EDITORIAL

PALAVRA FIANDEIRA é um espaço essencialmente democrático, de liberdade de expressão, onde transitam diversas linguagens e diversos olhares, múltiplos olhares, um plural de opiniões e de dizeres. Aqui a palavra é um pássaro sem fronteiras. Aqui busca-se a difusão da poesia, da literatura e da arte, e a exposição do pensamento contemporâneo em suas diversas manifestações.
Embora obviamente não concorde necessariamente com todas as opiniões emitidas em suas edições, PALAVRA FIANDEIRA afirma-se como um espaço na blogosfera onde a palavra é privilegiada.

sexta-feira, 30 de maio de 2014

PALAVRA FIANDEIRA 153


Um poço de emoções, de sonhos, de coragens e também incertezas – com certeza!


PALAVRA FIANDEIRA

ARTE, EDUCAÇÃO, LITERATURA
Publicação digital de divulgação cultural
EDIÇÕES SEMANAIS
ANO 5 — Edição 153
31 MAIO 2014

EVANDRO NAVARRO



1.Quem é Evandro Navarro?
 Há vinte oito anos compositor e músico. Nascido em 1965, sobre o solo de Muzambinho - MG e sob o signo de sagitário.Filho da D. Lourdinha e do saudoso Sr. Nestor, pai da Mariah e Nina.Um poço de emoções, de sonhos, de coragens e também incertezas – com certeza!
Teimoso, às vezes ainda ingênuo e noutras desconfiado. Mineiro né!. Querendo, pro outro, ser pau-pra-toda-obra e, de repente, pedindo algum socorro também. Com fortes tendências (graças a Deus!) a ser feliz e otimista. Um chorão (emotivo) por natureza.
E mais tanta coisa, que me conheço, e as que nem sei, ainda.


2.Apresentou-se em Ribeiro Preto na Orquestra Sinfônica da cidade com uma composição sua. Conte-nos sobre essa sua apresentação. Quando foi, como foi...

 Aconteceu em novembro de 2012. Com certeza uma das grandes, e raras, oportunidades de minha carreira foi apresentar-me junto com a Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto. E ainda por cima mostrando uma canção de minha autoria: Alto Paraíso; arranjada pelo clarinetista Bogdan Dragan e regidos pelo Maestro José Gustavo Julião de Camargo.
“Orquestra e Amigos” foi um Projeto que convidou artistas de Ribeirão Preto. Imagina: você se ver no palco do Theatro Pedro II (monumental), olhar pra frente e ver a casa cheia, olhar para trás (e dos lados) e ver dezenas de músicos da mais alta qualidade, todos empenhados em um trabalho seu. Uma vibração musical estonteante. Pensa a responda, a beleza, a sonoridade, a emoção disso.

3.Foi para o Rio de Janeiro para batalhar pela sua carreira musical. Conte, por gentileza, aos leitores da Fiandeira, sobre essa decisão, e como está sendo essa batalha.
 O Rio de Janeiro marca um novo momento de minha vida e carreira. Transferir pra cidade maravilhosa minha batalha é um grande desafio. Inspirador. E que exige também uma outra determinação; eu que sempre vivi na barra da saia de uma família fraterna e acolhedora, no convívio de amigos tão queridos. Já chorei bastante (rs), mas também tem muito sorrir nesta história de pouco mais de um ano. Componho diariamente, motivado por isto tudo. E só isto já valeria esta fase e o intento. Mas tem tanta coisa junto, nisto, que não dá mesmo pra “fiandar” tudo aqui. rs

4.Além de cantor e compositor, realiza também uma atividade jornalística. O que pode nos comentar sobre ela?
—Não sei se é bem um “jornalismo”, mas também não sei se deixa de ser.
Convidado pelo Coletivo Fuligem (de Ribeirão Preto) faço parte, há quase um ano, do programa de tv: Fuligem no ar. No qual sou, acho que posso dizer,“repórter”. Fiz varias matérias culturais e entrevistas no Rio e algumas também em Ribeirão. Gosto muito e acho que tem gente gostando também. rs
Há algum tempo, eu havia sido entrevistador de um quadro musical, num programa do SBT regional; onde tive uma experiência bonita e motivadora, o que me ajudou a achar que devia aceitar este novo convite.


5.Você assinou o roteiro e a direção de um musical intitulado “O Brasil Bate Tambor”. Conte à Fiandeira, por favor, sobre esse projeto.
 —Poxa!, vejo este Show como outro desafio; por se tratar de um trabalho de pesquisa.
Levar para o palco algo que trate da negritude, acho importantíssimo, rico e de muita responsabilidade. A proposta foi ter em cena músicos afrodescendentes, com repertório, também todo relacionado à proposta, de compositores ou textos que tratassem da questão. Convidado pelo Instituto Plural, uma ONG de Ribeirão que tem também como objetivo a valorização da identidade e cultura afro; onde fui professor de violão e regi um coral de crianças. Inesquecível o aprendizado ali.

6.Você de um modo geral valoriza especialmente a amizade. Além da amizade, que outros tesouros considera assim na vida?
 Caramba!!! Falar sobre a amizade e amigos? Quantas entrevistas você me dá pra isto? rs Na verdade nem sei se saberia, em palavras, me aprofundar tanto o quanto sinto. Tenho mesmo como alta importância na vida buscar me relacionar da forma mais afetiva, comprometida e responsável possível. Se realmente consigo, não sei. Quem poderia dizer melhor são os próprios amigos e a história que vou deixar. Mas neste momento me ocorre tentar me expressar, a respeito, com um trecho da maravilhosa canção: Solar, do Milton e Brant: “Saí de casa para ver outro mundo, conheci. Fiz mil amigos na cidade de lá. Amigo é o melhor lugar...”
Outros tesouros? Meu Deus! Não são poucos não.
Cito alguns aqui: família, a música, lugares, gentes dos lugares, tanta vida...


Com Claudio Barria
7.Aprecia a Literatura Infantil? Tem composto canções infantis?
—Aprecio muito. Muito mesmo. Mesmo já “adulterado”, posso sim a qualquer momento optar por uma leitura do gênero, com o mesmo prazer e interesse que teria por um texto de “gente grande”. Também nem vou entrar no mérito da riqueza e importância dos livros na, e pra, vida de uma criança. Entre tantos, falo de dois aqui que o menino Evandro ensinou ao grisalho Navarro, de hoje, pra sempre, gostar: “A mina de ouro” de Maria José Dupré e “O menino do dedo verde” , do francês Maurice Druon.
Ah, e quase ninguém sabe, tenho, faz tempo, um rascunho pronto, pra virar livro: Lucas e a nuvem.
Canções infantis? Sim, tenho muitas e adoro compôr dentro deste universo. Inclusive uma linda ideia já bem formada, por se materializar, o livro- cd ecológico: Um canto e meio; com o parceirinho poeta-ilustrador Arnaldo Martinês Bacco Júnior. Ainda estes dias atrás escrevi um textinho pra ser canção: Caiporinha. Naquele dia mesmo, lá na FLIST, no Rio de Janeiro; naquela tarde linda, em que conheci você, meu querido-novo-amigão, Marciano Vasques.  


8.Como a música surgiu em sua vida? Em que momento e por quais acontecimentos um dia decidiu que queria ser músico?
 Vixi! a música em minha vida???
Talvez porque a música já fosse histórica na vida de minha família. Bisavós, avós, tios, um montão de primos, todos muito ligados à música. As rodas musicais em minha casa, desde sempre. Tenho várias imagens-lembranças de mim muito menino dormindo no colo de algum adulto - em meio a alguma cantoria. Irmãs e irmão mais velho tocam, cantam, compõem. Mas profissionalmente, em casa, só eu e outro irmão; os outros todos trabalham. rs Somos oito.
Em 1986, meu professor de violão da época (Vicente Caetano) resolveu, por mim, me profissionalizar; me intimou a substituí-lo num bar de Ribeirão e nunca mais parei.


9.Insistência da PALAVRA FIANDEIRA num assunto já meio ultrapassado: Acredita no fim da era do livro de papel?

—O livro só acaba quando o ser humano se individualizar de vez. E viver completamente sozinho, a ponto de não carecer de mais ninguém, de nenhum companheiro.
Pois, melhor companhia que um bom livro, é difícil. Notebook nenhum, ou coisa parecida, consegue fazer esta função.
O livro carrega em si uma magia inexplicável.
Não depende de bateria, de pilhas, energia elétrica... Mesmo à noite, basta uma simples vela acesa e pronto.
Ninguém, mais que um livro, te convida a sonhar, voar e cruzar o mundo; as galáxias, por que não?
Ou te encoraja pra uma incursão linda e desbravadora de si mesmo.
Ninguém mais que um livro respeita, e permite, o que você sente e imagina.
Acabar uma coisa assim??? Que jeito?


10.Tem CD gravado? E, além disso, tem algum projeto musical que já pode revelar? Considerando que também faz a arte do cinema, poderia aproveitar e nos contar sobre o curta - metragem que realizou, intitulado “O poeta das quatro cord4s”?


 Tenho 5 CDs produzidos, que os considero como obras de minha carreira.
Três deles são com outros intérpretes cantando coisas minhas e me encantando.
Novos projetos? Sou um desassossegado-sonhador, se eu revirar aqui meu íntimo, vou achar vários desejos . Mas prefiro falar aqui de show que já esteja na estrada, o Brasil Caboclo, por exemplo.
Brasil Caboclo

A arte do cinema em minha vida é muito recente; e aconteceu porque conheci uma moça chamada Monique Franco. Esta Professora me convidou pra conhecer o seu lindo Projeto chamado Laboratório Audiovisual Cinema Paraíso, na UERJ de São Gonçalo. E depois sabendo da minha vontade de filmar o curta metragem O poeta das quatro cord4s, disse: Vamos lá! Vamos fazer isto ser verdade. E então ganhamos a parceria do Coletivo Fuligem, do qual vieram somar com a gente o cinegrafista Rafael Vital e a produtora Mariah Navarro. Que alegria, termos podido contar, em 24 minutos, um pouco da vida do sambista Miguelzinho do Cavaco, que mora no Morro Chapéu Mangueira – no Leme, Rio.




                                             
11.Como interpreta em seu coração esse encontro com escritores e artistas, em seu cotidiano?
 A música (arte) tem provocado, e promovido, em minha vida experiências de situações e encontros impagáveis. Hoje já são tantos irmãos queridos, cujas amizades foram amadrinhadas pela arte, que nem dá pra contar em números.
O mais recente deles, não por coincidência, é este querido entrevistador que nos fala, Marciano Vasques. rs O padrinho, desta vez, foi o, nosso querido amigo em comum, também escritor, André Luís Oliveira.



12.Deixe aqui a sua mensagem final. Qual a sua PALAVRA FIANDEIRA?
 —Poxa, uma palavra fiandeira?
Pode ser um verso? (de improviso)

Mas, antes, conto que aprendi que: “Con-fiar é fiar juntos”.

Agora sim, agradeço pelo papo, e, desfio umas linhas:

Sigo confiando, porque fiando vou
Vivo acreditando, pois desconfiando a nada me levou
Sinto que são fios, a trama dos rios, virando cachoeira
A água que sai de um fio lavra, palavra fiandeira



PALAVRA FIANDEIRA

ARTE, EDUCAÇÃO, LITERATURA
Publicação digital de divulgação cultural
EDIÇÕES SEMANAIS
ANO 5 — Edição 153
31 MAIO 2014

EDIÇÃO: 
EVANDRO NAVARRO

PALAVRA FIANDEIRA: 
fundada pelo escritor Marciano Vasques

Foto de Ieda Luttgardes


3 comentários:

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  3. Que bela entrevista!Reflete muito bem a sensibilidade do artista. Parabéns Palavra Fiandeira! Que continue a con-fiar e tecer arte por aí.

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