EDITORIAL

PALAVRA FIANDEIRA é um espaço essencialmente democrático, de liberdade de expressão, onde transitam diversas linguagens e diversos olhares, múltiplos olhares, um plural de opiniões e de dizeres. Aqui a palavra é um pássaro sem fronteiras. Aqui busca-se a difusão da poesia, da literatura e da arte, e a exposição do pensamento contemporâneo em suas diversas manifestações.
Embora obviamente não concorde necessariamente com todas as opiniões emitidas em suas edições, PALAVRA FIANDEIRA afirma-se como um espaço na blogosfera onde a palavra é privilegiada.

sábado, 20 de outubro de 2012

PALAVRA FIANDEIRA 88





PALAVRA FIANDEIRA

REVISTA LITERÁRIA

Publicação digital de Literatura e Artes

ANO 4 —Nº88 — 20/OUTUBRO/2012
EDIÇÕES AOS SÁBADOS

NESTA EDIÇÃO:

NEZITE ALENCAR



Mulheres tocando viola de cocho/Sebastião Mendes©

Direitos reservados: ilustração de poesia de Dalinha Catunda©


Nome de um popular blog de difusão do cordel©

convite/©


Literatura de Cordel/imagem©




1.Quem é Nezite Alencar?

Uma professora aposentada, que usa o engenhoso mundo do cordel para voltar à sala de aula de vez em quando.

A autora/foto©


2.Então temos “A Inconfidência Mineira em Cordel”. Pode nos contar sobre esse livro? A partir de qual momento surgiu a ideia de escrevê-lo?

A partir de minha experiência como professora do ensino fundamental. Os textos de História, geralmente longos, tornam-se quase sempre enfadonhos para os alunos; o cordel, é um texto atrativo, agradável de ler, quase musical. Então pensei numa forma de ajudar os alunos a gostarem das aulas de História.


3.É autora de livros infanto juvenis. Pode, gentilmente, nos falar sobre a sua produção nesse segmento?

Acho que já respondi a esta pergunta. Durante quase quarenta anos trabalhei com alunos do ensino fundamental, sendo completamente apaixonada pelo meu trabalho. Escrever para eles é uma forma de continuar na escola.


4.Vive no Ceará e lançou no início deste ano um livro no SESC de Crato. Como foi esse evento e qual foi a obra?

Moro na cidade de Crato. Lançamos o nosso “Cordel das Festas e Danças Populares”,
que conta para as crianças como surgiram as principais manifestações populares no gênero, em todo o Brasil. O SESCCrato gentilmente promoveu o nosso lançamento no dia 6 de janeiro, festa dos reis magos; Foi uma linda festa, com a presença de brincantes de Reisado , Coco e Ciranda. Fiquei muito gratificada.

5.Qual a sua trajetória como cordelista e quando surgiu em sua vida essa modalidade de literatura?

Cresci ouvindo clássicos da Literatura de Cordel, como “O Pavão Misterioso”, “O valente Zé Garcia” e outros, cantados à beira do fogo ou ao luar, nos terreiros do sertão e nas casas de farinha. Já nos meus primeiros anos de magistério, costumava transformar textos de História e Geografia em cordel, para que as aulas fossem mais prazerosas e de fácil compreensão.
Ilustração para o cordel "O Pavão Misterioso"—ARI/direitos reservados©
6.Considera que atualmente o cordel esteja mais valorizado ou reconhecido como uma rica contribuição cultural para as letras?

Claro que sim! Até porque o público leitor também mudou: hoje o cordel saiu das feiras, para entrar nas universidades, nas editoras mais respeitadas e também na TV e na internet. E cada vez mais é considerado uma ótima ferramenta para o ensino-aprendizagem.
Novela apresentada pela Rede Globo©
7.Uma de suas obras que despertou muito a atenção da Fiandeira foi AFRO BRASIL em cordel. Pode, por gentileza, aos leitores, expor a trajetória desse livro e a sua importância no contexto brasileiro?

A motivação para escreverAfro Brasil em cordelfoi a lei 10.639/2003, que tornou obrigatório o estudo da África e dos africanos na educação básica. Publicado em 2007, temos a grata satisfação de vê-lo agora em 3ª. Edição; Confesso que este cordelzinho sempre foi para mim a menina dos olhos. É a minha humilde contribuição para que um dia , espero não muito distante, se chegue ao fim do racismo em nosso País e se faça justiça aos povos afrodescendentes, saldando a imensa dívida histórica que temos para com a África e seu povo.


8.Tem visitado escolas em suas andanças literárias. Poderia nos contar o que para você representa esse contato com os alunos?

Como já ficou dito acima , estes são os meus melhores momentos, pois representam o reencontro com a minha paixão!

Nezite Alencar visitando escola/imagens©
9.Bem recentemente, em setembro, na Casa do Ceará, ocorreu o
1º Encontro dos Escritores Cearenses em Brasília”. Esteve presente ou nos poderia narrar algo sobre esse evento?

Infelizmente, não estive presente. Tudo que posso dizer-lhe é que com certeza os escritores de cordel cearenses estiveram bem representados, na pessoa do meu amigo, o grande poeta Marcos Mairton e, com certeza por outros, que não são do nosso conhecimento.
Com amigos especiais

Batistinha Job, Dalinha Catunda e Nezite Alencar/fotos©
10 É autora deCanudos, o movimento e o massacre em cordel. Fiandeira pode considerá-la uma historiadora do Cordel?

Bem, como de fato sou historiadora, me sinto confortável com esta tão honrosa denominação, uma vez que não pretendo parar por aqui.


11.Além de Dalinha Catunda, que outras mulheres conhece, que atuam, militam nas letras do cordel?

Devo dizer que na Academia dos Cordelistas do Crato, onde com muita honra tenho assento, somos sete mulheres cordelistas. Além destas, temos aqui na região do Cariri, outras meninas que escrevem cordel; Temos também Rosário Pinto, colega de Dalinha na ABLC. Como vê, o cordel, entre outros avanços, também deixou de ser uma arte exclusivamente masculina.
Dalinha Catunda/foto©

Capa de blog de divulgação do cordel/©
Foto de Dalinha Catunda/©

12.Deixe aqui a sua mensagem final. Qual é a sua Palavra Fiandeira?

O cordel que é nordestino,
Virou arte brasileira,
Teceu em rimas seus fios
E ganhou a Pátria inteira;
Eu também sou nordestina,
Fio verso e teço em rima
Sou mulher, sou FIANDEIRA!




Nezite Alencar no seu mundo feliz/©



PALAVRA FIANDEIRA
Publicação Digital Semanal
Publicação de Literatura e Artes
Edições ao Sábados
Edição 88 —NEZITE ALENCAR
PALAVRA FIANDEIRA
Fundada pelo escritor
Marciano Vasques


5 comentários:

  1. Grande entrevista, Marciano! Perguntas pertinentes e respostas concisas em conteúdo, mas ricas em informação. Grande Nezite!

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    1. Grande é você, poeta! Obrigada por sua amizade e interesse. Abraço

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  2. Marciano, obrigada por nos apresentar esses tesouros. Forte abraço Nezite. É bom saber que mulheres cordelistas andam fazendo história e ganhando espaço. bjs

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  3. Amei o título: Palavra Fiandeira, Gostei muito da Entrevista com Nezite e adorei ver mais espaço destinados a caminhada das mulheres poetas e cordelistas.
    Parabéns!!!!!Coloquei o link desta entrevista no blog Cordel de Saia,
    Dalinha Catunda

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  4. Uma entrevista muito consciente em que Nezite, mesmo respondendo em prosa, mostra sua alma poética, a sua veia artística. Estão de parabéns "Palvra Fiandeira"
    e a cordelista que soube fiar e tecer suas respostas.

    Bastinha Job

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