PALAVRA FIANDEIRA 82

PALAVRA FIANDEIRA

REVISTA DIGITAL LITERÁRIA

PUBLICAÇÃO SEMANAL DE LITERATURA E ARTES

EDIÇÃO SEMANAL 

ANO 3 — Nº82

8 SETEMBRO 2012

JUVÊNCIO VELOSO

1.Quem é Juvêncio Veloso?

Nasci no dia 13 de Janeiro de 1963 em Barbosa Ferraz PR. Sou casado e pai de dois filhos: Bruna e Rafael.

Tenho uma trajetória típica de migrantes que chegam aos grandes centros em busca de dias melhores...

Resumindo sou apenas um rapaz latino americano...

2.O que é o Baú do Veloso?

Um espaço para compartilhar ideias e sonhos. Lá estão alguns escritos que cometi apesar de minhas limitações no manejo das palavras. Eles são muito importante para mim em uma fase conturbada de minha vida. Escrever foi a única forma de não enlouquecer...

O Baú é isso: um ponto de encontro para rever e fazer novos amigos.

3.Sou fascinado por um de seus personagens, a Lady Garça. Como surgiu a ideia de criar essa charmosa, sensual, elegante e inteligente garota?

Disse bem, Lady Garça surgiu, estreou! Sempre sonhei em criar uma personagem feminina como uma homenagem a todas as mulheres maravilhosas que de uma forma ou de outra trazem mais cor a nossa vida. Sua primeira aparição foi numa tirinha de outra serie não tinha nome e eu nem sabia que ela se tornaria a lendária LG. De repente ela se rebelou, ganhou nome e uma tirinha própria, nem eu sei precisar bem o momento... Foi assim. Ela é muito independente, até acho que ela caminha (desfila) sozinha.

Isso de quando surgiu um personagem é muito difícil de precisar, alguns ficam em gestações por alguns dias, ou mesmo anos dentro da gente, então é difícil dizer quando surgiu e também quais foram as influencias na sua criação, mas a maior influência na personalidade da LG vem das amigas da blogosfera com seu alto astral e estima.

4.Como começou a sua paixão pelos quadrinhos?

Minha paixão por quadrinho começou antes mesmo de ter o primeiro contato com os Quadrinhos através daqueles almanaques que distribuíam nas farmácias; morávamos num sitio e meu pai trazia da cidade esses tesouros para um menino pobre eu ficava encantado com as poucas ilustrações; não tinha acesso a livro e gibi, depois veio a Cartilha Caminho Suave...

Essa dificuldade acesso a livro de certa forma foi positiva, passei a ler tudo que caia em minhas mãos. Quadrinhos mesmo minha primeira leitura foi Super Argo, um super herói brasileiro.

Sou um apaixonado por HQ com temática nacional e isso não é nacionalismo besta não! O Brasil é rico de temas que rendem ótimos personagens e histórias, gaúchos, bandeirantes, cangaceiros...

5. Fale, por favor, aos nossos leitores, sobre o panorama atual de produção e/ou movimento de HQ fora das grandes editoras.

Estou muito à margem do movimento e da luta dos Quadrinhistas Nativos, mas acho que o espaço ficou ainda mais reduzido. Não se encontra nas bancas Quadrinhos Nacionais, fora as publicações do Mauricio de Sousa. Mas tem surgido algumas iniciativas regionais de publicações e isso ainda vai render bons frutos.

6. Participa da internet com a Rede Social, com blog. Como vê esse avanço da realidade virtual na comunicação entre os humanos? Uma nova era está se consolidando?

Internet, Redes Sociais, blogs são ferramentas que facilitam a comunicação entre as pessoas, mas é preciso que as pessoas queiram se comunicar. Hoje sinto as pessoas muito fechadas numa arrogância defensiva dentro de uma bolha virtual. São poucos que estão abertos como você para contato e troca de ideia. Mas existem as exceções e a Historia é feita com as exceções.

A internet que afasta é a mesma que consegue aproximar e unir as pessoas. Sem internet muitos caminhos não teriam se cruzado, reencontrei e fiz novos amigos através da grande rede e apesar de não conhecer a maioria pessoalmente considero todos amigos reais... Sim é uma Nova Era consolidando, se isso é bom ou ruim só o tempo vai dizer...

7.Já teve ou pretende lançar uma revista em quadrinhos, com os seus personagens, em papel?

Não tenho isso de lançar uma revista como uma meta, mas gostaria sim como um presente a pessoas que curtem meu trabalho, seria bom retribuir o generoso carinho que recebo.

Faço Quadrinhos pelo prazer de fazer Quadrinhos, poder interagir com as pessoas é muito bom. Optei por fazer Quadrinhos para a Família e fico feliz quando alguém diz que seus filhos gostam da Lady Garça, uma senhora comenta que sua mãe também curte minhas tirinhas, uma professora confidencia que usa ou usou algumas tirinhas minha numa atividade, isso não tem preço!

Raul Seixas disse certa vez que sua maior realização era ver suas musicas cantadas pelo patrão e a empregada, é por ai...

7A.Lia gibi quando criança? Naturalmente, não é? Pode nos comentar algo sobre alguns de seus personagens prediletos?

Personagens prediletos não tenho um, são tantos, me identifico com os mais humanos e os atrapalhados da Disney citaria o Peninha e O Zé Carioca da fase que ele foi desenhado pelo Renato Canini que abrasileirou de verdade o personagem, dos super heróis gosto do Homem Aranha com seus conflitos e humor, Batman Cavaleiro das trevas , Tarzan pela liberdade voei muito pelos cipós imitando os gritos do Homem Macaco lá no sitio no Paraná..., tem os Clássicos dos Estúdios Hanna Barbera: o meu amigo Pepe Legal, do Mauricio tem o Chico Bento, Horácio, os Piratas do Laerte, Recruta Zero, Mortadelo e Salaminho... A lista é enorme tem também os poucos conhecidos, como o Macaquinho Gabola, Satanésio do Ruy Perotti —o Criador do Sujismundo, A Turma Xaxado, do Antônio Cedraz: personagens cheio de Brasilidade... São tantos...

8.O que pensa sobre a Literatura Infantil? Considera que seja mesmo apenas uma literatura para criança?

Amo Literatura Infantil e até hoje gosto de reler Orígenes Lessa que escrevia de uma forma fácil com muito humor e sensibilidade.

Acho que os livros do Lessa dariam ótimas adaptações para os Quadrinhos, Desenho Animados e Teatro. Em Chore não, Taubaté e O Mundo é Assim, Taubaté, por exemplo, ele conta a estória pela visão do de um macaquinho comprado na Feira da Barganha aqui na cidade de Taubaté. Fiquei frustrado de não encontrar nas bibliotecas daqui esses livros.

Orígenes Lessa e Monteiro Lobato são exemplo de que não existe isso de Literatura Infantil, você faz uma opção de linguagem e só o escritor passa para o papel o seu universo interior, se ele for verdadeiro será aceito pelas crianças, que são muito verdadeiras: ou gostam ou não gostam.

9.Estive recentemente na BIENAL DO LIVRO. Poderia nos dizer, por gentileza, o que pensa sobre as profecias de que o livro de papel tem os seus dias contados?

Disseram isso do Radio com a chegada da televisão. Não acredito que aconteça, vai ser preciso sim adaptar-se aos novos tempos isso acontece em todos os segmentos artísticos, como a música, por exemplo...

10.Recentemente realizou uma pesquisa sobre pessoas que participaram dos movimentos Fanzinístico na Década de 1980. Pode nos contar isso?

Foi mais uma tentativa de restabelecer contato com amigos que fizeram parte de um movimento que apesar de não ser organizado foi muito marcante e trouxe bons frutos, não foi uma pesquisa muito completa, afinal 30 anos é muito tempo, alguns morreram, outros não estão na grande rede, muitos esqueceram ou desistiram de seus sonhos. Mas foi positivo: resgatei algumas boas amizades e hoje caminhamos junto nessa grande avenida virtual.

11.Qual a importância do humor nas artes? Pode nos dizer algo sobre essa questão?

O humor é a linguagem que tem mais aceitação entre todas as faixas etária e camadas sociais, afinal rir é o melhor remédio. Tanta coisa para dizer e o cara vai lá e diz tudo numa Charge. Tem Cartum ou tirinha que vale por um Editorial é uma das melhores formas de se passar uma mensagem, por isso que é tão usada pelas agencia de publicidade.

12. Deixe aqui a sua mensagem final. Qual é a sua Palavra Fiandeira?

Quero agradecer o espaço e o generoso carinho para com o meu trabalho, e como mensagem deixaria algo que meu pai me ensinou dentro de sua simplicidade e que procuro pautar minha vida por este ensinamento: "Devemos sempre semear boas sementes, mesmo que não possamos ficar para a colheita"

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Edição 82 — JUVÊNCIO VELOSO

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Marciano Vasques