REVISTA LITERÁRIA VIRTUAL
Publicação digital de Literatura e Artes
EDIÇÃO 104
ANO 4 —Nº104 — 23 FEVEREIRO 2013
EDIÇÕES AOS SÁBADOS
JOCÉLIO AMARO
1.Quem
é Jocélio Amaro?
Cantor
e compositor paraibano, chegou em São Paulo em 1998, trazendo na
mala um bocado de poesias e canções, sonhos e esperança de colocar
sua musicalidade nessa cidade, e atuou no circuito alternativo
ocupando, bares, oficinas e casas de cultura, eventos na praça,
passando pela Virada Cultural em 2009.
2.Recentemente,
magistralmente, interpretou Luiz Gonzaga. Como é para você essa
necessidade de preservar nossas autênticas raízes musicais?
Luiz
Gonzaga é responsável pela travessia da Música Popular do Brasil,
aproximando o Nordeste do Sudeste, e todo o Brasil. O Brasil foi
entrelaçado pelo Rei do Baião.
Não
se discute a Música Popular Brasileira sem passar por essa grande
referência. Sempre que canto Luiz Gonzaga me emociono. É como se
devolvessem as minhas raízes.
©
3.De
vez em quando se envolve em andanças pela Paraíba e pelos lugares
do seu sertão. Como é esse contato, a cada volta sua?
Sempre que vou a Paraíba, tenho tocado em alguns projetos ; como o arte retirante: patrocinado pelo Banco do Nordeste Brasil.
Sempre que vou a Paraíba, tenho tocado em alguns projetos ; como o arte retirante: patrocinado pelo Banco do Nordeste Brasil.
Além
dos eventos de Secretarias de Cultura de cidades vizinhas, ou seja:
consegui construir uma agenda pelos palcos do nordeste.
4.Uma
de suas letras de suas canções fala da América Católica. Como
originou em você essa composição, em que momento, em quais
circunstâncias?
América
católica é uma oportunidade de se fazer um reflexão do crescimento
do catolicismo, do patrimônio que o vaticano construiu, do papel dos
jesuítas no processo de colonização ora atuando na catequização
e por outro lado abrindo as portas para a exploração das nossas
riquezas por portugueses, e nossos colonizadores, ou outros.
Disco de Jocélio Amaro
5.Na
literatura ainda resiste em alguns casos a mentalidade de grupinhos,
onde jamais se cita o poeta, o escritor, que não pertence ao próprio
grupinho. Isso ainda acontece na Música?
Um
fato que me deixa inquietante e a forma de ocultarem os compositores,
geralmente o interprete ocupa todos os holofotes mediáticos mais
nunca citam os compositores da obra.
6.Comete
uma fusão entre a Literatura e a Música, com letras profundas e
verdadeiras. Esse “Acasalamento poético” é fundamental para nos
salvar esteticamente na contemporânea arte sonora?
Quando
você trabalha um texto, uma poesia, de profundo contexto literário
você dá a oportunidade do outros ouvirem e perceberem o poema
quando musicado, isso eu tenho buscado sempre, musicando poemas de
escritores e poetas e buscando essa cumplicidade de lítero&musical.
7.”Este
Cabra Sou Eu”, e outros exemplos, mostra um avanço no desrespeito
aos direitos autorais, aproximando a realidade da Internet, onde com
algum programa tecnológico, sem pedir licença, obras são
parodiadas, adulteradas, etc. Como vê essa questão?
Virou
fato comum alguns artistas se debruçarem sobre as obras de outros,
atreves das paródias ou maquiando essas obras com novas roupagens, o
que na realidade não deixa de ser um comércio que fere brutalmente
os direitos autorais e isso requer uma discussão profunda por parte
de autores.
8.Não
poderia fugir dessa entrevista uma pergunta sobre Raberuan, a doce
figura do incansável poeta cantador. Poderia nos falar algo sobre
esse artista que fisicamente nos deixou?
Aprendi
muito com Raberuan, um poeta finíssimo que trabalhava o romantismo
com profunda beleza, dono de belos acordes e que deixou um grande
legado na Música Popular Brasileira; outra característica era a
beleza que levava para o palco ou seja ele tinha um domínio total
com o espaço e sabia muito bem parar uma plateia para ouvi-lo.
Raberuan©
9—Como vê, de um modo geral, a situação do artista hoje diante da mídia?
Deixo claro que hoje vivemos uma ditadura mais violenta do que a de 1964, já que esta perseguia apenas ao ativistas políticos, intelectuais, e artistas que denunciavam o regime com suas obras. Hoje a mídia entra em todas as casas e independente de camadas sociais despejam todo o lixo comercial levando toda uma sociedade a uma paralisia total, ou seja sem o poder de reflexão.
Deixo claro que hoje vivemos uma ditadura mais violenta do que a de 1964, já que esta perseguia apenas ao ativistas políticos, intelectuais, e artistas que denunciavam o regime com suas obras. Hoje a mídia entra em todas as casas e independente de camadas sociais despejam todo o lixo comercial levando toda uma sociedade a uma paralisia total, ou seja sem o poder de reflexão.
10.Irá
participar de um evento musical que já se aproxima, que é o
“PAULINHO JEQUIÉ na Casa dos Cordéis , Show "Coração
Cantadô" . Pode nos adiantar algo sobre
esse acontecimento?
Cantar
com Paulinho Jequié e prazeroso além de um grande compositor,
interprete e um ótimo contador de causos. Essa experiencia foi
vivida a dois anos e já se tornou um realidade nas nossas agendas.
11.Percebe-se
vicejando uma fértil produção de cantores e compositores, fora do
circuito comercial midiático. Poderia traçar para FIANDEIRA um
panorama desses novos artistas contemporâneos?
Existem
vários projetos alternativos que fazem com que não percamos as
esperanças de levar a nossa musicalidade pelos palcos desse país,
cito por exemplo: o projeto "fora do eixo" que tem sido uma
alternativa acontecendo por todo país é uma forma de sobreviver
pela arte.
12.Deixe
aqui a sua mensagem final. Qual a sua PALAVRA FIANDEIRA?
Que
assim como a palavra fiandeira outros meios de comunicação e
informação possam surgir como uma forma de resistência para
continuarmos fazendo esse contraponto a toda uma mídia burguesa à
serviço do capitalismo.
Jocélio Amaro com Akira Yamasaki:A canção e a Poesia
PALAVRA FIANDEIRA
Publicação digital semanal de Literatura e Artes
Edições aos Sábados
Edição 104 —JOCÉLIO AMARO
Edição em 23 de Janeiro de 2013
PALAVRA FIANDEIRA:
Fundada pelo escritor Marciano Vasques
PALAVRA FIANDEIRA—Todas as imagens ©
Prazer enorme estar aqui nesse cantinho mítico, que traz esse menestrel para nossa degustação. Jocélio Amaro é talento à flor da pele, pura ebulição dos sentidos. Marciano, de novo!, acerta a mão em seu inquérito. Parabéns a ambos, por representarem tão bem uma arte ímpar.
ResponderExcluirJocélio é um músico inovador, sensível, que não tem vergonha de mostrar seu lado romântico, mas também não foge à luta e não se entrega, quando precisa dar seu recado. É um trovador. Ouvindo-o lembro do grande compositor argentino Atauhalpa Yupanqui, especialmente quando canta seu hino "América católica".
ResponderExcluir