PALAVRA FIANDEIRA
REVISTA DE LITERATURA
ANO 2 - Nº 44- 25/OUTUBRO/2010
EDIÇÃO DE ANIVERSÁRIO
PALAVRA FIANDEIRA COMPLETA UM ANO!
EDIÇÃO TEMÁTICA
A BLOGOSFERA
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JÉSSICA LIMA
A Blogosfera
Se o assunto é o mundo dos blogs, logo vem à mente uma palavra: possibilidades.
Eu era adolescente quando fui apresentada ao famoso diário eletrônico, muitas colegas de sala tinham um e compartilhavam assuntos entre si. Mas, à época não me interessei. Observo hoje que não era o meu momento.
Eis que há pouco mais de um ano decidi montar o meu blog, dedicado a assuntos profissionais no seu início, e que um tempo depois se tornou também pessoal.
Ter um blog significa liberdade. Cada um é livre para postar o que quiser, compartilhar as fotografias que desejar, contar qualquer história ou tocar qualquer música. O blogueiro pode expor seu ponto de vista sem se preocupar com a opinião de algum “superior’’.
Pode-se na blogosfera conversar os temas que nos interessam, dividir instantes que escolhemos, dissertar sobre o assunto do momento ou resgatar algo. Críticas, elogios, invenções, desenhos, receitas, piadas, crônicas, dicas, notícias, viagens, paisagens, propagandas... Temos voz dentro de um espaço que é nosso. E o blogueiro há de ter um retorno. Criam-se os relacionamentos, as pessoas com interesses em comum buscam o que temos a dizer e vice-versa. Nascem, assim, os seguidores.
A blogosfera é espetacular por sua dimensão. O relacionamento é de alcance mundial, o que permite a possibilidade de compartilhar opiniões com outras culturas.
Profissionalmente, é uma ferramenta de aprendizado e oportunidades. O mercado de trabalho é muito concorrido, seu espaço costuma ser ingrato e as chances, poucas. O blog permite grandes passos na jornada profissional. Por exemplo, os escritores podem contar suas histórias e postá-las, permitindo-se chegar ao conhecimento do público. Assisti há um tempo a um programa de TV que discursava a importância de um blog para o jornalista, o quão útil passa a ser para estes profissionais. Assim como para o fotógrafo, o desenhista, o publicitário, o professor, o estudante, a dona de casa, e tantos outros. O blog agrega parte considerável das criações e talentos de muitos. E não há dificuldades para ter um blog, faz-se um tão rápido quanto uma conta de e-mail.
Costumeiramente, sempre existe o outro lado da moeda, e há pessoas que usam as redes sociais para disseminar os maus sentimentos e a violência, mas, pessoalmente, considero o blog como algo positivo e benéfico.
A blogosfera tem um papel muito significativo na informação. E o uso para tal atividade é muito rico e importante. Quando do terremoto no Haiti, em 12 de janeiro deste ano, um grupo de pesquisadores, área de ciências sociais da Unicamp, que viajou para lá antes da tragédia, relatava em um blog o dia a dia do país após o terremoto com uma precisão impressionante. Tenho certeza que muitas outras mídias (ditas como oficiais) não se aprofundaram tanto quanto o grupo. O blog nos leva ao conhecimento de tanta gente que manda muito bem naquilo que se propõe a fazer. E isso é gratificante.
Sinto-me feliz em constatar que falo de um espaço de arte, de relacionamentos, de busca, de afinidades, de trabalho, que vai ao longe. As pessoas se identificam através de interesses comuns, se juntam, dividem experiências e conhecimentos.
É mesmo um diário, só que ao contrário da ideia de diário, o blog é compartilhado, e é por esta troca que a blogosfera é um mundo tão atrativo e importante. Um universo no qual eu muito gosto de fazer parte.
Jéssica Lima é publicitária
REGINA SORMANI
A BLOGOSFERA
A blogosfera, o mundo daqueles que visitam, participam e colaboram com blogs, é, sem dúvida alguma, instrumento de trabalho valioso, preciso e compartilhado.
Algumas pesquisas apontam um decréscimo no uso do blog por parte dos jovens na faixa dos 18 aos 29 anos que estariam migrando para redes sociais tais como Twitter e Facebook. Entretanto, é inegável a utilidade do blog como fonte de pesquisas, servindo como termômetro
para apurar a popularidade de determinados assuntos ou notícias.
para apurar a popularidade de determinados assuntos ou notícias.
A blogosfera é, também, democrática e interativa.
Muitas empresas já se utilizam dos blogs para tentar uma aproximação mais rápida e eficiente com a clientela. Ao mesmo tempo que você se comunica, fornecendo informações, também passa a receber respostas, impressões dos leitores, seguidores e visitantes.
Há uma grande variedade de tipos de blogs, alguns com seguidores fiéis e apaixonados que ali registram opiniões, sugestões ou apenas palavras de incentivo ou admiração pelos temas abordados.
Para o escritor, utilizar o blog significa poder usar com liberdade um espaço disponível para o desenvolvimento de suas ideias, projetos, agilizando o processo de publicação de textos e poesias.
Muitas empresas já se utilizam dos blogs para tentar uma aproximação mais rápida e eficiente com a clientela. Ao mesmo tempo que você se comunica, fornecendo informações, também passa a receber respostas, impressões dos leitores, seguidores e visitantes.
Há uma grande variedade de tipos de blogs, alguns com seguidores fiéis e apaixonados que ali registram opiniões, sugestões ou apenas palavras de incentivo ou admiração pelos temas abordados.
Para o escritor, utilizar o blog significa poder usar com liberdade um espaço disponível para o desenvolvimento de suas ideias, projetos, agilizando o processo de publicação de textos e poesias.
Regina Sormani é Escritora e Educadora
É coordenadora do blog da AEILIJ SP - Associação de escritores e ilustradores de literatura infantil e juvenil de São Paulo
MARÍLIA CHARTUNE
BLOGOSFERA
As profissões do futuro ainda não conhecemos, mas serão inventadas logo... As expressões do futuro estão surgindo na mesma proporção que a ciência propulsiona a globalização. “Blogosfera” é uma palavra criada em 1999, refere-se ao que estou fazendo agora ou tentando ...escrever para um blog! Aliás, fui contatada através de meu blog divulgando meu trabalho. Assim como muitos internautas interconectados, escritores e poetas, filósofos e cientistas, artistas e blogueiros em geral formam uma rede, lançam palavras no espaço, idéias múltiplas em projeção geométrica.
Meu filho Fabiano criou meu blog, me ensinou a usar e fazer outros relacionados. Foi o primeiro passo para que eu virasse “blogueira”, mas não como escritora, apenas porque gosto de postar fotos dos quadros e algumas informações sobre arte e cultura.
O que me impressiona é a velocidade da informação, a forma com que a esfera global se apresenta pequena diante da “Blogosfera”.
Outro dia, estava eu pintando um quadro num centro de comércio de minha cidade, para uma promoção de refrigerante multinacional e fui fotografada enquanto dava uma entrevista para uma TV local. No mesmo dia, meu filho que mora a 2000 km viu a foto no blog de uma amiga jornalista e me enviou por MSN, sem que eu tivesse dado qualquer informação do que estava fazendo naquele dia.
Postar textos, poesias, imagens, vídeos em blogs é fácil. Difícil é resgatar o barulho que essa caixa de ressonância difunde no ar. Então é só deixar que as idéias percorram mundo afora e tentar captar outras em troca e saber que alguém do outro lado da “Blogosfera” estará fechando o circuito.
Marília Chartune Teixeira
é artista plástica
DANILO VASQUES
VIAS PARTILHADAS DA BLOGOSFERA
Todo dia, às 4h10, parte o ônibus circular. Ele adentra por ruas que entrecortam cerca de cinco bairros daqui da periferia onde moro. Feito o trajeto de ida em aproximada 1 hora e 30 minutos, o danado do veículo retoma o sentido contrário. Ao passo de três horas inteiras, seu itinerário está cumprido: os bairros que lhe cabem foram visitados e sua premissa circulatória, por assim dizer, está posta. Claro, o circular de um ônibus na periferia de São Paulo pouco tem de esférico ‒ há tantas irregularidades ‒ contudo, o exemplo sugere a noção da existência de um ponto inicial que irmana com um ponto final.
Talvez possamos enxergar neste paralelo, o começo irmão do fim, uma das características da blogosfera. Se encararmos a razão da etimologia da palavra como disposta num dicionário brasileiro, blog + o + sfera, temos que a noção geométrica é um dos pressupostos do conceito. Enxergamos neste símbolo algo parecido com os rumos do ônibus apresentados, ou seja, o começo e o fim se redundam: a esfera é um elemento geométrico espetacular. Nela não se sabe a origem do traço e não se conhece o seu final, temos uma linha contínua, inquebrável e que há tudo engloba, ao menos, tudo o que cabe dentro da figura.
É o nosso planeta. A esfera que nos possibilita a vida como conhecemos, nosso chão e nosso mundo ‒ sem, obviamente, querer minorar a fantástica exploração espacial acima de nossas cabeças ou adentrar pelos caminhos das subjetivas interpretações de dimensões paralelas. Vivemos com os pés sobre a estrela azul que representa a forma geométrica perfeita. Posto que diversos conceitos que se aplicam ao coletivo além dos limites fronteiriços ganham tal caráter esférico: são as ideias que dialogam com o nosso sentido global ‒ ainda que em muitos casos falemos de um pequeno universo de pessoas.
A formalização da noção de blogosfera remete ao início da década que se encerrará ao cabo dos próximos dois meses. Verdade que a palavra já havia pululado nos finais dos anos 1990, contudo, oficializou-se que os anos 2000 são os agregadores da blogosfera. O dicionário brasileiro Houaiss, emparedado com muitos dados disponíveis na rede, aponta o ano de 2002 como a datação aproximada do termo. A blogosfera estaria ali, naquela data, enfim, afinada.
Seria, pois, a blogosfera o espaço imensurável em que coexistem os blogs mundo afora. Trata-se de uma rede invisível nutrida a cada nova vírgula, imagem, som ou qualquer elemento publicado em um blog. A rede é anônima no todo, contudo, cada blogueiro, por ser necessariamente uma pessoa, representa em si um universo multicultural: é ele o vizinho, cuja casa você pode ou não conhecer, mas do qual não se deve ignorar o papel que carrega como agente publicador ‒ e o blogueiro iria angariar nos anos 2000, entre outras características, o viés profissional despertando também em empresas de variados segmentos o interesse em se capitanear esta figura. Em pouco tempo, ele tornou-se sinônimo de um cidadão comprometido a postar suas ideias ‒ ou reproduzir as de outrem ‒ e deste modo passou a alicerçar e a estimular o crescimento da blogosfera, a qual trata-se, por definição, de um território impalpável justamente por ser calibrado em um ambiente virtual.
A multiplicidade de autores de blogs figura-se como um estímulo vivo à troca de pensamentos dentro de uma internet em expansão e que viu nos últimos anos crescer o mapa das redes sociais interativas. O blog reforçaria essa premissa. É comum notar a interação de blogueiros que muitas vezes não se sabem pessoalmente e que a despeito disso se ombreiam a articular a profusão de ideias das mais variadas ordens: eis a blogosfera.
Deste cenário, sublinha-se a figura do receptor cuja participação é central para a manutenção das coisas: aquele que chamamos de leitor ou visitante. Em verdade, pouco sabemos sobre ele. Contrariando as ferramentas de estatísticas, observamos que, conceitualmente e quando sem censuras, o leitor potencialmente será qualquer pessoa conectada à rede.
Por extensão, na blogosfera, observando os agrupamentos sociais em diversas publicações ‒ os seguidores, amigos, companheiros ‒ salientamos a noção de um personagem que nutre ambas as partes (a publicação e a leitura): o blogueiro que se completa enquanto leitor e vice-versa. Essa figura que lê um universo extramuros e se predispõe à condição de protagonista é também uma ferramenta real da manutenção da blogosfera. Entre tantos outros agentes que solidificam o universo em pauta, o blogueiro-leitor exemplifica o aspecto de compartilhamento social presente na roda dos blogs.
Da parte que me cabe, comumente, escrevo minhas postagens diretamente de um fragmento do território circundado pelo ônibus do começo do texto. É sugestível notar que a cada nova postagem corro o positivo risco de extrapassar cenários pré-estipulados e, ademais, minhas linhas serem conhecidas por internautas que habitam outros continentes e cujos países venho a alcançar, nesta ocasião, senão por conta da rede. Da outra ponta, do leitor, é deste mesmo espaço, defronte ao computador, que permito-me múltiplas sensações ‒ novas ou não ‒ ao garimpar a blogosfera. Reconhecemos a premissa: as ideias circulam.
Danilo Vasques é jornalista
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PALAVRA FIANDEIRA
Fundada por Marciano Vasques
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A blogosfera é um mundo incrível!
ResponderExcluirParabéns aos autores de cada texto e vida longa para "Palavra Fiandeira".
Abraços.
Do outro lado do atlântico esta blogueira fecha o circulo compartilhando com todos vocês a alegria que as palavras mágicas que aqui são passadas me dão.
ResponderExcluirBeijo com carinho
Carmen Ezequiel
Jéssica,
ResponderExcluirVida longa!
E sempre com você.
Um abraço,
Vasques
Carmen Ezequiel,
ResponderExcluirÉ sempre motivo de alegria ter você em PALAVRA FIANDEIRA.
Beijo,
Vasques