EDITORIAL

PALAVRA FIANDEIRA é um espaço essencialmente democrático, de liberdade de expressão, onde transitam diversas linguagens e diversos olhares, múltiplos olhares, um plural de opiniões e de dizeres. Aqui a palavra é um pássaro sem fronteiras. Aqui busca-se a difusão da poesia, da literatura e da arte, e a exposição do pensamento contemporâneo em suas diversas manifestações.
Embora obviamente não concorde necessariamente com todas as opiniões emitidas em suas edições, PALAVRA FIANDEIRA afirma-se como um espaço na blogosfera onde a palavra é privilegiada.

sábado, 30 de março de 2013

PALAVRA FIANDEIRA — 109





PALAVRA FIANDEIRA

REVISTA LITERÁRIA VIRTUAL

Publicação digital de Literatura e Artes

EDIÇÃO  109


ANO 4 —Nº109 —30 MARÇO 2013
EDIÇÕES AOS SÁBADOS

LUNA VICENTE


1.Quem é Luna Vicente?
—Alguém que se dedica a modelar histórias e a própria vida. Que, assim como uma brincadeira de massinha, já se esculpiu e se desmanchou várias vezes procurando “formas” diferentes, mais elaboradas ou simplesmente para não endurecer. Mãe de um rapagão de 16 anos que vive com uma câmera fotográfica na mão, músicas na cabeça e já tem um olhar sensível de artista.


2.Nem preciso mencionar o quanto sou apaixonado pela sua arte. Conte, por favor, à Fiandeira sobre esse trabalho com massinha, que parece um projeto de delicadeza.
A origem desse trabalho é a cerâmica e a miniatura. Por muitos anos me dediquei ao ensino da cerâmica para crianças num ateliê de arte, em Curitiba, onde morava. Paralelamente fazia um trabalho autoral de miniaturas. Usava vários materiais, mas especialmente a cerâmica. Cheguei até a fazer parte de uma associação de miniaturistas. Coisa de gente meio maluca, que vira lilliputeano, mas que adoro e que me fez enxergar e valorizar os mínimos detalhes de tudo a minha volta. Graças à cerâmica me tornei extremamente paciente, aprendi a antever resultados, ter uma “disciplina” de trabalho e a planejar ações. Gosto da tridimensionalidade, de me expressar através do volume.
Por causa das miniaturas comecei a ilustrar para o mercado publicitário, mas usando massinha. Um pouco mais tarde, a convite, o livro “Cadê Clarisse?”, com texto de Sonia Rosa, foi meu primeiro trabalho editorial. E que veio em boa hora, por que com o meu filho pequeno, eu estava tomada e fascinada com o universo infantil e suas histórias reais e ficcionais.
Ao mesmo tempo que para mim se abriu uma nova possibilidade de trabalho, senti que não seria fácil conquistar um espaço na literatura, onde tradicionalmente há predominância das técnicas bidimensionais.

Moderna_atelie de escultura©

3. A sua infância tem alguma responsabilidade pela sua arte requintada?
—Toda. Convivi com pessoas na minha família que sempre valorizaram e se dedicaram ao fazer manual, e eram perfeccionistas. Meu avô era um excelente alfaiate. Lembro-me de uma ajudante dele que fazia pra mim, em poucos minutos, bebezinhos de retalhos de tecido menores que um polegar. Eu prestava atenção em todos os seus gestos, para não perder nenhum detalhe. A bisavó era uma exímia quituteira. Tenho lembranças da minha mãe fazendo bordados delicadíssimos, hoje ela se dedica ao crochê. Aprendi tudo com eles. Costuro, faço crochê, bordo. Acho que só não aprendi a cozinhar na infância porque a bisa não gostava que as crianças ficassem na cozinha.
Gostava de desenhar, brincar com bonequinhas de vestir de papel, pintar. A única coisa que não fazia era modelar, pelo menos não tenho nenhuma recordação disso.
Cursei o Ensino Médio profissionalizante de desenho arquitetônico e o que aprendi aplico principalmente quando construo os cenários para as ilustrações.

Com amigos do mundo literário©

4.Velha discussão: arte é só talento? Ou a técnica, o apuro técnico é predominante?
—As duas coisas estão intimamente ligadas. Acredito que o artista terá condições de se expressar plenamente se conhecer e dominar as possibilidades da técnica que se dispõe a trabalhar.


5.Nos encontramos pela última vez na “Noite de Pégaso”, na Livraria Martins Fontes. Tem algum  um novo livro em lançamento? Alguma data agendada?
Não tenho nenhum livro a ser lançado. Ando matutando alguns projetos autorais, mas ainda tem bastante trabalho pela frente. Tenho parceria com alguns escritores em andamento.
Com amigos artistas©

6.Luna, você ministra aula de ilustração? É isso? Qual é o público? Como o curso é desenvolvido? Pode falar sobre isso um pouquinho?
Ministro oficinas destinadas a todos os públicos, onde proponho atividades de modelagem com massinha ou argila, a partir da literatura oral ou escrita. Essas oficinas podem acontecer individualmente ou em grupos. Elas acontecem no meu ateliê, ateliê de parceiros, colégios etc.
Atendo também pessoas que me procuram querendo aprender técnicas de modelagem para desenvolver projetos específicos.

7.Tema já meio batido, mas a Fiandeira insiste: acredita no final do livro de papel?
—Prefiro não crer, apesar de sentir que o futuro aponta para isso. O livro eletrônico tem aspectos positivos, recursos sensacionais, mas não acredito que isso deve acontecer em médio prazo, como afirmam os entendidos em tecnologia. Acho que os dois formatos irão conviver ainda por muitas e muitas décadas. 

8.Qual foi seu primeiro livro, Luna? Você o ilustrou, escreveu, ou fez as duas coisas?
O primeiro livro que ilustrei foi o “Cadê Clarisse?”, com texto da Sonia Rosa.


9.Qual a sensação, o sentimento quando vê criancinhas nas suas oficinas de massinha de modelar?
Alegria e satisfação. É um momento de troca, onde quem aprende sempre sou eu. Não as ensino a modelar, crianças já sabem o que fazer com uma massinha nas mãos. Estou ali apenas pra estimular e orientar quando solicitada.


 Oficina de massinha de modelar ©

10. Você ilustra somente com massinha de modelar ou usa outros materiais?
Gosto muito de trabalhar com papel e tecido, apesar de nunca ter ilustrado nenhum livro de literatura com elas. Uso também outras massas para modelagem: papel machê, biscuit e cerâmica plástica.

11.A MENINA DERRETIDA é um livro por você ilustrado. Pode falar algo sobre essa menina?
É uma menina muito, mas muito sensível. Chora por qualquer motivo e tanto que um dia acabou por derreter. Quando pensei nas situações para tanto choro, procurei não subestimar o sentimento da personagem. E criei situações verdadeiramente passíveis de choro para uma criança como ela. Mas o desfecho é engraçado, a família toda é derretida.


  
12.Deixe aqui a sua mensagem final. Qual a sua PALAVRA FIANDEIRA?
Minha palavra fiandeira é a minha própria história e agradeço a você por me proporcionar essa prosa com tantas lembranças gostosas e poder compartilha-la com os seus leitores.


PALAVRA FIANDEIRA
Publicação digital de Literatura e Artes
Difusão cultural
Edições semanais aos sábados
Edição 109 — 30 de março de 2013/ANO 4
Edição LUNA VICENTE
PALAVRA FIANDEIRA
Fundada e editada pelo Escritor Marciano Vasques





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