EDITORIAL

PALAVRA FIANDEIRA é um espaço essencialmente democrático, de liberdade de expressão, onde transitam diversas linguagens e diversos olhares, múltiplos olhares, um plural de opiniões e de dizeres. Aqui a palavra é um pássaro sem fronteiras. Aqui busca-se a difusão da poesia, da literatura e da arte, e a exposição do pensamento contemporâneo em suas diversas manifestações.
Embora obviamente não concorde necessariamente com todas as opiniões emitidas em suas edições, PALAVRA FIANDEIRA afirma-se como um espaço na blogosfera onde a palavra é privilegiada.

sábado, 27 de março de 2010

PALAVRA FIANDEIRA 23




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PALAVRA FIANDEIRA
 REVISTA DE LITERATURA
 ANO 1 - Nº 23 - 27 MARÇO 2010

NESTA EDIÇÃO:
CLAUDIA CANTO

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1. Quem é Cláudia Canto?
É complicado falar de nós mesmos, acredito que sempre subtrairemos ou somaremos alguns aspectos. A única coisa que acredito, é que os conceitos de verdades que tenho hoje poderão cair por terra amanhã, não tenho problema algum em mudar minhas opiniões, rever meus conceitos...
Hoje a Cláudia é uma pessoa inquieta, tentando buscar sempre a maturidade, e aprendendo em todas as situações.
Quero e pretendo adquirir a cada dia mais maturidade e discernimento. Permanecer sempre humilde na minha caminhada, e estar sempre rodeada de amigos.



2. Lançou um livro, intitulado CIDADE TIRADENTES: DE MENINA A MULHER. Poderia nos falar sobre essa obra? É um livro biográfico?
Cidade Tiradentes de Menina a Mulher, é um livro que tinha a idéia a escrever há muito tempo, mas não sabia qual seria meu foco narrativo, sabia que não queria fazer um estudo antropológico ou geográfico.
Foi ai que surgiu a idéia de contar a historia da Cidade Tiradentes, como se ela fosse uma mulher, abordando temas como drogas, gravidez precoce, ONGS, etc, em paralelo com a minha historia no bairro.
E para me ajudar ainda mais, descobri que o Instituto Polis de pesquisa e o Centro Cultural Espanhol, estavam procurando agentes culturais do bairro.
Realizamos o trabalho: eu, Daniel Hilário, Bob Jay, Tio Pac, onde buscamos encontrar a maior quantidade de artistas, para no final criarmos um site com os artistas da Cidade Tiradentes.

3. Fale-nos da efervescência cultural da Cidade Tiradentes.
O que posso dizer é que a Cidade Tiradentes tem muito a ser descoberto e bastante a contribuir com a cultura em todos os sentidos. E por falar nisso, o site esta aberto para os artistas que não foram mapeados ainda, basta enviar um email: cartovideo@gmail.com

4.Sua história de vida está entrelaçada com a Cidade Tiradentes? O que representa de fato a região em sua vida?
Sim, claro! A minha base, minha educação, adquiri na Cidade Tiradentes, freqüentei os bailinhos, meu primeiro namoradinho foi lá... Se me virei na Europa, foi por tudo que aprendi na Cidade Tiradentes. Posso estar em qualquer lugar do mundo, mas a minha essência manterei.
Pode parecer demagogia, mas quem me conhece sabe que isso tudo é verdade.
O que puder fazer para contribuir com a Cidade Tiradentes, com certeza o farei.


5. Conte-nos algo sobre o seu livro "Morte Às Vassouras". Qual a sua abordagem, a partir de que necessidade ele nasceu?
Eu, a Juliana Penha, jornalista da Revista Rap Brasil, decidimos em menos de uma semana, que faríamos uma viagem para Europa, em busca de novos horizontes, para isso economizamos nossos míseros recursos, mas no último momento infelizmente o pai dela morre, nosso grande incentivador. Depois de pensar muito ela decide não seguir em frente com os nossos planos, e eu como já tinha comprado minha passagem não tive como voltar atrás.
Sem conhecer nada nem ninguém cheguei a Lisboa. Dentre outras coisas, acabei me tornando empregada doméstica em um casarão, cuidando de dois anciãos, praticamente em semi cárcere.
Foi desta experiência lapidante que nasceu Morte ás Vassouras, um diário onde relato toda esta experiência. Mas o mais interessante e que depois de dois anos voltei para Portugal e lancei o livro por lá...


6. Já foi chamada e é considerada Cidadã Operária do Mundo. Como se sente diante de um título tão significativo?
Sou sim, operária das letras, uma formiguinha que pretende fazer sempre algo de bom, em qualquer lugar que esteja. Procuro dar sempre o meu melhor, mas juro que não sabia que carregava este título, mas fico bastante congratulada.



7. Tem lançado seus livros em locais como os CEUS, e as escolas da periferia de São Paulo. Como é esse contato, qual a receptividade do público?
Adoro, me sinto muito bem, desejo que meus livros atinjam todas as pessoas, todas as classes sociais, não quero barreiras para minhas letras.
É muito bom, acredito que com estas aproximações, talvez consiga modificar o paradigma de que o escritor está sempre longe, em algum lugar inatingível...
Digo sempre: cada um tem uma maneira de se expressar no mundo e o meu é este, mas isto não quer dizer que é melhor nem pior.

8. Quantos livros já lançou?
Tenho quatro livros lançados: Morte ás Vassouras, Bem Vindo ao Mundo dos Raros, contos e crônicas de uma psiquiatria, Mulher Moderna tem Cúmplice, e o mais recente , Cidade Tiradentes de Menina a Mulher.



9. No campo de leitura literária, qual o gênero que mais aprecia, e mais satisfação lhe traz? Poesia? Romance? Contos? Crônicas?
Gosto de ler tudo que possa de alguma forma complementar as lacunas do meu espírito, e que ao mesmo tempo me traga mais discernimento.
Mas para escrever tenho mais facilidade com os contos e as crônicas.

10. O que pensa de eventos gigantescos, como a Bienal do Livro? Eles contribuem realmente para a difusão do livro?
Mesmo sabendo que só os escritores mais renomados têm espaço na bienal, acredito que é válido. A energia do evento é maravilhosa, é uma maneira de chamar atenção para a literatura.

11.Além de escritora, é jornalista. Para muitos , são as duas melhores profissões do mundo. E para você?
Para mim foi a forma que encontrei para dar voz a minha alma inquieta, como um cabeleireiro usa a tesoura para fazer seus cortes.
Cada um tem seu papel no mundo, mas o mais importante e descobrirmos qual o nosso talento, no que somos melhores, e a partir disto correr atrás.

12. Diga algo ou algumas coisas que fazem com que sinta uma imensa tristeza,
Fico imensamente perturbada e triste, com as pessoas que não tem abrigo, que estão em situação de rua.
Para muitos isto é uma paisagem rotineira, não incomoda, mas eu fico muito mal...

13. Como vê a influência tecnológica no mundo, acredita que o futuro é sombrio? Até que ponto a tecnologia interfere nos costumes e na cultura dos povos?
As coisas acabam se interligando de alguma forma. Quando a televisão apareceu, muitos acreditaram na falência do rádio, mas com o tempo perceberam que as coisas vão tomando cada um o seu lugar, não enxergo um futuro sombrio por causa da tecnologia, mas sim no que diz respeito ao nosso planeta.
O planeta esta pedindo socorro, e ninguém esta tomando nenhuma atitude.

14. A Internet, inclusive, está mudando o conceito de autoria. Como vê essa questão para o artista, o escritor, enfim, para o autor?
Não tenho problemas com isso, pelo contrário, se alguém se prestar a fazer um tipo de coisa como esta, significa que o que escrevo agradou tanto a pessoa, que ela se prestou a correr este risco.
O peso na consciência tem que vir da própria pessoa.
Eu mesmo me inspirei muito em Hermam Hesse, para escrever! Somos os outros...
Tenho planos de colocar alguns dos meus livros na net, transforma-los em E.book.
O universo pede equilíbrio, nada é nosso de fato, tudo nos foi emprestado, devemos tentar sempre repartir.

15. Defina o que é para você a felicidade.
Depende, hoje a felicidade para mim é ter o meu trabalho reconhecido por um grande número de pessoas, mas amanhã pode ser outra coisa.
Felicidade depende de varias coisas, do momento que se vive, da idade, da maturidade etc

16. Quais os seus projetos como escritora?
Tenho planos de lançamento na Europa, vou levar a Cidade Tiradentes para todos os cantos, sem barreiras...


17. Diga um livro ou mais de um, que realmente influenciou a sua vida de alguma forma.
São muitos os livros, sou a soma de tudo que leio, desde Machado de Assis, Lima Barreto, Gabriel Garcia Márquez, Marcelo Rubens Paiva, Plínio Marcos, José de Alencar, Dostoieviesk, uma amiga que escrevia muito na Faculdade, frases de pára-choque, as poesias dos saraus, enfim, tudo que me tocar.


18. Já deve ter ouvido dizer que Poesia não vende. Para você, isso tem sentido ou é uma invenção editorial?
As pessoas que não conhecem poesia acham que e uma coisa maçante, por isto que muitas editoras não investem. Mas os inúmeros saraus que esta acontecendo por todos os lados, acredito que esteja servindo para quebrar certos conceitos.

19. A Poesia é necessária no mundo atual?
Sim, sem dúvidas!

20- Promove e participa de saraus com o público feminino. Como vê a participação da mulher atualmente na produção cultural?
A mulher está enfim, conquistando seu lugar de direito!! Isto em todos os setores, principalmente nas produções culturais.
Aqui ou ali, sempre tem a presença de alguma mulher...


21. Deixe a sua mensagem para PALAVRA FIANDEIRA.

Parabéns pela nobre iniciativa!
Continue assim... E no que eu puder colaborar, estou inteira à disposição. 
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ENTREVISTA REALIZADA POR MARCIANO VASQUES

Marciano Vasques é escritor.

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5 comentários:

  1. Marciano,

    Parabéns!!! Eu sei que que a gente sempre quer comentários mais elaborados que elogios, mas não posso me furtar! A Claudia é linda, excelente escolha! Adorei ler a reportagem!

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  2. uuffff, Marciano, cuánto te he extrañado... pero veo que tú no has perdido el tiempo. ¿acaso me has olvidado?, Ro

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  3. Patrícia Gonçalves,
    Também fico feliz por ter a Claudia em PALAVRA FIANDEIRA. Sempre que puder, estarei divulgando a sua arte.
    Obrigado pelo comentário,
    Um abraço de
    Marciano Vasques

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  4. Rocío,
    Fico muito feliz ao saber que já pode responder aos e-mails. Veja que a próxima edição de PALAVRA FIANDEIRA será com AGUSTÍN BENELLI,
    Tchau, um beijo, fico feliz com a sua volta,
    Marciano Vasques

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  5. .
    Na entrevista da Cláudia
    Quero deixar uma loa,
    Nestas imagens bonitas
    Sopradas por brisa boa,
    Tem voz, e tem estatura,
    Sua altivez na postura
    Não é pra qualquer pessoa.

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