético é a sensibilização. E costumo associar cada coisa a uma ideia, porém se quero encontrar a definição exata, não posso idealizá-la porque isso é distanciar-me da realidade. Donde esperam os sonhos, se aprisiona o desengano.



16. Os poeta/escritores criam uma rede social cada vez mais complexo que se converte em verdadeira divisão das relações sociais, a partir do momento em que consigam algum status. Tem você consciência disso como intelectual ligado ao mundo da criatividade literária?



Estou convencido dessa realidade que salta à vista, porém não ocorre sempre e espero que a mim não me aconteça nunca nada parecido porque onde melhor estou é onde não estou.

17. Que pensa você a respeito dos poetas/escritores que se desenvolvem dentro de um partido político ou setor político?



Com relação a isso, gostaria de não pensar nada, porém resulta que o pior de não pensar, é o que poderia pensar.
O fenômeno, que começa em uma simbiose, termina em um parasitismo acordado e nada conveniente para a sociedade.
A força do homem está em sua crenças. Esse é o motivo que o move. Sua debilidade, sem dúvida, está em como as expressa, a meu modo de ver. Abrir os olhos é o primeiro gesto para olhar, e se pode dar uma piscadela, porém não é o mesmo que abrir um olho e ter o outro fechado.
Não sei por que, porém eu, a palavra política a tenho como sinônimo de manipulação, e não há coisa que aborreça mais. Gosto da poesia, porém não dos panfletos.


18 - O que pensa sobre a poesia latino-americana? E tem algum ou alguma poeta que lhe resulte interessante de compartilhar nesta entrevista?



Nos velhos continentes a repercussão dos movimentos culturais na poesia, passou dos filósofos poetas aos poetas filósofos e cada época foi deixando o ofício marcado a golpe de verso segundo as correntes que forma surgindo, até ao ponto de passar do idealismo de Platão a "matar a Platão" livro da fenomenal poeta Hispânico- Belga Chantal Maillard) , por exemplo. No novo continente, salvando a cultura indígena, tudo se revolucionou (Nos dois sentidos da palavra) segundo os acontecimentos, isto é, conquistas, desconquistas, ditaduras e os demais... porém à velocidade vertiginosa. O homem adquire o compromisso da palavra, no sentido de fazê-la voar, transmiti-la quando seja preciso, sobretudo, quando um povo não pode falar, e seu grito tem que dar a volta ao mundo tantas vezes quando puder. Quem tem o dom da palavra não a deve exercer, ainda que muitas vezes, por isso, seja perseguido. Não o faz porque se lhe pede o povo, o faz por que se lhe pede a alma. A poesia teve sempre essa força reivindicatória em boa parte da obra dos autores reconhecidos, ou não, acrescentando o fator exílio em muitos deles. Poderia nomeá-los muitíssimos que estão em nossa mente e que me marcaram por sua sensibilidade e por sua humanidade. Relaciono Novo continente com Nova poesia. Porém, mais além disso, surgem novas formas de comunicar ou intercomunicar, (essa comunicação que se cria entre o que escreve e o que lê) e é fascinante descobrir a beleza dos versos sem espartilho.




Destacaria de Neruda, em uma ponta, até Benedetti, em outra, como imprescindíveis , porém no meio há muitíssimos poetas fundamentais mais, e a lista se faria interminável desde a Terra do Fogo até México. Gosto, sobretudo: Alejandra Pizarnik, Idea Vilarino, Juan Gelman, Jorge Luis Borges, Julio Cortázar, Oliverio Girondo, Cristina Peri Rossi e, naturalmente, o inconfundível rio poético de Rocío L' Amar, como uma inovação importante no campo da literatura. Sei que deixei muitos, porém para encurtar, deixo um resumo poético que os acolhe a todos....





Quando os versos choram livres de pontos,
vírgulas e outros estragos,
sobram as falsas academias
e os dogmas, os traços inflexíveis
que podem derrotá-los.

Cada lágrima quebrada vai em um voo
que desocupa ao tempo.


Desses versos, que flutuam como núvens,
na chuva que molha nossos pés.



19 - Apelo à sua espontaneidade. Poesia amadora, sentimental ou existencial?


Bom, não me resta a dúvida de se existo ou não, porque sofro e isso me deixa claro. Nem as dúvidas do amor, porque amo e também o tenho claro. Assim que o que expresso são sentimentos e as sensações que me produzem, por si tiveram uma origem ou um final, e nenhuma das duas coisas consegui averiguar todavia.


20. Se pudesse ou quisesse ao Chile retornar, onde gostaria de aterrisar e por que?


.
A franja é muito estreitinha e no sul costuma fazer muito frio, porém se é questão de escolher, próximo de você seria um bom lugar, sem dúvida alguma.


BIOGRAFIA




José Pejó Vernis nasceu em 13 de Maio de 1952 em Castelldefels, Barcelona, Espanha.

Bacharelado Técnico Superior na Universidad Laboral de Alcalá de Henares, com o título de Maestria Industrial Estudos de Arquitetura na Universidade Politécnica de Valência e na Escola de Arquitetura de Madri. Passa a formar parte da Campanhia Ibéria L.A.E, em 1977, permanecendo em atividade durante 30 anos, ao largo dos quais realizou 25.000 horas de voo.
Pertence à Associação de Escritores e Artistas Espanhóis ( A.E. A.E).
Jamais deixou de escrever a partir do ano 2009, e preretirado na era PC, começou a concursar em alguns certames literários para ver o que acontecia, e estes são os resultados:


- 1 ° Prêmio de Poesia XIX Certame Literário "Cruz de Piedra" 2009 - Huétor Vega (Granada)
2] Prêmio de Poesia XVIII Certame Literário "Semillero Azul" 2009 - Sant Joan Despí (Barcelona)
- 1 er Prêmio XV Concurso Literário de Poesia “Castillo de Rochafrida” 2009 Ossa de Montiel (Albacete).

- 1 er Prêmio de Poesia 2009 de Villafranca de los Caballeros (Toledo) - Homenagem à Larra.

- 1 er Prêmio I de Poesia Certame Poético “POE-SILLA” - Modalidade Valenciano . Silla ( Valência).
- 2º Prêmio de Poesia IV Certame Poétic Nacional “J. GIL CÁNOVAS” - Modalidade Castelhano El Vendrell (Tarragona).

- O segundo prêmio no concurso de Nadales 2009 - Poesia viva de Igualada (Barcelona)
-1er Premio Festa Major de Gràcia “Mercè Rodoreda” de Poesia 2009 (Barcelona).
-Accésit XII Premi de Poesia SENYORA JOSEFINA OLIVERAS (VÍDUA DE GUAÑABENS) 2010 El Pont de Vilomara i Rocafort.
-2º Premio XIX CONCURS LITERARI NARCÍS LUNES I BOLOIX DE POESIA 2010 de Sant Vicenç dels Horts (Barcelona)
-1er Premio XXIII CONCURS LITERARI PREMI SANT GREGORI 2010 (Girona).
- O segundo prêmio XV PREMIO DE POESIA “LUYS SANTAMARINA” 2010.
-2º Premio Centro Cultural García Lorca A.A. (Nou Barris) 2010 (Barcelona).
-1er Premio XIV CERTAMEN LITERARIO "CASTILLO DE CORTEGANA" 2010 Cortegana (Huelva).
-Finalista en el Premio de Poesía “Nicolás del Hierro” de la Universidad Popular de Piedrabuena (Ciudad Real) 2010.


QUANDO ESCREVO


Quando escrevo em um canto,
a meia luz,
para não confundi-las com pirilampos,
tiro brilho das palavras nunca antes pronunciadas.
Voam como morcegos
nivelados à mesa
com seu alfabeto cego
e cheiram como a madeira enferrujada
sob as mortas folhas do outono.
Porém não têm formas, não as ouço.

São iguais às flores de um jarro vazio,
colmeias em um inverno dormentes
sem mel e sem abelhas, só o voo.
Uma frágil agitação imperceptível
incapaz de fazer ruído

Entretanto, de mim não medra o verso;
não nasce quando espero que invente,
que se incorpore e ande. Não!
Necessita encontrar-se em suas cinzas
para expressar-se o fogo;
Necessita buscar o astro necessário,
habitar na água para fazer
do barro da carne o verbo último.
Às vezes pastoreia lágrimas
ou desenha os anjos que forjam
epitáfios em sua lápide fúnebre.
Para mim é muito difícil encontrar
a raiz da sede, a poesia
bem além de bolhas crepitantes
de mares, de Netunos com tridentes
ou de rios ardentes em seus
lírios.
Custo imensamente sabê-la para ser-lhe fiel,
e assim, choro minha pena diante de sua ausência.
Corrijo os desacertos de tentá-lo
por minha conta, ou desisto.
É um calafrio, é uma brisa
fugaz em minha garganta quando passa
Um palpitar que chega como impulso
e acaso
no instante em que a sinto, a escrevo, como agora.
Porém isto não é nenhuma poesia.



.


OITO VERSOS

O relógio parou com oito versos
no ar que ali respirava,
e, decididamente, percorreu o mostrador
um molecular vento com aromas
de menina apaixonada.
Com respeito ao amor soube dizer: bons dias!
Com respeito ao ódio descreveu
toda sua geografia: rios, vales, montanhas, fogo e água.




Quando a luz se agita,
uma sombra ocupa seu lugar.
A luz que chega
para alimentar-se da sombra
é nova e não conhece
à luz anterior
nem o que se levou.
Eu, entretanto,
cada dia vou a dormir e te levo
comigo.
E quando me desperto
sei que és tu.
Sei que tu és quem está comigo.
A única luz do universo,
em meu destino, de ira e volta.


.

AO OUTRO LADO DA CERRAÇÃO

E não será que tu,
borboleta celeste, escondeu
sob sua saia a fome que tenho,
a academia do beijo, entre teus lábios,
e fez de minha sede o dobro da vertigem
de esperá-la e tê-la a ti esperando?
Disse-lhe, e, ao instante, mordeu-me, tacitamente,
na orelha a voz de seu sussurro:
" Acabou-se, não me espere nunca mais,
não voltes a esperar-me, só toma-me
cada respiro teu. Rompe o ar 
e suaviza em tua boca minha vibração"
Não suspeitei do fogo, e o demônio
atrelou meu corpo às suas palavras.

*************************************
ROCÍO L' AMAR
Rocío L' Amar é correspondente e colaboradora de 
PALAVRA FIANDEIRA no CHILE

Brilhante e conceituada intelectual, jornalista e poeta, atua na blogosfera ampliando espaços para a divulgação da cultura literária e da arte entre os povos
*
Tradução do Espanhol : Marciano Vasques

4 comentários:

  1. gracias hermano, José Pejó Vernis va a estar contento cuando se lea en portugués... tqm, Ro

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  2. PALAVRA FIANDEIRA sente-se orgulhosa de divulgar a literatura que se faz no idioma espanhol.
    Marciano Vasques

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  3. Gracias, Marciano, por esta consideración que me honra.
    Entiendo el portugués y lo hablo un poco, aunque me cuesta escribirlo correctamente, por eso te agradezco este enorme trabajo de plasmar en tu idioma, tan fielmente, mis palabras, que siendo tan pequeñas, adquieren, así, el tamaño de las nubes, para viajar a través de las fronteras del idioma.
    Siento esa extraña sensación de verme en ti, cuando leo tus palabras y me leo a mí.

    Sólo he escrito un único poema en portugués y no sé si correctamente, pero aquí te lo dejo para intentar corresponderte en lo que siento.
    Un abrazo.


    SAUDADE



    Não faz um poema
    o espanto, não.
    Não faz um poema
    o silêncio,
    nem um canto faz, nada,
    sem um grito,
    sem um ai.

    Nem a distância
    nem a tristeza
    é a ausência.
    A lembrança é tudo,
    é pai, é mãe, mais longe que o silêncio
    crepitante de formas
    e de impulsos.

    Perto de você
    imenso
    no coração
    está ele, o seu amigo: você.
    Ainda o amor é mais,
    é o caminho,
    e acontece encontrar-lo.



    José Pejó Vernis

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  4. PALAVRA FIANDEIRA sente orgulho e alegria em participar desse movimento intelectual que resgata e oferece ao mundo os valores poéticos que produzem atualmente a beleza e as palavras, da qual participa de forma brilhante Rocío L' Ámar.
    Você está de Parabéns por ser a pessoa que é, não apenas em seu fazer poetizado, mas na essência, em amizade e verdades.
    Marciano Vasques

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