EDITORIAL

PALAVRA FIANDEIRA é um espaço essencialmente democrático, de liberdade de expressão, onde transitam diversas linguagens e diversos olhares, múltiplos olhares, um plural de opiniões e de dizeres. Aqui a palavra é um pássaro sem fronteiras. Aqui busca-se a difusão da poesia, da literatura e da arte, e a exposição do pensamento contemporâneo em suas diversas manifestações.
Embora obviamente não concorde necessariamente com todas as opiniões emitidas em suas edições, PALAVRA FIANDEIRA afirma-se como um espaço na blogosfera onde a palavra é privilegiada.

sábado, 13 de abril de 2013

PALAVRA FIANDEIRA — 111



ROMÂNTICA INSPIRADORA DA EDUCAÇÃO

 © 

"Meu coração é uma biblioteca"




PALAVRA FIANDEIRA

REVISTA LITERÁRIA VIRTUAL

Publicação digital de Literatura e Artes

EDIÇÃO  111


ANO 4 —Nº111 —13 ABRIL 2013
EDIÇÕES AOS SÁBADOS

ROSA CLEIDE MARQUES


1.Quem é Rosa Cleide Marques?
Sou Rosa. Uma Rosa com espinhos na carne. Meus amigos presentes me chamam de Rosinha. Sou filha dos dois nordestinos mais amados: Cícero e Rosa. Tenho dois irmãos: Marcelo e Zuleide e três sobrinhos: Mikaelle, Matheus e Daniel.
Sou bibliotecária, agente literária e uma Romântica Conspiradora da Educação. Vivencio o mundo da educação e das bibliotecas faz 22 anos. Costumo dizer que: Deus me escolheu para essa tarefa de decifração, de prazer, de exercício e de valores.
                                                 Na Bienal do Livro ©
2. O que é o seu jeito “Quixotesco” de ser?
Sou alguém que percorre desde sempre um entendimento maior da arte de viver.
Ter um jeito quixotesco é como ser enlaçada e acolhida pelo amor e a simplicidade vivida e sonhada.


3. É bibliotecária. Pode nos contar, por favor, a sua trajetória? Que “sinais” contribuíram para a sua decisão de conviver entre os livros?
As principais razões foram sempre a vontade de aprender e de ser, de ter uma vida e uma profissão que me desse prazer, de perceber desde cedo o quanto a dedicação e a coragem nos faz chegar nos mais distantes lugares. E principalmente de perceber que o meu coração é uma biblioteca. É ela que me arrebate e me transporta para seu mundo. Que não me deixa opção, senão ficar, morar nela e transformar este espaço em pluralidade de leitores.
Na biblioteca do colégio onde trabalha. 



4. De onde vem, qual a origem desse seu amor confessado e explícito pelo livro? Qual a contribuição da sua infância nessa história?
Meu pai e a minha primeira professora me mostraram o caminho!
Quando eu era criança meu pai lia para mim Patativa do Assaré e a Bíblia. Ele só tinha aqueles dois livros, e quando terminava a leitura comentava que se o meu avô o tivesse deixado estudar nossa vida seria melhor. Ele falava que a leitura é tudo na vida das pessoas.
                                                                           Patativa do Assaré: Leitura na Infância
Sou uma apaixonada pela leitura. Este universo é muito rico e encantador, e nós somos os mediadores e iniciadores das crianças neste mundo maravilhoso da leitura. E sabemos que o trabalho com a leitura deve ser lúdico, prazeroso e imensamente agradável.

5. No povo é costume as pessoas dizerem: “A minha vida daria um livro!”. O que pensa sobre isso? Todas as vidas dariam um livro?
Somos e fazemos a história de um povo, de uma vida! Por isso nossa vida será sempre um livro. Sendo o livro algo que tem corpo, isto é, forma, tamanho, cheiro (por que não?) etc.; ele sempre se apresentará para nós, aos nossos sentidos como a minha vida é um livro.

                                                     Com Marco Haurélio: Fiandeiro nº 60
6. Trabalha num colégio quase o dia inteiro, vive num permanente contato com as professoras, as crianças e os jovens. Poderia, por gentileza, falar um pouco sobre isso com a Fiandeira?
No ano de 2006, tive a honra de receber um convite da Marie Yamasaki, uma das pessoas mantenedoras do Colégio Marupiara, para contribuir com este grande projeto de escola democrática. Meu papel é zelar da biblioteca, das crianças e jovens leitores e amantes dos livros. Essa casa é um espaço de ensinamentos. Aqui tenho aprimorado meu olhar para a vida, aprendendo todos os dias o quanto é bela a educação e seus valores.

Musicista na biblioteca do colégio Marupiara: Rosa Cleide convive com as letras e a arte.

7. Divulgou recentemente na Rede Social uma lista intitulada “Livros que Amo”. Como vê a Rede e a Internet na propagação da Literatura? É possível alguém hoje estar fora da Internet?
Hoje a internet é para nós a ferramenta revolucionária e o mais belo suporte para a disseminação literária. O avanço da internet, redes sociais sobre todos os aspectos da criação é um caminho sem volta. Não quero, entretanto, dizer com isso que a internet vai substituir o livro, ou que a biblioteca vai deixar de ser uma das principais ferramentas do universo do bibliotecário. O fato é que, com a internet, a vida do bibliotecário foi bastante facilitada, principalmente para divulgação e propagação do universo dos livros e da leitura. As razões explicativas desta realidade são muitas, e nem todas são atribuíveis à irrupção do mundo virtual.


8.O que é preciso para um livro morar no coração de alguém?
É quando prevalece a liberdade!! Minha paixão pelos livros é imensa, amo ler e este néctar não tem diferenciação. Para mim, a doçura é a mesma para a literatura Infantil, Infanto-Juvenil e todas as outras. Eu provei do mel e me embriaguei para sempre... A leitura sacia minhas curiosidades e alimenta minhas paixões.


9.O que nos poderia dizer sobre a importância do contador de histórias no mundo contemporâneo?
A importância se dá em todo o universo literário, pela percepção do envolvimento das crianças e ouvintes. Do envolvimento do leitor com o contador de histórias. Da forma de como ele escuta, pois o escutar compreende as experiências vividas.
Ouvir histórias é um processo tão belo que uma mesma história vista e compreendida por um ouvinte, pode ter diversos sentidos.
Os contadores de histórias são cheios de poesia, metáforas e fantasias. Eles estimulam e alimentam a imaginação e a criatividade do leitor.
Nos tempos atuais, precisamos todos (não só as crianças) de encantamento.



10.O que precisaria para que todas as bibliotecas se transformassem num local de encantamento de crianças, jovens e adultos?
Que exista biblioteca acessível a todos, independentemente do fato de vivermos no mundo contemporâneo e na modernidade líquida. A família tem papel decisivo na formação de leitores. Leitores não surgem. Leitores são criados.
Precisamos desenvolver de forma intensa um grande valor aos livros e considerar as bibliotecas os lugares muito especiais.
A biblioteca deve ser o lugar mais importante, mais querido, mais preservado. Só assim conseguiremos estabelecer a relação dos leitores com o maravilhoso universo dos livros e das bibliotecas.
O mundo de Cleide Rosa ©


11. Fiandeira ainda insiste numa pergunta já batida: Acredita no fim da era do livro de papel?
Não acredito que o livro de papel deixará de existir. O ato de ler é plural, o livro é plural!
O livro é instrumento decisivo para que as pessoas possam desenvolver de maneira plena seu potencial humano e caracteriza-se como fundamental para fortalecer a capacidade de expressão da diversidade cultural nos dias de hoje.
Nem todas as pessoas tem acesso à tecnologia. Existem milhares de pessoas em milhares de lugares que o livro de papel é o único contato com um mundo mais belo e cheio de encantos. Por ter um custo acessível, pela facilidade de irmos às bibliotecas e até mesmo por meio de doações, empréstimos, trocas, etc. São tantos os meios de contato com o livro! Basta que exista mais investimentos por parte do governo e da educação e cultura.
Em Março de 2012: presença constante de Lobato


12. Deixe aqui a sua mensagem final. Qual a sua Palavra Fiandeira?
Quanto mais uma criança lê, mais ela gosta de ler; quanto mais hábil na leitura, mais autonomia tem para buscar os livros como fonte de conhecimento e prazer.
A criança literária bebe na fonte das lembranças e experiências pessoais.

                                                                     Com amigos queridos da Editora Paulinas

PALAVRA FIANDEIRA
Publicação digital semanal
Publicação de divulgação literária.
Edições aos sábados
Edição 111 —Rosa Cleide Marques
Ano 4 —PALAVRA FIANDEIRA de Literatura e Artes
Fundada pelo escritor Marciano Vasques



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