EDITORIAL

PALAVRA FIANDEIRA é um espaço essencialmente democrático, de liberdade de expressão, onde transitam diversas linguagens e diversos olhares, múltiplos olhares, um plural de opiniões e de dizeres. Aqui a palavra é um pássaro sem fronteiras. Aqui busca-se a difusão da poesia, da literatura e da arte, e a exposição do pensamento contemporâneo em suas diversas manifestações.
Embora obviamente não concorde necessariamente com todas as opiniões emitidas em suas edições, PALAVRA FIANDEIRA afirma-se como um espaço na blogosfera onde a palavra é privilegiada.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

PALAVRA FIANDEIRA 12

 PALAVRA FIANDEIRA
REVISTA DE LITERATURA
ANO 1- Nº 12 - 19/JANEIRO/2010



"Estou semeando céu para colher estrelas" 
Norton Contreras

CÉU ESTRELADO
Vicente Van Gogh

NESTA EDIÇÃO:
ROCÍO L´AMAR

ENTREVISTA 
NORTON CONTRERAS

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NORTON CONTRERAS: 
"LEVANTEMOS AS PALAVRAS E REIVINDIQUEMOS A POESIA"


A literatura da Suécia ou literatura sueca conseguiu um amplo reconhecimento internacional graças a dois notáveis escritores da década dos 90. Selma Lagerlöf (Prêmio Nobel de Literatura 1909) e Pär Lagerkvist (Prêmio Nobel de Literatura 1951). Sem falar de Hansson, e Vitória Benedctosson, no período de auge do realismo social. Certamente, nos anos 1919, o chamado Modernismo dá fôlego e estímulo à forma literária dominante, isto é, o romance, e seu líder consagrado Augusto Strindberg, e neste mesmo gênero, também se destacou a fineza de Hjalmar Söderberg, que escrevia com um estilo cínico e pessimista e às vezes Nietszchiano.


Posteriormente, surge uma narrativa proletária, e muitas poucas pessoas desta classe social conseguiram alcançar uma educação, entretanto, entre os que conseguiram estavam os escritores Ivar Lo - Johansson, Moa Martinson e Jan Fridegärd, cujas obras foram fundamentais para conseguir a abolição de um sistema que distanciava os operários do setor capitalista.


Nos anos 1930 desenvolveu - se a consciência da necessidade de uma literatura infantil, que na Suécia se manifestou especialmente após a Segunda Guerra Mundial, com a aparição das obras de Astrid Lindgren.
Logo irrompeu a ficção policial, em cujo gênero literário é Henning Mankell (nascido em 1948), autor de uma série de romances com o detetive Kurt Wallander como protagonista, romances que foram traduzidos a mais de 30 línguas e que se converteram em bests- sellers internacionais, que delineou uma proposta, um plano, uma ideia de futuro que expressa o despertar do gênero policial e fenômeno de vendas não sonhado. No subgênero do romance de espionagem, o escritor com mais êxito é Jan Guillou (nascido em 1944), cujos romances giram em torno do espião Carl Hamilton.


A poesia sueca, no curso dos anos 30 e 40 recebeu influência do Modernismo, que se manifestou num interesse pela experimentação, a mistura de estilos e o emprego do verso livre. A principal figura da poesia nesta época é Hjalmar Gullberg (1898- 1961). Gunnar Ekelöf (1907-1968) foi descrito como o primeiro poeta surrealista sueco, sobretudo graças a sua primeira obra, a niilista Sent pä jorden (1932), uma obra que não foi entendida por seus contemporâneos, entretanto penetrou na anatomia da poesia sueca. Outro importante poeta modernista é Harry Martinson (1904 - 1978). No entanto, é provável que o poeta sueco mais famoso do século XX seja Tomas Tranströmer (nascido em 1931), sua poesia está marcada por influências da mística cristã, e se situa no espaço entre os sonhos e a realidade, o físico e o metafísico.


Ao mesmo tempo, nos anos 60, surge uma linha de poesia influenciada pelas vanguardas, com representantes como Övvind Fahlströn, quem publicou o primeiro movimento defendendo o uso dos caligramas (1) em 1954. "Hätila ragulpr pä fätskliaben" . Outros poetas deste grupo são Åke Hodell, Bengt Emil Johnson y Leif Nylén.


Como reação contra esta linha experimental dos anos 60, surgiu nos 70 uma nova geração de poetas que adotaram os modelos da geração beat estadounidense, à que pertence um dos mais representativos poetas suecos contemporâneos, Bruno K. Öijer, inspirado por Antonin Artaud, o rock and roll, e o gênero da performance.


Exílio e poesia
No entanto, não viemos a falar da literatura sueca nem inserir breves biografias nem crônicas da história deste país, pois seria impossível, tendo em conta que há os que manejam melhor a informação. Viemos por outra realidade, que permitirá ao leitor(a) orientar-se dentro da entrevista que iniciaremos, a propósito de um movimento de respostas, que imaginamos resultarão indispensáveis para conhecer e/ou recordar as complicadas mudanças, como resultado do exílio que suportaram nossos compatriotas depois do golpe militar no Chile (1973). E que como outros países, Suécia abriu suas portas para recebê-los.


Então, a partir desta perspectiva, perfeitamente definida no tempo, nas datas, na visão de um homem que palpou sua vida através deste acontecimento, é que convidamos a Norton Contreras Robledo a nos contar - com soltura - aquilo que está mais além de uma simples percepção.


Entretanto,veja bem, não há margens para a poesia, a prosa, para o poeta, o escritor. Verso a verso, Norton Contreras deu formas às suas obras literárias, inicialmente como documentos de uma época amarga, cujo discurso fala do desenraizamento, a saudade e as hostilidades, constituindo-se uma testemunha pessoal, porque é uma ferida aberta em seu mapa chileno, uma explosão insurgente de rebeldia de dor de torturas, de gritos, como interferências nocivas, porém medulares.


Deste modo, a coluna vertebral da poesia de Norton Contreras o valida, o confirma ante uma dupla realidade (de pastor e lavrador de Canela aos arquivos de museos, bibliotecas e galerias de arte de Malmö), dupla nacionalidade (de chileno a sueco), reorganizando-se frente a diversos fenômenos, mudanças, novas viagens, então não é casual que o poeta - multicultural - hoje em dia nos dê conta de seu modus vivendi, das três décadas em exílio através de uma poesia de maior valor estético, dado o ofício e o legítimo direito a ser escritor.



1. O depoimento, o emocional e subjetivo, aparecem indissociáveis, dominam grande parte de sua poesia de exílio na Suécia, devido à ditadura militar no Chile. Entretanto, a recuperação da democracia não significou o seu regresso. Por que decide você permanecer na Suécia?

- Na vida das pessoas, nem tudo é o que parece. Minha decisão nunca foi ficar na Suécia. Ao contrário, minha decisão e a de minha mulher foi regressar, porém não tínhamos as condições, para criá-las fizemos um empréstimo bancário e compramos um apartamento. Por essa época era um bom investimento, pois a tendência dos preços era que subissem o valor. Para poder pagar o empréstimo em 4 anos, eu e minha companheira, além de trabalhar 8 horas em nossos respectivos trabalhos, trabalhamos durante quatro anos, fazendo limpeza, 4 horas extras, isto é, 12 horas diárias. Porém no mesmo ano que terminamos de pagar o apartamento, estes baixaram de valor de maneira não usual, de tal forma que se o vendêssemos, o produto da venda não seria suficiente nem para comprar um terreno no Chile. Junto a essa situação, ocorreu o fato de que a família foi criando raízes na Suécia.

2. Poesia e realidade. Literatura de evasão/fuga/escape/denúncia ou talento completamente gratuito/natural/espontâneo?

- Há os que escrevem para serem famosos, ricos, e outros que escrevem para si mesmos. Eu escrevo com a ânsia e a ilusão de chegar a todos, escrevo para expressar meu mundo interior e ao redor. Neste sentido, minha poesia nasce da vida mesma e expressa os momentos, as experiências, os acontecimentos da época que me foi dado viver. Minha poesia é um tributo à natureza e à vida, uma apologia à paz e um "não" à guerra, minha poesia é de amor ao próximo, de aposta pela igualdade social, a solidariedade e a democracia. São cantos de tempos de amor e de guerra. Canto a esse amor que todos vivemos alguma vez. Ao amor que nos faz rir e chorar, ao amor nos tempos do amor e também do desamor.


3. Seu espírito revolucionário (porque você segue sonhando e lutando, ainda que é sabido que todos os "exilados", além de perder suas posses, perdem também seus sonhos) lhe permite suportar os sofrimentos, a lembrança de companheir@s assassinat@s pela ditadura. Assim, reafirmando - se em sua memória, procura vencer as adversidades, o desterro, a solidão. O que mais o estranha com relação ao Chile?

- Na verdade, o termo "exilado", uma vez recuperada a "democracia" no Chile, já não corresponde, se podemos falar de chilenos no exterior. O que mais estranho é a família, os amigos, a cultura no mais amplo sentido do conceito, o espaço, a geografia, o clima e aos companheiros do partido. Estranho não estar trabalhando pelos princípios e os sonhos que pese a todo o acontecido tanto no plano nacional quanto no internacional, estão mais fortalecidos. Aqui em Suécia prossigo militando e oferecendo as mesmas ideias, princípios e sonhos de sempre.


4. Norton, compreendemos que os "exilados" sofrem em uma terra que não é a sua, enquanto relembram aos seus entes queridos, à pátria, o lugar onde nasceram levando-se a cabo uma espécie de desânimo, interrogantes desde a voz que assombra e excita até a voz que acalma e alivia. Que mudou em você desde que passou a residir em Suécia? Qual é o antes e depois de Norton Contreras Robledo?

- Relembro como se fosse hoje, o dia em que a alvorada, quando a noite sai ao encontro do novo dia, quando ainda se podiam ver as estrelas cintilando no firmamento, ia caminhando com minha mãe. Ela adiante com o arado abrindo sulcos na terra, eu atrás, deixando cair as sementes de trigo que nos traziam o pão de cada dia. Não podia deixar de vislumbrar o firmamento e me detive a contemplá-lo. Minha mãe percebeu e se voltou ao mesmo tempo em que perguntava: - Por que ficas aí parado? Da distância, sua voz me alcançava. Senti que para responder a ela, teria que contemplar o firmamento uma vez mais. Depois lhe responderia com a inocência de meus seis anos: - "Estou semeando céu para colher estrelas". Em Canela, por cada semente de trigo que semeava germinava uma palavra. Aí estão as raízes e essência de minha poesia.

No entanto, viver na Europa, em geral, e na Suécia, em particular, deu - me uma concepção e uma visão mais cosmopolita do mundo. Uma consciência social mais progressista frente à diversidade sexual. Aqui em Suécia, faz mais de 30 anos que os homossexuais já participavam nas manifestações de 1º de Maio, Dia Internacional do Trabalhadores. O partido de esquerda tem parlamentares homossexuais. Nas escolas, aos jovens lhe dão anticoncepcionais. Há pouco temos uma mulher como arcebispo. Também me foi propiciado uma visão mais direta da exploração à que são submetidos os países pobres por parte dos países ricos. Ver o consumismo e a abundância dos países desenvolvidos. Observar o desperdício de recursos naturais, como a luz, a água e os alimentos. O consumismo, tão real e cotidiano para as pessoas dos países desenvolvidos, surge como algo divino, irreal e mágico ante os olhos de crianças, mulheres e homens, condenados pelos países ricos. Os mesmos países que perderam a capacidade de espanto e de indignação diante das terríveis desigualdades. Tenho uma maior sensibilidade e consciência sobre a descriminação, racismo e marginalidade a que são submetidos o povo Mapuche, já que tudo isto vivi e sofri em minha própria carne na Europa.


5. Passaram-se três décadas nessa condição sociopolítica específica de exilado. Tem pensado você na hora do regresso? Pergunto, porque dizem que "o exílio parte a quem o sofre em duas metades, mentalmente se permanece na pátria, ainda que fisicamente se viva em outra terra", e, assim mesmo, pergunto por imaginarmos que você não lhe pôs camadas de terra estrangeira em sua realidade nem terá feito ajustes de esquecimento com nossa pátria, e que nesses diálogos consigo mesmo terá esclarecido em qual povoado pensa deixar seus ossos para o descanso final?

- Se há algo sobre o qual não se pode planejar nem decidir é quando, onde e como se morrerá. Creio na vida e os desígnios do destino. Deixo isso em suas mãos.



6. Voltando à poesia: Refúgio poético. Matéria dominante desta PALAVRA FIANDEIRA. Dá-me a impressão que o transcorrer dos anos lhe ofertou um novo ar a sua poesia, passando a ser o amor, o desamor, ou a distância da amada os grandes protagonistas de seu mundo literário atual. Satisfaz a você deixar que aflorem esses sentimentos superabundantes de um erotismo não cultivado em seus primeiros poemas, essa beleza inata que reside na essência do fato poético?

- Para mim, a poesia nasce da vida, tanto que o poeta expressa seja o seu mundo interior ou o circunstante. Neste sentido, em minha poesia (E ainda que não me tenha proposto a comentar uma coletânea poética) sempre estará o amor, o desamor, e o social. Por exemplo, na coletânea poética, na qual estou trabalhando, "Poemas Peregrinos", há poemas nos quais o protagonista desse mundo literário, é o que mencionas, um erotismo não cultivado nos poemas anteriores. Há um poema à Memória de Miguel Henríquez, a Atilio Andrade Bonet, (recentemente falecido em Suécia) e um soneto à memória de Celia Hart Santamaria, jornalista, poeta e revolucionária cubana, falecida em Havana. Todas essas emoções, todos esses sentimentos me servem, são a essência em meu ofício de escrever. Um ofício solitário e em silêncio, no qual sempre a disciplina e o anseio estão encaminhados na busca criativa de uma linguagem própria, que seja finalmente universal.


7. Para dar concluída esta entrevista: O que continua a lhe incomodar hoje em dia?

- Incomoda- me e me dói os parâmetros e os valores que regem a sociedade. O classismo, o fato de que a classe política tenha vencimentos milionários, enquanto os que dizem "representar" recebem um salário miserável, para seguir sobrevivendo em sua pobreza.
Incomoda-me a desigualdade social, que a riqueza de alguns esteja baseada sobre a exploração de outros, a guerra de rapina infame contra outros países, a depredação da natureza e os recursos naturais, ainda sabendo que põem em perigo a vida dos seres, e do planeta. O racismo e a discriminação.
Incomoda-me que hajam criadores no ofício de escrever que disfarçam a realidade com um manto de cores, romanticismo e sensibilidade mercantil para vender-se ao melhor licitante. Incomoda-me, me dói e surpreende que Isabel Allende, a mais grande e mais famosa escritora do Chile, reconhecida mundialmente, não tenha recebido o Prêmio Nacional de Literatura. É algo inconcebível, e uma vergonha.






BIOGRAFIA



Norton Contreras Robledo nasceu no Chile, no povoado camponês de Canela (Região de Choapa Norte chico). Seus primeiros ofícios foram o de lavrador e pastor. Estudou o ensino básico e secundário em Valparaíso. Iniciou seus estudos na Faculdade de Educação e Letras da Universidade do Chile, que foram dramaticamente interrompidos pelo golpe de estado de 1973.Viveu em Argentina entre os anos 1975 - 1978. Nesse ano foi detido e expulso do país, pelo governo militar do General Videla. Realizou estudos de Psicologia Social, História e Filosofia na Academia de Ciências Políticas em Sofia, Bulgária (1981-1982). Membro da Sociedade de Escritores do Chile. Integrante de Poetasdelmundo. Membro da Rede Mundial de Escritores em Espanhol: REMES. Associação Internacional de Comunicadores e Jornalistas Chilenos no exterior: AICPCH, e da Organização Cultural Victor Jara. É Comunicador Social. Colaborador de ElmuroChile, geração de 80. Redacción Popular, Rebelión, revista Punto Suspensivo - Chile, Aporrea, Puebloalzao, e Enconrtrarte, de Venezuela, Prensa Argenpress, El despertar de Lontué, El Choapa digital, Red de escritores de Coquimbo, Isla negra, e outros meios de comunicação alternativos. Integra comunidades de poesia. Cultiva o conto e a poesia. Escreve ensaios, colunas e artigos culturais e políticos, os que foram publicados na imprensa escrita; Perspectiva de clases (de Argentina), Liberación (de Suécia), Tribuna Popular (de Venezuela). Publica em páginas e diários digitais. Publicou a coletânea "Cantos em tempos de amor e de guerra" - editado em Madrid, Espanha. Atualmente trabalha no projeto da coletânea
"Cantos Peregrinos"
- Reside em Suécia. No período 1983- 1996, trabalhou em diferentes ofícios. No período 1996 - 2007, trabalhou nos arquivos da cidade de Malmö, pertencente à organização Kultur Malmö, que inclui a gestão de Museos, bibliotecas e Galerias de Arte. Atualmente, realiza trabalhos eventuais como intérprete para um escritório que presta serviços de interpretação.

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A POESIA É UM GRITO DE REBELDIA AO PRESENTE, UM CANTO DE LUTA AO FUTURO


Nestes tempos conturbados, em que os meios de

[comunicação

deturpam a verdade, alienam as consciências

[segundo seus interesses

Levantamos a palavra e reivindicamos a poesia,

liberamos o verso como um canto, como um

[grito...uma arma de luta presente e futura

Poesia consciente, poesia militante não sujeita a
[direções partidárias

nem à classe eclesiástica.

Nutre -se das gentes e suas lutas, torna seus
[sonhos e ilusões,
toma partido, constrói barricadas.

Poesia libertária, poesia para o povo, vem desde o
[ventre germinal

da terra e desde as alturas das cordilheiras

[milenares.

traz as vozes dos silenciados, o sussurro dos


[amantes fortuitos.

Nos murais dos verbos está o sangue dos

[assassinados,
a poesia canta com o silêncio de suas vidas

[sepultadas,
através de seus versos e seus cantos vem o
[testemunho dos que

ontem caíram,

suas procuras de que a poesia diga as verdades,

não as que dizem os meios de comunicação da

[classe dominante do capital.

mas a verdade dos que pagam com seu sangue e

[com suas vidas


as riquezas acumuladas no império além do norte

do Rio Bravo.
(Extraído da coletânea: "Cantos em tempos de amor e de guerra")


MIGUEL ENRÍQUEZ : IN MEMORIAM,


TINHA A REVOLUÇÃO PRESA NA ALMA


Tua presença revolucionária e consequente se sente,

se percebe junto as gentes nas ruas,
lutando para abrir as grandes avenidas para o povoado.

As luzes do futuro se refletem em seus olhos,

uma estrela de fogo ilumina tua frente.
Caíste em combate disparando balas do futuro...testemunhas.
Legado político, desejos, sonhos, ilusões, atos.


As brisas de Outubro levaram a tua alma, tua ideia,


teu exemplo através do tempo e o espaço.

Miguel Henríquez, na, na luta dos povos,

tua imagem se vislumbra no rosto do socialismo do século XXI.


Deixaste de pensar, porém não estás morto.


Porque tua vida, tuas ideias, e tua militância consequente

e revolucionária estarão

sempre em nossas vidas e nas gerações futuras.

(Extraído da coletânea: "Poemas Peregrinos")


EM MEMORIA A CELIA HART SANTAMARÍA



Sinto a tua memória, a tua alma, a tua lembrança


Escrevo porque em ti penso, e não posso evitar de

pensar que nunca mais tua onírica presença.
a dor vem ao meu ser, não a posso remediar.



Ah! Punições, dores, padecimentos de meu coração.

Eras uma ilha de esperanças, sonhos e ilusões


a brisa fresca da revolução, uma canção, um som,

alma libertária, voas pela vida, entre as gentes.



Teu olhar sincero de olhos sonhadores, tua palavra certeira,

teu sorriso perfeito, tua voz ao vento, levando a esperança,

Célia, eternamente tu aqui, e agora, mais além dos tempos.



És o meu primeiro pensamento, a minha primeira poesia

nesta coletânea, que nasce com a dor de tua partida,

nasce em tua memória, vai voando até sua alma.

(Da coletânea: "Poemas Peregrinos")


BALADA PARA UMA POETA


Aí estás sentada no meio da sala

O corpo inclinado para trás

charuto levemente suspenso.


Teus pensamentos voam cabisbaixos
entre a fumaça do tabaco.


Te falo da distância,

minha voz não te alcança,

a tua me traz a melodia, o ritmo,


a cadência dos teus poemas.
A vanguarda e a pós-vanguarda,

tua revelação de que não são.


Agora sei que brincas com as palavras,


que desenhas castelos no ar,


voas aos mundos interiores

do universo da tua alma,

és possuída por todos os elementos,


em todos os lugares, em todos os momentos


em todas as paixões.

Abraçada a um poema te transportas
a uma nova galáxia,

regressas à terra

à tua vida terrena e cotidiana.


De fora dos limites


de teus poemas
longe da rota de fuga. Me diz:


"Tenho que deixar - te. Chegará o meu parceiro


e pode se incomodar"

Aí ficas no meio da sala,


charuto suspenso, abatida

a cabeça levemente inclinada


para baixo,
entre a fumaça do tabaco e a solidão.




( Da coletânea: "Poemas Peregrinos")




Escrito, geralmente poético, em que os versos adotam uma disposição
tipográfica especial
para representar o conteúdo do poema:
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Rocío L´Amar



Rocío L´Amar é correspondente de PALAVRA FIANDEIRA no Chile

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TRADUÇÃO DO ESPANHOL: Marciano Vasques


Marciano Vasques é o fundador de PALAVRA FIANDEIRA

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NT (1) *caligramas - Poesia experimental, Poesia Concreta.
NT (2) : Canela é uma comuna da província de Choapa, em Coquimbo, no Chile.





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5 comentários:

  1. Cada entrevista traducida es una sorpresa, agradable por cierto, Marciano, me agrada la forma en que recreas cada una de ellas, investigas y das colorido buscando la imagen ad hoc con el territorio del(la)autor(a)... lo valoro en todos sus aspectos, y me gustaría que hubiera más compromiso de parte de los entrevistados en cuanto a agradecer nuestro trabajo que es sin fines de lucro,... por mi parte, difundir la literatura de Chile,y por tu parte, ayudarme -también desinteresadamente- a mostrar -como una vitrina en tu país- lo que estamos escribiendo los poetas lo escritores chilenos. Creo que jamás dejaré de agradecerte el haberme invitado -por creer en mi trabajo escritural- a ser parte de los corresponsales de vuestra revista. Gracias. Y como a partir de marzo o abril abriré el Salón para los extranjeros, serás el primero que entrevistaré.

    Abrazobeso desde Chile, Rocío

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  2. Rocío,
    Seu trabalho é grandioso e de muito valor, e o faz também com esmero, com delicadeza. Você é uma grande difusora da poesia e da literatura no Chile, e tem coração de expansão universal. Fico feliz por saber que gosta do que faço, e essa aproximação entre os escritores do mundo representa uma nova história, da qual somos protagonistas. A melhor coisa que fiz foi convidá-la para ser correspondente de PALAVRA FIANDEIRA. Que notícia boa! Saber que breve estará abrindo a sua sala para os estrangeiros. Obrigado por ter escolhido a mim como o primeiro entrevistado. Para mim será motivo de intensa alegria, e honra. Um abraço, um beijo,
    Marciano Vasques

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  3. te mereces ser entrevistado para el Salón... será un nuevo desafío poder entendernos para la traducción... sé que me llevas la delantera porque lees español, en cambio yo, poquito y poquito de portugués... jajajajaaaa, sin embargo no ha sido obstáculo para estar siempre en la comunicación, beijos, los dejo todos para ti desde Chile, Rocío

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  4. Felicitaciones y agradecimientos estimado Marciano

    Abrazos,
    ingrid

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  5. LINDO! Meus parabéns à Rocio pelas excelentes entrevistas aqui apresentadas. Felicito Norton Contreras por nos presentear com as suas belas palavras, fruto das sementes plantadas.

    Beijo
    Carmen Ezequiel

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