EDITORIAL

PALAVRA FIANDEIRA é um espaço essencialmente democrático, de liberdade de expressão, onde transitam diversas linguagens e diversos olhares, múltiplos olhares, um plural de opiniões e de dizeres. Aqui a palavra é um pássaro sem fronteiras. Aqui busca-se a difusão da poesia, da literatura e da arte, e a exposição do pensamento contemporâneo em suas diversas manifestações.
Embora obviamente não concorde necessariamente com todas as opiniões emitidas em suas edições, PALAVRA FIANDEIRA afirma-se como um espaço na blogosfera onde a palavra é privilegiada.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

PALAVRA FIANDEIRA 152

Nós, autores, temos que ser muito verdadeiros no que escrevemos e falamos.





PALAVRA FIANDEIRA

ARTE, EDUCAÇÃO, LITERATURA
Publicação digital de divulgação cultural
EDIÇÕES SEMANAIS
ANO 5 — Edição 152
24 MAIO 2014

SUSANA MARIA FERNANDES


1.Quem é Susana Fernandes?

—Sou carioca, formada em Jornalismo, pós - graduada em Literatura, Arte e Pensamento contemporâneo e também em Literaturas de países de língua portuguesa. Torço pelo Botafogo, amo o Rio de Janeiro, literatura, música, boa comida e um bom vinho.



2.Poderia, gentilmente, contar aos leitores da FIANDEIRA , sobre o seu livro GENTE VESTIDA DE NOITE? O que nos poderia dizer sobre ele?
—Este livro trata da importância do olhar, de como você vê o outro e como é importante você se ver no outro e verificar de que é um igual, dentro da diferença.



3.Ao ouvi-la num evento no Rio, reparei de imediato a sua preocupação e consciência com relação ao racismo e outras enfermidades da “cultura” nacional contemporânea. Fale um pouco sobre isso, por favor.

—A minha preocupação maior, não é bem com o racismo que é uma praga que não vai acabar enquanto existir o ser humano. A minha preocupação como pessoa e escritora é de como o negro se comporta frente ao racismo. Temos que ter em mente que não somos inferiores a ninguém, somos pessoas capazes de viver com dignidade, somos seres pensantes e inseridos nesta sociedade, e temos o direito de sonhar e lutar pelo que queremos. O negro não tem que se importar com o racismo, quem tem que se importar é o racista. Somos herdeiros de uma raça vitoriosa, pois vencemos 300 anos de cativeiro e erguemos uma nação sobre o manto da dor e hoje chegamos com lágrimas para sermos artistas, escritores, advogados, juízes, médicos, engenheiros, modelos, designers, poetas e o que mais chegar.
O que vivemos hoje nesta contemporaneidade virtual, com internet por todos os lados é resultado de uma demência cultural, é resultado do tédio de ter tudo à mão e também desta máxima de que você pode tudo, mas só você, o outro não.


4.Esteve na Feira de Livros no Parque das Ruínas num domingo ensolarado. O que representou para você a sua participação nesse evento?

—Foi a maneira que encontrei para fazer o lançamento do meu livro, num lugar diferente e bem bonito. Eu confesso que não esperava que fosse tão bom, porque conheci pessoas muito interessantes, como você por exemplo, e agora estou dando esta entrevista.

Lançamento do primeiro livro


5.O que pensa sobre a Literatura Infantil? Acredita que ela seja apenas para crianças?

—Eu não acredito em literatura infantil, eu acredito em texto literário com signos infantis, que podem ser lidos até por uma criança. Mas.. esta divisão em literatura infantil, literatura feminina, literatura marginal e outras mais tem a ver com a questão mercadológica. Eu gosto de ler bons textos e gosto de viajar por mundos diferentes e vislumbrar novos encantamentos. É bom despertar a criança que mora dentro de nós, assim nos ligamos com o divino e aí a magia acontece e o livro passa a ser o nosso mais recente amigo de infância.

Em evento no Rio de Janeiro, em 18 de Maio.

6.Poderia nos brindar com o seu pensamento sobre a tão recentemente alardeada fim da era do livro de papel?

—Creio que o livro em papel não vai acabar. Isso já está sacramentado. Os e-books vão ficar juntamente com o livro em papel, uma coisa não invalida a outra. O livro em papel faz parte da nossa vida, mesmo para aqueles que transitam com desenvoltura no mundo virtual, o livro da maneira que ele é perpetuará por muitos e muitos anos. O livro em papel pertence ao nosso cotidiano, ele torna o nosso momento de leitura mais aconchegante.


7.Seu livro “Gente Vestida de Noite” é também uma poesia visual. Quem é o ilustrador? E o que pensa sobre a importância da arte da ilustração num livro para crianças?

—A ilustradora do meu livro é a artista plástica Vera Ferro,que tem um traço maravilhoso. A ilustração deixou o texto mais forte, na realidade são dois textos o escrito e o ilustrado e os dois textos se completam. Para a criança isso é muito importante, o entendimento é mais fácil e fixa mais a história e mexe totalmente com o imaginário. A viagem literária fica mais rica.




8.Hoje os atrativos e chamamentos de indústrias gigantescas como a do cinema, de certa forma até distanciam a criança da leitura. Como vê essa questão? Teria, outrossim, uma ideia para aproximar os pequenos dos livros prioritariamente?

—Acho que tudo é relativo. A criança pode ler, ir ao cinema, brincar no computador, tudo bem. A questão é dosar, ter um critério para que as coisas não extrapolem e a criança ignore a existência do livro.
No meu tempo de menina, não tinha computador, mas tinha a televisão e o cinema e eu assisti muita televisão e fui muito ao cinema, mas nunca me separei do livro e o livro não era a minha prioridade, a minha prioridade era brincar com as minhas bonecas.


9.Tem tido contato com crianças em colégios e eventos literários? Como vê esses encontros entre autor e os novos leitores?

—Tive contato com crianças autistas quando lancei o meu primeiro livro Que vida eu quero ter? foi uma experiência sensacional, porque as crianças tinham vários níveis de autismo , mas elas trabalharam o meu livro com os professores e criaram um livro delas, onde elas diziam o que elas gostariam de ser na vida.
A melhor coisa para o autor, na minha opinião é ter contato com o leitor, esta troca é muito boa, porque surge uma emoção muito verdadeira. O autor toma consciência da importância do seu trabalho, do quanto ele pode transformar a vida daquele leitor. A responsabilidade é muito grande, principalmente tratando-se de um público em formação. Nós, autores, temos que ser muito verdadeiros no que escrevemos e falamos.



10.Tem algum projeto que já pode anunciar aos nossos leitores?

—Ainda não tenho nenhum projeto fechado, mas assim que tiver, avisarei aos leitores. Penso em algumas coisas, mas ainda estão em processo de maturação.

Com amigos em confraternização após lançamento.

11.Acredita que a Literatura de um modo geral possa atualmente, em nossa era tecnológica, influenciar de alguma forma a nova geração?

—Sim, entretanto é preciso saber que tipo de leitura a moçada está fazendo. Mas, independente da literatura sempre fica algo daquilo que se lê, espero que as boas leituras tenham força para trazer um equilíbrio para a garotada, que eles não achem que porque o mundo está querendo ser tecnológico, não caiba um pouco de poesia, de beleza singela, um pouco de pé descalço no chão de terra batida.



12.Deixe aqui a sua mensagem final. Qual a sua PALAVRA FIANDEIRA?

—A Literatura fala da gente com tratamento artístico.




PALAVRA FIANDEIRA

ARTE, EDUCAÇÃO, LITERATURA
Publicação digital de divulgação cultural
EDIÇÕES SEMANAIS
ANO 5 — Edição 152
24 MAIO 2014
Edição: SUSANA MARIA FERNANDES
PALAVRA FIANDEIRA:
Fundada pelo escritor
Marciano Vasques




Um comentário:

  1. Parabéns Susana Maria Fernandes
    Bela entrevista!
    Fiquei curiosa para conhecer tua obra.
    Um grande abraço.
    Maria Rita Py Dutra

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