EDITORIAL

PALAVRA FIANDEIRA é um espaço essencialmente democrático, de liberdade de expressão, onde transitam diversas linguagens e diversos olhares, múltiplos olhares, um plural de opiniões e de dizeres. Aqui a palavra é um pássaro sem fronteiras. Aqui busca-se a difusão da poesia, da literatura e da arte, e a exposição do pensamento contemporâneo em suas diversas manifestações.
Embora obviamente não concorde necessariamente com todas as opiniões emitidas em suas edições, PALAVRA FIANDEIRA afirma-se como um espaço na blogosfera onde a palavra é privilegiada.

sábado, 23 de janeiro de 2010

PALAVRA FIANDEIRA 13

 PALAVRA FIANDEIRA 
REVISTA DE LITERATURA
ANO 1 - Nº 13 - 23/JANEIRO/2010



"É o tempo que dita quem perdura.
Nunca o momento"
Ricardo de Pinho Teixeira


DIREITOS RESERVADOS
Créditos das fotos ao final

NESTA EDIÇÃO:
CARMEN EZEQUIEL 

ENTREVISTA
RICARDO DE PINHO TEIXEIRA
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SOMBRAS COMUNS

Entrevista a Ex-Ricardo de Pinho Teixeira
por Carmen Ezequiel

Exclusivo para Palavra Fiandeira

 Por cá, há o hábito de dizer que quem conta um conto acrescenta um ponto.
Nesta 4ª edição do Sombras Comuns, conto-vos a história de um jovem editor que então com 32 anos de idade e já uma década de actividade artística, acrescenta um ponto em cada área que intervém.
Ele é editor! Criou as editoras Egoiste e CorposEditora. Mais tarde, fundou a comunidade Worldartfriends e a sua própria editora. Ajudou, até hoje, a criar mais de 300 obras literárias.

Ele é músico! Com 2 Cd’s editados.
Ele é performer! Faz peças de teatro e atuações em eventos literários e musicais.
Ele é poeta, escritor, declamador… (e um grande declamador!). Com vários títulos publicados, sendo o seu livro “best of” (1999) o primeiro de muitos que se seguiram.



Aqui, fala-se com um homem que elege o Porto como porto de abrigo, que nos fala do seu percurso profissional e artístico, que enaltece a poesia, em que viver no aqui e agora, conjuntamente com o conhecimento da História, nos permite criar coisas boas, coisas novas, afim de mudarmos o mundo e o seu pensar.
Aqui, fala-se com Ex-Ricardo dePinho Teixeira, um entre muitos e muitos num só.



Carmen Ezequiel: Quem é Ex-Ricardo de Pinho Teixeira?
Ex-Ricardo: É uma extensão de mim mesmo. É o assumir da minha arte como realização em cada um dos meus dias.

CE: Em 2000, foste considerado o mais novo editor português, com apenas 22 anos de idade. Como foi para ti enfrentares essa realidade? Que dificuldades sentiste?

R: Muitas dificuldades. Não tive ajuda de praticamente ninguém da área. Muito pelo contrário. Sempre foram muitos os entraves colocados ao que pretendia fazer.

CE: Sendo um homem dos três ofícios, com consegues conciliar a música, o teatro, a poesia e a publicação? Qual deles é o mais importante?

R: Todos são importantes em igual medida. Todos são parte de mim. Diria até conciliadores. Acabam todos por ir de encontro ao que mais gosto: A Palavra, a Criação e a Ação.



CE: O que distingue as editoras WAF, Egoiste e Corposeditora?

R: Neste momento a maior distinção é a seguinte: quer a Corpos, quer a WAF são editoras para primeiras obras ou para autores ainda não conhecidos. A Corpos é mais voltada para a Prosa, e o WAF mais voltado para a Poesia.
A Egoiste é um projecto que agora surge para tentar chegar às massas. Todos os anos iremos seleccionar alguns autores da Corpos e da WAF e iremos publicar os mesmos na Egoiste. Será um projecto com menos autores mas muito mais forte. O porquê? O WAF e a Corpos são editoras excelentes, na minha opinião as melhores, para dar oportunidade aos ainda não conhecidos.
Mas, é impossível trabalhar nacionalmente todos os seus autores. Principalmente no campo da Poesia. Na Egoiste trabalharemos só 5 a 6 livros ao ano. E só autores já anteriormente publicados na Corpos ou na WAF.

CE: Consideras que qualquer pessoa pode publicar um livro?

R: Hoje em dia isso é possível.


Existem muitas editoras que editam apenas a troco do autor lhes pagar.

Eu, como editor não o aconselho. Apenas deve ser editado um livro com qualidade, mas penso que acima de tudo e vivendo num mundo em que é fácil editar um trabalho, cabe a cada pessoa que escreve ter consciência do legado que quer deixar ao mundo.

Por outro lado, também não pertenço ao círculo dos que só editam obras que consideram comercialmente muito rentáveis ou que consideram intelectuais. Isso de "acrescentar uma vírgula ao mundo" tem muito que se lhe diga.
É o tempo que dita quem perdura. Nunca o momento.

CE: “A arte pode e deve chegar ao povo!”, referiste em determinada altura. Achas que o povo está preparado para chegar à arte? Que qualquer pessoa é capaz de fazer poesia e compreender a literatura?

R: Pois o problema põe-se aí mesmo. Muito do Povo, neste momento, não está ainda preparado para tal. Mas vai estando. São cada vez mais os interessados. Isso deve-se ao nosso crescimento enquanto sociedade. Quanto mais desenvolvidos nos tornarmos, mais interessados haverão na arte. Em relação ao fazer, aí muito mais do que educação é necessário sensibilidade e, como tudo na vida, não são muitos os que têm uma queda natural para a mesma.

CE: Como classificas a literatura em Portugal? O que achas que pode mudar?
R: Pode e deve mudar muita coisa. Mas a revolução deve vir de dentro.

O caso da Poesia, por exemplo, existem inúmeros "poetas" que se orgulham e dizem abertamente que não querem ler Poesia de outros autores. Essa é a primeira coisa a mudar. Só lendo podemos escrever melhor. Um homem para acrescentar algo de novo tem primeiro que ver o mundo à sua volta. O Presente e a História são imprescindíveis se queremos fazer algo de bom ou de novo.

CE: O que é a comunidade WAF (Worldartfriends)? Fala-nos o porquê da criação deste site?

R: A principal motivação foi saber que seria um mecanismo de interacção entre artistas e pessoas que gostam de arte. Seria possível fazer chegar a arte de todos a muito mais gente. O Worldartfriends é uma casa aberta a todos os artistas. Publicados ou não.

CE: Com tanto que já construíste, que mais podemos esperar de Ex-Ricardo dePinho Teixeira?

R: O Futuro é sempre uma incógnita. Mas gostava de experimentar coisas que ainda não fiz: Prosa, Cinema, são alguns dos meus projectos enquanto artista. Enquanto editor são outros mais. A ver se conseguimos fazer chegar a nossa arte a mais pessoas.

CE: Qual a cidade, em Portugal, com a qual mais te identificas e porquê?

R: O Porto. Porque é o meu abrigo. Se um dia o Porto não existisse, Barcelona seria a minha cidade de eleição.
CE: Que pergunta ficou por fazer?
R: Muitas e nenhuma. O que fica por perguntar ou por responder é sempre mais um motivo para voltarmos à conversa. As reticências são sempre mais interessantes que um ponto final.

CE: Queres deixar alguma mensagem ao leitor do Palavra Fiandeira?

R: Partilhem-se. É o que fica no final de tudo. Os momentos em que nos trocamos. Em que ouvimos e somos ouvidos.

Para finalizar este Sombras Comuns partilho convosco um dos muitos poemas de Florbela Espanca que me fizeram…

vaidade






Sonho que sou a Poetisa eleita,


Aquela que diz tudo e tudo sabe,


Que tem a inspiração pura e perfeita,
Que reúne num verso a imensidade!


Sonho que um verso meu tem claridade


Para encher todo o mundo! E que deleita
Mesmo aqueles que morrem de saudade!


Mesmo os de alma profunda e insatisfeita!


Sonho que sou Alguém cá neste mundo...
Aquela de saber vasto e profundo,


Aos pés de quem a terra anda curvada!


E quando mais no céu eu vou sonhando,


E quando mais no alto ando voando,




Acordo do meu sonho... E não sou nada!
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Aqui fala-se de tudo.
De tudo o que somos.
De nada que ninguém é.
Carmen Ezequiel - Portugal

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Cidade de Barcelona


Florbela Espanca
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PARTICIPARAM NESTA EDIÇÃO:
CARMEN EZEQUIEL (Portugal)


CARMEN EZEQUIEL é correspondente de PALAVRA FIANDEIRA em Portugal.

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MARCIANO VASQUES (Brasil)


MARCIANO VASQUES é o fundador de PALAVRA FIANDEIRA
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Créditos das fotos:
Ricardo de Pinho - Acervo pessoal
Cidade de Porto (capa) - http://www.destination360.com/europe/portugal/porto
Cidade de Porto - Carmen Ezequiel
Florbela Espanca - http://estrela_das_trevas.zip.net/arch2009-04-01_2009-04-30.html
Barcelona - http://praondethamara.wordpress.com/2008/09/12/barcelona-e-seu-dedign/
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3 comentários:

  1. É uma HONRA estar na Corpos! Obrigado pela oportunidade que me vais dar, Ricardo! Ficar-te-ei eternamente grato :D
    És grande :)

    Bruno Franco

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  2. Partilho a opinião do Bruno Franco. É uma HONRA enorme pertencer à Corpos. Obrigado Ex-Ricardo. Nunca esquecerei a oportunidade que me deste de poder dar a conhecer ao mundo a minha primeira obra.

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  3. Estou para publicar um livro pela Corpos, após ler essa entrevista sinto-me honrado tornar-me autor dessa editora. Valeu Ricardo!

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