PALAVRA FIANDEIRA
REVISTA DIGITAL LITERÁRIA
PUBLICAÇÃO SEMANAL DE LITERATURA E ARTES
EDIÇÃO SEMANAL
ANO 3 — Nº84
22 SETEMBRO 2012
TATIANA BELINKY
A bruxinha Tatiana Belinky
Arte de Nireuda Longobardi
Obra de Tatiana Belinky
SESC |
1.
Tatiana,
quero
que
você
comece
falando
de
uma
passagem
divertida
da
sua
infância.
—Criança
às
vezes
inventa
amigos
invisíveis.
Meu
irmãozinho
tinha
um
amigo
assim,
invisível.
O
nome
dele
era
Bidínsula.
Eu
adorava
ficar
observando
os
dois
sempre
conversando.
O
meu
irmão
e
o
seu
amigo.
Que,
aliás,
virou
uma
história.
Meu
pequeno
irmão
Benjamim
jamais
poderia
supor
que
um
dia
o
seu
querido
amigo
fosse
virar
personagem
de
um
livro.
2.Fale
de
uma
lembrança
especial
da
sua
infância.
—São
tantos
momentos
felizes
e
tantas
lembranças
importantes,
mas
tem
uma
muito
especial.
Quando
eu
era
menina,
bem
menina,
meu
pai
construiu
um
balanço
num
corredor
da
casa.
E
nele
balançávamos,
eu
e
meu
irmão,
o
Abracha.
Era
uma
delícia.
Jamais
esqueci
daquele
balanço
dentro
de
casa.
Aquele
brinquedo
ficou
para
sempre
na
minha
memória,
ele
representa
o
afeto
infinito
de
meu
pai.
3.Diga
um
presente
de
aniversário,
que
para
você
foi
inesquecível.
—Todos
os
presentes
são
inesquecíveis,
todos
merecem
o
aplauso
da
memória,
mas
um
foi
por
demais
especial,
ele
transformou
uma
menina.
A
partir
daquele
dia
passei
a
amar
profundamente
as
obras
de
arte.
Ganhei
de
presente
uma
visita
ao
museu
Hermitage.
Fiquei
nele
o
dia
inteiro,
lambuzando
o
meu
olhar
com
todas
aquelas
cores.
Que
aniversário
encantador!
4.Você
aprecia
guardar
objetos,
faz
isso
com
tanta
dedicação,
que
causa
uma
curiosidade.
Por
quê
guardar
objetos?
—Os
objetos
que
guardo
são
preciosos
tesouros
da
minha
vida.
Neles
estão
as
lembranças
de
momentos
inesquecíveis,
por
isso
os
quero
tanto.
5.
Fale
um
pouco
das
suas
emoções
quando
chegou
em
São
Paulo.
—Realmente,
lembro-me
como
se
fosse
hoje.
Fiquei
encantada
diante
do
Viaduto
do
Chá,
olhando
perplexa
e
emocionada
para
o
Vale
do
Anhangabaú.
E
o
Teatro
Municipal?
Que
coisa
linda!
Eu
era
uma
menina,
e
estava
diante
de
tudo
aquilo,
de
toda
aquela
beleza.
6.
Você
já
teve
medo,
Tatiana?
—Não,
nunca
os
tive,
nada
me
bloqueava,
mas,
como
era
uma
menina
muito
criativa,
com
uma
imaginação
muito
audaciosa,
adorava
inventá-los.
Então
surgiam
os
seres
assombrados,
os
mais
estranhos
e
fantásticos,
as
criaturas
apavorantes,
só
para
mim.
Eu
as
criava
só
para
ter
um
medo
inventado.
Como
eu
não
tinha
medo
de
nada,
fui
uma
grande
inventora
deles.
7.
"O
Futuro
se
faz
com
as
crianças
de
hoje
e
com
livros".
Sim,
criança
quer
viver
o
presente,
mas
os
adultos
pensam
mais
no
futuro.
Pôr
livros
ao
alcance
da
criança
é
realmente
o
melhor
presente
para
o
futuro?
—As
crianças
já
vivem
no
Presente.
E
querem
cada
vez
observá-lo
e
conhecê-lo
melhor.
Querem
"ter"
o
seu
mundo
presente,
absorvê-lo
e
entendê-lo.
Claro
que
o
livro
as
ajuda
muito,
e,
desde
cedo,
a
"aprender"
o
presente
(como
dádiva
ao
tempo).
Viva
o
livro!
8.
Muitos
falam
de
Felicidade.
Esse
tema,
essa
coisa
chamada
felicidade
já
ocupou
a
mente
de
quase
todos
os
filósofos.
Para
Tatiana,
o
que
seria
mesmo
a
felicidade
autêntica?
—Ninguém
é
"feliz"
o
tempo
todo,
nem
mesmo
a
decantada
"criança
feliz".
Mas
ela
pode
ter
muitos
e
longos
momentos
de
felicidade,
da
qual
nem
se
dá
conta.
"Eu
era
feliz
e
não
sabia..."
Mas
essa
felicidade
é
segurança,
carinho,
confiança,
essas
coisas...
E
quando
ela
brinca,
ri
espontaneamente,
ela
está
vivendo
um
momento
feliz.
9.
Qual
o
maior
benefício
para
uma
criança
quando
ela
ouve
uma
história?
—Encantamento,
interesse,
concentração,
emoção
(rir,
chorar,
sentir
"medo",
"torcer",
etc);
E
vontade
de
ouvir
mais,
e
de
ler!
O
livro
é
uma
"vida
paralela",
o
maior
benefício!
10.
Tudo
dá
história.
Você
disse
isso.
Então,
considerando
que,
além
dos
piratas
em
alto
mar,
e
das
viagens
interplanetárias,
aqui,
mesmo,
no
cotidiano,
na
vida
simples
das
pessoas,
tudo
pode
virar
história,
sendo
assim,
quanto
desperdício
já
vivemos
com
as
histórias
que
não
foram
contadas.
Mas,
se
quem
conta
um
conto
aumenta
o
encanto,
o
que
é
preciso
para
se
contar
uma
boa
história?
—Claro
que
tudo,
mas
tudo
mesmo,
pode
dar
uma
história!
O
cotidiano
é
riquíssimo,
é
só
abrir
os
"olhos
de
ver",
os
"ouvidos
de
escutar",
dar
atenção
aos
benditos
cinco
(ou
seis,
ou
mais)
sentidos,
para
"abrir
a
cabeça"
e
um
dia
"abrir
a
boca"
para
dar
opinião
(e
até
"pô-la
no
trombone",
se
é
que
me
entende,
Marciano Vasques!).
REPRODUÇÃO DA PRIMEIRA ENTREVISTA DE PALAVRA FIANDEIRA
PALAVRA FIANDEIRA
PUBLICAÇÃO DIGITAL DE LITERATURA E ARTES
EDIÇÃO SEMANAL AOS SÁBADOS
EDIÇÃO 84 —TATIANA BELINKY
PALAVRA FIANDEIRA
Fundada pelo escritor Marciano Vasques
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