EDITORIAL

PALAVRA FIANDEIRA é um espaço essencialmente democrático, de liberdade de expressão, onde transitam diversas linguagens e diversos olhares, múltiplos olhares, um plural de opiniões e de dizeres. Aqui a palavra é um pássaro sem fronteiras. Aqui busca-se a difusão da poesia, da literatura e da arte, e a exposição do pensamento contemporâneo em suas diversas manifestações.
Embora obviamente não concorde necessariamente com todas as opiniões emitidas em suas edições, PALAVRA FIANDEIRA afirma-se como um espaço na blogosfera onde a palavra é privilegiada.

sábado, 25 de maio de 2013

PALAVRA FIANDEIRA 117




PALAVRA FIANDEIRA

REVISTA LITERÁRIA VIRTUAL

Publicação digital de Literatura e Artes

EDIÇÃO  117


ANO 4 —Nº117 —25 MAIO  2013
EDIÇÕES AOS SÁBADOS

CACÁ LOPES




1.Quem é Cacá Lopes?

O meu nome é Cacá Lopes
Nasci em Araripina,
Sou da terra de Nabuco
Pernambuco me fascina,
Vim ao mundo nas quebradas
Da região Nordestina.

Sou poeta, cantador
Sim Senhor! sou brasileiro,
Cantor e compositor
Cordelista, violeiro,
Sigo espalhando versos
No chão do país inteiro.



2.O que é a caravana do cordel?

É um grupo de poetas que surgiu há quatro anos em São Paulo, com o objetivo de fortalecer o Cordel, essa rica manifestação popular tradicional brasileira.
O movimento itinerante é formado por múltiplos fazedores de arte, vindos de vários estados da Nação Nordestina, mas tem também representantes de São Paulo, entre eles e elas: cantores, músicos, cordelistas, escritores, repentistas, xilógrafos, pesquisadores e entusiastas da poesia do povo.


3.Participa de eventos como a “Virada Cultural”. Que importância atribui para esses acontecimentos que enfeitam a cidade de arte e cultura?

Participei esse ano pela primeira vez da Virada Cultural, com os poetas João Gomes de Sá e Varneci Nascimento, no palco Virada Literária, a convite da LIBRE – Liga Brasileira de Editora.
É inegável a importância da Virada para o cenário cultural de São Paulo, é um tipo de evento gratuito que se espalha por outras cidades do país, promovendo as várias manifestações artísticas, movimentando o turismo, e gerando renda para todos os envolvidos, além de atrair milhares de pessoas que na maioria das vezes não tem o hábito de frequentar shows ou ambientes com culturas diversas.


4.A literatura de cordel hoje se notabiliza não apenas por ser a força de uma expressão popular, mas por estar cada vez mais se expandindo no panorama literário e cultural das metrópoles. Como vê hoje essa movimentação do cordel?

Vejo com bons olhos e de ouvidos atentos acompanho todo esse “burburim” em torno do cordel. Nas minhas andanças com o Projeto Cordel nas Escolas, há mais de 15 anos, percebo o grande interesse do aluno pela arte das métricas, pelas histórias rimadas e também o esforço do professor(a) ao abordar o Cordel no seu dia a dia escolar, com diferentes temas que encantam  e buscam despertar nos novos leitores o gosto pela leitura e o saber.

5.Às vezes um amigo desfaz a amizade do outro pelo fato de que o outro não o divulga, isso acontece. Diante dessa e de outras tantas questões, como interpreta o avanço espetacular da Rede Social no mundo, influindo de forma assombrosa na forma como a humanidade se comunica hoje, e até modificando, em termos, o conceito de “amigo”?

Com o surgimento das Redes Sociais pelo mundo, percebo muitas pessoas em busca de novos amigos virtuais, onde me parece que no conceito de amigo, o que mais prevalece é a quantidade e não a qualidade. É uma questão de ego e um vício dos tempos modernos. É fato e notório que, jamais o virtual irá superar o pessoal, pois não existe a presença física, o olho no olho, o aperto de mão. Como diz o poeta Escobar, há braços para abraços.

6.Como anda a sua produção, os seus projetos? Tem algum inédito, que possa aos amigos da Fiandeira revelar?

Estou finalizando a gravação de um inédito CD, o sexto da carreira, com músicas próprias e outras em parceria com Costa Senna, Marco Haurélio, João Gomes de Sá e Dé Pajeú. Algumas dessas canções enveredam pelo mundo do cordel, a exemplo da História de João Grilo e Chicó, que pode ser ouvida pelos amigos da Fiandeira.
OBS: Marciano, essa música se encontra na WEB, favor copiar, pois não aprendi ainda a usar essa ferramenta. Baixar procurando Cacá Lopes no Google, no link na 7ª página aparecerá CACÁ LOPES 2013 By Hermes Alves, com 6 canções, a primeira é JOÃO GRILO e CHICÓ.

Na poesia popular, deve sair até o fim do ano um novo trabalho pela Editora Luzeiro, denominado Cordel: Provérbios Engraçados e tenho inéditos uns 20 títulos pra serem publicados em Folhetos e Livros.



7.É compositor, poeta e cordelista. De que forma a infância tem responsabilidade por essa forma de estar no mundo, em produção e amor pelas letras e pela arte?

A infância é o doce recreio da vida, e a adolescência é como  férias no sítio da vovó, inesquecível. Refletindo essas fases da nossa passagem pelo mundo, sei da missão que cada de nós temos pra seguir e que a arte e o amor pelas letras podem contribuir  na transformação de uma rua, de uma vila,  bairro ou cidade, um outro mundo é possível sim.
Ao participar de um projeto social na periferia de Lajeado / Guaianases na Zona Leste da cidade, numa parceria da Ericsson do Brasil com a  ONG AVIB, tenho procurado semear minha arte em abrigos e escolas do entorno, tentando  melhorar o repertório de crianças e adolescentes dessa imensa Região da cidade, levando a boa música e o cordel, para essa turminha tão bombardeada por música de má qualidade e de gosto duvidoso.


8.Quando recebeu o seu primeiro sopro da poesia? Já na infância ou na adolescência? Tem um momento certamente em que a poesia bate à porta de nossa vida.

Fui apresentado a poesia numa época em que a escola era chamado de Grupo Escolar, no curso Primário, quase na mesma época em que meu pai Elpídio Lopes Frazão(já falecido), me apresentava a Literatura de Cordel, os Folhetos adquiridos nas feiras de Araripina. Entre os clássicos da época, um dos títulos que ficaram grudados na minha memória foi A Chegada de Lampião no Inferno, de José Pacheco.


9.Esteve recentemente no lançamento de Marco Haurélio. Além dele, quais nomes citaria nessa fecunda constelação da Literatura de Cordel, que considera grandes contribuições contemporâneas na difusão dessa modalidade literária?

Num dos capítulos do mais recente livro Literatura de Cordel – Do Sertão à Sala de Aula, de Marco Haurélio, tem um subtítulo
denominado: A hora e a vez da nova geração, onde constam nomes de vários poetas contemporâneos, que muito contribuem para a exposição e difusão do cordel na atualidade. Além de Marco, fazem parte dessa seara: Klévisson e Arievaldo Viana, Rouxinol do Rinaré, Costa Senna, Varneci Nascimento, Moreira de Acopiara, João Gomes de Sá, Aderaldo Luciano, Pedro Monteiro, Nando Poeta, Antônio Barreto, Luiz Wilson, Aldy Carvalho, Josué Gonçalves de Araújo, Cleusa Santo, Benedita Delazari, Fábio Sombras, Eduardo Valbueno, Assis Coimbra, Bosco Maciel, Nireuda Longobardi, Nezite Alencar, entre tantos outros que lançam e de forma independente seus cordéis em suas cidades, e acabam não ganhando projeção nas grandes metrópoles.


10.Já lançou um livro e CDs? Poderia, gentilmente, nos falar sobre eles?

Iniciei minha carreira no rádio como locutor, depois  na música e há uma década comecei a percorrer o caminho das das letras. Em 2001, lancei o primeiro livro, Cinderela em Cordel, adaptação da clássica obra do francês Charles Perrault, pela Claridade Editora, do grupo Nova Alexandria. Um ano depois, o segundo livro Vida e Obra de Gonzagão em Cordel, Ensinamento Editora. Em folhetos tenho publicados uma dezena, pela Ed. Luzeiro e também independentes.
O primeiro registro fonográfico ocorreu no início de 1984, em São Paulo, portanto, há quase 30 anos. De lá pra, lancei 06 CDs, 02 compactos e um disco em vinil (LP), além de várias coletâneas.


11.Mora também na Zona Leste e tem acompanhado a produção de Literatura, Música e Arte de alguns artistas da região, chamada de periferia. Uma efervescente produção artística e literária invade as praças de alguns recantos, como São Miguel Paulista e Itaquera, O que sobre isso poderia nos dizer?

Sou morador de Guaianases na ZL, há 29 anos e tenho acompanhado a militância de vários artistas, sujeitos periféricos, nos saraus da arte maloqueira, da quebrada. Na ONG Ação Educativa, funciona o Espaço Cultural Periferia no Centro, onde há 3 anos participo do Sarau Bodega do Brasil.
Quanto ao MPA – Movimento Popular de Arte da Zona Leste criado na década de 80 no vizinho Bairro de São Miguel Paulista, participei apenas de alguns eventos, não integrei a formação original, mas tenho amigos até hoje, a exemplo de Ceciro Cordeiro, Sacha Arcanjo, Zulu de Arrebatá, Escobar e Edvaldo Santana. O MPA voltou a cena esse ano num dos palcos da Virada Cultural.




12.Deixe aqui a sua mensagem final. Qual a sua PALAVRA FIANDEIRA?

Eu respondi em Cordel
Sua pergunta primeira,
E em versos também é
A resposta derradeira,
Obrigado aos leitores
Da Palavra Fiandeira.
 
O autor dessa Revista,
Enfrenta firme a rotina,
Conheci na Biblioteca
Lá na Cora Coralina,
Marciano é de Santos
Sua escrita é cristalina.

A Palavra é um pássaro
Que viaja sem parar,
Difundindo a poesia
Com um múltiplo olhar,
Um espaço democrático
É Um Blog bem simpático
Pra quem quer se informar



PALAVRA FIANDEIRA

REVISTA DE DIVULGAÇÃO LITERÁRIA E CULTURAL
PUBLICAÇÃO DIGITAL DE LITERATURA E ARTES
PUBLICAÇÃO SEMANAL
EDIÇÃO 117 —CACÁ LOPES
PALAVRA FIANDEIRA:
FUNDADA PELO ESCRITOR MARCIANO VASQUES





3 comentários:

  1. Parabéns Cacá, parabéns Marciano Vasques.
    Ao primeiro desejo sempre sucesso,é um batalhador dessa seara e ao segundo, digo: Que bom poder cultivar essa esperança boa que A Fiandeira nos incute.

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  2. Muito boa a entrevista: perguntas pertinentes e respostas afiadas.

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  3. Parabéns, Cacá Lopes e Marciano Vasques! Trabalho emplogante do entrevistado e entrevistador. Uma história deveras empolgante e inspiradora. Um grande abraço e sucesso na semeadura literária/artística!

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