PALAVRA FIANDEIRA
REVISTA LITERÁRIA
REVISTA LITERÁRIA DIGITAL
ANO 2 - Nº 48 - 13/DEZEMBRO/2010
NESTA EDIÇÃO:
ROQUE CHIEYSSAL
Diretamente do Chile
Por Rocío L'Amar
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ROQUE CHIEYSSAL,
SEGUNDO AS PISTAS DO ROMANCE POLICIAL
O gênero policial, como narrativa, para contar uma história que tenha detetives como protagonistas. Efetivamente, exitosos têm sido alguns destes relatos, feito romances, no Chile. Estou pensando em: Quem matou a Cristián Kustermaan? de Roberto Ampuero. Um romance no qual o autor revela sua visão do gênero policial em sua totalidade, para configurar uma história que constrói e desconstrói seus próprios paradigmas. Este traço, com seus acertos e contradições, põe a obra de Ampuero fora da órbita dos romances neopoliciais latinoamericanos, pois seus motivos, personagens e traços estilísticos vão muito mais além de ser uma reinterpretação do thriller tradicional.
Origem e características da história de detetive
O gênero policial, com as características que o definem como tal, nasce historicamente em 1841, da mão do escritor Edgar Allan Poe e seu conto "Os crimes da Rua Morgue". Este primeiro momento do romance policial se vê influenciado pelo positivismo de Comte e o método científico. Poe inaugurou o tema do mistério através do método indecifrável como movimento de uma história e a inauguração do mesmo através do método dedutivo aplicado pelo intelecto de um brilhante investigador e um secretário torpe e incrédulo (Neste caso, o detetive Augusto Dupin e seu assistente). O Máximo expoente desta velha escola foi o britânico Arthur Conan Doyle, pois conseguiu consolidar esta forma de literatura com a criação do personagem que representa ao gênero policial por excelência: O detetive Sherlock Holmes. Seu primeiro romance é Um Estudo em Vermelho (1887) e nele nos apresenta este investigador que é o protótipo do rigor científico, a encarnação da onipotência da intelectualidade.
Resumindo, esta variante oriunda do conto policial representa ao modelo de pensamento imperante durante o século XIX, já que "nos encontramos, sem dúvida, nas últimas décadas do século passado, onde as ciências exatas formam o modelo da ciência por imitar. Pensemos somente em Emílio Zola, que em 1880, isto é, sete anos antes que Conan Doyle, em seu ensaio sobre o romance experimental, pretende aplicar o método científico- experimental do médico Claude Bernard à literatura. Enquanto que Poe incorporava à imaginação poética seu raciocínio, resgatando-a desta forma, Zola e Doyle rendem culto ao modelo das ciências exatas, imitando-as"
Em 1920, a indústria cultural e os meios de comunicação começam a dar um forte apoio a essa modalidade narrativa, motivados principalmente pela positiva resposta do público leitor a ela. Financia-se o desenvolvimento da "Short story". Isto é o que se denomina como "romance enigma" ou " problema" e cujas principais características são: sua trama que se orienta até a consumação do crime perfeito, o criminoso será uma pessoa socialmente elevada, possui uma unidade na trama, o espaço de ação é limitado (ganhando assim o termo de histórias de "sala fechada", onde prevaleciam recorrentes cenários como mansões, ilhas, centros turísticos, etc...) e apresenta uma série de variáveis ou pistas falsas que permitem estabelecer um jogo entre o autor e o leitor (Isto lhe valeu também o nome de "murder party"). É uma modalidade mais elaborada do conto policial científico e aqui o essencial é a revelação do enigma. Basicamente, em cada uma destas histórias curtas " o protagonista se mobiliza em um meio social no qual os assuntos de dinheiro têm uma importância capital; deve interrogar aos suspeitos e um deles, o menos indicado, será o assassino. Por outro lado, o detetive já sabia quem era o culpado, porém espera até o último momento para que o assassino confesse seu crime". O percursor do romance enigma foi Gilbert Keith Chesterton e seu expoente máximo Agatha Christie. Se bem que esse segundo momento do gênero policial possa ser catalogado mais como um fenômeno editorial do que propriamente literário, mesmo assim, não se pode desconhecer sua importância na evolução desta forma narrativa, a contribuição e o talento dos autores antes mencionados. Continuando com o desenvolvimento do conto policial , de maneira paralela ao fenômeno do romance enigma na Inglaterra, nos Estados Unidos se começou a gestar uma nova corrente que suporia uma total renovação do gênero. O thriller policial. Esta modalidade responde à crise e as transformações sociais que viveu esse país na década de 20. Crescimento econômico, o fenômeno do cinema, a liberação feminina, a imprensa , a massificação do rádio, o jazz e a indústria dos quadrinhos. Com efeito, foram tempos de muita convulsões que tiveram seu ápice no crash da Bolsa de Nova Iorque, em 1929. Isto desencadeou um ambiente de miséria, violência e insegurança social. Neste contexto, surge o thriller policial , no qual, consagrado com o romance gótico , de aventura ou do distante oeste, alcançará uma formulação definitiva com Dashiell Hammet e Raymond Chandler. Daquela rica tradição de país, ambos assentaram as bases do thriller policial: a luta do bem contra o mal, a intriga argumentativa, a ambição, o poder, a glória, e o dinheiro como elementos capazes de desvirtuar o destino humano".
O thriller policial se caracteriza porque a dedução e a razão dão passo à ação e à vitalidade; a violência inunda todo o conto, o detetive é agora um ser anônimo, desencantado, que sai da "Sala fechada" e penetra nos subterrâneos da selva social para deparar-se com traições, personagens sórdidos e marginalidade. Ao realizar a investigação, é importante a relação que o detetive estabelece com a cidade, pois ele se reconhece como um igual com os habitantes mais marginais e subordinados da sociedade.
O antigo binômio indissolúvel de Mistério-Detetive é agora substituído pelo Cidade-Detetive. O traço essencial das histórias deste tipo é que a razão e a revelação do enigma passam a segundo plano, importando agora a caça ao assassino e a aventura que tudo isso implica. Finalmente, e muitos anos depois, surge o romance de espionagem, como última variante dentro da evolução do romance policial. Essa corrente se dá no contexto da guerra fria e se caracteriza por se enlaçar o policial com outros gêneros, dando passos a cenários internacionais e grandes complôs políticos e de alcance global.
Estes são os três grandes momentos do desenvolvimento do conto policial. Atualmente, o gênero tradicional ou canônico já perdeu vigência e o que mais se cultiva é o thriller policial e de Espionagem mesclando-os com outros gêneros, como o terror, a ficção científica ou o novo romance histórico.
O conto neopolicial no Chile
Em nosso país, o precedente do conto policial se encontra na década de 50, graças ao trabalho de autores como Alberto Edwards e Omer Emeth e se enquadra no fenômeno literário que se conhece como a Reinstalação do Gênero Policial no Chile, na qual se insere por sua vez, ao nível do continente, no movimento do conto Neopolicial LatinoAmericano.
O novo romance policial surge no Chile na década de 80, no período da ditadura e suas temáticas vêm influenciadas pela realidade que viviam a nação e muitos países de América Latina. O conto neopolicial revisita criativamente o gênero policial , e especialmente adotando o formato do thrille policial, para abordar e denunciar a contingência socio-política chilena posterior aos anos 70 e em particular aqueles temas que têm que ver com os abusos do poder. "A eclosão de contos dá conta que o gênero policial se presta para narrar as situações provocadas no Chile nos tempos da ditadura. O conto policial então, mascara uma outra realidade onde a tortura, o crime e a morte se constituem nos motivos aglutinadores da ação narrativa". Neste sentido, "o conto neopolicial expõe a face de desmantelamento do aparelho repressivo e a contínua intervenção da instituição estatal nas vidas privadas". Escritores como Ramón Díaz-Eterovic utilizam o gênero como um instrumento para diagramar sua visão crítica da história, denunciando o abuso do poder, o tema dos detidos, desaparecidos, o narcotráfico, a corrupção política e os problemas ecológicos. O binômio que sintetiza esta nova vertente é o da política, como sinônimo de crime e detetive. De fato, aqui o investigador assume quase uma rede social, pois tenta estabelecer o equilíbrio que rompe os que detenham o poder contra as duas vítimas. Estes traços representam as características da obra da maioria dos escritores que pertencem ao movimento do conto Neopolicial Chileno e Latino americano. Entre os autores nacionais, também figuram Roberto Bolaño, Jorge Calvo, Jaime Collyer, Gonzalo Contreras y Poli Délano. Roberto Ampuero escapa ao rigor desta forma, pois em sua literatura resgata mais do romance policial do que do thriller. Além disso, como já foi anteriormente mencionado, Quem matou a Cristián Kustermann?, é um híbrido dos momentos mais importantes do gênero policial.
* Artigo extraído de Oscar Rosales Neira, publicado em 06/09/05 em Crítica C.L.
Nos últimos anos no Chile, o gênero policial irrompe, parece, para ficar na literatura. A relação entre crimes policiais e mistérios, tão comum em todas as cidades dos grandes países, hoje em dia alcança nuances literárias através de contos que examinam o pulso da sociedade atual e geram uma ativa cumplicidade, segundo Ramón Diaz Eterovic, com os leitores. A figura do investigador detetive, policial capaz de defender valores éticos oprimidos e aventar a sujeira escondida sob os tapetes, acrescenta o interesse pela narrativa policial.
Neste trabalho literário é destacado o esforço dos autores por recolher uma grande quantidade de informação dispersa em revistas, na imprensa escrita, visual, oral, virtual, artigos investigativos para apresentá-los em um texto com o crescente interesse de um bom romance policial construindo seus próprios juízos, criando um novo olhar com elementos próprios do drama, a tragédia, a aventura, a fantasia, o mistério.
A figura de Sherlock Holmes na narrativa policial chilena.
Investigador/personagem, que cumpre a dupla função de personificar ao homem comum que conhecemos como policial no Chile, e contar, como testemunha privilegiada que é, os acontecimentos na medida em que são suscetíveis. Ao modo de Sherlock Holmes, e seu método analítico e razão sintética, sem deixar margem à dúvidas, o mais popular destes investigadores. Um personagem cujo denominador comum, nos múltiplos casos que lhe toca resolver, reside em suas observações e a agudeza de suas deduções. A figura de Holmes, determina por sua vez, uma suma de características psicológicas que tornam comum o arquétipo do detetive privado tradicional: uma particular ( e extrema) misoginia e uma fama de inacessível e anti-social.
Desde o instante em que o conto policial foi definido ou caracterizado como "gênero", disse Ramón Diaz Eterovic, quiseram estabelecer fronteiras para que não tenha a ousadia de contaminar à narrativa supostamente "pura" ou "séria". Intenção inútil, porque se bem que seja certo que uma literatura de gênero tenha chaves, elas não condicionam sua qualidade final, e definitivamente, a única fronteira que existe na literatura é a que separa os bons livros dos maus.
O mistério chegou ao seu fim.
Roque Chieyssal, prefeito (r) do departamento de Polícia de Investigações, faz alguns anos que em vez de uma arma ostenta um lápis como tal. Relata contos utilizando esses códigos para criar histórias pisco-policiais. De modo que este novo ofício lhe permite manter viva a chama do mistério por resolver em cada um de seus contos. A figura do policial é capaz de dar conta da luta contra o mal através da literatura.
Obviamente que a origem do detetive literário se encontra no mesmo policial profissional, com seus grandes perigos, entre a delinquência, entre ricos e pobres, com todos os vícios da sociedade. Daí o nascimento da literatura policial e a importância de eventos, de relatos apaixonantes. As histórias detetivescas surgem no instante em que se assegura esta conquista, a mais incisiva de todas, sobre o incógnito do homem, nos disse Walter Benjamin.
O detetive se vale do seguimento de pistas ou lacunas que aqui serão indícios literários. O conto policial vê em todo enigma a presença de uma causa que há para se descobrir, entretanto, para Roberto Bolaño, o problema reside em saber se efetivamente existe tal causalidade.
Chieyssal é um personagem, e suas motivações e seu acionar, entre outros aspectos, é o que me motiva para ir em seu encalço, claro está, que por sacada ou suspeita.
Ainda que sempre à margem da legalidade, a honestidade e a transparência - como sempre foi feito aqui nesta revista - desenvolverei a entrevista para ele e os leitores.
1. "Sonhei que era um detetive velho e doente e que buscava gente perdida faz tempo. Às vezes me fitava causalmente em um espelho e reconhecia a Roberto Bolaño", ( Los Detetives Selvagens. Parte Três, de Roberto Bolaño). Se reconhece você em seus contos?
— Não, não me reconheço. Em meus contos não há detetives estrelas.
2. Há um ditado popular mexicano que diz: " Antes morto que cadáver"... Que opina sobre esse adágio?
— Prefiro o outro adágio, também mexicano: "Com alma morta vivo cadáver", e o que faço propriamente, porque a cada dia me levanto com bom astral, pensando no belo da vida e no amor, em toda a sua dimensão.
3. Qual é a figura do detetive que a você lhe interessa postular na literatura policial? Refiro-me a um detetive como um intérprete que se guia pela busca da verdade referida a uma ordem, à afirmação de uma lei, ou a construção de verdade em seus contos é sempre argumentação; depende do lugar de onde se enuncie?
— A busca da verdade deve ser sempre o leitmotiv de toda investigação policial e por entre o norte até onde deve dirigir seu trabalho o detetive. Porém esta busca, se encontra marcada por leis, e critérios de homens e circunstâncias distantes ao trabalho policial, o que muitas vezes torna impossível chegar a essa aguardada verdade. Tendo como base que os feitos que relato são os da vida real, o detetive que me interessa postular, é aquele de triunfos e fracassos, que seja capaz de emocionar-se tanto nas vitórias quanto nas derrotas; que esteja junto à vítima e seja parte importante na vingança desta, também seja capaz de compreender ao vitimário e o que motivou a sua ação, este último item é fundamental e geralmente fica à margem da investigação policial. Todo o anterior eu gostaria de traduzir em meus contos e talvez muitas vezes o herói não seja o detetive nem a vítima, senão o autor do delito.
4. Se você é um escritor moderno, um sujeito original em construir contos psico-policiais... não tem influências literárias... desaparece de seu discurso a influência narrativa. De onde você extrai recursos temáticos para sua literatura?
— Da vida real. Durante 28 anos fui detetive ativo, hoje ainda me sinto detetive, digo isto porque à policia não se deixa jamais, ela nos deixa a nós, porém como somos teimosos, outros mais do que eu, à luz desta realidade, criaram diversos círculos, lugares em que nos reunimos habitualmente os que nos negamos a aceitar que já não pertencemos à polícia, em torno de uma boa janta e alguns tragos, começam a aflorar as recordações de investigações realizadas por cada um de nós em nossos melhores tempos. A isso temos que agregar, que o álcool solta a língua, e muitas vezes, fatos que permaneceram ocultos, afloram nestas tertúlias. Como se pode apreciar, o caudal de experiência é enorme e inesgotável e não necessito recorrer à ficção.
5. Crê você que a ciência ficção, de alguma maneira, se aproxima da vida real?
— Não há aproximação. A realidade é muito mais dura, violenta e incompreensível que a ficção. A mente criminosa é muito mais prolífica que a de um narrador de ficção que traduz em sua folha o conto. O delinquente, refiro-me a todo aquele que comete um ato que vá contra as leis, desde o que mata por ciúmes, por interpretação da Bíblia, até o que comete pequenas fraudes, primeiro imagina como operar e logo coroa o seu ato, porém em uma segunda oportunidade já não atuará igual, já criando novas formas e mudando dia a dia em seus agir. Atualmente, não existem delinquentes dedicados a uma só "especialidade", todos fazem de tudo e a imaginação fica curta ao ver a violência que se imprime na comissão de delitos, violência irracional e incompreensível, que nenhum narrador de ficção poderia imaginar.
6. Que aprendeu você de sua vida como detetive? Revisa suas ações e omissões ao largo de sua existência através de seus contos policiais?
— Aprendi que estava errado em minha juventude ao crer que o delinquente era parte dos setores mais necessitados economicamente; que ali estava o seu berço. Hoje sei que existem delinquentes de colarinho e gravata, e outros de alpargata. Um colega e melhor amigos já falecido, que conseguiu ser parte de alguns espaços de televisão, refiro - me a Pantzeska Zuluoga. Dizia que "matratadores" havia em todas as partes, a única diferença era que em alguns setores marginais o sujeito golpeava à mulher a combos e patadas, e no bairro elitista com um taco de golfe. O anterior não mudou, enquanto o delinquente, aquele a que nós olhamos com desconfiança, se reune na esquina com outro "pato malo", e roubam poucos milhares de pesos, o de colarinho e gravata, se reúne em um café ou consultora com seus cúmplices, aos que chama de "Assessores", e levam todas as economias que famílias com muito esforço conseguiram reunir para uma vida mais acessível.
Um caso além são os canais de televisão, enquanto se negam a difundir campanhas, que não irei me posicionar se são úteis ou não, amparando-se em valores morais, não trepidam em mostrar a menininhas de cinco anos brilhando como Marilyn Monroe ou adolescentes quase desnudas em horários para crianças, incentivando com isso os abusos contra menores.
Durante todos esses anos de Detetive, aprendi a ser crítico do agir dos demais e também comigo mesmo. A literatura poderia ser a salvação... ou uma boa catarse.
7. Em que livro você se viu refletido?
— É difícil dar respostas, primeiro, por que não sou um leitor assíduo de romances policiais, segundo, porque meus autores prediletos são poucos, entre os quais está Lapierre, Collins, West, Wood. Porém, creio que Frederick Forsyth em seu livro "O Dia do Chacal" reflete realmente o que deve ser um detetive. Ali o detetive surge como um personagem de baixo perfil, que trabalha sob muita pressão, com outros personagens medianos que têm grande poder; entretanto ele faz seu trabalho silencioso, consegue seu objetivo e se retira da cena tal como chegou, sem alarde, silencioso, humilde, porém levando por dentro a satisfação da missão cumprida e por ter demonstrado sua capacidade diante desse grupo de ineptos, que seguramente permanecerão em seus postos, vestidos com roupa importada.
8 - Poderia você confessar, no chuveiro ou nos lençóis, que tem vivido como um personagem detetivesco?
— No chuveiro, ou entre os lençóis, na sala de jantar, ou onde seja, posso confessar que "tenho vivido" como uma detetive; isso significa, conhecer a noite tanto como o dia, distinguir o lícito do ilícito, caminhar por uma corda bamba que separa o bom do mau em que se um apoia muito o pé para estabilizar-se no lado bom, perde a confiança do delinquente e com isso se distancia a possibilidade do êxito em algumas investigações e, se pelo contrário, se apoia, ainda que seja a ponta do pé, no lado mau, trai o juramento que fez ao receber a placa que o credencia como Detetive. Sim, vivi como um Detetive e não me arrependo disso, estou orgulhoso de o haver feito.
9 - Há saudade ou reflexão nesse olhar ao narrar seus casos?
— Há ambas as coisas: saudade de tempos que não mais voltarão, e também reflexão de que poderia havê-lo feito melhor, que poderia, com maior dedicação - talvez - haver chegado, por exemplo, a identificar uns ossos, que no passado me coube investigar sua origem.
10 - Qual é seu sonho, Roque Chieyssal, pensando no que ainda não tenha feito?
— Quando menino, sonha-se com muitas coisas, como ser artista, (bom, cantei no rádio nesses tempos), sonho cumprido; ser ator, (também o fiz em um par de clássicos universitários), pratiquei três disciplinas esportivas, mais além de aficcionado. Sempre gostei das armas, e me fiz Detetive. Interessou-me o Direito e a Política, (O primeiro está em andamento para a obtenção do título de advogado). Porém o principal sonho é dedicar - agora - o tempo para desfrutar a vida ao lado da pessoa que amo, e escrever alguns contos, baseados em minha experiência, não como Detetive, mas sim de vida.
BIOGRAFIA
Nasce em Temuco, Chile. Aos 19 anos, ingressa na Escola de Investigações do Chile. Hoje em dia é prefeito em Retiro. Estuda Direito na Universidade Bolivariana de Chile. Ativo leitor desde a infância. A paixão pela Literatura o leva a ingressar na prestigiosa Oficina Literária da escritora Rocío L' Amar. Atualmente encontra -se escrevendo seu primeiro livro de contos psico-social que espera publicar em 2011.
REALIDADE DA POLÍCIA
Tenho certeza de que estou bêbado, e agora, na semi-escuridão, para agravar, uma garota me segura no braço e sem separar-se de mim, percebe seus seios, de uma maneira tão idêntica a um naufrágio, labuta por permanecer cravada em minhas costas. Nem falar, o silêncio é completo, mas o trânsito é uma lâmpada acesa, por causa da oscilação, dos empurrões, a subir os três passos, então me rolo sobre o tempo, desenho colagens com rostos e caretas, penetro nesses labirintos buscando o enigma da noite. De pé. Atravesso distâncias. Quase nada sai pela minha garganta nem entra pelos meus ouvidos. Seguramente estou só, como de costume, cada vez mais nos últimos meses, ainda que os e-mails se acumulem a centenas em minha caixa postal, e ainda que tampouco os leio. Não me posso permitir fraquezas, nem me pôr nervoso. Isso é o que menos me agrada. Por sorte, dez minutos mais tarde, a garota de desprega de mim, e termino quebrando a coceira, regurgitando o pão ázimo do medo, serenando-me.
Mais isso, apesar de tudo, continua naufragando freneticamente em meu cérebro, ou talvez tomando sol em alguma praia do sul, brincando com sua puberdade, com seu sorriso maroto, com um toque de mel, pendurado de seus lábios, ainda ninguém poderá provar que ela suba ou desça.
Sem dúvida, como se cada segundo fosse algo de enorme valor, vulnerarei uma ou outra vez essa fronteira, como nos velhos tempos, quando batia record nacional em atletismo nos meus doces anos. Isto, entre outras coisas, é o que me dá equilíbrio para estabelecer uma conexão direta com a vida. Porque vivo em um rosto que carece de sentido, arraigado em uma beleza sufocante que luta para impor suas vantagens. Ainda que pareça ter sido conclusivo e taxativo, como prova "para condenar-me".
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ROCÍO L' AMAR
Jornalista, ativista cultural, realiza oficinas de Literatura e escreve artigos culturais. É correspondente e colaboradora de PALAVRA FIANDEIRA no Chile
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PALAVRA FIANDEIRA
Fundada pelo escritor Marciano Vasques
Tradução para o Português: Marciano Vasques
Tradução para o Português: Marciano Vasques
Marciano, hermano, querido amigo, la entrevista traducida al portugués se ve muy hermosa en tu revista, gracias una vez más por dedicar tu tiempo a este trabajo como traductor... sé que Roque Chieyssal estará muy contento y agradecido del regalo que le has hecho... feliz navidad 2010 estimado Marciano, desde Chile hasta Brasil mi abrazobeso de luz, Ro
ResponderExcluirMarciano, tuve el agrado de leer la entrevista que te hiciera hace un tiempo Rocio y de ese momento he estado al tanto del trabajo que te has dado para traducir las entrevistas que siguieron en el living de nuestra querida rocio. En esta oportunidad, has traducido mi entrevista, te estoy muy agradecido y te felicito por tu dedicación desinteresada. Que tengas una feliz navidad y que el amo que se aproxima sea de exito y felicidad.
ResponderExcluirCaro Roque,
ResponderExcluirFico contente que tenha gostado.
Desejo toda felicidade, e que tenha vitórias e conquistas na carreira literária, pois é um lutador.
Um abraço de
Marciano Vasques
Rocío,
ResponderExcluirÉ sempre motivo de honra e alegria verter para o Português uma entrevista que você realiza e participar desse seu trabalho intelectual pela literatura e pela cultura.
Um abraço,
Marciano Vasques