Nós, autores, temos que ser muito verdadeiros no que escrevemos e falamos.
PALAVRA FIANDEIRA
ARTE, EDUCAÇÃO, LITERATURA
Publicação digital de divulgação cultural
EDIÇÕES SEMANAIS
ANO 5 — Edição 152
24 MAIO 2014
SUSANA MARIA FERNANDES
1.Quem é
Susana Fernandes?
—Sou
carioca, formada em Jornalismo, pós - graduada em Literatura, Arte
e Pensamento contemporâneo e também em Literaturas de países de
língua portuguesa. Torço pelo Botafogo, amo o Rio de Janeiro,
literatura, música, boa comida e um bom vinho.
2.Poderia,
gentilmente, contar aos leitores da FIANDEIRA , sobre o seu livro
GENTE VESTIDA DE NOITE? O que nos poderia dizer sobre ele?
—Este
livro trata da importância do olhar, de como você vê o outro e
como é importante você se ver no outro e verificar de que é um
igual, dentro da diferença.
3.Ao
ouvi-la num evento no Rio, reparei de imediato a sua preocupação e
consciência com relação ao racismo e outras enfermidades da
“cultura” nacional contemporânea. Fale um pouco sobre isso, por
favor.
—A minha
preocupação maior, não é bem com o racismo que é uma praga que
não vai acabar enquanto existir o ser humano. A minha preocupação
como pessoa e escritora é de como o negro se comporta frente ao
racismo. Temos que ter em mente que não somos inferiores a ninguém,
somos pessoas capazes de viver com dignidade, somos seres pensantes
e inseridos nesta sociedade, e temos o direito de sonhar e lutar
pelo que queremos. O negro não tem que se importar com o racismo,
quem tem que se importar é o racista. Somos herdeiros de uma raça
vitoriosa, pois vencemos 300 anos de cativeiro e erguemos uma nação
sobre o manto da dor e hoje chegamos com lágrimas para sermos
artistas, escritores, advogados, juízes, médicos, engenheiros,
modelos, designers, poetas e o que mais chegar.
O que
vivemos hoje nesta contemporaneidade virtual, com internet por todos
os lados é resultado de uma demência cultural, é resultado do
tédio de ter tudo à mão e também desta máxima de que você pode
tudo, mas só você, o outro não.
4.Esteve
na Feira de Livros no Parque das Ruínas num domingo ensolarado. O
que representou para você a sua participação nesse evento?
—Foi a
maneira que encontrei para fazer o lançamento do meu livro, num
lugar diferente e bem bonito. Eu confesso que não esperava que fosse
tão bom, porque conheci pessoas muito interessantes, como você por
exemplo, e agora estou dando esta entrevista.
Lançamento do primeiro livro
5.O que
pensa sobre a Literatura Infantil? Acredita que ela seja apenas para
crianças?
—Eu não
acredito em literatura infantil, eu acredito em texto literário com
signos infantis, que podem ser lidos até por uma criança. Mas..
esta divisão em literatura infantil, literatura feminina, literatura
marginal e outras mais tem a ver com a questão mercadológica. Eu
gosto de ler bons textos e gosto de viajar por mundos diferentes e
vislumbrar novos encantamentos. É bom despertar a criança que mora
dentro de nós, assim nos ligamos com o divino e aí a magia acontece
e o livro passa a ser o nosso mais recente amigo de infância.
Em evento no Rio de Janeiro, em 18 de Maio.
6.Poderia
nos brindar com o seu pensamento sobre a tão recentemente alardeada
fim da era do livro de papel?
—Creio
que o livro em papel não vai acabar. Isso já está sacramentado.
Os e-books vão ficar juntamente com o livro em papel, uma coisa não
invalida a outra. O livro em papel faz parte da nossa vida, mesmo
para aqueles que transitam com desenvoltura no mundo virtual, o
livro da maneira que ele é perpetuará por muitos e muitos anos. O
livro em papel pertence ao nosso cotidiano, ele torna o nosso momento
de leitura mais aconchegante.
7.Seu livro “Gente Vestida de Noite” é também uma poesia visual. Quem é o ilustrador? E o que pensa sobre a importância da arte da ilustração num livro para crianças?
—A
ilustradora do meu livro é a artista plástica Vera Ferro,que tem um
traço maravilhoso. A ilustração deixou o texto mais forte, na
realidade são dois textos o escrito e o ilustrado e os dois textos
se completam. Para a criança isso é muito importante, o
entendimento é mais fácil e fixa mais a história e mexe totalmente
com o imaginário. A viagem literária fica mais rica.
8.Hoje
os atrativos e chamamentos de indústrias gigantescas como a do
cinema, de certa forma até distanciam a criança da leitura. Como vê
essa questão? Teria, outrossim, uma ideia para aproximar os pequenos
dos livros prioritariamente?
—Acho que tudo é relativo. A criança pode ler, ir ao cinema, brincar no computador, tudo bem. A questão é dosar, ter um critério para que as coisas não extrapolem e a criança ignore a existência do livro.
No meu tempo de menina, não tinha computador, mas tinha a televisão e o cinema e eu assisti muita televisão e fui muito ao cinema, mas nunca me separei do livro e o livro não era a minha prioridade, a minha prioridade era brincar com as minhas bonecas.
No meu tempo de menina, não tinha computador, mas tinha a televisão e o cinema e eu assisti muita televisão e fui muito ao cinema, mas nunca me separei do livro e o livro não era a minha prioridade, a minha prioridade era brincar com as minhas bonecas.
9.Tem tido contato com crianças em colégios e eventos literários? Como vê esses encontros entre autor e os novos leitores?
—Tive
contato com crianças autistas quando lancei o meu primeiro livro Que
vida eu quero ter?
foi uma experiência sensacional, porque as crianças tinham vários
níveis de autismo , mas elas trabalharam o meu livro com os
professores e criaram um livro delas, onde elas diziam o que elas
gostariam de ser na vida.
A melhor
coisa para o autor, na minha opinião é ter contato com o leitor,
esta troca é muito boa, porque surge uma emoção muito verdadeira.
O autor toma consciência da importância do seu trabalho, do quanto
ele pode transformar a vida daquele leitor. A responsabilidade é
muito grande, principalmente tratando-se de um público em formação.
Nós, autores, temos que ser muito verdadeiros no que escrevemos e
falamos.
10.Tem
algum projeto que já pode anunciar aos nossos leitores?
—Ainda
não tenho nenhum projeto fechado, mas assim que tiver, avisarei aos
leitores. Penso em algumas coisas, mas ainda estão em processo de
maturação.
Com amigos em confraternização após lançamento.
11.Acredita
que a Literatura de um modo geral possa atualmente, em nossa era
tecnológica, influenciar de alguma forma a nova geração?
—Sim,
entretanto é preciso saber que tipo de leitura a moçada está
fazendo. Mas, independente da literatura sempre fica algo daquilo
que se lê, espero que as boas leituras tenham força para trazer um
equilíbrio para a garotada, que eles não achem que porque o mundo
está querendo ser tecnológico, não caiba um pouco de poesia, de
beleza singela, um pouco de pé descalço no chão de terra batida.
12.Deixe
aqui a sua mensagem final. Qual a sua PALAVRA FIANDEIRA?
—A
Literatura fala da gente com tratamento artístico.
PALAVRA FIANDEIRA
ARTE, EDUCAÇÃO, LITERATURA
Publicação digital de divulgação cultural
EDIÇÕES SEMANAIS
ANO 5 — Edição 152
24 MAIO 2014
Edição: SUSANA MARIA FERNANDES
PALAVRA FIANDEIRA:
Fundada pelo escritor
Marciano Vasques
Parabéns Susana Maria Fernandes
ResponderExcluirBela entrevista!
Fiquei curiosa para conhecer tua obra.
Um grande abraço.
Maria Rita Py Dutra