EDITORIAL

PALAVRA FIANDEIRA é um espaço essencialmente democrático, de liberdade de expressão, onde transitam diversas linguagens e diversos olhares, múltiplos olhares, um plural de opiniões e de dizeres. Aqui a palavra é um pássaro sem fronteiras. Aqui busca-se a difusão da poesia, da literatura e da arte, e a exposição do pensamento contemporâneo em suas diversas manifestações.
Embora obviamente não concorde necessariamente com todas as opiniões emitidas em suas edições, PALAVRA FIANDEIRA afirma-se como um espaço na blogosfera onde a palavra é privilegiada.

sábado, 3 de novembro de 2012

PALAVRA FIANDEIRA — 90




PALAVRA FIANDEIRA

REVISTA LITERÁRIA

Publicação digital de Literatura e Artes

ANO 4 —Nº90— 03 Novembro 2012
EDIÇÕES AOS SÁBADOS

NESTA EDIÇÃO:

DALINHA CATUNDA


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A beleza do entardecer
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1.Quem é Dalinha Catunda?
É uma mulher com M maiúsculo, que não se abate diante das dificuldades, não teme a crítica e se joga de corpo e alma em tudo que faz.
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2.O que é o “Cantinho da Dalinha”?
O Cantinho da Dalinha, é a casa virtual que abriga minha prosa e meus versos, e lá também, interajo com meus amigos no jogo das pelejas, sem contar que, tenho um xodó danado por este espaço, o meu primeiro blog!
3.Você nasceu em Ipueiras, fale-nos sobre essa cidade e de que forma ela influenciou a sua vida, e também, naturalmente: como foi a sua infância?
Ipueiras é minha terra natal, cidade muito bonita que fica ao Norte do Ceará. Fui uma criança feliz morando interior, brincando de boneca, de peteca, de roda, tomando banhos de rios e açudes, com uma liberdade invejável! E mais tarde me deliciando com as danças nos festejos de minha pequena cidade. Acredito que esta rica vivência e mais tarde minha partida desta terra, culminando com a saudade, foi o que me levou a escrever, para ter com palavras, o que não tinha concretamente.
A rua em que nasceu Dalinha Catunda
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4.Como se deu o seu primeiro contato com o cordel?
Minha lembrança de ouvir falar em folheto e não em cordel, foi minha mãe falando que a parteira que pegava, ou aparava, como se dizia no Ceará, os filhos dela, largava tudo para ouvir na feira, o vendedor cantando o Pavão Misterioso. E este foi o primeiro cordel que tive a curiosidade de ler.
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5.O que é o cordel de saia?
A história do Cordel de Saia começa assim: Fui convidada para participar do, 1º Encontro Com Poetas Populares e Rodas de Cantorias, eu teria que falar da produção feminina na literatura de Cordel. Resolvi fazer um cordel abordando o assunto, o qual dei o nome de Saias no Cordel. Animada com o tema, assessorada por meu filho, Luiz Henrique, criei o Cordel de Saia, convidando a Acadêmica Rosário Pinto, que também participou do Encontro com poetas, para colaborar com o blog. Assim nasceu o blog Cordel de Saia que é um espaço aberto para literatura de cordel onde é divulgado o poeta cordelista, seus versos, seus eventos e tenta trazer a figura da mulher para compor esta página.
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6.Você escreve em seus blogs, resenhas, notícias, e também posta suas fotos. Demonstra sentir um prazer sendo blogueira. Hoje a Rede Social se intensifica. Como vê a situação da blogosfera (blogs) com o avanço das redes (Facebook, etc)?
Adoro ser blogueira, escrevo para vários blogs, para dois jornais impressos como colaboradora, me falta tempo para Facebook, Orkut e MSN. Já participei, no Face, tem tempo, do Arena Virtual, onde se fazia pelejas. Acho ótimo para quem tem tempo.
AMIGOS: Evandro e Rosário Pinto
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7.Além de cordelista, também atua na poesia romântica, erótica e sensual, e tem poemas de beleza que transbordam os olhos de ler, como “Ser/Tão Mulher”. Como deveria ser chamada a Dalinha Catunda? Poetisa? Cordelista?
Eu gosto da palavra poeta para os dois gêneros e acho que ela é bem abrangente. Como eu atiro para todos os lados incorporo qualquer um.

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8.Poderia escolher de brinde aqui um de seus poemas para os leitores da Fiandeira?
Claro que sim!
MEU JEITO AGRESTE
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Não nasci de sete meses,
Não sou mulher assustada.
Nunca fui guia de cego
Mas sou bem desaforada.
O meu nome é Dalinha,
Outro melhor não tinha
Para eu ser retratada.
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Não sou de dizer amém
Cabeça não sei baixar.
Tenho nariz empinado
Não sou de me rebaixar.
Tenho cabelos na venta
Meu pirão é com pimenta
Que arde de transpirar.
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Nasci no meu Ceará
O meu chão é Ipueiras.
Adoro o meu Nordeste.
Sou da ala das guerreiras.
Preservo meu ar agreste,
Já peguei cabra da peste,
E nele botei coleiras.
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Quem quiser me seguir
Que acompanhe meu passo.
Nem devagar nem ligeiro,
Pois tenho o meu compasso.
Aprendi lá no sertão,
A pisar em qualquer chão
Nem fico nem ultrapasso.
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Sou abelha Dalinha,
Doce e de amargar.
Se hoje oferto mel
Também posso ferroar.
Meu mel e meu ferrão,
Conforme a situação
Sou obrigada a usar.
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Gosto de ser instintiva
Não queira me adestrar.
Este meu jeito agreste
Trouxe do meu Ceará.
Tenho lá minha doçura
Mas só mostro ternura
Se de fato me encantar.

9.Poderia nos traçar, por gentileza, resumidamente, o panorama contemporâneo da produção cordelista no nordeste. E como anda a presença da mulher neste segmento? Poderia nos deixar alguns exemplos e nomes?
Hoje parte do cordel escrito no nordeste e em outras regiões tem como endereço alcançar as escolas, mas ainda existe aquele cordel singelo apenas com intenção do entretenimento. Quanto a invasão das mulheres neste espaço seria mesmo inevitável, o cordel precisava deste outro olhar, não competindo com o homem, apenas ocupando a lacuna destinada a mulher.
Na ACC – Academia dos cordelistas do Crato, as mulheres são sete, Bastinha Job e Josenir Lacerda são fundadoras e ótimas cordelistas, A presidente, é Anilda Figueiredo, temos muitas mulheres fazendo cordel e bem feito.
NEZITE ALENCAR: mulher fiandeira

Josenir Lacerda
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10.Conte-nos, por favor, sobre a Academia Brasileira do Cordel, como surgiu, quem a fundou, a sua história...
Eu estou na ABLC desde 2008, instituição que aprendi a amar e respeitar, consta em seu acervo histórico que tudo aconteceu conforme o relato a seguir.
Academia Brasileira de Literatura de Cordel, foi fundada no dia 7 de setembro de 1988. Na diretoria, assim constituída, eram somente três os cordelistas: o presidente, Gonçalo Ferreira da Silva, o vice, Apolônio Alves dos Santos e o diretor cultural, Hélio Dutra.
Mais tarde, Umberto Peregrino, então Diretor da Biblioteca do Exército e fundador da Casa de Cultura São Saruê, grande amante da Literatura de Cordel, conhece Gonçalo Ferreira da Silva, presidente da ABLC, e se tornam grandes amigos. Com esta aproximação, surge em Umberto Peregrino a ideia de fazer a transferência do acervo cultural de São Saruê para a Academia.
Hoje o corpo acadêmico da ABLC é composto de 40 cadeiras de membros efetivos, sendo que 25% destas cadeiras podem ser ocupadas por membros não radicados no Rio de Janeiro.”

11.Escreve também crônicas e contos. Tem livros publicados? Tem alguma obra em projeto?
Apenas participações em antologias. Antologia da ABLC, da AILCA - Academia Ipuense de Letras Ciências e Artes, da qual sou membro também, e no, Cantos de Poetas, coletânea do 1º Festival Intermunicipal de Poesias, de Cachoeiras de Macacu. Pretendo publicar livros, sim, pois tenho material para tal. Porém quero fazer através de editoras e não produção independente, sem ampla divulgação.


12.Deixe aqui a sua mensagem final. Qual é a sua Palavra Fiandeira?
Eu encaro o desafio,
Fazer cordel não é drama.
Vou montando minha trama
Tecendo fio por fio
E no meu fuso confio,
Pois é arma de guerreira
Sou a típica rendeira
Com sotaque nordestino
Que teceu o seu destino
Com palavra Fiandeira.



Com mestre Azulão
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Carnaubal
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PALAVRA FIANDEIRA
Publicação digital semanal de Literatura e Artes
Edições aos sábados
Edição 90 — DALINHA CATUNDA
PALAVRA FIANDEIRA:
ANO 4 —Edição 90
Fundada pelo escritor Marciano Vasques

4 comentários:

  1. Parabéns Marciano Vasques e a Revista Palavra Fiandeira.
    Dalinha representa bem a pena cordeliana da mulher Brasileira.


    Dalinha sua entrevista
    Tem a seta natural!
    É roça cheia de fruta
    Saborosa como tal.
    É pedra de baladeira
    Em Palavra Fiandeira
    Ou no Nordeste Rural.

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  2. Querido Pedro Monteiro,
    Obrigada pelo comentário em versos.
    Meu abraço,
    Dalinha.
    *
    Meu caro Pedro Monteiro,
    Amigo do coração,
    Sou igualzinha a você
    Doidinha pelo sertão.
    Divulgar nossa cultura
    Popular literatura
    É motivo de emoção.

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  3. Olá, Marciano!

    Quero, com sua licença, dar meus parabéns à Dalinha Catunda, essa cordelista incrível (ou poeta, como prefere ser chamada), essa Mulher com M maiúsculo, por ter enriquecido grandemente meus conhecimentos sobre a Literatura de Cordel. Ainda não tinha ouvido falar das tais pelejas, e essa fantástica cearense, mulher de "jeito agreste", com esse conhecimento e cabedal cordelista, me conquistou, definitivamente...

    Abraços, Dalinha!
    Parabéns a você também, Ciano, com meu carinho e admiração de sempre, pelas suas excelentes escolhas literárias!
    Graça Lacerda

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  4. Minha cara, Graça,
    Fico bastante lisonjeada com seu comentário, já li mais de três vezes, e só tenho a agradecer pelas palavras que me servem como incentivo.
    Quanto a palavra poeta e poetisa, eu gosto mais de ser chamada poeta. Mas sou, além de poeta, cordelista com 25 cordéis publicados.
    Quero conhecer seu espaço e trocar figurinhas com você.
    Meu abraço,
    Dalinha

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