Entendo que, dentre as felicidades humanas,
a mais intensa é a que resulta do que gostamos de fazer.
PALAVRA FIANDEIRA
ARTES, EDUCAÇÃO, LITERATURA
PUBLICAÇÃO DIGITAL DE DIVULGAÇÃO CULTURAL
EDIÇÕES SEMANAIS
EDIÇÕES AOS SÁBADOS
ANO 5 —Edição 141
Sábado, 9 Novembro 2013
JOSÉ ARRABAL
1.Quem é José Arrabal?
—Com
certeza um cidadão brasileiro nascido em 1946, na cidade de Mimoso
do Sul, estado do Espírito Santo, descendente de imigrantes
espanhóis e italianos, que sempre tem a estima de sua numerosa
família.
Criança
feliz e bem criada com carinho pelos pais, após os cursos básico e
fundamental, completou cursos universitários e desde jovem exerceu
suas mais diversas atividades profissionais.
É
um constante professor que acredita no vigor do conhecimento de todas
as atividades do saber, assim também um estudante cotidiano, leitor
voraz e sem preconceitos, sempre lendo livros, narrativas de ficção,
poesia e ensaios de quaisquer áreas, capaz até de ler as linhas das
mãos, conforme fez questão de aprender com um amigo cigano.
É
apaixonado pelas artes e culturas de todos os povos, desde seus mitos
de origem até suas mais contemporâneas obras.
Nessas
leituras e apreciação cultural, não se concentra apenas nos
conteúdos das áreas ditas Humanas, pois tem idêntico olhar curioso
pelas áreas de Exatas e Biológicas.
Privilegia
a Música, toda a música do mundo, erudita e popular, igualmente
atento à harmonia musical presente em todas as atividades
artísticas, seja a música dos sons abstratos, seja a sonoridade
rítmica dos traços, das cores, dos monumentos e das palavras.
Não
menos, aprecia os esportes. É corintiano vibrante.
Gosta
de nadar, em especial, no mar.
Professor,
fez-se também jornalista e escritor de livros de ensaios e
narrativas.
No
jornalismo, exerceu suas atividades em assuntos de Política
Internacional e também na expressividade da crítica de artes, mais
focado na crítica de teatro e literária.
Escrever
é hoje sua atividade mais constante, sendo autor de ensaios e
narrativas, crônicas, contos, romances, poesia, histórias para
todos, crianças, jovens e adultos. Obras publicadas em mais de 50
títulos editados por diversas empresas do circuito livreiro no
Brasil e no exterior.
Tem
muitos parentes e amigos. Gosta disto.
É
pai de um jovem médico inteligente, correto, brilhante e
humanitário.
É
igualmente homem de crença religiosa em Deus, crente em todos os
Deuses de todos os povos, pois são todos o mesmo Deus.
Não
menos é homem de consciência e prática humanista, ciente de que
nosso planeta existe para todos em vida comum democrática,
associados com paz e fraterna solidariedade. Se assim não é o
mundo, em sua realidade cotidiana, no seu entendimento acredita que
assim precisa ser e haverá de ser, com sua existência de
intelectual dedicado a favor do fim das diferenças sociais, no
combates contra as injustiças, os preconceitos e a violência que
ainda dividem a Humanidade.
Gosta
imensamente de sua cidade natal, que sempre visita, pois mora em São
Paulo há mais de 30 anos, sendo paulista adotado com paixão pela
cidade, sobretudo por sua condição de urbe de todos os povos.
É
de seu agrado viajar, no mais das vezes pelas diversas regiões do
Brasil. Brasileiro entusiasmado pelo país, está ciente de que o
melhor do Brasil é seu povo trabalhador. Entretanto, não desgosta
de nenhum outro país do mundo, nem de qualquer povo, pois todos têm
suas boas pessoas, suas belas paisagens, bons costumes não menos
dignos de amorosa apreciação.
Se
é homem com virtudes, é também homem com defeitos, o que busca
enfrentar e superar. De suas qualidades virtuosas, a que mais preza é
a modéstia, sempre atento a mantê-la.
Vive
consciente da brevidade da vida, daí privilegia a certeza de que o
melhor da vida, sua mais essencial conseqüência, é o legado
fraterno e solidário que cada um deixa para todos na passagem da
existência.
Por
conta disto, gosta de semear o conhecimento e assim ser chamado de
professor, o que, em seu entendimento, todos são, pois todos têm
algo a ensinar a alguém, evidente melhor será se for algo para o
bem comum.
É
isso aí e não só isso, pois cada um é sempre muitos e também tão
pouco e sempre tão menos do que gostaria de ser no decorrer da vida.
Que
fazer?
2.Como consegue conciliar tantos afazeres e tantos compromissos culturais? Qual é o segredo da organização do tempo para tanto?
Pergunta
pessoal difícil de responder.
A
bem dizer, não sei...
Faço
o que considero significativo ou necessário, o que me faz feliz
fazer.
Assim
cumpro o sentido em minha vida.
Se
é importante escrever um livro, não menos importante é fazer o
próprio café da manhã ou conversar com um amigo, também viver
desperto ou dormir, dar uma aula ou tomar um banho de mar, ler um
romance ou ver um jogo de futebol, sobretudo gostar da vida e do
próximo com paz, fraternidade, solidariedade. Cada gesto tem seu
próprio instante preciso.
Verdade
é que não sou homem metódico. Também é verdade que detesto o que
me oprime ou oprime os outros. Agrada-me em especial a liberdade.
Sobretudo, a liberdade para fazer bem o que gosto de fazer.
Entendo
que, dentre as felicidades humanas, a mais intensa é a que resulta
do que gostamos de fazer.
Creio
que, se há segredo no método para cumprir minhas atividades...
conforme induz a pergunta... esse “segredo” é muito mais uma
evidencia: cuido do que faço com a mais precisa simplicidade, livre
de vaidade, ganância, inveja, competição, egoísmo ou
ressentimento.
Assim
faço o que deve ser feito, com minhas modestas possibilidades de
quem age de acordo com a consciência do bem comum.
Se
viver tem vez que é complicado, às vezes até cansativo, é também
possível simplificar essa situação da vida. No mais das vezes
tento quando é preciso. Manter o bom humor é um bom instrumento
para tanto. Não é impossível, nem é tão difícil, alegrar uma
eventual tristeza. Pode crer.
3. É autor de livros de ficção para crianças. Conte, por favor, aos leitores da FIANDEIRA sobre sua produção dirigida ao público infantil.
—Sinceramente
não escrevo livros de ficção para crianças. Conto e escrevo
histórias para leitores de quaisquer idades. O circuito editorial é
quem estabelece e determina o segmento comprador privilegiado para os
livros escritos por mim.
Com
certeza todas as histórias que escrevo principio contando essas
histórias para mim e meu agrado. E, se me agradam, passo essas
histórias a alguma editora para futura publicação.
Acredito
que assim também deve agir o leitor, lendo histórias com o seu
agrado de lê-las, sem preconceitos e com o empenho de aprimorar seu
gosto pela arte da Literatura.
A
bem dizer, a Literatura existe para aprimorar a arte de viver, o que
todo livro nos concede através de sua trama, da vivência de suas
personagens, de seus conflitos, de sua exposição vibrante e intensa
das controvérsias da vida para quem lê.
Creio
nisso e constantemente leio com esse propósito.
Se
algum de meus livros tem o formato que o circuito editorial entende
ser o de um livro para crianças, nada impede que um adulto leia esse
livro, se sinta feliz e enriquecido pela satisfação de sua leitura.
Insisto
em afirmar: escrevo os livros que escrevo para todos os leitores de
quaisquer idades. Prefiro assim.
4. "Da Vinci das Crianças" ´´e uma de suas obras. Qual o eixo condutor da abordagem? O que torna esse trabalho curioso aos olhos da criança? E porque considerou importante a divulgação de Leonardo Da Vinci entre os pequenos?
—“Da
Vinci das Crianças” é só o título do livro.
No
meu entender é um livro para todos os leitores, torno a insistir.
Trata-se
de uma biografia romanceada de Leonardo da Vinci, livro com belas
ilustrações e um texto de feitio que posso chamar de
“autobiográfico”, pois seu narrador-protagonista é próprio
Leonardo que, idoso, resolve contar sua vida ao leitor.
Escrever
essa obra foi para mim uma travessia muito agradável, sobretudo por
aquilo que aprendi ao elaborar o livro, reconstruir a vida de Da
Vinci através de sua voz própria.
Agradam-me
todos os livros que já publiquei. Vale, contudo, afirmar que este
“Da Vinci das Crianças”, editado pela Paulinas em sua “Coleção
Clássicos do Mundo”, é a mais bela de minhas obras, a mais bem
escrita, a mais bem cuidada, talvez graças à grandeza sem igual de
sua personagem principal, o próprio Leonardo.
Não
em vão é obra que recebeu honroso prêmio da Fundação Nacional do
Livro Infanto-Juvenil (FNLIJ).
Em
suas páginas, estão o Da Vinci artista e também cientista, sua
múltipla paixão criadora pelas mais plenas e vastas áreas do
conhecimento, as presenças do menino, do jovem e do velho Leonardo,
circulando por atento painel reconstruído de sua época histórica,
o Renascimento, período abençoado da história da Humanidade.
Se
é “Da Vinci das Crianças” é não menos um Da Vinci para todos.
Disto
estou certo e com esse propósito escrevi esse livro em homenagem a
Leonardo, a seu significado histórico, à grandeza de seu legado
genial.
Admiro
Leonardo Da Vinci desde bem garoto.
Desde
há muitos anos desejei escrever uma obra a seu respeito.
Creio
firmemente que, com esse “Da Vinci das Crianças”, cumpri a
contento essa minha antiga vontade. Desde então, publicada a obra,
cabe agora a cada leitor me confirmar esse meu contentamento com a
missão cumprida.
Que
assim seja!
É
minha agradecida homenagem a Leonardo Da Vinci!
5. Teve um de seus livros premiados pela conceituada Associação Paulista de Críticos de Arte. Pode nos contar sobre esse acontecimento em sua carreira literária?
—Foi
mesmo uma premiação surpreendente. Evidente que fato feliz para
mim. Era o meu primeiro livro de ficção publicado e de repente
recebo um prêmio por ele.
Faz
tempo essa premiação. Aconteceu em 1985.
Sem
dúvida trata-se de um prêmio que me trouxe crescente segurança
para prosseguir escrevendo e publicando histórias.
No
caso, o livro premiado é “A Princesa Raga-Si”.
Um
conto singelo com trama que muito me agrada ter escrito e decerto
também agrada os leitores, pois ao longo dos anos a obra teve
edições diferenciadas com ilustrações diversas e foi muitas vezes
adaptada para o teatro, além de ter recebido esse honroso prêmio da
Associação Paulista de Críticos de Arte.
Agora
mesmo, no limiar de 2014, será história republicada em mais um de
meus livros, junto a outros contos que escrevi, em “O Livro das Dez
Histórias”. Aguardem.
6."Deméter, A Senhora dos Trigais". O mito Deméter é fascinante. Poderia nos tecer algo sobre ele, a partir do enfoque do livro?
—O
livro “Deméter, a Senhora dos Trigais” é uma publicação da
Editora FTD, na Coleção Aventuras Mitológicas. Teve várias
edições em formato variado. E uma boa aceitação dos leitores.
Mitologia grega é sempre fascinante.
Deméter
é realmente uma deusa impar, mulher valente e símbolo da
fertilidade. Consta que trouxe as primeiras sementes de trigo e de
azeitona para a Humanidade. Que ensinou a semear e a colher, a fazer
o pão e o azeite.
E
não é só isso. É deusa senhora de um agudo feitio rebelde.
Negava-se a desposar outro dos deuses imortais. Quis e foi esposa de
um simples mortal. Certa vez desafiou Zeus e o próprio Olimpo. Com
igual coragem, enfrentou Hades, senhor deus do reino dos mortos.
Tais
ousadias concederam-me o desejo de romancear sua travessia mitológica
num livro composto em prosa poética.
“Demeter,
a Senhora dos Trigais” hoje é obra esgotada, fora de catálogo.
Em
breve, vou cuidar de sua republicação.
Espero
que sim.
7.Num de seus depoimentos, fala do "vasto romance que todos escrevemos pelo prosseguir da existência", poderia presentear nossos leitores esmiuçando esse seu pronunciamento?
—Estou
convencido de que a história de vida de cada um sempre reúne
passagens que são realmente fortes e/ou singelos contos, muitas
vezes verdadeiros romances vividos ao longo da existência.
Basta
recordar o vivido para nos certificarmos disto.
Alias,
o próprio Leonardo Da Vinci (que, dentre as múltiplas coisas que
fez, ao ser artista pleno e cientista múltiplo, também escreveu
contos, preciosas fábulas, invenções
conforme as considerava) afirmava que inventar histórias é a mais
fácil das invenções. Para tanto, dizia Leonardo, “basta
recordar”.
Eis
por quê entendo que a vida de cada um sempre reúne contos e, não
menos, culmina num romance. Ciente disso e por isso estou convencido
de que a Literatura criada pelos escritores, por sua intensa
similaridade com a vida, nos aprimora a arte de viver, melhor nos
ensina a viver.
Quem
lê cotidianamente contos, romances, poesias, bem sabe disto.
8. Na infância foi agraciado com o rico privilégio de ter uma professora contadora de histórias. Como vê atualmente, em nossa época transitória para a era tecnológica, a influência ou necessidade do contador de histórias?
—Pra
começo de conversa todas as épocas são transitórias. A tecnologia
contemporânea é só mais um instrumento para a vida dos homens,
instrumento para o bem e/ou para o mal, assim como foi a roda, nos
primórdios da Humanidade, assim como foi a prensa de tipos móveis
de Gutemberg produzindo livros em série no Renascimento, aliás
invenção nem tanto de Gutemberg pois tal máquina que já existia
na China há mais de mil anos.
Não
creio que a dita atual “era tecnológica” venha a por fim à
valiosa precisão de contar histórias, ouvir histórias, escrever e
ler histórias.
Bem
se sabe que todas as eras tiveram seus desenvolvimentos tecnológicos
próprios e aparentemente surpreendentes e mesmo assim o homem sempre
gostou de inventar e apreciar narrativas. De fato, todos os povos
sempre inventaram e apreciaram suas narrativas.
Alguns
teimam em dizer que o fascínio pela internet afasta os jovens da
arte de escrever, quando o que acontece é justamente o contrário.
Hoje há milhares de blogs de jovens escrevendo suas histórias para
anônimos leitores da web. Hoje qualquer escritor antes inédito,
graças à rede, tem muito mais facilidades de distribuir sua
Literatura – narrativa ou poesia – para milhões de leitores do
planeta, através da internet.
Outro
dia, um jovem amigo, após escrever um pequeno conto inspirado num
sonho da madrugada do mesmo dia, postou esse seu conto na web,
história ilustrada por ele próprio.
Pois
bem, no dia seguinte, cerca de dez mil pessoas dos mais diversos
países haviam compartilhado a leitura desse dito conto em facebook,
com traduções simultâneas e comentários surpreendentes.
A
bem dizer, o que ele fez foi tão somente contar sua história
utilizando as facilidades do instrumento que ele tinha em mãos, ou
seja, a web.
Tenho
livros que são baixados por leitores na internet, a bem dizer,
pirateados, redobrando suas tiragens impressas. Não me importo com
isso. Acho ótimo, pois isso me confirma que alguém quer mesmo ler o
que escrevi. E tem vez que percebo fato surpreendente. Se o livro é
baixado assim, digamos clandestinamente, enfim, pirateado, logo em
seguida crescem suas vendas no circuito editorial.
Então,
sem medo da contemporaneidade, vamos prosseguir contanto histórias,
ouvindo histórias, escrevendo e lendo histórias, seja onde for.
Que
assim seja.
E
quanto à professora que me contava histórias no curso primeiro,
mestra que me alfabetizou contando histórias em nossa sala de
aula... vale confirmar... sempre foi uma mulher genial, para mim,
inesquecível, sempre me recordo das histórias que ela nos contava
ou lia para nós, seus alunos.
Creio
que também graças a ela sou escritor.
Seu
nome é lindo, belíssimo o nome dessa professora: Zoé!
Pois
é nome de origem grega que significa Vida!
Uma
bênção, um presente de Deus para mim!
9.Quem é "A Princesa Raga-Si"?
—Uma
princesa das Índias que inventei. Mocinha que vivia trancada em seu
castelo, com medo de sair às ruas, de viver a vida com dinamismo.
Mocinha
danada de tímida, com um medão de sujar seu branco vestido de
princesa, caso se lançasse ao mundo, convivesse com as demais
pessoas, compartilhasse com tudo o que nos rodeia e suas
circunstâncias.
Pois
bem... eis que um dia chega ao castelo dessa medrosa mocinha
justamente um cego... que corajosamente leva Raga-Si com ele através
das estradas da vida, mostra a vida à princesa... a vida e tudo
mais, suas cores, suas flores, suas gentes, as estações do ano e
tudo mais ainda mais... o amor e até mesmo a morte o cego apresenta
à princesa.
E
o que mais acontece no percurso dessa história?
Quem
quiser saber que leia o livro, obra ciente de que apenas são felizes
os corajosos, pois quem tem medo da vida nunca é feliz. Pode crer!
10.Que inciativas considera importantes nas pessoas que pensam a Educação, para que as crianças possam ter acesso aos clássicos, seja na escola ou na sua vida comunitária (família, bibliotecárias, internet, amigos)?
—Todas,
simplesmente todas. E, dentre estas, o prazer de contar histórias,
escrever histórias, semear e distribuir histórias desde as mais
simples às mais complexas, sem preconceitos.
Nesse
sentido, o Brasil é um país privilegiado. O brasileiro adora contar
histórias. Repare bem, se dois amigos se encontram, numa padaria ou
botequim de São Paulo ou de uma cidade pequena, e passam a
conversar, na satisfação do encontro deles, sempre um conta ao
outro alguma história acontecida com ele ou com alguém mais.
Brasileiro é assim, sempre um contador de histórias. E que bom que
assim é.
Quanto
aos livros clássicos, quem os conhece deve divulgá-los, pois todos
os livros da literatura clássica reúnem as mais intensas, felizes
e/ou controversas situações da vida. E quem os lê sempre mais
aprende a viver.
11.Além de naturalmente arrojado, talvez seja o seu mais cativante projeto: transformar em romance o poema "Os Lusíadas", de Camões. Como está o andamento desse projeto? Será dedicado ao público juvenil?
—É
bem verdade que tenho o propósito de transcrever em romance o poema
“Os Lusíadas”, de Luís Vaz de Camões. É sabidamente o mais
importante poema da língua portuguesa. Obra poética genial que em
prosa narrativa há de se multiplicar para o leitor. Creio que sim.
Trata-se
de um trabalho difícil que me exige muita pesquisa, muito cuidado,
precisão verbal, vigorosa criatividade, intenso respeito pela obra
matriz.
Já
estou além da metade do poema, neste meu novo romance.
Agrada-me
o que já escrevi. Porém, ainda falta muito para terminar a obra.
Creio que em um ano chego ao fim desse árduo trabalho.
Pronto,
que ele seja uma justa homenagem a Camões, à história e ao povo de
Portugal, também à Literatura em língua portuguesa.
No
início do ano, estive em Lisboa. Visitei o Mosteiro dos Jerônimos,
onde está o túmulo do poeta. Diante dele ajoelhei-me, orei e pedi a
Luís Vaz de Camões que me inspirasse e protegesse no cumprimento
dessa missão com “Os Lusíadas”.
Saí
reconfortado do Mosteiro. Quem sabe abençoado.
Que
assim me favoreça o futuro, ao terminar essa obra que tanto é
senhora de meu dia a dia.
12.Deixe aqui a sua mensagem final. Qual a sua PALAVRA FIANDEIRA?
—Para
tanto e tão feliz oportunidade (que agradeço a você, Marciano
Vasques, amigo e colega escritor), prefiro transcrever aqui os
parágrafos finais do capítulo “O Leitor é um Escritor”, que
encerra meu livro “O Lobisomem da Paulista”, publicado pela
Editora Peirópolis.
Que
esta seja a minha mensagem final, minha Palavra Fiandeira, nesta
longa e para mim muito honrosa entrevista.
Vejamos:
“Creio
que me tornei escritor devido a meu gosto por ouvir histórias e ler
histórias, prazer tatuado em mim por toda essas aventuras na
travessia de minha vida, atento ao empenho e esforço das abelhas de
meu tio português.
Sei,
contudo, que prefiro ler a escrever. Decerto, ler não dói.
Escrever
às vezes dói, ainda que seja dor logo transfigurada no mais seguro
prazer. Até mesmo creio que leio melhor do que escrevo.
Sei
que há escritores que escrevem para ser amados. Outros, porque se
julgam infelizes e criam, por suas histórias, mundos diversos, nos
quais alcançam alguma felicidade. Há aqueles que escrevem porque
não conseguem deixar de escrever. E os que escrevem porque não
sabem fazer nada mais senão escrever histórias.
Creio
que escrevo por conta do sabor de certas boas saudades, feito quem
procura ter o tempo nas mãos por gostar do vivido, mesmo quando
inventado. Por gostar imensamente da vida, esse vasto romance de
Deus, com intriga e aventuras algumas vezes tão bem resolvidas ou
tantas vezes expressas num rascunho rasurado, pleno de falhas que nos
revoltam e nos levam ao desejo de reescrevê-lo, ainda que sempre
obra-prima de Seu escritor.
Que
Deus abençoe o leitor.”
PALAVRA FIANDEIRA
Ano 5 — Edição 141
09 Novembro 2013
PALAVRA FIANDEIRA
Fundada pelo escritor
Marciano Vasques
Fotos©
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